Capitulo 2: Dois Para o Lado.

I – Aprendendo a Dançar.

O passeio pelo vilarejo transcorreu na maior calma possível, Saga e Litus conversavam calmamente, embora inconscientemente evitassem tocar no assunto sobre o que ocorrera no sábado, Kamus e Aishi que andavam um pouco atrás já estavam ficando impacientes quanto a demora do geminiano de tomar uma atitude.

-Ele esta pior que o Aiolia; Kamus falou exasperado.

-Precisamos dar um jeito nisso rápido; Aishi falou, quando olhou para um relógio de sol, não muito longe de onde estavam. –Meio dia, perfeito; ela falou animada.

-O que esta tramando? –ele perguntou curioso.

-O que acha de irmos almoçar? –ela perguntou com um sorriso enigmático.

-Claro; Kamus respondeu entendendo parcialmente o que ela queria. –Saga. Litus. Vamos parar para almoçar; ele chamou, os dois voltaram-se em sua direção apenas assentindo.

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Não era um restaurante como a da Toca do Baco, mas era um lugar agradável, com um clima caseiro e convidativo. Os quatro procuraram uma mesa afastada da movimentação, onde poderiam conversar.

-Uh! Vamos ter ainda uma semana para procurar as fantasias; Aishi comentou depois de alguns minutos de silêncio que eles estavam comendo.

-É mesmo, eu havia me esquecido que é a fantasia; Litus falou.

-Vocês vão do que? –Kamus perguntou para os dois.

-Eu ainda não pensei nisso; Litus respondeu desanimada. –E você Saga? –ela perguntou voltando-se pro cavaleiro que engasgou.

-Eu, bem... Ahn, não tinha ainda pensado nisso; ele respondeu sem graça.

-Mas isso é fácil de resolver, no caminho pra cá tem uma loja, tive a impressão de ver algumas fantasias interessantes; Aishi comentou casualmente.

-Podemos ir lá depois, se quiserem e já resolver isso pra não ficar em cima da hora; Kamus sugeriu.

-Pode ser; Saga respondeu.

O almoço transcorreu o mais gelado possível e isso não era culpa de Kamus que elevou seu cosmo demais e sim do novo casal que estava agora sofrendo de um pequeno problema. Comunicação ruim.

Tentando fazer um meio campo entre os dois, Kamus e Aishi os arrastaram para a loja das fantasias.

-Você é idiota, ou o que? –Kamus perguntou irritado, puxando Saga para a seção de fantasias masculinas.

-O que quer dizer com isso? –Saga perguntou com os orbes estreitos.

-Nem eu consigo ser tão frio quanto você esta sendo, se era pra começar essa palhaçada, deveria ter feito o que o Kanon falou, dado uma desculpa qualquer pra não vir, ela ficaria bem menos chateada do que esta agora; ele o repreendeu.

-Eu estou tentando, ta legal; Saga falou passando a mão de forma nervosa pelo cabelo, desde que saíram do santuário as coisas estavam bem, mas fora tocar no maldito assunto da festa e um ice barg cairá sobre sua cabeça.

-Mas não é suficiente; Kamus falou. –É melhor que resolva isso, não vá magoá-la e depois vir com alguma desculpa ordinária do porque você não faz nada direito, que agora não cola mais; o aquariano falou.

-Certo, agora some daqui que ela esta vindo; Saga falou acenando para a jovem se aproximar.

-E ai, achou algo interessante? –Litus perguntou, vendo-o segurar firmemente uma fantasia meio estranha na mão. –Não sabia que você acreditava naquele lance de Adão e Eva; ela comentou, vendo que a fantasia que ele tinha nas mãos era uma imitação sintética de cipós com uma tanguinha verde com uma folha de parreira na frente.

-Eu não sou; ele respondeu confuso, porém ela apontou para sua mão. Saga olhou o que tinha em mãos e rapidamente enfiou de volta no cabideiro. –Melhor escolher outra coisa; ele respondeu, sentindo a face queimar. Simplesmente a visão de si mesmo vestido de Adão, ou melhor, despido como Adão, não estava em seus planos, não nessa vida.

-Ahn! Saga, você pode me fazer um favor? –ela pediu de forma tímida, enquanto desviava seu olhar para alguns cabides, sem encará-lo.

-Claro, o que você quiser; ele falou aproximando-se, porém ela se esquivou, fazendo-o engolir em seco.

-Agradece ao Kanon por mim pelo convite, mas não acho uma boa idéia ir a essa festa, agora com licença, vou voltar pra casa, não avisei o Leo que vinha pra cá; ela falou dando-lhe as costas e saindo da loja, sem olhar pra trás.

-Por Zeus; ele murmurou, colocando a mão na testa, estava suando frio.

-O que aconteceu? –Aishi perguntou se aproximando com os orbes serrados perigosamente.

-Ela sabia que era o Kanon e não eu; o geminiano respondeu, abaixando a cabeça, desanimado.

-Mas é claro que ela ia perceber, ninguém muda de uma hora para outra; ela falou irritada. - Fora alguns aspectos óbvios, como cheiro, temperamento e qualquer outra coisa facilmente reconhecível; Aishi respondeu sarcástica. –Mas deixa pra lá, vou falar com ela; a amazona falou ameaçando se afastar.

-Não, deixa, eu vou; Saga falou impedindo-a de ir. –Eu fiz a besteira, deixa que eu conserto; ele falou saindo da loja, tentando alcançá-la. –"Se isso for possível"; ele completou em pensamentos.

-Espero que dê tudo certo; Kamus comentou.

-Nem fale, Saga consegue ser mais enrolado do que você; ela respondeu, enquanto se afastava e ia procurar sua fantasia.

-Hei! Desde quanto eu sou enrolado? –Kamus falou indignado.

-Não vamos começar com isso de novo, não é? –Aishi falou de forma perigosa.

-Como quiser, ma petit; ele respondeu sorrindo.

-Ótimo, você escolheu qual?

-Vampiro; ele respondeu mostrando para ela um cabide que tinha um sobretudo preto e uma calça estilo social.

-Não ta faltando nada não? –Aishi perguntou curiosa.

-Não, ouvi dizer que tem um vampiro português que faz neve e a fantasia é essa; ele respondeu eloqüente.

-Uhn! Interessante; Aishi comentou com um meio sorriso. –Mas eu estava pensando em pegar uma de Cleópatra, ou melhor, de Jéssica a esposa do Roger Habit, será que eu fico bem como ruiva? -ela comentou casualmente.

-De jeito nenhum; Kamus falou exaltado.

-Calma, estava só brincando; ela falou rindo, ao ver o cavaleiro vermelho. –Escolhi uma interessante, o que acha? –ela perguntou, mostrando pra ele um cabide com um corpete preto com detalhes em vinho, um calça de couro preto e botas de cano alto, fora uma capa de mesma cor. –Caça vampiros; ela respondeu sorrindo descaradamente.

-Melhor do que a do Roger Habit; ele respondeu num resmungo, imaginando o tamanho do corte lateral que tinha no vestido vermelho da ruiva.

-Ah! Esqueci de te contar uma coisa; Aishi falou com um sorriso infantil. –Também é Jéssica esse personagem; ela completou, rindo ao vê-lo mudar de cor, enquanto iam para o caixa. Talvez a escolha por vampiro não tenha sido lá muito inteligente.

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Desde quando as ruas do vilarejo eram tão movimentadas daquela forma. Saga já estava ficando irritado por não conseguir achar a jovem em lugar algum, nem pelo cosmo conseguia localizá-la, eram muitas pessoas transitando ali.

Quando viu ao longe, uma praça, algumas crianças costumavam brincar ali, embora houvesse uma pequena fonte e qual não foi sua surpresa ao vê-la sentada ali, olhando pra água que corria do chafariz.

Saga aproximou-se com cautela, vendo através do reflexo na água a jovem com os olhos vermelhos, fazendo-o recriminar-se mentalmente por ser tão idiota.

-Litus; ele chamou, colocando a mão sobre seu ombro, chamando-lhe a atenção.

-O que quer? –ela perguntou, sem voltar-se pra ele, procurou enxugar uma lágrima que acabara de cair, e de maneira fria o encarou através do reflexo da água.

-Eu...; Saga começou, dando um suspiro cansado. –Me desculpe; ele falou, sentando ao lado dela, porém a jovem parecia empenhada a ignorá-lo.

-Não há porque se desculpar; ela rebateu ferina.

-"Agora sei o que ela puxou do Aiolia"; o geminiano pensou. –Preciso sim, me desculpe, não queria te magoar; ele falou, erguendo a face da jovem pelo queixo, mantendo-a lhe encarando, porém a mesma colocou a mão sobre a sua, obrigando-o a soltá-la.

-O que ontem significou para você? –ela perguntou a queima roupa, fazendo-o afastar-se parcialmente.

-Pensei que houvesse deixado isso claro; ele respondeu ficando sério.

-Não, não deixou; ela respondeu seca, enquanto se levantava.

-Litus, por favor, espera; ele pediu, levantando-se.

-Saga, por favor, digo eu, sinceramente preferiria que você fosse sincero e admitisse que estava só fazendo um favor ao meu irmão ao me levar ao Cabo, pelo menos facilita as coisas; ela falou lhe dando as costas, não conseguia ficar mais ali.

-Não foi só por isso, eu te falei antes de sairmos; ele falou segurando-lhe pelo pulso, impedindo-a de se afastar.

-MAS NÃO É SUFICIENTE; ela gritou com a voz chorosa, sentindo as lágrimas caírem pela face.

-Calma; ele pediu, puxando-a para um abraço, sentiu a jovem aconchegar-se entre seus braços, deu um suspiro aliviado. Não estava mais agüentando vê-la daquele jeito sem conseguir ao menos se explicar. –Me desculpa; ele falou dando um suspiro cansando, sentindo a jovem aos poucos se acalmar entre seus braços. –Eu faço tudo errado e acabo te magoando, eu não queria, eu juro, eu só... Não sei por onde começar; ele confessou.

-Que tal pelo começo; ela sugeriu, erguendo a cabeça e fitando-lhe diretamente os olhos.

-Vem aqui; ele chamou, puxando-a para sentar-se na beira da fonte novamente.

O movimento na rua continuava o mesmo. As pessoas vivendo, andando de um lado a outro, como se a presença dos dois ali fosse completamente nula. O tempo parara para eles. E era só o que importava agora.

-Durante muito tempo da minha vida, passei completamente envolvido com os treinos e tudo relacionado com a vida de cavaleiro. Houve uma época em que o lema era 'o amor de um cavaleiro só poderia ser direcionado a sua deusa'; ele explicou, sentindo a mão da jovem sobre a sua ficar tensa. –Guerras e mais guerras vieram depois disso, um solo que antes era sagrado fora marcado pela discórdia e lavado com sangue daqueles que eram julgados traidores; ele falou fazendo uma pausa nervosa.

Litus ficou em silencio, queria ouvi-lo desabafar, sentia que era disso que precisavam.

-Não é fácil perder o controle sobre si mesmo, enfrentar seus demônios interiores e perder; ele falou num tom de voz baixo que somente ela ouvia. –Inconscientemente fazer mal as pessoas que ama e não poder fazer nada pra evitar, é o tipo de coisa que você nunca desejaria viver, mas às vezes acontece; ele falou com um olhar triste.

-Mas você esta aqui, não? Você venceu; ela falou, tocando-lhe a face com delicadeza, vendo-o fechar os olhos, para depois abri-los e fitar-lhe com atenção.

-Nem todos os caminhos são lisos e retos, sempre há pedras, buracos e curvas, um caminho incerto que ou você cai e se levanta, ou nunca mais caminha; ele falou.

-Mas você ainda esta aqui, você caiu, se levantou, continuou a andar, passou por curvas, retas e criou um novo caminho, você teve uma nova oportunidade e não cometeu o mesmo erro uma segunda vez, não há mais motivos para se culpar por isso; ela respondeu.

-Sabe, durante muito tempo eu simplesmente não conseguia me permitir viver como os outros; ele falou num tom de confidencia.

-Como assim? –ela perguntou confusa.

-Ter uma vida normal, acordar de manhã e ter certeza de que nenhum Deus neurótico ia acordar nessa Era e simplesmente falar 'Hora de acabar com o mundo'; ele completou com um meio sorriso irônico. –Ou até mesmo ver as pessoas que me eram caras caírem no campo de batalha como muitas vezes tive que ver; ele completou.

-Há coisas que não podemos mudar, às vezes algumas coisas precisam simplesmente ser da forma que são; ela falou seria. Saga engoliu em seco, tendo um tremor involuntário, não era a primeira vez que ouvia essas palavras, porém às vezes era difícil de acreditar que elas eram tão fáceis de assimilar.

-Eu sei, mas às vezes à vontade de fugir é maior e mais tentadora; ele respondeu abaixando a cabeça momentaneamente. –Nunca me achei no direito de ser como as outras pessoas, agir como elas, ou viver como elas; ele completou.

-Acho que entendo, uma exceção a regra; ela falou, Saga apenas assentiu.

-Eu... Bem... Nunca me achei no direito de amar realmente alguém, acho que por medo; ele falou fazendo uma pausa para respirar. –Medo de não ser capaz de protegê-la, mas... Ahn, alguns conceitos andaram mudando no ultimo mês; ele completou com um sorriso sem graça.

-No ultimo mês; ela murmurou confusa.

-Conheci uma pessoa; ele começou com um meio sorriso. –E bem, ela me mostrou uma nova perspectiva da minha vida, uma forma de vivê-la sem ficar preso entre velhas correntes e agora não consigo mais me imaginar acordando de manhã e ver que não posso tê-la do meu lado porque sou um idiota; ele completou ficando serio.

-Ahn! E quem seria essa pessoa? –ela perguntou com a voz tremula.

-Olha, ela ta aqui; ele falou apontando pra o reflexo da jovem na água. –Mas acho que você já a conhece, não? –ele falou com um sorriso maroto, vendo-a enrubescer.

-Saga; ela falou num murmúrio. Vendo o cavaleiro levantar-se e estender-lhe a mão, para que fizesse o mesmo.

-Sei que algumas coisas entre nós ficaram meio vagas, mas, por favor, me deixa compensar isso; ele pediu, tomando-lhe uma das mãos. –Me da uma segunda chance de fazer diferente;

-É mesmo o que quer? –ela perguntou, recebendo um aceno afirmativo dele. –Então, esta bem; ela respondeu sorrindo.

-Prometo que não vai se arrepender; ele falou puxando-a para um abraço. Litus prendeu a respiração surpresa, com o que ele fez em seguida. Suspendendo-a do chão e girando-a no ar, algumas pessoas pararam em volta, aplaudindo o casal que finalmente se acertara, mas ainda faltava algo.

-Saga, vou ficar tonta desse jeito; Litus falou rindo, enquanto o cavaleiro lhe colocava no chão.

-Mas nem por isso vou te amar menos; ele respondeu com um sorriso sedutor, fazendo a jovem corar até o ultimo fio de cabelo verde.

-Ahn! Bem...; Ela começou, porém atrapalhou-se com as palavras ao senti-lo enlaçando-lhe pela cintura e aproximando-se... Perigosamente.

-Tenho uma coisa para te pedir; ele falou quase num sussurro.

-O-o q-que é? –ela perguntou perdendo completamente a linha raciocínio ao senti-lo roçando-lhe os lábios de maneira provocante, porém mudando a direção, aproximando-se de seu ouvido.

-Quer namorar comigo?

-Uhn! –ela murmurou confusa. –"Será que eu ouvi bem?"; ela se perguntou confusa. –Ahn! Você disse que...; Ele a cortou.

-Isso mesmo que ouviu, deixei-lhe claro todos os meus sentimentos, agora quero saber de você; ele falou em tom casual.

-Quero; ela respondeu com a voz tremula.

-Quero exatamente o que? –ele perguntou num sussurro provocante, beijando-lhe a curva do pescoço, sentindo-a estremecer.

-Ahn! Q-que-ro na-mo-rar com vo-cê; ela respondeu num fôlego só.

-Imaginei que sua resposta fosse essa; ele respondeu com um sorriso maroto.

-Convencido; ela falou com um olhar incrédulo, se afastando, enquanto tomava o rumo das lojas da vila.

-Mas mesmo assim você me ama, não? –ele respondeu mantendo o sorriso na face, seguindo-a.

-Vou me negar a responder enquanto você mantiver esse sorriso; ela respondeu enfezada.

-Calma, só tava brincando; ele falou, abraçando-a por trás e apoiando o queixo em seu ombro.

-Isso não é justo; ela reclamou.

-Muitas coisas não são justas, mas não vamos nos preocupar com isso agora; ele respondeu ficando momentaneamente sério, virando a jovem de frente para si, mantendo-a segura pela cintura.

Ambos encararam-se, não havia mais nada a ser dito e se havia poderia muito bem esperar uma outra oportunidade. Com os orbes serrados, ambos se aproximaram. Selando seus lábios num cálido beijo.

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-Pelo visto não precisamos fazer mais nada; Kamus comentou com a namorada que observava a cena de longe.

-Vamos embora então; Aishi falou puxando-o para longe. –Ainda precisamos achar uma camisa para você vestir por baixo desse sobretudo; ela completou.

-Hei! Mas isso não faz parte da fantasia; ele falou enquanto era arrastado por ela entre as lojas.

-Você não está pensando que vai aparecer sem nada por baixo, no meio daquele bando de abutres que se dizem amazonas, não é? –ela perguntou fitando-lhe perigosamente.

-Tudo que você quiser, ma petit; ele respondeu, porém deu um sorriso maroto, voltando-se pra ela. –Contanto que...; ele começou.

-O que esta tramando? –ela perguntou cautelosa.

-Bem, você poderia usar algo menos apertado do que aquela roupa de couro, não acha? –ele perguntou casualmente.

-Não vou mudar minha fantasia, já avisei; ela respondeu, não lhe dando margem pra contestação.

-Então eu não vou vestir a camisa; ele rebateu, fazendo-se de difícil.

-Tem certeza que você quer assim? –ela perguntou com a maior naturalidade do mundo que chegou a assustá-lo.

-Só se for preta, azul marinho não combina; ele respondeu rapidamente, puxando-a pra dentro da primeira loja que encontrou.

-"Isso sempre funciona"; ela pensou com um meio sorriso.

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-E então, vamos escolher as fantasias; Litus comentou casualmente, enquanto eles andavam entre algumas lojas.

-Ahn! Bem... Tem mesmo certeza de que quer ir? –ele perguntou suando frio.

-Ahn! Saga, você está bem? –ela perguntou estranhando o fato do cavaleiro não parecer nada à vontade com aquilo.

-Estou, perfeitamente bem; ele respondeu passando a mão nervosamente sobre a franja arrepiada.

-Você mente muito mal, sabia? –Litus falou. –Vamos, me fala, o que ta acontecendo? –ela perguntou, num tom carinhoso, enlaçando-o pelo pescoço e ficando de frente pra ele.

-Eu, bem...; Ele começou abaixando a cabeça, respirou fundo. Como era humilhante ter de admitir aquilo. Ainda mandaria o irmão pra outra dimensão por ficar lhe aporrinhando a vida por nunca ter pensado em aprender fazer aquilo antes.

-Você? –ela perguntou curiosa.

-Eunãoseidançar; ele respondeu num fôlego só, sem permitir que ela entendesse o que ele falara.

-Não entendi; ela falou confusa.

-Eu não sei dançar, ta legal; ele falou afastando-se da jovem, a face no mínimo tão vermelha quanto um tomate.

-Ahn! Você não sabe dançar? –ela falou sem acreditar no que estava dizendo, mas ao vê-lo fechar ainda mais a cara com ar emburrado, não teve mais duvidas. –Mas nisso podemos dar um jeito; ela comentou casualmente.

-Bem, nós tipo, poderíamos alugar um filme e passar o sábado em casa; ele sugeriu com a maior naturalidade do mundo.

-Não; Litus respondeu seria.

-Não? –ele perguntou quase desesperado.

-Exatamente, vamos dar um jeito de você aprender até o próximo final de semana; ela comentou animada.

-Mas é pouco tempo, não vai dar certo; ele tentou justificar.

-Oras, você não é um cavaleiro de ouro, cometa um milagre; ela falou como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

-Já que não tem outro jeito; ele falou desanimado, deveria ter pensado em outra possibilidade.

-Se não, bem... Terei de pedir ao Kanon pra ir comigo, já que ele parece interpretar muito bem a sua personalidade; ela provocou com um sorriso maroto.

-O que exatamente você quer dizer com isso? –ele perguntou com os orbes serrados.

-Uhn! Vamos ver como eu posso te explicar isso; ela falou com ar pensativo, algumas pessoas passavam perto deles nesse momento.

A jovem rapidamente adquiriu um olhar serio, enigmático, voltando-se para o cavaleiro que pareceu surpreso com aquela mudança. Ainda mais ao vê-la do nada aproximar-se e lascar-lhe um beijo demorado na bochecha, fazendo algumas senhoras que passavam ali perto comentarem sobre como era bonito o amor juvenil, fazendo o cavaleiro ficar mais corado do que já estava.

-Ahn! Bem, essa foi à cara que eu fiz; ela respondeu inocentemente, dando-lhe as costas e indo observar uma vitrine próxima, para não rir.

-Uhn! –ele murmurou confuso, processando a idéia quando a ficha finalmente caiu e ele serrou os punhos de maneira nervosa. –Bem, acho que vou realizar aquele velho sonho de ser filho único; ele comentou.

-Você não vai fazer nada; Litus falou o repreendendo. –Kanon só queria ajudar;

-Beijando a minha namorada? –ele perguntou indignado, abraçando-a de maneira possessiva.

-Repente; ela pediu.

-O que? Sobre aquele meu sonho de ser filho único; ele falou.

-Não, a ultima parte; ela falou gesticulando impaciente.

-Sobre o fato dele sair por ai beijando a minha namorada? –ele perguntou com olhar confuso vendo-a assentir. –Então, ta ai um bom motivo para mandá-lo pra outra dimensão sem ficar com remorso depois; ele completou, ouvindo-a rir. –O que foi?

-Você esta com ciúmes; ela falou ainda rindo.

-Ciúmes, eu... Não; ele respondeu arregalando os olhos.

-Então porque ficou tão bravo com o fato do Kanon ter me dado um beijo? –ela perguntou, provocando. Fazendo Saga contar até dez de trás para à frente, para não mandar o irmão para a outra dimensão mesmo a longa distância.

-Eu não fiquei bravo, apenas...; Ele começou, porém parou vendo a jovem com a sobrancelha arqueada. –Ahn! Olha ali a loja de fantasias, vamos logo escolher uma; ele falou puxando-a para lá.

Continua...