QUANDO A VIDA OFERECE LIMÕES
CAPÍTULO 07 – O RESGATE...
Tomando uma atitude própria, achando que não ia ter nada demais, Tot ligou para a floricultura do bairro encomendando o arranjo de flores que alegraria Omi. Como previsto, o dono da loja não tinha tal orquídea e ligou para outro, que também não tinha e o pedido foi passando de loja em loja até chegar à Koneko.
Durante as três semanas, Ken e Yohji tentaram viver e trabalhar normalmente, o arqueiro grávido ocupando a maior parte de suas mentes e horas de descanso. Mas Aya era uma pilha de nervos. Estava mais magro, com olheiras. Ele passava horas na Internet de madrugada, tentando obter uma pista.
Yohji atendeu ao telefone com uma voz bem desanimada. Mas ao anotar o pedido, mudou. O tom de voz, o sorriso, a animação com que se despediu chamaram a atenção dos dois. Ken perguntou:
-Encomenda grande?
-Não, Kenken, melhor que isso. Uma encomenda especial, de outra província, para alegrar uma mamãe grávida de gêmeos.
Aquilo doeu fundo em Aya. Kudou notou a dor nos olhos do outro e continuou:
-Olha só... Uma sobrinha quer um arranjo para sua tia de uma orquídea avermelhada...
-NUNCA! Aquela orquídea é de Omi! Nós a cultivamos com carinho, é...é a única coisa dele... nem por todo dinheiro do mundo, Kudou!
O playboy sorriu. Era difícil, mas de vez em quando a casca de Aya se abria um pouco. E concluiu...
-Uma orquídea avermelhada com frésias e rosas vermelhas e amarelas. Coincidência, não?
-Onde? Onde temos que fazer a entrega?
-Em outra província. Mas calma. Eu irei entregar o arranjo na loja em que foi encomendada e procurarei seguir o entregador. Assim entraremos lá sabendo o que nos espera e traremos nossa "mãezinha" de volta.
-Pagarão caro todos eles.
-Com certeza. Cada ruga de insônia na minha bela testa... – riu Yohji. – Aya, quer nos dar a honra de fazer um arranjo seu?
-E você achou mesmo que eu daria uma das suas monstruosidades para o Omi?
Kudou viajou com o arranjo, garantindo o dinheirinho do serviço e o endereço do novo esconderijo de Masafumi. Omi ficou feliz em receber o arranjo e muito mais com o pequeno walkie talkie escondido em papel alumínio no fundo do vaso. Os gatinhos nem acreditaram que estavam ouvindo a voz do arqueiro depois de tanto tempo. Combinaram o resgate, Omi descrevendo o pouco que sabia da casa e das rotinas dos moradores. Durante três dias ele preparou seu corpo para ficar acordado durante a noite e para a parte física da fuga. Na noite marcada procurou comer pouco e fez um pacotinho com remédios e frutas.
Infelizmente, as Scheirents não poderiam ser deixadas para trás, vivas. Tentariam vingar seu estimado chefe e os gêmeos estariam constantemente em perigo. Mas nem Kudou nem Hidaka tiveram o mínimo remorso em abatê-las. Aya amarrou Masafumi na cama e o acordou, a fim de que ele morresse sabendo quem o matou.
-Takatori! Acorde!
-Hein? O que está acontecendo? VOCÊ!
-Eu. Vim recuperar o que é meu por direito...
-Quais direitos você pensa que tem sobre o meu irmão?
-Todos. E todos começam pelo fato dele não ter mais família além de mim. Eu sou a família dele, eu e aqueles pequenos dentro dele. Você, que só viu um tubo de ensaio de carne e osso pra suas loucuras, não tem condições de chamá-lo de irmão. Ele não é nada seu. Por isso eu vou cortar qualquer laço aqui e agora.
-Adeus, Masafumi. – e antes que Aya tivesse qualquer reação à voz que veio por trás de si, uma flecha veio e acertou no meio da testa do homem na cama.
Fujimiya olhou para a porta. Ken estava segurando o arco para Omi, que lhe agradecia a ajuda. Yohji estava com eles segurando o vaso com o arranjo e alguma coisa de tamanho médio num saco nos ombros.
-Vamos embora. Ken colocou uns explosivos pela casa. – sugeriu Yohji.
Aya morreu de vontade de abraçar seu pequeno e apertá-lo ali mesmo, mas se conformou em apenas segurar sua mão enquanto saiam. Quando já estavam chegando em casa, ele perguntou:
-E esse saco?
-É a Tot. Yohji não teve coragem de matá-la e eu acho que ele fez bem. Tivemos uma boa idéia sobre o que fazer com ela e posso lhe garantir que ela não é uma futura ameaça para nossos bebês.
-...
-Confie em mim, Aya-kun. Nossa vendeta com a família Takatori terminou hoje...
Já na segurança e aconchego do quarto, Aya chorou, riu, amou seu pequeno com cuidado, mas muita, muita ternura. No dia seguinte, a Koneko nem abriu, para que seus funcionários tivessem seu merecido descanso. Apenas Yohji saiu com o saco às costas, para entregá-lo.
No meio do parque, onde tinha marcado o encontro por telepatia, um ruivo de cabelos alaranjados esperava por ele.
-O que você tinha de tão importante pra me entregar?
-Isto! – e abriu o saco, mostrando a menina desacordada.
-AH! Brincou, né? O que eu vou fazer com isso?
-Vai levar, fazer uma pequena lavagem cerebral nela, depois dar de presente para seu amante.
-Ainda não captei suas intenções, Weiss...
-Não se faça de besta, Schul! Você brinca com suas aptidões nela, apaga essas idéias malignas que incutiram nela. Depois dá de presente para o Nagi brincar de seme de vez em quando. Ele fica satisfeito e se entrega pra você melhor. A princesinha aqui também sai ganhando e ficamos todos satisfeitos e felizes.
O alemão franziu a testa, depois sorriu com o canto da boca.
-Não posso prever se no futuro a coisa vai rolar tão bem dessa forma, mas me parece um plano bom. Você só quer tirar ela de circulação para os bebês ficarem em segurança, né? Não entendo então porque não a matou.
-Aquelas mulheres eram malignas. Guerreiras sem coração. Esta é apenas uma criança. Eu ainda não sei matar crianças. Espero nunca saber.
-A gente não devia ter dessas fraquezas... – deu uma risadinha. – E você não deveria se apegar às crianças dos outros.
-Você poderia ter a decência de parar de ler minha mente agora, não? Se eu não posso ter as minhas próprias...
-Contagem baixa de espermatozóides não quer dizer exatamente que você esteja fora do páreo, Balinese.
-Não, mas significa que eu sou um cavalo meio manco...
-Pois às vezes, os azarões surpreendem até mesmo o jóquei que os montam. Bem, agradeço o presente. – Schuldig pegou o saco e jogou às costas. – Quando dominarmos o mundo, vou me lembrar disso e serei magnânimo com você, ok?
-Feito, Schul. – riu o outro.
O médico ficou satisfeito em ver Omi de volta à sua rotina de exames. Mas avisou que assim que se completassem os sete meses, faria uma cesariana. Ele tinha muito medo de levar aquela gravidez a termo.
N/A: E chegamos ao parto... e eu nem escolhi os nomes do gêmeos ainda... Não fique triste, Mozzie. Sempre haverá outro fic meu pra você. 17/04/06.
