De sangue e predestinações
Autora: Clara dos Anjos
Classificação: PG-13
Gênero: Romance
Spoilers: cinco
Shipper: Sirius Black/Belatriz Lestrange
Status: incompleta
Capítulo 02
A primeira reunião
Sorveu o último gole de água em sua garrafinha. Olhou para o claríssimo céu e bufou, as sobrancelhas crispadas. Sentia os próprios cabelos sufocarem-lhe insuportavelmente a nuca, e ela levou as mãos até eles, pegando-os todos e torcendo-os por cima de um ombro. O ar pareceu mais fresco no momento em que afagou sua nuca, e ela sentiu que seria capaz de sorrir. Não o fez. O calor sempre deixava Belatriz Black de mau humor, e isto era quase uma regra.
Estava sentada a uma mesinha redonda de uma sorveteria de Hogsmeade, enquanto esperava o seu pedido. Comprar um sorvete havia sido o pretexto que arranjara de passar o tempo, até que desse a hora da reunião no Cabeça de Javali. Se ela pudesse, alteraria o horário combinado para assim que eles tivessem chegado na vila. Belatriz odiava esperar. Ainda mais quando ficava ansiosa.
Estava sozinha desde que passara na fila de estudantes na escola. Dalila havia saído antes, com o irmão provavelmente. O fato é que não a via desde a briga com Sirius. Por sorte, a reunião de Riddle fora um ótimo pretexto para que ela não ficasse pensando no primo, como costumava acontecer quando eles brigavam e ela tinha que extravasar a raiva em alguém, pois somente no primo nunca era o bastante.
O movimento estava bastante fraco pelas localidades do pub. Estava até mais fresco por ali, já que havia muitas sombras. Belatriz adentrou o recinto escuro como se fosse o quarto de sua casa e espreitou ao redor. Caminhou a passos firmes até o canto em que havia duas mesas postas juntas assim que avistara a cabeça loura de Lúcio Malfoy.
Ela ainda não conhecia Tom Riddle pessoalmente.
Contornou a mesa até um dos dois únicos lugares disponíveis. O único rapaz que falava no grupo sequer a olhou, no que ela suspeitou imediatamente ser Riddle. Belatriz trocou um rápido olhar com Dalila, e sorriu de lado.
Ela e a irmã de Rookwood eram as únicas mulheres do grupo.
"(...), pois, caso contrário, despertaria suspeitas... Ora, ora, como vai, Black?"
O jovem que falava, a cabeça coberta com uma espécie de túnica negra ao estilo árabe, dirigiu os olhos escuros para Belatriz. Ela, alheia a tudo o que estava acontecendo na mesa, teve um ligeiro sobressalto e encarou Tom Riddle do outro lado da mesa. Fez um discreto aceno de cabeça, sem desviar os olhos, e não sorriu.
"Suponho que vocês não saibam ao certo porque estão aqui, não?" disse a voz de Tom Riddle. "Você avisou-os de alguma coisa previamente, Lúcio?"
"A nenhum deles, Riddle" Malfoy observou os vultos ao redor com superioridade.
"Melhor assim" murmurou Riddle. "A questão se resume da seguinte maneira, senhores: quero propor uma sociedade com vocês"
"Como assim?" ouviu-se uma voz ao lado de Dalila Rookwood, que Belatriz reconheceu ser de Antônio Dolohv. "Uma sociedade secreta?"
"Você respondeu a sua pergunta. É isso mesmo"
"E o que quer que a gente faça?" perguntou Belatriz.
"Eu não saberia responder isso resumidamente, Srta. Black. Meu objetivo central é muito complexo, e vocês entenderão com o tempo. E claro, se souberem confiar em mim"
"São coisas ilegais?" continuou ela.
"Porque acha que Dolohv acertou a própria pergunta?"
Dalila trocou um rápido olhar com Belatriz. E depois com o próprio irmão.
"Como será essa sociedade?" perguntou Augusto Rookwood, como se tivesse sido inspirado pelo olhar assustado da irmã.
Riddle suspirou. Dedilhou a garrafa fosca de poeira a sua frente, e umedeceu os lábios. Quando falou, continuava com os olhos na garrafa, como se respondesse para ela.
"Vocês foram as pessoas que eu escolhi para que soubessem da verdade. Um dia, vocês saberão tudo. Saberão quem sou, quem fui e quem serei. Sim, vocês não sabem que eu sou, pois o que pensam que sabem não significa nada. Mas eu sim, conheço vocês. E sei que são as pessoas certas... pra mim. O que proponho trará benefícios mútuos para nós, mas vocês vão senti-los mais tarde, quando entenderem o que eu ambiciono. Por enquanto, respondendo a sua pergunta, meu caro Rookwood, eu digo que preciso de pequenos favores de vocês. Mas antes, é claro, se alguém aqui quiser desistir, esteja livre para isso. Alguém se pronuncia?"
Um arrepio cortante percorreu a mesa dos convivas.
"Servi-lo?" fez a voz de Belatriz Black. "Mas assim... cegamente, sem saber a que propósito?"
"O propósito? Poder, Srta., este é o propósito"
As pálpebras de Belatriz tornaram-se ainda mais cerradas e ela elevou as sobrancelhas.
"Que tipo de favores..."
"Eu os informei mais detalhes em uma outra ocasião, mais segura" Riddle a cortou, seus olhos escuros faiscaram perigosamente quando ele espreitou ao redor. "Vou repetir: alguém quer deixar o círculo? Que levante-se agora, pois eu não perguntarei mais"
Desta vez, ninguém se pronunciou. A tensão que percorria os convivas era quase palpável.
"Pois bem" fez Riddle, satisfeito. "Aguardem uma carta minha no próximo mês, é tudo o que eu digo. Até o próximo encontro, senhores"
Lúcio Malfoy foi o primeiro a se levantar, e um a um, eles foram em pares e trios em direção a saída do pub. Belatriz seguiu com Dalila e Augusto, e por enquanto, nenhum deles havia feito qualquer comentário.
"Preciso ir, garotas. Até" Augusto não esperou respostas e virou a rua esquerda.
Dalila deu um risinho curto.
"Alguma sugestão, Bela?"
Mas Belatriz tinha o olhos vagos dentro das órbitas, e seus lábios faziam movimentos débeis e mudos.
"Você ouviu, Lila? Ele quer que façamos favores! Não entendo... esse cara deve estar planejando algo muito ferrado para tanto mistério... Não sei... Eu gostei quando ele falou de poder, mas ele pode ser apenas um louco arrumando pretexto para se aparecer... O que você acha?"
Dalila cruzou os braços, e olhou ao redor. Disse em voz baixa: "Sendo sincera, eu não tenho dúvidas que esse cara seja louco. Mas... eu não vou ser radical. Vou esperar essa tal carta que ele falou e vamos ver o que ele vai dizer. Se for sério mesmo, e eu me convencer de que ele não é louco..."
"Você engrenaria nessa sociedade que ele falou?" perguntou Belatriz, com um meio sorriso de ansiedade.
A garota fitou os olhos cinzentos da amiga longamente, e por fim, deixando os braços penderem ao lado do corpo.
"Não tenho idéia"
Belatriz ficou séria. Ergueu as sobrancelhas e fingiu-se interessada na paisagem.
"E você?"
"Quê?"
"Como quê? Ficou bem animadinha com essa história de poder, que eu sei..."
"Ahn?"
"É isso mesmo! Você é bem ambiciosa que eu sei... Não, a cara que você fez quando Riddle falou de poder, eu tive que me segurar pra não rir!"
Belatriz começou a resmungar indignada enquanto a outra ria tolamente.
"(...) ora, pare de rir! É claro que eu sou ambiciosa, sou uma Black, tenho o sangue puro e vou desfrutar do poder da minha família quando eu terminar esse maldito colégio!"
"Ah, sim, vai Rainha da Sonserina, vai que este chão é seu...! Ei, Bela, aonde vai?"
"Ao Três Vassouras" gritou Belatriz de costas, avançando rapidamente. "Eu falo com você em Hogwarts. E NÃO ME SIGA!"
Dalila fez uma expressão chocada enquanto a silhueta de Belatriz sumia pelas ruas ensolaradas. Balançou a cabeça e deu de ombros, seguindo na direção oposta e murmurando algo com Sirius Black maliciosamente.
N/A: Ai... Denebola Black, birna e Ayami-chan, mil vezes obrigada pelos coments! Agora, com essa injeção de ânimo, essa fic deslancha! Viram, consegui finalmente escrever o segundo capítulo! Espero nervosamente que este tenha ficado, pelo menos, legalzinho... Mais é isso aí, aguardo os r&r de vocês.
E até o terceiro...
