Cap7. Enfim te achei

(N/A: a partir deste ponto da história, são usados personagens perpétuos (exp: Sonho, Desejo, Morte, etc...), inspirados na revista em quadrinhos "Sandman", de Neil Gaimen)

Para o bem de Cat, elas deviam ficar sem se ver.

Foi aí que, andando distraída, Pri não ouviu um estalo atrás dela, como se um pneu de bicicleta tivesse estourado, e então, a próxima coisa que sentiu foi o seu braço sendo puxado e um rosto branco se enquadrando a sua frente, seguido por outros três estalos, e uma luz vermelha, a ultima luz que viu antes de sua visão ser obscurecida por uma nuvem negra.

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Quando a luz voltou, Pri se viu em um quarto escuro, com um colchão sem cama, uma porta aparentemente trancada e uma janela totalmente aberta. Seu diário, seu único amigo, estava jogado a um canto.

Priscila correu para a janela, mais a coragem de pulá-la fugiu quando olhou para o lado de fora.

--- Merda! Isso deve ter uns quarenta andares!

Priscila ficou encarando o chão, a uns 120 metros abaixo, um precipício de arrepiar o cabelo da meia careca do seu avô. Nada podia fazer. Guardou seu diário debaixo da blusa, e foi a um canto, pegou um pedaço de madeira no chão, pronta para arrebentar com a porta.

--- Três... dois...um!

AHHHHHH!

Ela mal tocara na porta que esta se escancarara. Priscila não conseguiu frear a tempo e bateu com o pedaço de pau na cara de Narcisa, que estava entrando. A loira caiu desmaiada no chão. Com certeza, não esperava ser tão bem recebida.

--- Algum problema, Mana? --- perguntou uma mulher do andar debaixo.

--- Nenhum --- Pri imitou a voz de Narcisa... que magicamente soou desgostosa e metida.

--- Eu achei ter ouvido você gritar...!

--- Não fui eu...! --- A voz precisa de Narcisa saiu da boca de Pri --- Acho que a pirralha não agüentou de emoção em ver a Titia!

"Imbecil...bruxa velha!"

Priscila olhou para um lado do corredor, mas não havia saída, a única opção que lhe restava para fugir daquele lugar era descer as escadas e enfrentar os perigos que lhe aparecerem.

Então, Pri voltou para guardar seu diário dentro da blusa e sair dali. Só não esperava ser recebida por quem menos desejava, a sra.Bellatriz Black.

--- Ó, pequena criança... aonde pensas que vai? Você foi uma menina má, sabia! Por isso vai ser castigada. Cruccio!

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À beira da Loucura, Priscila acorda exatamente no lugar onde caíra. A única coisa que lembrava era da dor, e sabia que tinha gritado muito, mas não ouviu seus berros.

Rapidamente, Pri constatou que seu diário jazia caído longe, perto da janela, e ainda restavam pequenas fagulhas do fogo que Bellatriz provavelmente rogara nele. Minhas memórias. Minhas memórias. Não resta mais nada. Não tenho mais passado, não terei futuro, e vivo o meu presente presa, á beira da morte... ou pior, da loucura.

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Passa-se o tempo, horas e horas, e eu continuo aqui, sentada nesse colchão, dividindo meu único espaço com os ratos e insetos. Não vejo pior jeito de acabar a vida. Camundongos, não tenho nojo deles... não, eu posso vê-los, e o que sempre me deu medo foi o desconhecido; o que me espera abaixo das escadas, no primeiro andar.

De vez em quando ouço vozes, mas quem me dera conseguir entender o que elas dizem. Nem tento, pois meus ouvidos se recusam a ouvir o pior.

Foi quando eu ouvi um alto barulho no andar debaixo. Uma batida muito forte contra a minha porta, seguida de outra investida contra minha janela.

Primeiro foi a porta que caiu, e quem me esperava do outro lado era a mulher malvada que me amaldiçoara. Quando a janela partiu-se em milhões de cacos de vidro, foi a vez de um garoto de minha idade entrar voando pelo quarto.

--- Venha logo! --- ele disse.

Era a minha ultima esperança, já que eu estava claramente delirando.

--- Vamos!

Eu segurei a mão estendida a mim, e embarquei na garupa de algo que eu me recuso a acreditar ser verdade. Uma vassoura. Uma vassoura voadora.

Eu só posso estar totoca das idéias.

Quando me segurei às costas do garoto, fechei instintivamente meus olhos, mas pude sentir uma forte brisa passar sob meus pés, quando estes saíram do chão.

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Eu só podia estar delirando, e com certeza estava, pois continuo presa, numa sala de aparência velha e chique. O colchão agora está em cima de uma cama de verdade. Há uma poltrona muito bonita ao meu lado, e eu posso ver pilhas e mais pilhas de livros sobre prateleiras, e uma lareira acesa, aquecendo um lugar que nada tinha haver com maldade. Um lugar aconchegante. Mas ainda sim uma prisão. Não havia janela, e a única porta permanecia encostada. Só que o medo do desconhecido a deixava tão trancada quanto uma simples chave conseguiria deixar.

Aconchegada debaixo das cobertas, protegida do frio e de qualquer coisa que venha me machucar, eu continuava calada, observando o vão da porta aberta. Aquilo era a liberdade, aquilo era a opressão, aquilo era o medo. A qualquer momento, um monstro iria colocar sua pata naquela abertura e a porta iria abrir, rangendo que nem nos filmes de terror.

E foi exatamente o que aconteceu. Uma mão apareceu na fenda, mas não era pegajosa, não havia verrugas ou sequer era enrugada. Era uma mão lisa e de aparência macia. A mão de um jovem.

--- Ola. Você está bem? --- ele me perguntou. Seus olhos verdes brilhavam por trás dos óculos e dos cabelos negros que lhe caiam o rosto. --- Eu me chamo Harry Potter. E você deve ser...?

Eu permaneci quieta, por mais jovial e convidativa que era a imagem daquele garoto no auge dos seus primeiros anos como adulto, eu sabia como os olhos podiam enganar. Traiçoeiros, sim, eles eram.

--- Priscila, não é?

--- Vermont. --- eu disse, ainda desconfiada. Aqueles olhos... pareciam um sonho

--- Certo, senhorita Vermont. Eu sei que muita coisa aconteceu em tão pouco tempo, e eu não sou a melhor pessoa para lhe portar as noticias, mas nós precisamos da sua ajuda. --- Disse Potter.

--- Quem seria "Nós"?

--- É uma longa história...

--- E tenho tempo. Não estou presa aqui?

--- Certamente, parece que está.

--- Então... que são vocês?

--- Pode parecer estranho, mas nós somos bruxos, incluindo você. Lutamos contra um bruxo das trevas chamado Voldemort, e esperamos que você nos ajude a descobrir como acabar com ele.

--- Eu? Bruxa? Não me parece nada estranho. O que me está cutucando a cabeça é como eu vou poder ajudar vocês a acabar com esse tal de Vou-de-Moto, se eu não conheço nenhum truque de mágica. A única coisa que eu aprendi foi a acender uma lâmpada com um pedaço de madeira. Lubus ou alguma coisa parecida.

--- Você quer dizer, Lumus...

--- É... isso aí. Como eu posso ajudar vocês, se eu nem sei quem sou!

Duas pessoas entraram no quarto. Um homem muito magro e de aparência doente, e uma mulher de faces severas e imponentes.

--- Isso é normal, querida. --- disse o homem querendo ser amigável --- Na adolescência eu também não fazia idéia de quem eu era. Coisa passageira...

McGonagall e Priscila lhe olharam com o mesmo "look" opressor.

--- Lupin, eu dispenso as piadinhas... --- disse a mulher severa.

--- Desculpe, Minerva, não quis ofender.

--- Então, querida. --- disse McGonagall para Priscila --- Tem alguém que precisa lhe conhecer.

--- Quem? --- perguntei, curiosa. Afinal, o que eu serviria para essas pessoas malucas?

--- Seu nome é Trelawney. Ela lhe precisa lhe passar algo urgentemente. Não agüenta mais o fardo, sabe?

--- Que fardo? –- perguntei. Eu também não quero nenhum fardo!

--- O fardo de saber o destino dos mortos. --- explicou Lupin.

--- A PROFESSORA TRELAWNEY?Que? Como assim? --- perguntou Harry surpreso.

--- Sibila? --- riu McGonagall --- Não, claro que não... A Tataravó dela.

FIM DO CAPITULO