Underneath your clothes

Capítulo 4 – Esquecimento

Wanda Scarlet

Nessas horas não importa muito quem tirou a roupa de quem, ou como se chegou na cama. Tudo o que importa é sentir ao máximo um ao outro. Não há necessidade de palavras, os olhares dizem tudo que há para se dizer, mesmo na penumbra. A vontade de um é a satisfação do outro, e todas as demais coisas baseiam-se nisso.

É por isso que os dois trocavam beijos e carícias na cama, as peles nuas se tocando, os lábios não se deixando, as mãos não se acalmando e nenhum dos dois pensava em parar.

Então as unhas dela arrastaram-se com força nas costas dele fazendo-o gemer alto.

- Isso...dói... – o ruivo interrompeu o beijo.

- Eu sei... – respondeu ofegante, aproveitou a distração e moveu o corpo colocando-se sobre ele – Agora está melhor... – sorriu.

- Se o que queria era ficar por cima, era só dizer...

- Ahhh... mas eu quero mais do que só ficar por cima. – murmurou antes de voltar a beijá-lo com mais paixão do que antes.

As mãos dele deslizaram por suas costas até a cintura onde apertou com firmeza instantes antes de puxá-la para o lado e inverter as posições novamente.

- Se quer mais... – sussurrou Kurama deslizando os lábios pelo queixo, pescoço, chegando ao colo e depois ao vale entre os seios onde depositou um beijo suave.

Shizuru fechou os olhos e levou as mãos aos cabelos ruivos que se espalhavam macios sobre as costas nuas dele e também sobre o busto nu dela onde a cabeça masculina descansava.

- Adoro esse som... – suspirou embalado pelas batidas aceleradas do coração dela.

Ela levou uma das mãos aos olhos enquanto os risos sacudiam seu corpo inteiro. Dentre todas as coisas que um homem poderia dizer para uma mulher num momento como aquele, essa com certeza era uma das últimas.

- Que tal deixá-lo mais rápido? – perguntou instantes antes de capturar os lábios ainda risonhos dela em mais um beijo de tirar o fôlego.

Uma das mãos firmes em sua cintura resolveu descer explorando a curva do quadril e depois a extensão da coxa até a metade, a partir dali fez o caminho inverso pelo lado interno das pernas dela causando uma deliciosa sensação que eclodiu em gemidos junto ao beijo.

- Ahhhhh! – interrompeu o beijo com o gemido alto quando os dedos dele alcançaram aquela região tão sensível.

Kurama apenas riu baixinho, deliciado com a maneira como o corpo dela ondulava sob o seu conforme a tocava de um jeito especial, era uma sensação muito boa tê-la sob seu domínio. Voltou a recostar a cabeça entre os seios, mesmo com os gemidos sensuais que ela fazia conforme continuava a carícia, conseguiu divisar aquele som.

Sorriu marotamente e disse no ouvido dela:

- Não está rápido o suficiente... – e intensificou os movimentos fazendo-a agarrar-se mais a ele enquanto os gemidos tornavam-se mais altos.

A partir dali tudo se tornava clichê, passos conhecidos de uma dança só para dois feita apenas de desejo, paixão e entrega...

oOooOooOooOooOooOo

Abriu os olhos, mas a visão levou alguns instantes antes de funcionar. Estava escuro e por isso identificar o teto de seu quarto demorou um pouco mais do que o normal. O cansaço também ajudou, mas isso era outra coisa para se pensar enquanto acordava aos poucos.

Seus outros sentidos também despertavam, e sua mente ia resgatando as últimas lembranças antes de ter sucumbido ao sono. Lembrava-se de ter caminhado, de estar sozinho, de falar com alguém no telefone e então... de não estar mais sozinho, pela noite toda...

Foi assim que percebeu o quanto o fato de não sentir o calor de outro corpo junto ao seu era errado. Sentou-se na cama desperto o bastante para começar a desesperar-se, aquilo não podia ter sido um sonho. Simplesmente não podia!

- Eu estou aqui. – a voz serena soou em meio à penumbra.

Da poltrona ao lado da janela, oculta pelas sombras, Shizuru observava-o.

Quando ele pôde divisar a silhueta dela, seu coração finalmente acalmou-se. Ela não havia partido... "Ainda" sua mente completou, mas não deu importância.

- Ainda é noite, volta pra cama. – estendeu o braço chamando-a para si.

Com movimentos calmos, fez o que pedia. Quando se levantou e caminhou até a cama a fraca luz que transpassava os vidros da janela e iluminava o quarto às escuras permitiu uma visão mais detalhada do corpo nu. Shizuru não era uma garotinha, e ele não esperava que agisse como tal. Não demonstrava qualquer sinal de embaraço pela nudez, não havia motivo para esse tipo de comportamento depois da noite que tiveram.

De volta à cama, devidamente acomodada em baixo dos lençóis e entre os braços dele, permitiu-se partilhar algumas palavras.

- São quase quatro horas. – comentou com o rosto enterrado na curva do pescoço dele.

- Que bom... – murmurou – Temos muito tempo.

- Sim... – concordou satisfeita - ...todo o tempo que quisermos.

Afastou o rosto um pouco para poder olhá-lo melhor e levou uma mão a face dele num gesto terno enquanto fitava aquele rosto tão lindo.

- Sabia que... você parece um anjo dormindo? – sorriu – Adorei observá-lo.

- Há quanto tempo estava ali? – perguntou afastando uma mecha do cabelo castanho para melhor vê-la.

- O suficiente para saber que vou odiar voltar para casa... – voltou a abraçá-lo e aninhar-se no pescoço, ainda sorrindo.

Ficou quieto, apenas acariciando os cabelos dela devagar, adorava a maciez que eles tinham. Mas Shizuru percebeu o silêncio dele.

- Fala. – pediu, sabia que algo não estava certo para ele, aquele silêncio era diferente do normal.

- Falar o que?

- Por que está calado desse jeito.

Sabia que não tinha como negar, ela sempre fora muito observadora e perspicaz. Sorriu só para si, gostava muito dessa qualidade nela.

- Você não chamou meu nome nenhuma vez... – disse calmo – Nem quando fiz você alcançar o ápice.

- Isso te aborrece?

- Um pouco.

Ela ficou quieta por alguns instantes ponderando sobre as palavras dele. Pouca gente daria importância a esse tipo de coisa, mas ele dava, e Shizuru sabia exatamente por que.

Pessoas que transam apenas por transar, não chamam o parceiro pelo nome pois não se apegam a nenhum e também como uma forma de evitar eventuais "enganos" em momentos inoportunos. Kurama era inteligente e ao mesmo tempo muito discreto, mencionar o fato de não tê-lo chamado era uma outra forma de saber o que aquela noite representava para ela.

- Não fique aborrecido.

- Por que não?

- Porque os motivos pelos quais não te chamei não têm nada de mais.

- Quero ouvi-los.

Como o que estava em jogo era algo mais do que parecia, resolveu falar olhando nos olhos dele, para que não houvesse dúvidas. Apesar da penumbra, ao afastar o rosto e encará-lo, pôde perfeitamente enxergar os grandes olhos verdes fitando-a com seriedade.

- Eu não te chamei porque não foi preciso, você fez o que eu queria antes mesmo que eu soubesse que queria. – sorriu sincera – Gostei muito disso. – acariciou o rosto dele enquanto alargava mais o sorriso sedutor – Você gosta de me ouvir chamá-lo?

- Sim. – fechou os olhos e inclinou o rosto em direção à mão dela, aprofundando o toque.

- Isso é um problema pra mim, sabia? Você tem muitos nomes!

Ele tentou não rir, tentou mesmo. Mas foi impossível. Estreitou-a em seus braços enquanto seu corpo vibrava.

- Você... é incrível! – falou ainda entre risos.

- "Você" que é incrível, os nomes são seus! – não pôde evitar de sorrir também, o riso dele a contagiava.

- Ahh, mas você também tem vários nomes. – já havia parado de rir, mas o tom da voz ainda era de divertimento.

- Que eu saiba só tenho dois.

- Eu conheço pelo menos quatro.

- Quais?

Afrouxou o abraço e olhou-a por alguns segundos antes de baixar a cabeça e depositar um beijo no queixo dela.

- Linda. – desceu um pouco mais a cabeça e lambeu uma parte do pescoço delicado, fazendo-a arrepiar-se com a sensação – Deliciosa. – passou para o ombro onde arrastou os lábios pela pele macia – Perfeita. – parou com as carícias e encarou-a sorrindo – Minha. – disse rouco, os olhos fitando-a intensos e carinhosos.

Ela esboçou um tímido sorriso e desviou os olhos. Não fosse pela penumbra, ele teria visto pela primeira vez as bochechas dela tingirem-se de um tom róseo.

- Shizuru está bom. – voltou a enterrar o rosto na curva do pescoço dele – Mas pode me chamar de Shi na próxima vez...

De repente, ele ficou mais sério. Havia escutado direito?

- Próxima vez? – perguntou incerto e cauteloso ao mesmo tempo.

- Sim, da próxima vez que pudermos ficar assim. – respondeu calma.

- Então... você quer que haja próxima vez? – foi mais uma pergunta do que uma afirmação, não tinha certeza se realmente isso significava o que pensava que significava.

- Bem... não é como se eu tivesse escolha, né? Haverá uma próxima vez, na verdade haverá "próximas vezes", é inevitável. – murmurou categórica – Mas não quero falar disso agora...

Ficaram assim, em silêncio, cada um pensando no que o outro poderia estar pensando.

- Você me faz esquecer das coisas, sabia? – ela comentou, depois de um tempo.

- Faço?

- Uhum – respondeu afirmativamente – Bastou um beijo seu ontem e eu esqueci de tudo, inclusive meus cigarros que estavam dentro da bolsa sobre o balcão do bar. – fez uma pausa antes de acrescentar, para surpresa dele – Parece que enquanto estou contigo não preciso de mais nada, então simplesmente... esqueço do resto. – sorriu de encontro ao pescoço dele – Eu gosto disso.

oOooOo OWARI oOooOo

Nota da Autora: Sim, é o fim. Finalmente terminei essa fic após séculos. Peço desculpas para todas as pessoas que eu fiz esperar. Quero agradecer pessoalmente à Tsuki Koorime por ser minha beta-reader, carrasca, incentivadora e fã desse casal. É dela também o mérito pelo desenvolvimento da melhor técnica para composição de fics como essa, é o recurso do "mostrar e esconder". Obrigada amiga, sem você acho que essa fanfic nunca sairia do terceiro capítulo.

Essa é minha primeira fanfic com Shizuru&Kurama mas certamente não será minha última. Planejo escrever pelo menos mais duas que serão continuação desta aqui, só não prometo que será logo.

Obrigada por ler!

Wanda