Num Passo de Dança.

Capitulo 1: Um Passo a Frente.

I – O Dia Seguinte.

Templo de Leão...

Litus acordara relativamente cedo, não escondia de ninguém o largo sorriso que tinha nos lábios, passara o sábado inteiro com o cavaleiro de Gêmeos na praia do Cabo fora a melhor coisa que ocorrera em sua vida inteira, lembrou-se das pequenas provocações e sentiu a face corar. Fora realmente um dia incrível.

O pôr-do-sol que assistiram juntos, como no dia em que se encontraram por acaso no vilarejo e foram visitar o Jardim dos Deuses, sem duvidas que agora as coisas seriam diferentes entre eles.

Litus franziu o cenho, com o último pensamento. Afinal, o que eles eram? Mal falaram sobre isso ao voltarem para o santuário e isso a incomodava.

Tentando deixar esses pensamentos de lado resolveu se levantar e preparar o café, porque se dependesse do leonino nem mesmo o almoço teria. Isso porque vivia falando para o irmão aprender a cozinhar.

-o-o-o-o-

Templo de Gêmeos...

O quarto permanecia em completo breu, Kanon entrou com cautela, procurando fazer o mínimo de barulho possível. Com um sorriso maroto na face e um olhar pentelho ele voltou-se em direção da cama, vendo um Saga dormindo de forma largada sobre a cama.

Perfeito; ele pensou, antes de parar em frente à janela e rapidamente abrir as cortinas, fazendo a luz do sol bater diretamente sobre os olhos do geminiano.

-ACORDA, BELA ADORMECIDA; ele gritou.

-KANON EU MATO VOCÊ; Saga berrou levantando da cama de um pulo.

Agora, certamente que se fosse um gato, estaria grudado no teto com as quatro patinhas, devido ao susto.

-Ih! Será que exagerei; Kanon falou suando frio, ao ver a cara nada amigável do irmão, pela forma que fora acordado. –Bom dia irmãozinho; ele disse gesticulando impacientemente.

-Prepare-se para ir pra OUTRA DIMENSÃO; ele completou elevando seu cosmo, preparando-se pra atacar, porém Kanon desviou-se rapidamente.

-Calma, só vim aqui lhe avisar algo importante; ele tentou se justificar.

-Me acordando a essas horas da madrugada em pleno domingo, QUER MORRER, É? –Saga perguntou tentando acertá-lo com o que encontrava pelo caminho, enquanto viu Kanon correr pela casa tentando escapar desses ataques.

-É por uma boa causa, eu juro; Kanon falou, chegando a sala, porém não contava que fosse bater a perna na mesinha de centro. –MALDIÇÃO; ele berrou segurando a perna dolorida, sentindo os olhos lacrimejarem de dor.

-AH! AH! AH! Bem feito, os Deuses castigam; Saga falou com um sorriso debochado.

-Idiota; Kanon resmungou, sentando-se no sofá.

-Assim você aprende a não me acordar desse jeito; Saga rebateu, indo até a cozinha. –E afinal, o que tinha pra dizer? –ele perguntou, vendo que nem o café o irmão fizera, sobrando pra si resolver esse problema alimentício.

-Esqueci também; Kanon respondeu, num resmungo, fazendo beicinho, ao ver a marca vermelha que formara no local atingido.

-Eu mereço; ele ouviu Saga murmurar.

II – Um Baile Inesperado.

Embora fosse apenas domingo, o ultimo templo jazia relativamente agitado com a chegada de um mensageiro mandado por Dionísio. Saori desconfiada fora receber o rapaz, recebendo do mesmo uma caixa com cerca de cinqüenta envelopes vermelhos com um selo de cera em forma de cacho de uvas dourado.

-Isso só pode ser coisa do Dionísio; Saori murmurou, vendo que cada envelope continha um nome.

-Algum problema Srta? –Shion perguntou, vendo-a olhar os envelopes.

-Uh! – Saori murmurou, só agora dando-se conta da presença do Grande Mestre na biblioteca.

-Bom dia; ele falou sorrindo.

-Bom dia; ela respondeu. –Acabou de chegar alguns convites que o Dionísio mandou pra cá, pelo que vi, é endereçado aos treze templos; ela comentou.

-Algo interessante? –ele perguntou curioso.

-Não sei, mas espera ai, tem um aqui no meu nome; ela falou abrindo um que vinha endereçado a si. –"Convite, pra que?"; Saori pensou intrigada.

O verão estava chegando e como todo ano, Dionísio era o primeiro a comemorar isso. Pensando assim, ele aproveitaria para comemorar o fato da Toca do Baco fazer aniversario de mais um ano ali e também a mudança da estação com uma grande festa a fantasia. Como os moradores do santuário eram seus assíduos freqüentadores, ele não poderia deixar de mandar diretamente os convites para eles.

-Convite para uma festa na Toca do Baco; Saori respondeu após ler o que continha dentro do envelope. –Daqui uma semana e vai ser a fantasia;

-Festa? –Shion perguntou arqueando uma sobrancelha.

-Bem, vou dar um jeito de mandar isso aqui pro pessoal; Saori falou colocando todos de volta na caixa em que vieram.

-Não se preocupe Srta, deixa que eu faça isso; Shion falou prontamente. Assim aproveitaria pra fazer uma visita aos cavaleiros.

-...; Saori assentiu, vendo-o despedir-se e sair rapidamente.

-o-o-o-o-

Templo de Gêmeos...

-E então, você vai? –Kanon perguntou para o irmão que parecia já cedo entediado e ainda irritado, enquanto tomava café e lia distraidamente um jornal.

-Não; Saga respondeu, literalmente o ignorando, para dar mais atenção ao jornal.

-Porque? Normalmente você é o primeiro a não perder uma balada na Toca; Kanon argumentou quase que indignado.

Ultimamente Saga estava assim. Recluso e com mau humor. Kanon engoliu em seco, a ultima vez que perguntou o que estava acontecendo quase foi mandado para outra dimensão. O irmão não podia ouvir a menção ao nome do Escorpião que seu humor piorava radicalmente, porém quando ele chegara na noite anterior parecia de alguma forma diferente, só que não disse o porque, quando ele perguntou. Precisava agora de uma forma de descobrir.

-Outros tempos, Kanon; ele respondeu vagamente, virando a pagina do jornal.

-Se você diz, não vou te obrigar a ir, mas não reclame depois que uns e outros te passarem a perna; o geminiano insinuou.

-O que quer dizer com isso? –Saga perguntou largando o jornal sobre a mesa e fitando o irmão com os orbes serrados.

-Nada, estava apenas pensando alto; Kanon falava com um sorriso nada inocente. –Bom, vou dar uma volta agora, até mais; ele completou saindo quase que correndo da cozinha.

Saga olhou para a porta, respirou pesadamente. A verdade é que seu convite ainda não havia chegado e também havia outra coisa, por isso aquele desânimo todo. Fechou os olhos deixando-se recostar na parede fria atrás de si, onde a mesa estava encostada. Pensando em tudo que ocorrera no dia anterior, ainda ficaram algumas coisas para esclarecer, só que simplesmente não sabia por onde começar.

-Ahn! Com licença; uma voz delicada lhe despertou de seus pensamentos.

-Aqui; ele falou vendo que a voz vinha da sala, reconhecia aquela voz, mas não conseguia acreditar que fosse mesmo real e ela estivesse ali.

-Bom dia; Litus falou sorrindo timidamente ao entrar na cozinha e encontrar o geminiano.

-Bom dia; ele respondeu, lançando um olhar curioso a jovem que ruborizou.

-Her! Vim lhe entregar isso e o Kanon disse que eu podia entrar; ela falou nervosamente lhe estendendo um envelope vermelho com o selo de Dionísio.

-Tudo bem, não quer se sentar? –ele perguntou com um sorriso encantador, lhe apontando uma cadeira.

-Ah! Não se incomode, já estou de saída; Litus falou com um sorriso nervoso. Não esperava encontrar com ele tão cedo, ainda mais por algumas coisas ainda estarem pendentes, porém Shion lhe pedira que entregasse os convites nos templos de Câncer e Gêmeos, que não teve como recusar o ultimo pedido.

Saga pegou o envelope, por um milésimo de segundo seus dedos tocaram a pele delicada da jovem, sentindo uma corrente de estática passar por seu corpo. Encarou os orbes violeta, confuso. Litus parecia estática lhe observando.

-Ahn! Você sentiu? –ela perguntou de forma inocente, que fê-lo ficar desconcertado.

-Sim; ele falou num murmúrio, olhando para a mão que segurava o envelope sem entender o que acontecera. Era simplesmente algo novo, não sabia explicar o que estava acontecendo consigo; ele concluiu.

Deixou o envelope completamente abandonado sobre a mesa, aproximando-se da jovem com um olhar felino. Litus recuou alguns passos encontrando a parede como resistência, que fê-la engolir em seco.

-Estranho, nunca senti isso antes; o geminiano falou apoiando uma das mãos na parede, enquanto a outra pegava uma das mãos da jovem, tocando-a de forma delicada, como se inocentemente brincasse com a ponta dos dedos sobre a pele aveludada, sentindo-a estremecer sobre seu toque.

Litus sentiu-se reagir de forma inesperada. Simplesmente não conseguia recuar. Sabia o quão fascinante era para si a presença singular daquele cavaleiro. Queria apenas que o tempo parasse, quando sentiu a respiração quente e descompassada dele, chocar-se contra sua face, mas nem sempre as coisas são como o desejado...

-SAGA, agora lembrei que...; Kanon parou assim que chegou na cozinha e viu a situação em que o casal se encontrava. –Ahn! Desculpe, não queria interromper nada; ele falou com um sorriso malicioso, fazendo a jovem corar furiosamente. Entendendo completamente o que ocorrera no dia anterior que deixara o irmão tão avoado.

-Imagina, não interrompeu nada, eu já estava de saída, com licença; Litus falou, passando rapidamente por baixo do braço de Saga e saindo quase correndo da cozinha ao passar por Kanon.

-Garota estranha; Kanon falou quando a viu sair do templo, voltou-se para Saga que não parecia nada, mas nada mesmo contente com aquilo. –O que foi? –ele perguntou inocentemente.

-Você tem um milésimo de segundo para dizer porque está aqui, antes que eu te mande para a outra dimensão; Saga falou com os punhos serrados.

-Eu, bem...; Kanon falou suando frio. –Vim falar que os convites foram mandados com as correspondências para o ultimo templo e o nosso está lá; ele respondeu nervosamente.

-Eu sei; Saga falou procurando se acalmar, respirando fundo.

-Como sabe? –Kanon perguntou curioso tentando desviar a atenção do irmão para poder sair correndo da cozinha.

-Litus acabou de traze-lo pra mim; ele respondeu apontando pra a mesa, onde estava o envelope vermelho com o selo de Dionísio.

-Ah! Se você recebeu, eu já vou indo, era só isso. Tchau; ele falou saindo correndo.

-Eu mereço; Saga falou balançando a cabeça, quando voltou novamente a olhar a própria mão que sentira o choque. –Por Zeus, o que esta acontecendo comigo? –ele se perguntou.

III – Sentimentos.

Litus sairá praticamente correndo do Templo de Gêmeos, sentindo-se extremamente envergonhada com aquilo. Em um momento de distração, mal conseguiu desviar de alguém que descia as escadas de Leão acabando por fim, trombar com a pessoa e ambas irem ao chão.

-Ai; as duas gemeram, passando a mão nas costas.

-Vocês estão bem? –Kamus perguntou preocupado, enquanto ajudava a namorada e depois Litus a se levantarem.

-Sim; as duas responderam.

-Aishi me desculpe; Litus falou, com um sorriso sem graça.

-Tudo bem, eu também estava distraída; a amazona falou serenamente. –Mas e você, se machucou?

-Não, está tudo bem; ela respondeu.

Aishi lançou um olhar curioso a jovem, tinha alguma coisa errada. Voltou-se para Kamus que apenas assentiu.

-Ma petit, vou indo na frente. Tenho que falar com Saga, isso se ele estiver em casa ainda, mas nos encontramos em Áries depois; Kamus falou dando um rápido beijo nos lábios da namorada e descendo as escadas rapidamente. Litus e Aishi ficaram observando-o até sumir de vista.

-O que está acontecendo? –Aishi perguntou a queima roupa.

-O que? –Litus perguntou assustada, corando furiosamente.

-Quer conversar sobre o que te incomoda? –a amazona perguntou, intimamente divertindo-se com a reação alarmada da jovem.

-Aishi eu só queria entender algumas coisas; Litus falou desanimada.

-Vamos fazer assim, eu e Kamus estávamos indo dar uma volta no vilarejo, vem comigo até Áries e a gente conversa no caminho; ela sugeriu.

-Mais vai ter que passar por Gêmeos; Litus falou nervosa, lembrando-se do que acontecera antes.

-É, já que está no caminho; Aishi respondeu, sem entender o nervosismo dela. – Vamos logo, então; a amazona falou puxando-a pelo braço.

-Certo; ela murmurou como resposta. Embora tivesse duvidas sobre isso, começaram a descer os templos.

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Templo de Gêmeos...

-SAGA; Kamus chamou na porta do templo.

-ENTRE; o geminiano gritou de dentro do templo.

Kamus encontrou Saga na cozinha, ele parecia irritado, pois a força que empregava ao lavar uma xícara de café seria a equivalente para quebrar uma parede.

-Começou o dia bem, pelo visto; Kamus falou rindo.

-Ahn! –ele murmurou piscando confuso, quando notou ter apagado os desenhos que haviam sido pintados na xícara de porcelana. –Não acredito, de novo; Saga falou bufando, jogando a xícara dentro da pia e lavando as mãos.

-O que esta acontecendo Saga? –Kamus perguntou divertido, já sabia a resposta, mas seria mais interessante ouvir isso dele.

-Não é nada Kamus, estava apenas distraído; Saga respondeu de maneira evasiva.

-Não me referia a xícara; Kamus falou, arqueando a sobrancelha.

-Então? –Saga perguntou, engolindo em seco, já sabia aonde ele queria chegar com isso.

-Digamos que você anda com o humor meio sensível ultimamente e isso já chegou ao estagio em que é classificado como preocupante; o aquariano falou com uma calma inabalável.

-Hei! Quem disse que meu humor é sensível? –ele perguntou alterando a voz, indignado.

-Ninguém precisou dizer; Kamus falou com naturalidade, apontando pra ele que já tinha uma veinha saltando na testa.

-Parece que sim; Saga falou desanimado, puxando uma cadeira e indicando outra para o amigo. –Estou insuportável, não é? –ele perguntou, lembrando-se de que por um fio não mandara o irmão para outra dimensão.

-Não exatamente; Kamus falou com um sorriso sem graça. –Mas todos estamos preocupados com você, mas antes que você tente explicar o porque, já lhe adianto que é obvio, quem não percebeu que tudo isso tem a ver com a irmãzinha do Leo; Kamus falou a queima roupa, vendo-o abrir à boca pra fechá-la em seguida sem emitir som algum. –Então, como diz Aishi 'Vocês são homens, vocês se entendem'; ele falou imitando a voz da namorada. –Quer falar sobre isso?

-Só se você tiver tempo para ouvir; ele respondeu passando a mão nervosamente pela franja.

-Sou todo ouvidos; Kamus respondeu.

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Já estavam chegando ao Templo de Gêmeos e as duas ainda estavam em completo silêncio.

-Então? –Aishi começou, vendo que a jovem não se manifestaria sem estimulo.

-Aishi, posso fazer uma pergunta? –Litus começou tímida.

-Pode;

-O que você sente quando está com o Kamus? –Litus perguntou hesitante.

-Como assim? –Aishi perguntou enrubescendo.

-No começo, antes de vocês ficarem juntos, o que você sentia quando estava com ele? –ela explicou.

-Ahn! Acho que entendi o que você quer saber; Aishi falou sorrindo de forma aliviada. –Você quer saber porque, bem, você reage de maneira diferente quando esta apaixonada; a amazona completou.

-Uhn! Bem, eu...; Litus começou se embaralhando.

-Você quer entender porque sente seu rosto queimar quando você o vê sorrindo? Porque seu coração dispara quando o encontra de repente? Ou quando sem querer suas mãos se tocam e você sente um arrepio ou uma descarga elétrica passar pelo corpo? –Aishi comentou.

-Isso; a jovem de cabelos verdes respondeu prontamente.

-Entendo, mas isso é algo normal; Aishi falou paciente. –São reações que ocorrem devido a fortes emoções, isso chega a ser automático.

-Como assim? –ela perguntou confusa.

-Quando as pessoas ficam apaixonadas, é uma tendência você ficar mais sensível a emoções fortes e a reação do corpo é apenas um reflexo de defesa, como se você estivesse com medo e agisse por instinto; Aishi explicou. –Enfim, na teoria é isso, mas isso varia de acordo com a pessoa, ainda mais porque quando o assunto são os sentimentos, as coisas são completamente diferentes da teoria, vai de acordo com o momento e com o que você esta sentindo.

-Então quando eu encosto nele e sinto uma espécie de choque é normal? –ela perguntou inocentemente.

-Exatamente? –Aishi falou com um sorriso maroto.

-Alguém já te disse que esse sorriso dá medo? –Litus falou engolindo em seco.

-Ahn! Então quer dizer que você e Saga já estão nesse nível; a amazona comentou com o sorriso se alargando ao vê-la corar furiosamente. –Tô brincando; ela completou rindo. –Mas acho que você não precisa ficar esquentando muito a cabeça com isso, deixe as coisas seguirem seu curso naturalmente; ela completou.

-Não sei, nós mal conversamos ontem; ela falou com certa melancolia.

-"Uh! As coisas estão indo rápido de mais"; Aishi pensou, entendendo o porque da insegurança da jovem. –"É melhor que Kamus consiga resolver isso logo"; ela concluiu em pensamentos. –Olha, porque você não da, tempo ao tempo, um pouco de paciência pode ajudar também.

-Se você diz; ela deu de ombros.

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-Eu já disse que não vou; Saga falou pela vigésima vez desde que Kamus perguntara.

-Deixe de ser idiota, quer melhor oportunidade pra falar com ela; o aquariano falou irritado, desde que conseguira arrancar do geminiano uma confissão descente sobre os sentimentos do cavaleiro em relação à irmãzinha do Leão o mesmo ficara emburrado.

-Eu já disse, não vou; ele repetiu enfezado.

-Ta certo, mas não reclame depois; Kamus falou se levantando.

-O que quer dizer com isso? –Saga perguntou o seguindo. Misteriosamente Kamus conseguira convencêlo a ir com ele e Aishi até o vilarejo.

-Sabe que somos amigos e quanto a isso não brincaria; Kamus começou, com ar sério. –Mas ultimamente, desde que você e Milo começaram com essa guerrinha de testosterona, vocês estão insuportáveis. Porém agora seu caminho esta livre, Milo esta em Creta e você tem pelo menos duas semanas de paz, só basta saber aproveitá-las; ele completou sério. –Mas se isso não lhe interessar, não reclame depois, porque você sabe, não vai demorar para outro cara aparecer interessado nela e a julgar pelos leoninos que conheço, paciência nunca foi uma virtude do signo.

-Puff! Você é irritante; o geminiano falou saindo do templo. –Vou pensar no assunto, mas não garanto nada; Kamus sorriu satisfeito.

IV – As Vantagens de se ter um Irmão Gêmeo.

Litus acabara de chegar com Aishi no Templo de Áries, como a namorada do aquariano ainda tinha de esperá-lo, as duas ficaram conversando e Aishi por fim conseguira convencer Litus a acompanhá-los até o vilarejo.

-Ahn! Então você e Kamus vão a festa do Baco? –Litus perguntou, curiosa.

-Vamos, se não irmos é bem capaz do Dionísio surtar com a gente; ela falou rindo. –E você, já decidiu se vai? –Aishi perguntou, pensando seriamente se toda aquela vontade da jovem de manter-se reclusa não tinha também algo a ver com o geminiano.

-Não sei, acho que não; Litus comentou desanimada.

-Acho que deveria ir; a amazona incentivou.

-Não sei, ir sozinha não tem graça; ela respondeu e antes que Aishi falasse algo ela completou. –E segurar vela esta fora de cogitação;

-Oras, se não se importar, posso acompanhá-la? –uma voz falou vinda das escadarias de Áries.

As duas voltaram-se para o jovem de cabelos ruivos que subia as escadas. O dono da voz não passava de um garoto, porém as duas já o conheciam.

-Como vai Thouma? –Litus perguntou sorrindo, ao cumprimentar o irmão mais novo de Marin que chegara durante a noite ao santuário, vindo do Japão visitar a irmã.

-Bem, e vocês? –ele perguntou com o típico sorriso de menino.

-Bem; as duas responderam.

-E então? –ele perguntou.

-O que? –Litus perguntou estranhando.

-Se é por falta de companhia, será um prazer acompanhá-la até a festa na Toca; ele falou casualmente. –Estarei aqui pelo menos durante oito ou nove dias; ele completou.

-Creio que não será possível garoto; uma voz grave e imponente soou atrás das duas;

Os três voltaram-se para trás deparando-se com o geminiano, que não tinha um olhar muito agradável para o ex-cavaleiro.

-E porque não? –Thouma perguntou desconfiado.

O geminiano caminhou até a jovem com um olhar no mínimo enigmático, enlaçando-a pela cintura.

-Pelo simples fato de eu já tê-la convidado; ele respondeu com inocência, diante do olhar chocado do garoto.

-Ahn! Não sabia que estavam juntos; Thouma murmurou confuso, acabara de ouvir a jovem falar que não tinha companhia, será que ouvira errado e ela se referia a outra coisa? –ele se perguntou. Talvez sim; o jovem concluiu.

Litus sentiu o rosto se incendiar, ainda mais porque o geminiano acabara de apoiar o queixo em seu ombro, mantendo-a enlaçada pela cintura. Aishi que permanecia um pouco afastada procurava não rir da situação, era obvio que todos estavam preocupados com Saga, mas ela nunca pensou que o irmão gêmeo fosse capaz de loucuras para ajudá-lo.

-Litus querida, tava pensando em ir dar uma volta na vila, quer ir comigo? –ele perguntou num tom sedutor de voz, fazendo com que a jovem ficasse mais vermelha do que já estava.

-Ahn! Tudo bem; ela respondeu com certa cautela.

-Certo, só me da um minuto que esqueci de fechar a casa e aquele irresponsável do Kanon não vai nem perceber isso; ele falou ficando sério, dando um beijo demorado sobre a bochecha da jovem e saindo a passos firmes dali, em direção ao próximo templo.

-Ahn! Pelo visto o relacionamento de vocês é bem intenso; Thouma comentou, incrédulo. Sempre soube que o geminiano era um cara fechado, sério, até meio frio, não como o aquariano, mas frio. Agora, tipo, encontrava alguém completamente diferente. Quando se lembrou do signo, a dualidade, não era tão anormal assim, talvez fosse falta de costume; ele tentou aceitar essa justificativa.

-Você não sabe o quanto; Aishi respondeu pela jovem, ainda tentando não rir da situação.

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Kanon subia quase que aos tropeços os degraus dos templos, ao ver que ninguém o estava seguindo. Se metera em uma grande encrenca, Saga ficaria o resto da vida lhe devendo aquilo, se não o mataria por isso. Agora ele simplesmente dera um bom motivo ao irmão para mandá-lo sem dó para outra dimensão.

-HEI! OLHA POR ONDE ANDA IDIOTA; alguém berrou ao mesmo tempo em que ambos trombavam e iam ao chão.

-OLHA VOCÊ IDIOTA; Kanon berrou em resposta.

-Quanta gentileza, isso porque são irmãos, se não fossem, sabe Zeus o que aconteceria; Kamus falou com ar de reprovação.

-Saga? –Kanon falou suando frio.

-Não! Afrodite; ele respondeu irônico.

-Hei! Eu já vi a mãe da Aishi e ela não é feia como você; ele respondeu torcendo o nariz.

-Oras, seu; Saga falou irritando-se.

-Parem com isso vocês dois, ou os congelo; Kamus falou se irritando com a briga infantil. –O que quer Kanon?

-Bem...; Ele começou passando a mão nervosamente pelos cabelos.

-O que você andou aprontando? –Saga perguntou com os orbes estreitos.

-Na verdade, arrumei dois encontros pra você; ele respondeu voltando-se para o irmão.

-O QUE? –os dois cavaleiros perguntaram quase num grito.

-Isso mesmo; Kanon falou juntando as pontas dos dedos uma nas outras com olhar infantil. –Foi por uma boa causa;

-Prepare-se pra ir pra outra dimensão e não voltar mais; Saga falou aproximando-se perigosamente.

-Espera Saga. Kanon, o que exatamente é essa boa causa que você se refere? –Kamus perguntou detendo o geminiano.

-Olha, o irmãozinho da Marin ia chamar a Litus pra ir com ele na festa do Baco; ele respondeu vendo o irmão estreitar perigosamente os orbes e Kamus abafar o riso.

-Prossiga; Saga falou com a voz tão cortante quanto uma navalha.

-Ai, bem, como eu sei que você ta afim da irmãzinha do Leo e não é de hoje; ele falou vendo o irmão abrir a boca, mas antes que ele pudesse falar ele o cortou. –Ai eu pensei que poderia ajudar.

-Como assim? –Saga perguntou arqueando a sobrancelha.

-Ele se fez passar por você; Kamus respondeu antes de Kanon, já imaginando ser isso o que ele queria dizer.

-Isso; Kanon respondeu animado.

-Você fez o que? –Saga perguntou quase gritando, não sabia exatamente o que sentia, alegria porque pela primeira vez o irmão fazia algo certo sem aviso prévio ou se tinha vontade de matá-lo por isso.

-Olha, você devia me agradecer; Kanon falou indignado.

-Agradecer, por você se fazer passar por mim? –Saga perguntou indignado.

-Isso mesmo, eu até convidei a Litus para ir até a vila, quero dizer. Você convidou; ele completou com um sorriso infantil.

-Isso deve ser castigo; Saga falou passando a mão nervosamente pela franja quase despenteada. –Eu mereço; ele resmungou.

-Ih! Se for pra ficar resmungando que nem um velho chato é melhor dizer pra Litus que você não quer ir mais, porque ela ta lá com a Aishi me esperando, quero dizer, você; ele completou, apontando para baixo.

-Não tem outro jeito mesmo; Saga respondeu, dando-se por vencido.

-Quem vê pensa que pra você é um martírio; Kamus rebateu. –Faça-me o favor Saga, isso já está me irritando, se não fosse o Kanon, até agora você estaria pensando nos prós e contras de deixar de ser um pato de vez; o aquariano falou com a maior calma e naturalidade do mundo, embora tivesse um sorriso descarado na face.

-Se eu te mandar pra outra dimensão será que Aishi vai mesmo sentir a sua falta; ele falou com os orbes serrados.

-Claro que vou; a voz da amazona soou na mente dos três, enquanto o geminiano levava um choque, sabe-se lá de onde veio.

-Ai; Saga falou reclamando.

-Parem de enrolar, que não temos o dia todo e Saga, toma vergonha nessa cara, de pato já basta um entre as constelações, você é geminiano ou não? – a amazona falou irritada, com a demora.

-Ta bom, já tô indo; ele respondeu suando frio e engolindo em seco.

-Viu, até Aishi concorda comigo; Kamus falou dando de ombros.

-Eu mereço; Saga resmungou. –Vamos logo; ele falou começando a descer os degraus.

-Ainda não irmãozinho; Kanon falou com um meio sorriso.

-Porque não?

-Você tem que trocar de roupa antes; ele falou apontando para si mesmo e para ele.

-Mais essa; ele falou voltando e entrando no templo de touro que era o mais perto.

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-Aishi; Litus chamou depois de alguns minutos de silêncio.

-O que foi? –a amazona perguntou, não fazia muito tempo que um Thouma muito sem graça falara rapidamente com Mú no primeiro templo e voltara para o vilarejo das amazonas falar com a irmã.

-O Saga tava estranho, não? –ela comentou confusa.

-Não se preocupe Litus, é a dualidade dos geminianos; Aishi respondeu de forma casual, procurando ficar séria ao dar a resposta. Se ela soubesse que era o Kanon e não Saga, os dois teriam problemas. –Finalmente vocês chegaram; Aishi falou impaciente, para os dois que acabaram de chegar.

Saga e Litus encararam-se profundamente. O geminiano ficou momentaneamente tenso. Em seu intimo tinha que agradecer ao irmão, se não Athena teria menos um cavaleiro no santuário e Marin menos um irmão.

-Vamos; ele falou voltando-se para a jovem com o melhor de seus sorrisos, tentando agir com naturalidade, não tinha o mesmo gênio de Kanon, que era despojado e sem um pingo de vergonha na cara, mas ele não, tinha a leve tendência a ficar serio rapidamente e isso poderia complicar gradativamente as coisas dali pra frente.

-Claro; Litus respondeu, ainda desconfiada, tinha alguma coisa errada e até o final do dia descobriria; ela pensou.

Os dois se afastaram caminhando devagar, Kamus e Aishi ficaram para trás, observando os dois que caminhavam de braços dados de maneira formal, porém o primeiro passo já fora dado.

-E então? –Aishi falou com um sorriso maroto.

-Bem, a julgar pelo fato de que quase fui mandado para a outra dimensão duas vezes em menos de uma hora, as coisas estão andando; ele respondeu, passando a mão nervosamente pela testa.

-Não é isso, estou falando deles; ela falou apontando para os dois.

-Então é assim, se o Saga me mandasse pra outra dimensão você não se importaria; ele falou emburrado.

-Kamus, não seja infantil; Aishi falou ficando séria.

-Não estou sendo; ele respondeu dando as costas pra ela, fazendo bico.

-"Homens"; ela pensou balançando a cabeça. –É claro que eu não iria gostar, se Saga fizesse isso o mínimo que ia acontecer para ele, é conhecer os infernos de virgem com o Radamanthys de guia turistico, agora deixe disso; ela falou colocando a mão sobre o ombro dele.

-Se é assim, tudo bem; ele falou com um sorriso maroto, como se nada tivesse acontecido.

-Acho que vou reconsiderar a idéia do Saga; Aishi comentou com os orbes estreitos.

-Admita, você não vive sem mim; ele falou com um sorriso maroto, puxando a jovem para um meio abraço, enquanto começavam a andar, antes que perdessem os dois de vista.

-Não respondo nada que pode e vai ser usado contra mim posteriormente; ela respondeu divertida, vendo uma veinha saltar na testa dele. –Mas me conta logo o que aconteceu; ela falou impaciente.

Continua...