N/A: Como vocês sabem, todos os sítios descritos aqui, como todas as personagens são pertencentes à grande escritora que nos permitiu desenvolver estas fics: JK Rowling.

Aqui está o segundo capítulo.. Espero q goooosteem! >D

Capítulo II – A queda, segunda parte.

A semana seguinte passou extremamente devagar para Hermione. Em cinco dias, fora a duas aulas e o mais incrível é que não sentia o tempo passar. Para ela, o relógio tinha parado no momento em que entrara naqueles imensos portões. Estar nas aulas sem eles, não significava nada! O dormitório parecia tão vazio sem Ginny e a sala comum tão fútil sem os cadeirões junto à lareira ocupados. Nem ali, junto do lago, ela conseguia sorrir… E ela sabia que o lago sempre tinha sido um dos sítios de que ela gostava mais, por toda a sua beleza.

Hermione respirou fundo e encostou-se à árvore centenária que já os tinha abrigado ali tantas outras vezes.

Até os insultos foleiros de Malfoy lhe davam saudade. Onde estaria ele? Desaparecera do mapa depois de Dumbledore ter sido morto. Talvez estivesse com Snape. Num lugar mau, de preferência! Falar mal de Malfoy sempre fora um prazer. Hoje, porém, era-lhe indiferente.

O seu coração bateu mais forte quando ouviu passos. Olhou e viu Luna outra vez. Não a tinha encontrado mais durante a semana que passara, mas desta vez ela não ia escapar!

- Então Herms, como vai isso?

- Importas-te de não me chamar 'Herms'?

Um assobio saiu dos lábios da loira.

- 'Tou a ver que hoje isso está mau!

- Porque é que no outro dia não me disseste o que sabias?

- O que sabia sobre o quê?

Hermione puxou-lhe a cara de modo a ficarem frente a frente.

- Sobre o Harry!

Luna suspirou.

- Eu não sei nada. Mas suponho que ele esteja bem. Achas que ele não está?

Hermione olhou a relva, desanimada…

- O problema, é que eu não sei! Tinha esperança que tu me pudesses dizer alguma coisa…

- Nah… Mas olha, – disse tirando o livro de Poções do saco. – Já viste o que estamos a dar? Tu deste no ano passado. Podias explicar-me? O novo professor de Poções é pior que o Snape! Mas tu deves saber, tiveste a primeira aula com ele.

- Não sei quem é… Não fui a essa aula. E não estou, sinceramente, interessada em conhecê-lo nem que fosse a reencarnação de Merlin.

- Ah, eu estava! Já viste alguém mais bonito? Embora aquela barba estragasse um bocado a figura. Dumbledore era a cara chapada do Merlin. Já algum dia tinhas pensado nisso? Fantástico!

- Luna! Por favor… – Aquela fala de Dumbledore no passado quebrou-lhe qualquer coisa no interior da alma.

- Ok, ok! Não me tinha apercebido que isso ainda te … – A fala acabou abruptamente. Hermione olhou para a amiga e quando se preparava para lhe perguntar o que se passava, viu o que mais a assustou.

Os olhos de Luna estavam brancos! Todo o seu corpo tremia compulsivamente.

- Luna? Luna! – Hermione pôs-se de joelhos e agarrou-lhe um braço. – Luna, estás bem?

A loira despertou, teve uma leve convulsão, e tão depressa como uma snitch agarrou os ombros de Hermione com tanta força que as lágrimas vieram aos olhos da morena. Então, com uma voz arrastada e sobrenatural, Luna falou:

- E quando o Sol se puser no terceiro dia, ele vai-te ser roubado. Aquele que te apanhou o coração e te fez querer mais. E o homem cujo nome não deve ser pronunciado cairá nas profundas trevas mortificadas de escuridão que ele próprio criou. Vocês são a chave!

Calou-se abruptamente, pegou na cara de Hermione, olhou-a com aqueles olhos estranhos e disse-lhe:

- Quando o terceiro dia findar!

E sem mais nada, desmaiou. Hermione ficou onde tinha estado a ouvir aquela estranha voz, olhando o vazio, um monte de perguntas formando-se na sua mente.

Um grito quebrou o silêncio. Hermione susteve a respiração e então viu Lavender a correr para si.

- Hermione? Estás bem? Oh, meu Deus! Quem é esta? – Agarrou Hermione, levantou-a e gritou-lhe estridentemente:

- Que é que tu lhe fizeste?

Hermione olhou-a mas apenas viu uma sombra desfocada. Soltou um grunhido como sinal de que não tinha percebido.

- Eu perguntei, o-que-é-que-lhe-fizeste! – Respondeu Lavender abanando-a. Hermione nem um som conseguiu soltar. A garganta prendeu-se, o seu corpo ficou sem força e a parte consciente do seu ser desvaneceu-se.

Abriu os olhos e uma intensa dor de cabeça atingiu-a. Pareciam enormes picadas de cada lado da testa. Sentou-se na cama e se não fosse uma mão forte a segurá-la, tinha com certeza caído do sítio onde se encontrava. Olhou para ver quem a tinha segurado e deu de caras com Mc Gonnagal.

- Acho que é melhor permaneceres deitada. – Disse com a sua voz autoritária.

A sua professora preferida, agora presidente da escola encontrava-se ali. Com uma expressão facial pensativa, em tudo parecida á de Dumbledore. Excepto talvez na simpatia dos seus olhos. Os olhos de Minerva não mostravam qualquer tipo de sentimento. E, segundo Hermione havia reparado, uns pequenos cabelos tinham aparecido no meio do seu carrapito. E na sua cara, umas olheiras de quem não dorme muito bem nos últimos tempos acentuavam-se a cada palavra que pronunciava. Então Hermione lembrou-se.

- Onde está Luna, professora? Ela disse-me, ela…

Mc Gonnagal não a deixou acabar.

- Ela está bem. Saiu no próprio dia. O que é que ela te disse?

Hermione ía começar a falar, mas arrependeu-se. Em vez disso, suspirou. A sua professora, finalmente, mostrou quem realmente era. Sentou-se na cama da aluna e disse-lhe com uma voz suave:

- Ele morreu, Hermione. Quer tu aceites isso, quer não.

- Com ele era sempre tão fácil… As palavras fluíam! Como se à partida soubéssemos que podíamos confiar naqueles olhos. – Hermione corou. – Não quero dizer que não posso confiar em si, professora. Mas… Ele era diferente.

- Eu sei. – Disse esboçando um sorriso. – Ninguém sente tanto a falta dele como eu, garanto-te. Mas Dumbledore está connosco. Estará sempre.

Levantou-se, encaminhou-se ao gabinete de Madame Pomfrey e minutos depois trouxe de lá um pequenino frasco. Tirou-lhe a rolha e disse a Hermione para beber.

- É uma coisa simples. Só para poderes sair daqui.

Hermione bebeu como lhe haviam mandado.

- Onde vamos?

- Falar com Dumbledore.

Hermione ficou atónica, mas seguiu Mc Gonnagal pelo emaranhado de corredores. Só quando avistou a grande estátua, percebeu onde iam.

Pararam em frente das grandes asas da estátua que impedia a passagem para o antigo gabinete de Dumbledore e só então Hermione percebeu como ía falar com alguém morto.

- Partidas mágicas. – Disse Minerva, e a estátua girou. Porém, antes de começar a subir os degraus, Mc Gonnagal sorriu para Hermione.

- Precisamos de alguma alegria… Dumbledore sempre gostou dos gémeos Weasley.

Hermione sorriu também. Se eles soubessem…

Entraram no gabinete e Hermione fechou a porta atrás de si. O espaço não estava muito diferente de quando Dumbledore o ocupava. Os móveis eram os mesmos, apenas o conteúdo era diferente.

- Senta-te.

Hermione assim o fez.

- Vou deixar-vos. Ele vai aconselhar-te melhor que eu. – Mc Gonnagal saiu de trás da secretária e dirigiu-se à porta. Quando se preparava para sair, Hermione chamou-a.

- Professora…

- Sim?

- Eu não quis dizer que não confiava em si… – Disse olhando as mãos.

- Ninguém pode substituir Dumbledore, Granger. Sempre soube isso. – E sem mais palavras, rodou a maçaneta e desceu as escadas.

O pequeno compartimento ficou em silêncio. Hermione olhou todos os retratos que ali se encontravam mas não o encontrou. Onde estaria ele?

- Professor?

- Acho q agora sou apenas Dumbledore.

Então Hermione viu-o. Estava mais abaixo que todos os outros, num sítio onde mesmo sentado se podia conversar com ele sem ser preciso levantar demasiado a cabeça.

Hermione virou a sua cadeira para ele e continuou a brincar com as mãos. Não queria ser a primeira a falar. Mas Dumbledore esperou pacientemente até que ela arranjasse coragem.

- Sabe porque estou aqui?

- Não faço a mais pequena ideia.

Hermione suspirou e então relatou a sua pequena história:

- Estava com Luna no jardim ao pé do lago, quando ela começou a agir de maneira estranha…

Fez uma pausa, como que para se lembrar de tudo o que acontecera. Dumbledore voltou a esperar. Sempre pacífico.

- Os olhos dela ficaram brancos, e o corpo todo a tremer… Eu não fiz nada! Estávamos só a falar… Ela agarrou-me e disse coisas sem sentido! E desmaiou logo a seguir! Não lhe pude perguntar mais nada… E ela saiu nesse mesmo dia da enfermaria e eu não. Aliás, nem sei quanto tempo lá estive! – Falou depressa, como se temesse que as palavras lhe fugissem. Estava nervosa, como estaria antes de um teste importante ou de um exame. Permaneceu em silêncio para ouvir a resposta de Dumbledore, mas esta não chegou. Hermione olhou-o nos olhos escondidos pelos óculos em forma de meia-lua.

- Professor?

- Como é que disseste que os olhos dela ficaram?

- Brancos… Totalmente brancos.

- E o que é que ela te disse?

- Eu, eu não me lembro bem. Mas qualquer coisa sobre alguém que me ia ser roubado no terceiro dia. E que eu era a chave… E disse-me também que Voldmort cairia. Isto faz algum sentido para si?

Dumbledore ficou em silêncio durante alguns momentos.

- Não te vou mentir, nem omitir nada, Hermione. Fiz isso demasiadas vezes com Harry pensando que o estava a proteger, mas só me enganei… Segundo o que me descreveste, eu diria que Lovegood teve uma premonição.

Hermione ficou estática. – Premonição? Como a profecia que foi feita ao Harry?

- Não… Duvido que se trate de uma profecia. Tu não o sabes, mas a tua amiga é parente da professora Trelawney. Embora ela seja demasiado nova para profetizar alguma coisa, creio que ela consegue "ver" o futuro. Não com bolas de cristal ou através do chá. São momentos que não consegue controlar, que a atingem. Ela não se lembra do que aconteceu junto ao lago. Segundo ela, foi apenas uma quebra de tensão provocada pelos estudos.

Hermione sentiu-se empalidecer. Como poderia alguém "ver" o futuro?

- Mas, professor, eu não faço ideia do que ela quis dizer com aquilo! Como é que vou saber? Terceiro dia a partir de hoje? E Voldmort será derrotado? – Pôs a cabeça entre as mãos. – É demasiado confuso! – Murmurou.

Dumbledore inclinou-se na sua cadeira e falou-lhe com uma voz melodiosa.

- Oh, Hermione. És a melhor aluna do teu ano! Vais conseguir juntar todas as peças.

- Acho que já não sou a melhor aluna… – Disse em voz baixa, continuando com a cabeça escondida.

- Eu sei. A Minerva já me informou sobre as tuas "escapadelas". Que se passa contigo? Nunca faltaste a nenhuma aula, Hermione.

- Eu sei. Mas não consigo voltar. Já não faz sentido.

- O quê?

- O facto de eles não estarem. De ninguém estar.

- O Hagrid continua fiel a Hogwarts. Esqueceste-te dele?

Um vazio preencheu-se e a pequena conseguiu ver alguma luz. Mas, realmente, tinha-se esquecido o seu amigo meio gigante.

- Não me esqueci totalmente… Mas não é a mesma coisa. Parece tudo tão vazio sem as piadas de Ron ou a presença de Harry.

- Foste tu que escolheste este caminho, Hermione. Se foi a escolha certa, não sei. Mas sei que és uma excelente aluna e mereces estar aqui! Não desperdices essa oportunidade.

Hermione olhou o seu antigo professor e sorriu-lhe.

- Não a vou desperdiçar! Obrigada!

Dumbledore retribuiu-lhe o sorriso.

- Está na altura de devolvermos o gabinete à professora Mc Gonnagal ou ela ainda nos expulsos daqui! – Disse-lhe, sorrindo com os olhos. – Adeus, menina Granger!

Hermione levantou-se e arrumou a cadeira.

- Adeus, professor!

- Quando te sentires perdida, visita o Hagrid.

- Assim o farei! Adeus.

Hermione encaminhou-se para a porta e abriu-a, mas a voz de Dumbledore impediu-a de prosseguir.

- Hermione…

- Sim?

- Deixei de ser professor. Agora, sou apenas Dumbledore!

Hermione não encontrou palavras. Talvez não as quisesse encontrar… Despediu-se com um aceno, fechou a porta, desceu os degraus e encaminhou-se para a Sala Comum. Estranhamente, não encontrou ninguém no caminho. Talvez as aulas da tarde ainda não tivessem acabado. Não ligou muito a isso. Queria recuperar o tempo perdido! Queria seguir o caminho que escolhera… Sentiu pena por ter perdido Dumbledore. Ele é daquelas raras pessoas que se deseja que vivam para sempre. Mas ele não estava perdido… Nunca estaria.