DISCLAIMER: o Draco é meu, mas ele nem aparece nessa fic. Então é tudo da JK mesmo.
Essa é uma fic slash, e eu acho que nem preciso avisar que não vou tolerar reviews ofensivas. Portanto se não gosta, aperta aquele 'x' ali no canto superior direito da sua tela e passar bem.
"E agora, tudo o que você quer é errado.
E agora todos os seus sonhos estão acordando.(...)"
Joseph Arthur - Honey and the Moon
Déjà Vu
Capítulo I – "O Sol"
Outubro - 1970
Mais uma vez te observo sem que você perceba, e mais uma vez você está lendo algum livro. Você parece nervoso, e eu sei o motivo.
Você muda de página e o barulho da folha contra o vento é a única coisa que perturba o silêncio.O silêncio que me deixa louco.
Você olha para o sue relógio de pulso e em seguida para mim. E sorri com o canto da boca. Um sorriso que parece pertencer à outra pessoa , mas eu sei que é seu. Só seu.
Eu retribuo o sorriso, e tento despistar o nervosismo.Mas você sabe que eu estou nervoso porque imediatamente me lança aquele olhar estranhamento paternal e eu percebo que vai ficar tudo bem. E o meu sorriso é meu sinal. Nosso sinal.
Você se levanta e sai pelo buraco da sala comunal, esperando não ser visto por mais ninguém, e imediatamente corro para o dormitório.Da minha janela vejo o sol se pôr lá fora, e observo o movimento das pequenas folhas nos topos das árvores mais altas.
Peter dorme na cama do canto. James, provavelmente, está com Lily em algum lugar do jardim. Faz algum tempo que já não somos mais crianças e nossas aventuras não são mais as mesmas. E você sabe disso. Você é o único que continua a viver como se nada tivesse mudado, e eu apenas existo. Você é minha aventura agora.
Poucos minutos depois você aparece andando sorrateiramente naquele gramado amarelo lá embaixo. Meus joelhos fraquejam e se dobram, mas eu me mantenho em pé e meu olhar fixo em você. É difícil ver você partir. Mesmo sabendo que você vai voltar. Mesmo sabendo que eu posso te seguir. Meu coração anseia por um perigo que eu mesmo não sei qual é.
Mesmo sabendo que essa noite é igual a tantas outras que passamos desde que descobri seu segredo, em que somos livres e donos do tempo e do espaço, por algum motivo eu sinto medo.
O tic-tac do relógio parece cada vez mais rápido e mais alto e meus batimentos cardíacos acompanham esse ritmo acelerado.
Trinta minutos.
Vinte minutos.
Dez, cinco.
Eu pego a capa de James e saio.
Minhas pernas parecem conhecer o caminho de cor, e me guiam por aqueles corredores frios e escuros. Silêncio, vazio. Eu estou tremendo e suando frio, assim como você aquela noite. "Vai passar. Eu vou ficar bem".
Rapidamente alcanço o saguão de entrada e em seguida estou do lado de fora do castelo.
Alguns minutos depois alcanço você. Você e seu olhar triste.
Você me olha nos olhos e eu tento sorrir, nervoso como sempre. Você também está nervoso agora, eu sei disso.
Não posso ver o céu daqui debaixo, nesse túnel, mais sei que a lua vai, timidamente, surgindo no céu escuro e sem estrelas. Sei disso porque traços de dor vão surgindo em seu rosto antes tão sereno.
Minha transformação, ao contrário da sua, é rápida e indolor, eu sei disso. Por isso não consigo segurar essas lágrimas patéticas.
-Eu estou aqui, meu amor. – sussurro. Você está tão longe... não me escuta.
E basta nossos olhares se cruzarem por um segundo e eu sei que so resta um segundo para que sua mente se ausente do seu corpo.
E nesse último segundo eu percebo que você é minha luz. Você me faz continuar a existir quando minha família se afastou de mim.
Mas eu não me importo, por que sei que tudo vai ficar bem. Você mesmo me disse isso,hoje mais cedo, lembra-se, meu amor? Você me disse isso com os olhos antes de partir. E eu sei. Quando amanhecer você será meu outra vez, e eu serei o seu sol. Como sempre.
continua...
