CASAMENTO GREGO – CAPITULO 03

FUI NUM CHURRASCO NA CASA DE VIRGEM E ...

Aldebaran trouxe três cabritos já limpos para a grande tina cheia de temperos que puseram nos jardins de Virgem. Além dos cabritos tinha um porco gordo. A carne de vaca estava sendo cortada meticulosamente por Shura e Máscara da Morte. Moksha olhava pros animais mortos e temperados e chorava:

-Tadinhos dos bichinhos... Eu num vo comer eles não...

Shaka sorria, enquanto colocava o Peelay Chaaval na travessa de barro. O cheiro de cúrcuma, cravo e canela enchendo o ar...

-Nossa, que arroz amarelo. Tem curry aí? – perguntou Aioria, chegando com uma salada verde.

-A Shina ficou de trazer o arroz branco.

-Nunca vi churrasco com arroz... – riu Aldebaran. – Na minha terra, é carne, cerveja, um pãozinho com vinagrete e ta muito bom...

-Vamos ficar o dia todo só no pãozinho? Ah, ta fácil! – emendou Kanon, trazendo a travessa de Moussaka. – O povo daqui come, meu amigo. Come e muito!

-Vai te doce, né? – perguntou Dumas

-Não te falei? O negócio é comer. Sim, Du, vai ter doce... Seu tio Afrodite ficou de fazer.

Saga chegou e ajudou a empalar os cabritos e o porco, que ficaram assando sobre o fogo. De vez em quando Aldebaran dava uma girada e jogava mais tempero. O cheiro começou a dar água na boca. Na churrasqueira mesmo, os bifes e a lingüiça dividiam espaço com os espetinhos de legumes do Shaka.

-Berinjela, abacaxi e pimentão cobertos de queijo, frango, mamão e abobrinha temperados com molho shoyu, coração de galinha com cebola, tomate e abobrinha temperados com gengibre... – Milo se arrepiou. – ECA! O cheiro é bom, mas...

-Preconceituoso! – Shaka debochou dele. – Não faço questão de ser um vampiro feito você, que come o bife ainda mugindo.

Riram. Mais gente chegava, trazendo mais travessas. De repente, Aldebaran se sentou, uma cerveja gelada ao lado, puxou a timba, Shura pegou o pandeiro e, pasmem! Kanon pegou o cavaquinho e começaram a pagodear.

-Não sabia que seu irmão tinha uma dupla nacionalidade.

-Eu imaginei que a paixão dele pelo Brasil ia acabar nisso... – riu Saga. As sombrancelhas logo se juntaram na testa ao ver Pipe puxando Shina para rebolarem ao som da música.

Milo percebeu e assoviou para Afrodite, para se juntarem a elas e distraírem o ciumento noivo.

-Um sueco sambando? Precisamos filmar isso para a posteridade! – gritou Aioria. – Oiros! Ta pegando isso?

-Ele ta pegando outra coisa... – respondeu Máscara da Morte, deixando Aioros sem graça e Elektra vermelha. – Mas eu to com a filmadora na mão, não se preocupe.

Mion, Amata e Tessa ficaram olhando aquele povo dançando aquela música estranha, interessadas em aprender. Das três, Mion era que tinha mais jeito pra coisa...

Mú, que estava preparando uns sucos para os que não bebiam e aproveitando as frutas para também fazer umas batidas para o pessoal, sorriu, pensando nesse microcosmo do Santuário. Tantas nacionalidades, costumes, pensamentos diferentes convivendo em harmonia, aprendendo uns com os outros. Experimentou a caipirinha, estalando a língua. Sim, ele tinha aprendido a fazer direito. Camus passou por ele, trazendo uma garrafa de vodka.

-Ah, mon ami... Eu prefiro fazer uma... como o Deba chamou mesmo?

-Uma caipiroska. Se normal eu já acho forte, imagine com vodka. Só você e o Hyoga mesmo pra agüentar uma dessas...

A carne mesmo só começou a ser consumida no meio do dia, o povo comendo todos os pratos típicos que haviam sido trazidos... Pipe ensinava Shina:

-Sim, a moussaka que o Kanon trouxe fui que fiz. Faça assim, olha... Você vai precisar de 700 gramas de carne moída, de batatas e berinjelas, uma xícara de chá de azeite, uma cebola, um dente de alho e um ovo, duas colheres de sopa de manteiga e duas de miolo de pão picado, três tomates sem pele picados e um pouco de sal. As batatas você corta em rodelas e põe pra cozinhar. Enquanto elas cozinham, você tira a pele e as sementes dos tomates e pica-os em cubinhos. Daí você lava as berinjelas, tira as tampas, corta em rodelas, frita num pouco de azeite, dourando dos dois lados, reserva numa vasilha pra secar. Pega uma panela, esquenta no fogo, coloca a manteiga, refoga a cebola, o alho e um pouco de salsinha, junta a carne moída, tempera com sal e pimenta. Daí você mexe sempre, apaga o fogo, junta o miolo do pão e o ovo, batido. Agora faz o molho branco, pra montar o prato... Três colheres de farinha de trigo e três de manteiga, 600 ml de leite, sal, noz moscada, pimenta, gema de um ovo, hummm, ah, o queijo cottage, 200 gramas. Derrete a manteiga e junta a farinha de trigo mexendo sempre, por uns dois minutos. Retira a panela do fogo, mas não desligue. Junte um terço do leite, volta pro fogo mexendo, depois junta mais um terço, volta pro fogo e depois termina com o leite...

-Ai, to quase desistindo...

-Deixa de ser frouxa, mulher. Eu não desisti quando você me passou a receita do tortillone recheado... Onde eu parei? Ah, você não deixe a mistura engrumar, certo? Mexe sempre, cozinha em fogo baixo por dez minutos, depois junta o queixo e vai até o queijo derreter. Junta os temperos, a gema do ovo, cozinha mais uns cinco minutos, não deixa esse creme ferver... Coloca o forno pra ir aquecendo, médio baixo, uns 180o. Pega o refratário e unta com manteiga e farinha de rosca. Daí vai pondo, que nem lasanha... a primeira camada é de batatas, a segunda de metade da carne, a terceira de berinjelas, a carne de novo, cobre com o molho branco... Vinte minutos de forno ou até o molho branco ficar dourado...

-Fiquei com fome de novo... – reclamou Aioria, que parou pra ouvir... – Tem mais moussaka?

-Com o Kanon por perto? Duvido. Esses gregos... – implicou Marin, rindo pela cara que o marido fez... – Olha, o cabrito ficou pronto... Não quer desfiar pro seu filhote?

-AIORIN! CABRITO! – gritou o pai, também pros outros que brincavam mais ao longe.

E mesmo chorando pelos bichinhos mortos, Moksha foi devorando as carnes que iam sendo desfiadas no seu prato, porque o cheiro e o sabor estavam irresistíveis... Lá pelas três da tarde, resolveram interromper o churrasco pra tirar uma sesta. Ou como classificou a Marin, intervalo para o segundo tempo de comilança depois... A verdade é que tava todo mundo empanturrado de comida e alguns com o tanque cheíssimo. Ninguém podia provar que o Mú tinha feito de propósito, mas Shaka estava meio tonto de batida de maracujá.

Saga aproveitou para descer até em casa, dormir nos braços da noiva, idéia copiada por uns outros casais. Afrodite, na volta à casa de virgem, notou que muitos tinham saído também e perguntou ao Milo:

-O vinho era ouzo mesmo ou da safra de Picollo Paradiso?

-Aqui eu sei que era ouzo... Em casa, eu servi "daquele"... – e piscou.

-Olha, pelo sim, pelo não, eu não tomo mais "desse"... Já pensou? Zeus me livre...

Todo mundo assumiu seus postos, pra fazer batidas, nova rodada de caipirinha, mais carne nos espetos mas agora Terpsicore, Shina e Marin tinham outros planos.

-Agora nossa vez de nos divertir... Só as mulheres aqui sabem dançar? E os homens?

-Epa! Os gregos são exímios dançarinos... Pode tocar o que quiser... – respondeu Aioria, puxando Aioros.

Pipe e Milo começaram a bater em pandeirolas (pandeiros meia lua, sem couro, só com as pratinelas) marcando o ritmo, enquanto Saga, Kanon, Aioria e Aioros dançavam. Shura foi mais prático, trazendo CDs de música flamenca e árabe. De repente, Afrodite desafiou Shina a dançar a dança do ventre:

-Vai lá. Tu não é a mulher da cobra? Pois quero ver se tem a flexibilidade de uma...

-Peraí. Não era a vez das mulheres verem os homens dançarem? – se intrometeu Györgia. – Meu marido é meio pesado pra essas coisas, mas...

-Se os elefantes e os hipopótamos dançam Tchaikovsky no desenho da Disney, o Deba vai ser capaz de dar uma dançadinha aqui pra nós... – Kanon chamou o brasileiro na chincha. – Vai aí, Aldebaran. Mostra a ginga.

Risadas, porque sambar é uma coisa, dança do ventre é outra. Shura, Máscara da Morte e Saga também entraram na roda, apenas pra dar mais dor de barriga de tanto rir nos espectadores... Camus quis escapulir, mas teve que fazer uma (anti) demonstração também...

-Afrodite, por favor... Mostre como é, antes que a gente se estoure...

-Ah, não... Eu só gosto de dar show em particular...

Vaias. Shaka bufou, tirou a camiseta e as sandálias de couro, puxou o amigo, obrigando-o a fazer o mesmo que ele.

-Nossa, Shaka-yo, põe a camisa de volta, que esse seu peito branquelo ta dando até reflexo... – vaiou Shura.

-OOOOOOOOOOOMMMMMMMMM... – começou o outro, juntando as mãos, mas Afrodite pegou ele pela cintura, o distraindo.

-Põe a música logo, antes que ele mande meio churrasco pros seis mundos...

Foi uma grata surpresa. Os gestos de Shaka e Afrodite fluíam, mãos e braços falavam, os quadris se moviam quase que independentes do corpo.

-Uma saia havaiana agora hein? – brincou Kanon. – HEY, TEM MUSICA HAVAIANA POR AÍ?

-Tem o CD do Lilo & Stitch em casa. Peraí – e Milo foi e voltou na velocidade da luz.

Pra fazer a dança havaiana, Pipe, Amata e Tessa entraram na fila, fazendo os gestos e os passos como no desenho... Saga queria que ela dançasse só pra ele, aqueles quadris se movendo tão languidamente... Aaah, mulher...

Aplausos e beijos pros dançarinos, mais carne e bebidas. O dia seguinte prometia uma ressaca daquelas, mas... eles bem que mereciam uma boa festa de vez em sempre, ne?

N/A: O titulo é uma brincadeira, que tem um pagode com um título parecido... Dei a receita da moussaka e ainda vimos o Shaka-yo dançando um pouquinho... Batida de maracujá parece suco, porque o cheiro da fruta é muito forte. No próximo, a cerimônia!! Ou pelo menos, as compras e os preparativos!! Só quem já casou é que sabe como é...