CASAMENTO GREGO – CAPITULO 06

A CERIMÔNIA – PARTE 1

Dois dias depois da despedida de solteiro, o Santuário se transformou numa colméia: havia chegado o grande dia! Terpsicore tinha ido dormir no Templo de Athena para ficar mais fácil de se arrumar. Poucas pessoas tinham conseguido dormir direito naquela noite anterior. Hyoga, com certeza, não estava entre elas. Logo de manhã, estava dando um último retoque nas esculturas do salão. Shiryu foi até ele:

Parece até que é você quem vai casar. Está mais ansioso que os noivos!

Maldito perfeccionismo, é o que você quer dizer.

Sim. – riu o cavaleiro de dragão. – Olhe para essas maravilhas. Veja as figurinhas do bolo, que perfeição! Você fez até o cacho rebelde que cai sobre os olhos da Pipe...

Ficou bom mesmo, né?

Ah, vamos, vamos sair daqui... Eu não vou ficar repetindo que você e seu mestre Camus são gênios artísticos, não...

Para a mulherada, foi um dia corrido de massagens, maquiagem, cabelereiro, quase nem deu tempo de pensar em comida. Muitos risos e ditos obscenos, "lições" trocadas entre as casadas para a "iluminação" das solteiras. Shina rindo escandalosamente a cada frase.

Mas aposto que as solteiras têm mais a ensinar que as casadas...

Você, sem sombra de dúvida!

Shura e Camus foram verificar o noivo, que estava acabando com a paciência do irmão:

Fica quieto um minuto, por Zeus! Assim eu não consigo dar o nó nessa gravata.

Eh, Saga! Vai se casar de meia escura ou de meia clara? – perguntou Shura, segurando o riso.

Não sei. Faz diferença? Dá sorte uma das duas?

Bien, não sei se tem alguma simpatia, mas sei que um pé de cada cor ne c'est pas possible. – respondeu Camus. Shura soltou o riso e Kanon rolou os olhos.

Não sei porque ta tão ansioso. A noiva já está no lugar, não tem perigo de fugir, acha que ela vai falar não na hora? – o outro arregalou os olhos – Já pensou, ela resolve pensar melhor e desiste dessa loucura?

Kanon, você não está ajudando a acalmar ninguém assim...

Tenho medo de dar um branco na hora da cerimônia... Aliás, já deu. Não me lembro de metade das palavras – Saga passou a mão nos cabelos, desarrumando, pra desespero de Kanon – Eu sonhei que ela disse não e saiu correndo, rumo ao Olimpo, voltando aos braços de Hermes. Acho que eu a mato se ela se atrever a fazer isso.

Já pensou? Que casamento...

Uma autêntica tragédia grega. – suspirou Camus – Tudo pronto? As meias estão na mesma cor? Onde está a caixinha das alianças? Podemos subir?

Na sala do Grande Mestre, foi erguido um pequeno altar nos degraus do trono. Saori tomou seu lugar, sorrindo nervosa para os convidados que chegavam. Seiya piscou pra ela e sorriu, formando a palavra "calma" com os lábios. Ela tomou do báculo e invocou a divindade. Saga se posicionou ao seu lado, arrancando suspiros das mulheres e assovios dos companheiros. Camus se aproximou de Milo, que estava olhando para a porta lateral, aguardando o sinal de Afrodite: desde o casamento do cavaleiro de Peixes, os cavaleiros de Escorpião e Aquário eram os "cantores de casamento oficiais" do Santuário. Só precisaram aguardar mais 10 minutos. Afrodite e Carlo abriram as portas principais, belíssimos em smokings escuros, a gravata de Câncer cor de vinho, a de Peixes azul royal, as crianças sorrindo orgulhosas em suas roupas novas, caminhando pausadamente enquanto Camus cantava "She" com todo seu charme e sotaque francês. De braço dado a Dohko de Libra, Terpsicore entrava em seu "sonho dourado e branco" como Elektra definiu o vestido. O corpete tomara-que-caia era todo bordado em dourado, justíssimo na cintura também dourada e com a saia cheia, aberta, com filetes dourados esparsos. Cobrindo o colo e os ombros, renda branca, as mangas saindo do antebraço estreitas até o meio do braço se abrindo em renda novamente. Nas mãos como prometido por Afrodite, um grande ramalhete de mini-rosas mescladas de laranja e branco com folhas. O cabelo estava preso em uma trança embutida e tinha uma tiara com as mesmas rosinhas. Mas isso só foi visto no final, quando Saga ergueu o enorme véu que cobria o rosto da noiva.

Sem perceber, o cavaleiro de Gêmeos ficou de boca aberta e um olhar foi trocado entre Shina, Afrodite e Elektra, esta última fazendo o sinal de positivo para o cavaleiro de Peixes, que sorriu, orgulhoso. Kanon precisou dar uma cotovelada nada discreta no irmão para desperta-lo, enquanto Dohko esperava diante dele com a noiva, se segurando para não rir alto. As crianças se sentaram diante do altar, Moksha aos pés de Shaka, (lindo em um sari branco com um manto vermelho, o cabelo trançado, com as jóias que Mu fez pra ele nos pulsos, pescoço e orelhas, os olhos azuis claros realçados por Kohl. Mu também teve seu "momento-paralisia" ao ver o cavaleiro de Virgem).

Apesar do nervosismo, Saga não esqueceu as palavras da cerimônia e Terpsicore nem disse não nem fugiu. Foi quando Shaka sussurrou para Moksha:

Tá na hora. Vai l�, Mok-chan, e entrega as alianças.

O garoto olhou pra ele, confuso:

Faz o quê, baba?

Entrega as alianças. As argolinhas douradas que estão na sua cestinha.

As argolinhas? Ué, porque?

Porque o tio Saga vai precisar dela.

Pra que?

Moksha, só me diz uma coisa: o que você fez com as argolinhas?

Eu engoli, oras.

Shaka teve uma tontura, já imaginando toda a cerimônia arruinada pelo seu filho travesso. Mu (num sari azul claro, com manto azul escuro) o amparou, preocupado:

Que foi?

Moksha... –Shaka não conseguia pronunciar as palavras. Agarrou Mu pelo sari e transmitiu seus temores telepaticamente num completo desespero.

Qual não foi sua surpresa ao ver seu controlado marido rir, colocando-o de volta no lugar e apontando para os noivos, que recebiam as alianças das mãos de Athena e as colocavam nos dedos.

"Como? Moksha não entrou com elas na cestinha?"

"Sim, luz dos meus olhos. E você estava tão ansioso com a entrada dele que nem percebeu quando tiramos os anéis e substituímos pelas argolinhas de sucrilhos."

"Vou matar os dois!"

"Shh... Seu cosmos está se elevando, amor... Não desperdice energia à toa. Você vai precisar dela pra mais tarde, hoje." – Mu piscou e encerrou a discussão telepática.

Após o beijo dos noivos, com direito a vaias, assovios e aplausos, Milo atacou de JUST THE WAY YOU ARE. Música perfeita para cada par ali, cantada por cada casal ao seu amado, com direito a olho no olho, inclusive do cantor para seu parceiro. Da sala do Grande Mestre foram para o salão, onde a festa grega teve início. Muita música, muita dança, muita comida e bebida. Os pratos foram devidamente quebrados, a gravata do noivo e a meia da noiva leiloados ("Ei, mas não era a cinta-liga?" "E você acha que eu vou deixar vocês erguerem a saia da minha mulher?") chegou a hora de jogar o buquê:

Quem já laçou o seu, por favor, fica longe. E nada de ajudar um protegido, hein?

Nossa, Shina, ta desesperada? – riu Misty. –Shura, aproveita que ela ta distraída e arruma as malas. Foge enquanto é tempo.

Batidas nas costas do namorado da italiana. Mas os buquês de casamento têm vontade própria. Eles escolhem onde querem cair. E caiu no colo de uma pessoa que nem estava de pé, procurando pega-lo. Elektra ficou vermelha feito uma pimenta, mas extremamente satisfeita. Aioros beijou seus dedos e olhou para Mu, que ergueu a taça de vinho que estava bebendo. Uma nova roda de dançarinos se formou, Aioria e Milo gritando de felicidade:

Casamento grego à vista! Casamento grego à vista!

Sem o véu, com um vestido mais leve, Terpsicore estava abraçada ao marido perto do bolo, ainda admirada dos bonecos de Hyoga.

Agüenta mais um desses?

Acho que sim... tem certeza de que não vão derreter?

Hyoga disse que não. Está com medo?

Da minha família? Estou. Mas não é por mim. Olha pra ele. Está tão feliz, rodando ombro a ombro entre Aioria e Aioros. Lá em casa, somente meus irmãos e os dele vão chegar perto, como se Ucho tivesse uma doença grave. E agora os gêmeos não são mais bebês. Vão querer brincar e se misturar com as outras crianças. Por Zeus, eu mato um se tratarem mal meus gêmeos.

Saga jogou a cabeça pra trás e riu, apertando mais a mulher em seus braços.

Nunca mais terei tédio outra vez! Isto não é uma mulher, é uma tigresa! Calma, calma. Ninguém vai fazer mal às crianças nem ao Milo, sabe porque? Porque eles tem um cavaleiro que é gentil feito uma seda mas é mortal feito uma víbora quando preciso por trás deles. Acha mesmo que Camus vai permitir que se maltrate sua família? Oras, Terpsicore!

Acha mesmo?

Não confia no seu maridinho?

Vamos ver então, "Dinho", se nossa intervenção não vai ser necessária. Porque se for, sua esposinha vai virar bicho...

Então, ta, "Zinha". Se precisar, eu te ajudo. Agora, vamos sair à francesa? Precisamos descansar pra viagem de amanhã.

Está cansado, Dinho? – Terpsicore provocou-o, apertando uma nádega.

Disso tudo, estou. Mas para o que passou na sua mente, mulher, melhor que você esteja preparada pra ver o dia clarear...

N/A: Eitcha! A noite vai render... Agora, a segunda parte com os parentes na Ilha de Milo. Quem gostou de Mamma Anna, vai curtir as mães de Pipe e Milo. Vamos mexer com preconceito de novo, mas o pai do Ucho não é o Pietro gente. Ele é velho e teimoso. Mas temos o Camus. Faye, você é a culpada de uma revolução na minha mente: não consigo mais ver o Shura com a Shina... você acabou com uma coisa tão definida nas minhas Crônicas do Santuário. O que eu vou fazer? E Elektra, partida dada para o SEU casamento e a visita de Hipólita ao Santuário. Será que o Mu vai resistir? Com o seu casamento, Shion volta de viagem e Dohko parte. Acho que vou gostar de mexer com o Grande Mestre... 03/04/05