Capitulo 3: Gira e Volta.

I – Confusões.

-Isso não vai dar certo; Saga falou aflito, isso porque a namorada reunira alguns amigos para acabar com o suplicio do pobre cavaleiro. Seria uma semana longa, muito longa; ele concluiu, assim que viu o cunhado entrando no terraço de seu templo.

-Alguém pode me explicar o que eu tenho a ver com isso? –Aiolia perguntou, sendo arrastado por uma Litus mais do que impaciente.

-Não reclama mano, você também não sabe; Litus resmungou.

-O que? –Saga perguntou, sorrindo marotamente.

-Hei! Isso nunca foi importante; Aiolia se defendeu.

-Sei, e o que te fez mudar de idéia agora, cunhadinho? –Saga perguntou com um sorriso malicioso, vendo uma certa amazona acabar de entrar no terraço acompanhada por Kamus e Aishi.

-Ahn! Bem...; Aiolia começou, passando a mão nervosamente pelos cabelos rebeldes. –Alguém tem que ser o adulto responsável aqui pra incentivar a minha irmãzinha e meu cunhado favorito; ele respondeu com um sorriso deslavado.

-Sou seu único cunhado e não me convenceu; Saga respondeu ficando emburrado.

-Parem com isso os dois; Litus mandou, fazendo-os engolir em seco e assentirem.

-Ahn! Litus o que exatamente você pretende? –Marin perguntou, ainda tentando entender o que acontecera pra ela também estar ali agora.

Marin coincidentemente estava subindo os templos indo pra o ultimo, quando encontrara Litus tentando arrastar Aiolia de dentro do Templo de Leão para o de Gêmeos, quando perguntou o que era o próprio Aiolia quase agarrara-se a si, pedindo que ela o livrasse da irmã, mas o pior aconteceu, os dois acabaram sendo arrastados até ali por uma Litus super impaciente.

-Bem, acontece o seguinte, você viu que no próximo final de semana vai acontecer a festa na Toca do Baco; Litus começou, Marin apenas assentiu.

Saga e Aiolia olharam cautelosos para a jovem que explicava a Marin tudo o que estava acontecendo, Kamus e Aishi pareciam ocupados ouvindo a conversa das duas para repararem neles. Os dois se entreolharam e assentiram com um olhar cúmplice. Começaram a caminhar na ponta dos pés até a saída do terraço.

-KAMUS CONGELA ELES; Litus gritou, assim que os viu quase na escada do terraço.

Mal os cavaleiros tiveram tempo de formular uma desculpa esfarrapada pra convencer a leoazinha de que não estavam tentando fugir, já viram-se com os pés congelados.

-Hei! Isso é coisa que se faça com a gente Kamus? –Aiolia perguntou indignado.

-Só fiz o que a Litus pediu; ele respondeu com um sorriso divertido.

-Amor! Acho que você deveria ter congelado até a cintura, seria melhor não? –Aishi perguntou casualmente.

-NÃO; os dois gritaram.

-Bem Marin, você entendeu, né? –Litus perguntou, depois de explicar para a amazona o que estava acontecendo.

-Entendi, mas... Ahn! Bem, porque eu? – a amazona de Águia perguntou, com a face levemente corada, evitando olhar na direção do leonino, porque sabia que ele lhe observava.

-Bem... Você sabe né; Litus respondeu com um sorriso inocente, batendo as pontinhas dos dedos uma nas outras.

-É melhor que você não responda; Marin respondeu prontamente. –Vamos começar quando?

-Quando aqueles dois fugitivos descongelarem; a jovem respondeu com naturalidade.

-Litus amor, isso é coisa que se faça comigo? –Saga perguntou, intimamente praguejando contra os céus o fato de não conseguir quebrar o gelo que Kamus criara.

-Amorzinho, você ainda vai me agradecer por isso; ela respondeu com um sorriso inocente, se aproximando do cavaleiro e lhe dando um selinho. –Agora fique quietinho ai, porque esse gelo tem que descongelar logo; ela explicou, como se falasse com uma criança de cinco anos.

-Eu mereço, eu sei que eu mereço; Saga murmurou, repetindo aquilo a si mesmo como um mantra.

-Saga não fique assim, poderia ser pior; Aishi falou em tom de consolo.

-Da licença que a gente ta entrando; a voz bem humorada de Shura e Kanon soou na entrada do terraço.

-Aishi, não fala mais nada que tente servir de consolo, por favor; Saga pediu, já imaginava, quando o espanhol e o irmão se juntavam normalmente ele não levava a melhor.

-Kanon. Shura. O que vieram fazer aqui? –Litus perguntou ao ver o cunhado com uma filmadora na mão e o espanhol com uma maquina fotográfica.

-Bem...; Kanon começou com um sorriso nervoso.- Você sabe, viemos apenas dar um apoio moral pro pessoal; ele completou.

-Traidor, apoio moral o caramba; Saga reclamou, forçando a perna pra soltar o gelo e pular em cima do irmão. –Isso me lembra mais uma coisa;

-O que? –Kanon perguntou, engolindo em seco ao ver que dessa vez o irmão conseguiu romper o gelo.

-Que agora eu tenho um bom motivo para te mandar pra outra dimensão sem me sentir culpado; ele respondeu com um sorriso maligno.

-Acho que andamos perdendo alguma coisa; Aiolia sussurrou para Marin que estava a seu lado observando tudo.

-Não duvido; ela respondeu, voltando-se para o cavaleiro que depois de muito lutar se livrara da placa de gelo.

-Finalmente; Aiolia murmurou, suspirando aliviado.

-Ahn! Irmãozinho, não sei do que você esta falando, mas creio que deve ser um equivoco; Kanon falou gesticulando nervosamente.

-Então eu vou ter o maior prazer em te lembrar que beijar a namorada dos outros, não é um esporte muito saudável; Saga falou estalando os dedos perigosamente.

-É impressão minha ou ele ta com ciúmes? –Aishi perguntou, voltando-se para Kamus. Os dois permaneciam sentados no alpendre do terraço, observando a uma certa distância os outros casais;

-Parece que sim; Kamus respondeu, balançando a cabeça. –Pelo menos ele não descoloriu de novo uma xícara de porcelana; ele respondeu rindo.

-Como? –Aishi perguntou confusa.

-Longa história, ma petit; ele falou, roubando-lhe um beijo.

-Xiii, pelo visto vai acontecer uma tragédia grega, literalmente; Shura brincou.

-Saga, juro que foi por uma boa causa; Kanon falou, recuando alguns passos enquanto o irmão se aproximava.

-Porque estou tentado a duvidar? –ele perguntou-se.

-Parem já com isso; Litus, aproximando-se de Saga e puxando-o pelo colarinho da camisa. –Já disse pra você parar de surtar por causa disso e se demorar muito pra aprender, vou ter que realmente pedir pro Kanon ir comigo; ela falou com um sorriso inocente, repreendendo-o.

-Oh cunhadinha, não piora mais a minha situação, ta; Kanon pediu, vendo Saga lançar-lhe um olhar que seria capaz de chutá-lo do topo de Star Hill.

-Agora que vocês já se entenderam, vamos começar logo; Aishi falou, aproximando-se de um radio que aparentemente Litus trouxera até o terraço e o ligando.

-Vai ser uma longa semana; Aiolia e Saga murmuraram.

-Parem de resmungar; Marin os repreendeu. –Se já tivessem feito isso antes não teriam tantos problemas agora;

-Até você Marin? –Aiolia perguntou indignado.

-...; A amazona apenas arqueou a sobrancelha, fazendo o cavaleiro engolir em seco. Enquanto Kanon e Shura ficavam apostos, com maquina e filmadora na mão, pra não perder nenhum detalhe sequer.

II – Provocações.

Três dias depois...

Yuuri subia calmamente as escadarias dos templos com alguns rolos de papeis na mão, cada rolo continha os velhos mapeamentos estelares feitos no observatório há alguns anos atrás. Como o observatório estava em reforma, Saori pedira a ela que levasse aquele material para a biblioteca do templo.

Estava chegando em Câncer, quando notou uma cena um tanto quanto diferente. Saga e Aiolia brigando com Mascara da Morte para entrarem no Templo de Câncer, parou curiosa, observando a cena a distancia.

-O que pensam que estão fazendo?- o italiano perguntou irritado, ao ser praticamente jogado de lado quando eles ouviram as vozes de Marin e Litus vindo do outro lado do templo.

-Com problemas, sirizinho? –ela perguntou com um sorriso maroto, se aproximando.

-Você? –ele falou com os orbes serrados, não ia com a cara daquela amazona, que por sinal não lhe trazia lembranças muito agradáveis da ultima União Dourada.

-Eu mesmo, algum problema? –ela perguntou com certo sarcasmo.

-Nada que seja da sua conta; ele respondeu num resmungo.

-Nossa que humor; Yuuri provocou.

-Você não tem nada melhor pra fazer do que me encher não? –ele perguntou irritado.

-Eu, tenho, mas é sempre tão divertido te irritar; ela completou, piscando um olho com um sorriso maroto pra ele.

-Olha aqui; ele começou com o dedo em riste de forma perigosa.

-Mascara da Morte; Litus chamou;

-Uhn! – ele murmurou, voltando-se para Marin e Litus que acabaram de chegar. –O que querem?

-Você por acaso viu o Saga e o Leo? –Litus perguntou, sem notar a presente tensão do ambiente.

-Aqueles dois loucos invadiram minha casa e se não saírem logo de lá, as cabeças deles vão fazer parte da nova decoração; ele respondeu com um olhar mortal.

-Estresse da ulcera nervosa, sabia? –Yuuri alfinetou.

-...; O cavaleiro voltou-se para ela com os orbes serrados de forma perigosa.

-Yuuri ta fazendo o que por aqui? –Marin perguntou, só agora notando a amazona de cabelos prateados ali.

-Estou de passagem Marin, tenho de levar esses mapas lá pra cima; ela respondeu.

-Entendo; a amazona murmurou.

-Então já vou indo; Yuuri falou.

-Vai tarde; Mascara da Morte resmungou.

-Também te amo, querido; ela falou sarcástica, frisando a ultima palavra jogando-lhe um beijo no ar, ao passar pelo cavaleiro e ouvi-lo emitir o que facilmente seria confundido com um rosnado.

-Ela não toma jeito; Marin falou com um meio sorriso, lembrando-se de que era sempre assim quando aqueles dois se encontravam, ou ignoravam-se ou se atacavam. –"Isso ainda vai dar em casamento"; ela pensou.

-SAIAM DO MEU TEMPLO; Mascara da Morte berrou, batendo na porta que por sinal fora trancada, temporariamente ignorando as duas que esperavam pelos dois cavaleiros.

-VOCÊ NÃO PODE NOS OBRIGAR; Aiolia respondeu.

-QUER APOSTAR? –Mascara da Morte perguntou de maneira perigosa.

-QUANTO? –Saga provocou.

-Vocês pediram por isso; o canceriano falou perdendo o ultimo fio de paciência. –SEKISHIKI MEIKAI-HA; ele gritou, elevando seu cosmo, ao mesmo tempo em que do outro lado da porta uma densa nevoa prateada começava a surgir. Mascara da Morte afastou-se da porta em tempo.

-AHHHHHHHHHH! – os dois gritaram, saindo correndo do templo do cavaleiro numa cena no mínimo comprometedora para a reputação dos dois.

Marin e Litus observaram a cena com uma gotinha escorrendo na testa, vendo os dois cavaleiros correrem e esconderem-se atrás delas.

-Você é mau; Aiolia falou com a face tão branca quanto um papel, apontando o dedo acusadoramente para o cavaleiro. –Ou melhor, do mau;

-...; Saga apenas assentiu concordando.

-Vê se pode, dois marmanjos como vocês com medo de alguns espectros inofensivos; o cavaleiro falou com a expressão mais inocente que conseguiu fazer.

-Inofensivos! Você sabe pra onde eles estavam querendo arrastar a gente? –Aiolia perguntou indignado.

-Eles só queriam uma companhia pra passear na Encosta de Yumotsu; o canceriano respondeu com um sorriso deslavado. –Mas pensem pelo lado positivo, vocês adorariam o passeio, em compensação agora; ele completou apontando para Marin e Litus que voltaram-se para os cavaleiros, com um olhar de canto que gelaria o inferno.

-"Ferrou"; os dois pensaram sorrindo nervosamente, enquanto se afastavam.

-Vocês não vão fugir de novo; Marin falou visivelmente irritada por ter que ficar andando de templo em templo atrás dos dois. –Vamos logo; ela completou, segurando o leonino pelo colarinho da camisa e literalmente o arrastando até o Templo de Gêmeos.

-Amor, juro que foi o Aiolia que me induziu a isso; Saga tentou se justificar.

-HEI! –Aiolia reclamou, já longe ao ouvir o que ele falara.

-Quieto; ela mandou com os olhos brilhando perigosamente e seguindo o mesmo exemplo da amazona.

-Eu hein, povo estranho; Mascara da Morte falou torcendo o nariz e entrando em seu templo.

Observou atentamente parede por parede, chegava até ser estranho que aquele fosse realmente o mesmo Templo de Câncer que ocupara nos últimos dezoito anos, que continham uma bizarra coleção de cabeças. Mas agora as coisas eram diferentes, tanto que não mais se tinha um ambiente funesto, o templo todo fora muito bem decorado com belas tapeçarias e obras de artes lembrando-lhe a terra natal. Tornando aquele templo tão singular e muito bem decorado como qualquer um dos outros doze.

III – Seguindo os Passos Certos.

-Finalmente chegaram; Kamus falou impaciente, já fazia alguns minutos que ele e Aishi esperavam os quatro e nada de aparecerem.

-Não enche Kamus, quase que o Mascara manda a gente literalmente pro inferno; Saga falou emburrado.

-Quem mandou tentarem fugir; Aishi falou.

-Bem, agora podemos começar; Litus falou parando ao lado de Saga.

Os cinco assentiram, enquanto Aishi ligava o radio, tocando uma musica relativamente lenta, Kamus foi até Litus e Saga para passar as possíveis instruções de como ele deveria seguir os passos que haviam visto durante os dias anteriores.

Saga segurou o mais delicadamente possível à cintura da jovem mantendo-a no Maximo vinte centímetros longe de si. Respirou pesadamente olhando para baixo, quando pensara que iria ser difícil não pensou que fosse tanto. Balançou a cabeça, havia resolvido começar com aquilo agora tinha que ir até o fim. Ergueu a cabeça encarando a jovem a sua frente que apenas sorriu.

-Mantenha a postura Saga; Kamus falou, cutucando-lhe as costelas.

-Hei! Isso ai não é de ferro; o geminiano reclamou.

-Mas vai ser de gelo se você não me obedecer; Kamus respondeu com uma calma assustadora.

-Você anda pegando alguns tiques meio estranhos com a Aishi, sabia? –Saga perguntou, reparando que o aquariano usava o quesito indiferença quando queria convencer sem se cansar muito para isso. Ou apenas aterrorizar com a possibilidade do inevitável, igual à amazona.

-Vamos logo com isso; ele falou, sem responder ao comentário. –Litus, por favor, aproxima-se mais um pouco; ele falou, colocando a mão sobre o ombro da jovem.

-...; Saga arqueou a sobrancelha, quase fuzilando o aquariano com o olhar.

-Saga a mão é na cintura dela, não acima; Kamus falou pacientemente.

-Ah! Sim, claro; o geminiano falou, piscando e notando o que estava fazendo.

Postura devidamente correta, o aquariano passou-lhes as ultimas informações sobre a seqüência de passos e de maneira hesitante eles começaram a se movimentar.

Aishi não precisou nem mesmo falar alguma coisa. Aiolia e Marin pareciam muito bem adaptados um com o outro e apesar do leonino estar fazendo manha nos últimos dias estava dançando muito bem. Aishi se afastou com um meio sorriso, encontrando Kamus sentado no alpendre lhe esperando.

Aiolia respirou fundo, de forma delicada puxou a amazona para mais perto de si, não encontrando resistência. Marin aconchegou-se nos braços do cavaleiro, simplesmente esquecendo o que acontecia a sua volta.

-Eles são tão bonitinhos juntos, não é? –Aishi perguntou, voltando-se para Kamus, que lhe abraçava de forma carinhosa, enquanto observavam os amigos, ali sentados no alpendre.

-...; Ele apenas assentiu. –Acho que já esta na hora de deixá-los; Kamus falou.

-Vamos; Aishi respondeu, de maneira imperceptível os dois desapareceram como se nunca tivessem estado ali.

IV – Para Que Sempre Me Ame.

Era sempre assim quando Dionísio resolvia fazer uma de suas festas temáticas, a Toca do Baco ficava lotada. Deixando o dono completamente satisfeito, ainda mais ao lembrar-se que o concorrente no caso o a Balada das Musas (1) não era tão requisitado como a sua toca, o que deixava seu caro irmãozinho deveras irritado.

-Boa noite; a divindade de cabelos ruivos falou, recepcionando os amigos.

-Boa noite Dionísio; Aishi falou sorrindo, entrando com Kamus e logo atrás vinham Aiolia, Marin e outros dourados.

-Fiquem a vontade; Dionísio falou numa breve reverencia. –A noite é uma criança e nós também; ele completou com um sorriso maroto.

Todos riram, apesar de Dionísio ser considerado a divindade do vinho e da boa musica ainda parecia um menino que aos poucos descobria os segredos da vida.

Embora em muitos outros lugares fosse comparado com um homem baixinho, gordinho de bochechas fofas, que andava para todos os lados com um cálice de vinho, vez ou outra tentando roubar o beijo de uma ninfa.

Numa coisa esses estereótipos estavam certos, ele sempre andava com um cálice de vinho, porém as características ainda eram completamente opostas.

-E Saga e Litus, onde estão? –Afrodite perguntou, enquanto sentava-se em uma mesa reservada a ele e aos amigos no terraço. Tentando fazer com que a túnica que vestia não revelasse mais do que devia, afinal, resolvera vestir-se de Julio César e aquela toga vez ou outra ameaçava cair.

-Falaram que vinham depois; Aiolia respondeu emburrado.

-Que cara é essa irmão? –Aioros perguntou, divertindo-se com o fato do irmão estar caracterizado como seu signo.

Novamente deixara a fantasia para procurar na ultima hora e só encontrara uma de leãozinho, o que lhe conferia alguns comentários nada castos por onde passava. As orelhinhas no topo da cabeça eram marrons e felpudas, em contraste com a juba nada discreta. Fora que foi obrigado até mesmo a pregar um longo rabo no final das costas que terminava com um pompom na ponta.

-Não enche; Aiolia respondeu assoprando a franja que caia lhe no olho, tentando manter a juba no lugar certo.

-Ele esta assim porque viu a fantasia da Litus; Marin respondeu, acomodando-se melhor na cadeira para que o corte lateral do vestido vermelho não ficasse muito evidente, isso porque a fantasia era nada mais nada menos do que a de Jéssica do Roger Habit o que fazia vez ou outra o leonino urrar... Literalmente.

-Só por isso? -um Aquiles nada discreto perguntou, juntando-se ao grupo.

-Shura? –todos perguntaram arqueando a sobrancelha ao verem uma legião de Brizeides se estapearem na entrada do terraço, quando ele passou.

-Qual o problema? –ele perguntou arqueando a sobrancelha diante do olhar curioso dos amigos.

-Nada; eles responderam balançando a cabeça.

-Mas afinal, a Litus estava com que fantasia? –um certo ariano vestido de agente secreto perguntou, enquanto retirava os óculos escuros dos olhos para enxergar melhor.

-Ela estava de...; Aiolia foi cortado, fechando mais a cara e apontando para a entrada do terraço.

Todos voltaram-se na direção que ele apontava, notando a entrada de um Faraó e uma Deusa Egípcia no terraço.

Os cabelos Royal estavam muito bem penteados e o pescoço marcado por uma espécie de colar dourado, deixando o resto livre. A calça larga bege tinha algumas listras douradas, na faixa preta que envolvia a cintura haviam alguns desenhos egípcio. No braço esquerdo um bracelete dourado e nas costas uma tatuagem de um olho de Órus (2) próximo ao ombro.

Saga entrou no terraço de braços dados com sua divindade, mantendo a cabeça erguida e um sorriso satisfeito nos lábios. Litus voltou-se pra ele com a face corada.

Os cabelos agora estavam presos num coque com alguns fios soltos, na cabeça uma delicada coroa dourada. O vestido bege tipicamente egípcio caia-lhe até o pé, em contraste com as sandálias altas. Na cintura uma espécie de véu com detalhes dourados. Nos pulsos, pulseiras douradas e no braço direito um bracelete com um símbolo egípcio. O corpete de frente única do vestido mostrava que nas costas, precisamente na direção do ombro direito uma tatuagem semelhante a do geminiano fora colocada.

-Nossa, que original; Afrodite falou batendo palmas, não demorou muito para que os outros fizessem o mesmo, deixando os amigos constrangidos.

-Boa noite; Saga falou, aproximando-se e mantendo a jovem num meio abraço.

-Boa noite; todos responderam.

Saga e Litus sentaram-se numa cadeira próximo a Afrodite, conversando animadamente com os amigos. Ao longe uma melodia suave começou a tocar.

-Aceita dançar comigo? –Saga perguntou, colocando a mão sobre a da jovem que jazia em seu colo, sussurrando numa doce confidência ao pé do ouvido.

-Como poderia recusar; ela falou sorrindo. –Claro sim; Litus respondeu, enquanto o cavaleiro se levantava e segurava-lhe pela mão, para que não caísse.

Caminharam com vagar até a pista improvisada no terraço, que chegava a ser bem maior do que a de dentro do salão.

Entendi todas as palavras, entendi bem, obrigado

Razoável e novo, é assim por aqui

As coisas tem mudado, as flores tem desabrochado

E aqueles tempos, eram aqueles tempos que

Se tudo cansa e passa, os amores também passam

É preciso que saibas...

Segurou-lhe com delicadeza uma das mãos e puxou-a para mais perto de si. Deixando que o braço livre, enlaçasse-a pela cintura. Litus ergueu a cabeça, notando que o namorado fitava-lhe com um olhar enigmático. Um brilho diferente tremeluzia nos orbes azuis que a deixava intrigada. O cheiro de lavanda impreguinado em cada fibra e célula do seu ser lhe entorpecia e atordoava.

Procurarei por teu coração se tu o levares a outro lugar

Mesmo se em tuas danças, outros dancem por muitas horas

Procurarei por tua alma, no frio ou nas chamas

Eu te enfeitiçarei para que ainda me ames.

Deixou que a mão delicada corresse pelo braço, indo apoiar-se sobre o ombro dele. Sentiu-o estreitar mais o braço em torno de sua cintura e simplesmente se deixou aconchegar-se mais no calor que ele lhe oferecia. A respiração quente e ritmada, chocando-se contra a pele desnuda do pescoço, minando-lhe qualquer resistência.

Não devias ter começado a atrair-me, a tocar-me

Não devias ter dado tanto, eu não sei jogar

Me disseram que hoje em dia, me disseram que os outros fazem assim

Eu não sou os outros!

Antes que nos acariciemos, antes de nos perdermos.

Era como flutuar em meio a um universo desconhecido e ilimitado. A doce melodia parecia correr pelo ar envolvendo-lhes os sentidos e vários casais começaram a ocupar a pista, mas isso não lhes importava, agora esse pequeno universo a formar-se era deles e era só o que importava.

Era como deixar-se cair do topo de uma montanha muito alta e antes de chegar ao chão, simplesmente sentir-se planar, livre. Com a alma leve e calma, sedenta por novas sensações.

Eu quero que tu saibas...

Procurarei por teu coração se tu o levares a outro lugar

Mesmo se em tuas danças, outros dancem por muitas horas

Procurarei por tua alma, no frio ou nas chamas

Eu te enfeitiçarei para que ainda me ames.

-Não foi tão difícil, não é? –Litus perguntou, descansando a cabeça sobre o ombro do cavaleiro, deixando que os dedos se entrelaçassem entre os fios de uma mexa que caia-lhe sobre o ombro.

-Não; ele respondeu, enquanto deixava os dedos correm com suavidade pelas costas dela em movimentos lentos e ritmados, sentindo-a estremecer. –Alias, com uma ótima professora se faz milagres; Saga completou com um sorriso sedutor.

Encontrarei mais idiomas para cantar-te elogios

Farei nossas malas para infinitas colheitas de vinhos

-Saga; a jovem falou numa falsa reprimenda, desviando o olhar com a face enrubescida.

As formulas mágicas dos feiticeiros da África

Eu lhes direi sem remorso, para que ainda me ames

-Estou falando apenas a verdade; ele respondeu com um doce sorriso. –Alias, tudo o que lhe disse até agora é a mais pura verdade;

Me farei rei para que tu me retenhas

Me farei uma nova pessoa para que o fogo volte a acender

Sem que notassem pararam de dançar. O cavaleiro tinha um olhar enigmático, enquanto afastava com os dedos trêmulos uma pequena mexa verde que cairá sobre os olhos da jovem. Aos poucos ambos os corações entravam num ritmo disparado, sentindo-se ansiosos.

O cavaleiro aproximou-se mais da jovem com os olhos serrados, sentindo-a de forma tímida enlaçar-lhe pelo pescoço. Não importavam mais as pessoas à volta. O tempo parara. Deixou que os dedos corressem pelas costas, indo parar sobre a nuca, puxando-a para mais próximo de si e selando seus lábios num beijo avassalador.

Mais brilhante e mais belo por uma outra faísca

Me transformarei em ouro para que ainda me ames

Algumas pessoas pararam de dançar deparando-se com a cena inusitada para alguns, porém para outros meramente previsível.

Uma leve caricia entre lábios. Um beijo cheio de carinho e amor. Uma nova perspectiva de como se continuar a caminhar. Era isso que aquilo representava e nada mais importava.

Separaram-se ofegantes, ouvindo ao longe palmas e assovios dos amigos que queriam chamar a atenção.

-Desde o começo não lhe escondi meus sentimentos e agora não seria diferente; ele falou num sussurro enrouquecido, puxando-lhe para um abraço.

-Saga; Litus murmurou, sentindo o cavaleiro correr as mãos de forma suave por suas costas, estremecendo com tal ato. Fechou os olhos, apoiando a cabeça sobre o ombro dele. –Amo você;

-Eu também, mas do que qualquer outra coisa; ele respondeu.

V – Por do Sol.

Era estranho que por mais que sempre passassem por tantos lugares diferentes, sempre voltavam ali, aonde as coisas haviam começado a se encaminhar. Puxou-a pra mais perto de si, fazendo com que se sentasse de forma mais confortável em seu colo, abraçando-lhe pela cintura de forma possessiva.

-O que foi? –Litus perguntou, enquanto deixava os olhos correrem pela praia que aos poucos era banhada pelos últimos raios do sol naquele dia.

Os dois já há algum tempo permaneciam vendo o maravilhoso fenômeno da natureza. Sentados na beira da praia do Cabo.

-Nada, estava só pensando; ele respondeu, afagando-lhe as melenas.

-No que? –ela perguntou curiosa.

-Em como a vida da gente pode dar voltar das quais a gente não faz idéia de que seja possível; ele respondeu.

-Fala isso pelo que? –ela perguntou, erguendo a cabeça e fitando-lhe diretamente.

-Por mim, por você... E por nós; Saga respondeu, acariciando-lhe a face com a ponta dos dedos.

-Se arrepende de algo? –ela perguntou hesitante.

-Quanto ao que?

-A nós; ela falou quase num sussurro.

-Não, nunca; Saga respondeu, roçando-lhe os lábios antes de arrebatar-lhe um beijo inesperadamente. –"E nada me faria mudar de opinião"; ele completou em pensamentos.

#Fim#

Saudações meus caros amigos...

Mais uma crônica chegando ao fim. Como eu costumo dizer, a noite é uma criança e nós também, porém a cada novo passo mais e mais caminhos se abrem.

Eternamente dançaremos sobre um mesmo passo de dança. Hora caindo, hora tropeçando, mas uma hora chegaremos a perfeição.

A cada novo dia nos inventamos/ criamos pessoas diferentes, personagens de uma divina comédia, uma sátira da vida ou um romance épico.

Tudo não passa da forma como encaramos nossos demônios, desafios que aparecem entre curvas e buracos dos nossos caminhos, mas o importante é levantar e continuar... Nesse caso voltar a dançar.

Creio que notaram a musica tema desse casal bem singular. Ela se chama Pour Que Tu M Aemes Encore do grupo Il Divo, particularmente uma de minhas preferidas, ela é toda em francês, porém optei por colocá-la aqui somente em português.

Sinceramente espero que tenham gostado dessa crônica, mais uma vez agradeço a todos que estiveram presentes essa noite e espero poder encontrá-los na próxima crônica que se chama Torre de Pedra.

Por gentileza saiam devagar e vão pela sombra, ouvi dizer que Apolo não anda muito contente por saber que a Toca do Baco anda fazendo mais sucesso que a Balada das Musas e andou rondando os arredores daqui, então procurem não saírem por ai desacompanhados (isso não foi uma indireta).

Até a próxima pessoal.

Nota:

(1) Na Balada das Musas é a danceteria que fica no centro de Atenas, aparece pela primeira vez em Ilyria. O dono da balada como podem ter visto é Apolo, junto de suas nove irmãzinhas singulares.

(2) Órus. Deus Egípcio. Filho de Isis e Osíris, novamente representado como um falcão.