QUANDO A VIDA TE OFERECE LIMÕES
CAPÍTULO 04 – TÃO SIMPLES E TÃO COMPLICADO...
Aya bateu à porta. Por educação, pois sabia, pelos soluços abafados de lá que Omi não ia abrir. Entrou e apesar da falta de expressão do rosto, seu coração apertou um pouco.
O loiro estava jogado na cama, a face enterrada no travesseiro, o corpo tremendo com o choro. Naquela posição, o traseiro ficava mais à vista e com aquele shortinho apertado...
"Foco, Fujimiya! Você está aqui justamente por causa desse shortinho... quero dizer, justamente por conta da confusão que ele causou..."
-Omi... Omi... me desculpe... eu fui severo demais, concordo... "Oh, Kami-sama, se ele estiver com TPM, nada do que eu disser vai resolver..." Omi, olhe pra mim...
E se sentou na cama, relutantemente pousando a mão nas costas do jovem arqueiro e fazendo uma carícia de leve. O choro foi diminuindo, até que com um último suspiro, Tsukiyono virou a cabeça.
-Você fez me sentir UMA VADIA! E eu só estava com calor!
-Exagerei, reconheço. Mas se aqueles dois repararam, imagine o que os outros não iam dizer.
-E o que me importa a opinião dos outros? – Omi se sentou na cama, totalmente indignado, fazendo beicinho.
Aya foi tomado de surpresa, encantado por aquele beicinho. Ele já tinha visto sua irmã fazer igual várias vezes. Balançou a cabeça e deu a Omi a mesma resposta que dava a ela.
-E a minha opinião, não conta? Eu só quero o melhor pra você. E seu traseiro virando atração turística não é o melhor pra você.
-É só com minha reputação que você está preocupado, Aya-kun? – Omi não sabia se eram os seus hormônios lhe dando aquela audácia, mas era bom por alguns pingos nos iis...
Aya olhou bem para os olhos azuis e divagou um pouco neles. Poderia dizer que sim e talvez perder o garoto para alguém tão atrevido quanto Yohji. Ou poderia dizer que não e...
-Não, estou morrendo de ciúmes, também. Poderia fazer o favor de não usar mais essas roupas curtas e justas na frente dos outros?
Omi congelou no tempo. Abriu mais os olhos e a boca, achando que estava sonhando, delirando ou algo parecido. Seu sonho de consumo romântico e erótico estava mesmo se declarando? Balbuciou um "claro, Aya-kun, o que você quiser".
-O que eu quiser, Omiitchi? – o ruivo levantou uma sobrancelha, atrevido.
O jovem arqueiro ficou vermelhíssimo, mas seus hormônios hoje estavam conspirando contra mesmo. Sorriu encabulado e ciciou, coquete:
-O que você quiser, Aya-kun.
Agora ele estava ajoelhado na cama, se oferecendo para o abraço. Aya contornou sua cintura com cuidado, sentindo os braços do outro deslizarem pelos seus ombros e circundarem seu pescoço. Omi fechou os olhos antes de inclinar a cabeça. E já não tinha mais volta. Tudo o que o ruivo realmente queria era beijar aqueles lábios. Beijaram-se, um leve toque de lábios no início, mas logo as bocas exigiram um reconhecimento melhor do novo território que estavam explorando. Aya lambeu os lábios do loiro, que os separou em surpresa, sendo invadido por aquela língua atrevida. Omi procurou se aproximar mais do corpo do ruivo e... bateram na porta.
-Tudo bem aí? Omi, Aya está com você?
Omi deu uma risadinha envergonhada antes de responder "Sim, Ken, agora está tudo bem!" enquanto o espadachim amaldiçoava até a nona geração anterior do jogador. Trocaram um último beijo, antes de Tsukiyono procurar uma bermuda mais aceitável aos padrões do seu... ficante? Amante? Amado, com certeza.
O caminho era sem retorno. Aya e Omi procuravam ser os mais discretos possíveis, mas o romance tomava forma definida. Alguns meses depois do primeiro beijo, Aya reuniu os gatinhos na sala e assumiu publicamente o namoro, dando um anel de compromisso ao arqueiro. Ken ficou de boca aberta mas Yohji apenas balançou a cabeça e sorriu.
-Omedetou! Espero que vocês sejam felizes! Só uma coisa me preocupa... Estão usando preservativo, não?
-Yohji-kun! – gritaram Ken e Omi, os dois rivalizando no corar das bochechas.
-A convivência não me contaminou, Kudou. – sibilou Aya. – Mas quando eu levar Omi pra cama, claro que vamos ser cuidadosos.
-Oye, não me leve tão a mal. Só que você sabe que Omi tem que se prevenir melhor que os outros garotos...
Um faiscar de dor passou pelos olhos azuis. Aquilo não podia ser esquecido. Omi corria tanto risco quanto qualquer mocinha na idade dele. E assim correram os meses, até a formatura de Omi. O baile foi maravilhoso e os gatinhos entornaram bem com os colegas do loirinho. Totalmente desinibido pelo álcool, Omi quis provocar Aya um pouco mais quando voltaram pra casa.
-Omi.. eu... não sei se essa é uma boa idéia... – Aya não queria, mas sua força de vontade férrea estava meio entorpecida pela bebida, pelo corpo do arqueiro se esfregando no seu e pelos beijos dele, muito dos atrevidos.
-Aya-kun... agora eu já sou maior de idade, formado e com desejo... – gemia o loirinho, tentando tirar a camisa do namorado. – Vamos comemorar... de um jeito mais gostoso, vai..
-Hummm... eu quero, mas... o médico não disse pra você não tomar remédio esse mês, por causa dos efeitos colaterais do outro? "Essa mãozinha ta me deixando maluco..."
-Existem outros métodos de prevenção, Aya-kun! – Omi estava decidido, aquela era A NOITE! (O que não faz uns gorós a mais na cachola)
Tão decidido estava o arqueiro que ele não teve um minuto de hesitação. Se afastou do namorado e tirou a roupa, chocando o ruivo. Aya engoliu em seco. Uma parte de sua mente ainda protestou, não estavam muito sóbrios, aquilo não ia acabar bem, ele como mais velho devia ter mais juízo que o outro e... essa parte tão minúscula foi calada pelo rugido do animal interior "PQP, que corpo delicioso! Pega logo o preservativo, Fujimiya baka e vamos fazer a festa!"
Seguindo a voz mais sacana, Aya também se despiu e atacou o corpo menor, distribuindo beijos e mordidas, arrancando suspiros, gemidos e risadinhas. Omi escapou da tortura amorosa e se recostando na cabeceira da cama, abriu bem as pernas e pediu:
-Venha, Aya-kun...
Foi nessa hora que a coisa desandou um pouco. Fujimiya descobriu que não havia, nem na carteira, nem na gaveta do criado mudo, em nenhum lugar ali perto e conhecido, um raio duma camisinha. Omiitchi parou um pouco, tentando raciocinar no meio da névoa do álcool e do desejo, quando tinha sido sua última menstruação e se pela tabelinha, não tinha perigo. "Dez dias" piscaram em néon no seu cérebro e ele puxou o namorado pela mão, entrelaçando seus dedos nos dele.
-Omi...
-Não vai ter perigo, ooooh, Aya-kun, eu vou ter que me aliviar sozinho?
Ao olhar para aquele corpinho convidativo e aqueles olhos tão pidunchos, o ruivo mandou a voz da consciência procurar algo pra fazer ou calar a boca e apreciar o momento... E mergulhou no prazer do corpo do arqueiro. Omi ficou feliz em poder levar adiante as carícias que deixavam seu namorado aceso e explorar tranqüilamente as zonas erógenas do ruivo. Achou afrodisíacos os gemidos altos do ruivo e o seu nome nunca pareceu tão lindo como na voz estrangulada de Aya no orgasmo. Decidiu que sua posição favorita era se sentar no colo de Aya, de frente a ele, vendo o tesão escurecer e aumentar as orbes violetas, e oferecer sua boca aos beijos sedentos do outro...
Nada se comparava à mão experiente acariciando seu falo duro ajudando-o a chegar a mais um excelente orgasmo... Talvez acordar pela manhã com a cabeça apoiada no peito do amado, com as pernas entrelaçadas nas dele e... mas que olhar é esse? "Será que ele se arrependeu?"
-Ohayo, Omi-chan...
-Ohayo, Aya-kun...
Trocaram um beijo. Depois outro, outro, Aya virou-se no colchão, procurando não pesar muito sobre seu koibito e invadiu sua intimidade novamente. Depois deixou-o cochilando enquanto ia tomar um banho...
"Foi uma loucura! Uma doce loucura! Ele disse que não tem perigo, mas... bem, o que tiver que ser será. Eu estou disposto a pagar o preço. Nunca fugi de minhas responsabilidades, não vai ser agora que vou me acovardar..."
Yohji não fez nenhuma piadinha ao perceber que Omi se mudou para o quarto de Aya de vez. Pelo contrário, o playboy estava cada vez mais de olho no arqueiro, como um zeloso irmão ciumento. O mês se passou sem novidades e logo chegou o dia da consulta de Omi para definirem seu novo anticoncepcional. O médico tinha resolvido fazer alguns exames de rotina para serem entregues nesse dia. E ficou chocado ao abri-los.
-Que foi, doutor?
O médico olhou para o garoto à sua frente, para o exame novamente e tentou desfazer a cara de perplexidade... Vestiu a máscara de profissional competente:
-Tsukiyono-san, vou fazer uma pergunta de foro bem íntimo.
-Pode fazer, afinal, você é meu ginecologista...
-Está levando uma vida sexual ativa responsável?
-Claro, doutor. Err... algum problema? Estou com alguma doença sexualmente transmissível?
-Nesse mês que andou sem tomar pílula, transou sempre de camisinha?
-Sempre!
-Sempre mesmo?
-Só um dia que não, porque... naquele dia não tínhamos nenhuma à mão e... peguei alguma doença naquele dia? Não pode ser, porque Aya e eu estamos limpos, não nos traímos e...
-Não, Omi. – o médico suspirou e jogou o exame em cima da mesa. – Tanto cuidado e agora você está grávido.
-GRÁVIDO? Como assim, não pode ser!
-Claro que pode. Transar sem camisinha, sem tomar pílula, sem contraceptivo nenhum...
-Não, espere... naquele dia, eu contei... eu contei pela tabelinha...
-Como você contou?
-Dez dias depois que acabou minha menstruação... não é assim?
-Não. Dez dias a partir do primeiro dia da menstruação. (1) Sinto muito, Tsukiyono, mas a partir de agora, temos que encarar uma nova realidade. – O médico esfregou as duas mãos no rosto. – Você vai ter que tomar muito cuidado, porque essa é uma gravidez de alto risco, vamos ter que te monitorar diariamente, qualquer coisa diferente, dor, sangramento, coisa esquisita, você liga pra cá. Vou te passar uma dieta e o número do meu celular. Omi, Omi, você está me ouvindo?
-Estou... – mas a cabecinha do arqueiro virava, virava, virava. "E agora? Aya vai me achar um irresponsável, um vagabundo. Vai achar que eu sabia que ia engravidar e fiz de propósito, pra que ele ficasse comigo... Ai, ele, ter um filho com sangue de Takatori... que humilhação. Ele não vai querer... Yohji, Yohji-kun me avisou tanto pra tomar cuidado... Agora ele vai tirar onda com a cara de Aya e eles vão brigar. Vão brigar por minha causa." – Doutor, não ligue pra minha casa, por favor. Eu quero contar a eles eu mesmo, sim?
-Se você me prometer que daqui vai pra casa direto... Eis a dieta e os remédios que você vai tomar. São vitaminas, hormônios e coloquei um remédio pra enjôo. Normalmente, mães que não sabem que estão grávidas, bastam saberem e começam a vomitar feito loucas. E lembre-se, qualquer coisa, QUALQUER COISA mesmo, me ligue. Eu decido o que é normal e o que não é.
-Sim. Muito obrigado.
Por mais que Tsukiyono quisesse disfarçar que estava tudo bem, ele andava mais quieto que o normal. E não é que o médico tinha razão? Agora ele andava vomitando por qualquer coisinha. Mas disfarçava bem. Até que...
-Omi? Hoje você não tomou café direito... E nem almoçou direito também... Está se sentindo bem?
-Sim, Ken-kun. Obrigado por se preocupar, mas está tudo bem.
-Tô achando você meio pálido... Deve ser fome... Eu vou buscar uns takoyakis... quer também?
Yohji se aproximou e agarrando Ken numa gravata, já foi acrescentando:
-Vai mesmo? Então não se esquece de trazer uns onigiris... quero com ameixa e com peixe... e lembre-se do molho especial... e...
Omi só teve tempo de cobrir a boca e sair correndo para o banheiro. Os dois ficaram se olhando, com medo de dizer o que estavam pensando. Esperaram o arqueiro voltar e fizeram com que ele se sentasse.
-O que foi isso, Omi?
-Apenas um mal estar, Yohji-kun. Só isso. – Mas o rapaz não encarava ninguém.
-Há quanto tempo você tem notado a falta de apetite dele, Kenken?
-Já tem alguns dias. E essa palidez também não é normal.
-Não é nada! Eu só me senti mal por causa do calor e...
-Omiitchi, lá fora deve estar uns 18 graus, no máximo. Não minta pra nós. Você está ou não está?
-Estou?
-Grávido, Omi. Você pegou barriga ou não? Se você mentir, eu vou ligar agora para o seu médico e dizer que você está vomitando...
-Yohji-kun...
Aya chegou nesse momento da rua, onde tinha ido fazer as entregas.
-Aconteceu alguma coisa?
-Muita coisa, Fujimiya-san. – o playboy estava furioso. Mas antes que completasse o pensamento, Omi se levantou e saiu correndo pela porta.
-OMI! – gritaram os gatinhos.
N/A: Epa, me empolguei. Vou deixar o angst agora para o próximo capitulo. Gente, não me esfolem, mas eu ainda não tenho tanta intimidade para lemons com o Aya & Omi... quem sabe, mais tarde? (1) Quanto a esse negocio de tabelinha, foi assim, contando errado que EU engravidei. 22/02/06.
