De sangue e predestinações

Autora: Clara dos Anjos
Classificação: PG-13
Gênero: Romance
Spoilers: cinco
Shipper: Sirius Black/Belatriz Lestrange
Status: incompleta


Capítulo Oito

Decepção


Belatriz aproveitou-se do espanto do outro e inspirou o ar novamente, revigorando sua raiva. Ergueu a mão num átimo e acertou a outra face de Sirius.

Fora tão rápido quanto fora covarde. Sirius simplesmente não pode evitar.

"Pára! Pára, Belatriz, ficou louca!" gritava o garoto quando uma Belatriz, ainda tomada pela fúria, começava a atacar-lhe com socos dados pelos punhos nos ombros e por todos os lugares que conseguia atingir.

"Não... paro..." rosnava ela incoerentemente, seus olhos vidrados e estreitados, seguindo um Sirius que se desvencilhava do seu alcance.

Mas então, o garoto rapidamente perdeu a paciência com a prima: agarrou seus pulsos ossudos no ar e começou a sacudí-la com força:

"Chega! CHEGA, Belatriz!" rugiu ele. Pareceu funcionar. Ela arregalou os olhos. "Pare com isso se não quer que eu a enfeitice agora!"

Ela respirava aos bufos. Ele também. De repente, um calafrio constrangedor congelou a espinha da garota. Belatriz olhou para baixo, desviando os olhos do olhar furioso de Sirius, e a primeira ação que julgou conveniente foi se afastar dele. Puxou suas mãos do aperto do primo e virou as costas.

Sirius bufou mais uma vez, abriu a boca para dizer algo, mas não conseguiu. Apenas ignorou seus cabelos desgrenhados pela testa e posou as mãos na cintura, tentando regularizar a própria respiração.

"O que foi isso?" ele perguntou, em voz baixa, erguendo os olhos do chão.

Belatriz ainda estava de costas, tinha os braços cruzados. Gesto de contenção.

"A culpa foi sua" ouviu ela dizer, sua voz falhava ligeiramente devido à respiração falha.

Sirius fez uma careta de desdenhoso espanto. "Do que está falando?" esganiçou-se o garoto. Mas ele não permitiu que ela respondesse. "Não... eu não tenho que agüentar isso... Escuta, Belatriz, o que você comeu no jantar, hein? Ou melhor, o que bebeu?"

Belatriz virou-se de súbito e avançou furiosos passos, semelhante a uma leoa. Porém, manteve uma distancia mais razoável do que da primeira vez...

"POR QUE ME BEIJOU?"

Ela se viu gritando. Teve de dizer... Simplesmente teve. Aquilo estava lhe corroendo como um veneno borbulhante que pedia para ser expelido. Mas custou-lhe caro... amargamente caro. Ela não contava que fosse se arrepender daquelas palavras depois. Especialmente quando sentiu suas faces lhe traírem ficando vermelhas.

Mas ela preferia atribuir este fato à raiva que sentia, em todo caso...

Sirius simplesmente não alterou suas expressões. Belatriz aproveitou-se de seu silêncio – honestamente aliviada – para continuar falando e consertar o seu equívoco:

"Por acaso é mais alguma de suas táticas ridículas para se vingar de mim? É mais uma forma de me irritar, de me deixar humilhada?" As pupilas da sonserina tremiam dentro das órbitas, mas sua voz estava cortante, e três vezes mais estridente do que o normal. Sirius sabia que quando a voz de Belatriz ficava desse jeito, era porque ela estava nervosa, e portanto, era um jeito dela aliviar este nervosismo. "Você pensa que pode me humilhar com uma coisa dessas, seu grifinório estúpido? Pensa que o fato de eu usar saias me torna semelhante a essas outras acéfalas que babam por você? Se você tem o seu orgulho, Sirius Black, saiba que eu também tenho o meu! Realmente, você conseguiu o que queria se desejava me irritar..." Belatriz parou de falar por uns segundos, e quando retomou estava menos alterada: "Eu estou irritada, Black, mas agora a única coisa que eu quero é nunca mais ter que esbarrar com as suas fuças na minha frente!"

Eles se encararam em silêncio. Sirius a fixava com os lábios entreabertos, as sobrancelhas decaídas em estupor e uma estranha neutralidade. Belatriz, por sua vez, além de toda a fúria, demonstrava uma certa confusão pela maneira com que encarava o primo.

E não mais que de repente, um sorriso pequeno e suave brotou dos belos lábios de Sirius:

"Como consegue ser tão infantil, Belatriz?"

Aquelas palavras – na voz baixa e tão suave como o sorriso que ela estava fitando – doeram muito mais no seu íntimo do que se Sirius tivesse gritado.

"Você... você realmente se acha o centro do universo, não é? Quando vai perceber que as coisas não giram ao seu redor?"

"Ca..." murmurou ela. "Cale-se..."

"Acha que a minha vida consiste em brigar com você, e inventar meios pra te irritar? Pensa que você é a única pessoa do mundo que eu odeio?"

O lábio inferior de Belatriz – já trêmulo – pendera. Estava lívida, sentia-se sem forças... Fraca...

Oh, não... Não!

"Não deturpe minhas palavras!" foi o que conseguiu dizer, para o seu alívio. Estava com raiva, e embora não soubesse, extremamente frustrada pelo primo não esbravejar furiosamente com ela.

"Devia parar de ser tão hipócrita!" disse Sirius, avançando poucos passos em direção à ela, no que a garota recuou como que por reflexo. "É muito fácil se fazer de vítima, não é? Que é? Só falta dizer que vai me denunciar por agarrar a mocinha inocente!"

Como se aquilo lhe renovasse a força, Belatriz, antes que tomasse consciência, puxou a varinha das vestes e apontou-a automaticamente.

Sirius recuou um passo.

"Não-use" ele soletrou, baixinho. "Ou não respondo por mim..."

Ah, como ela gostou de poder ter gargalhado... Agora sim... Essa era a Belatriz que conhecia!

"Acha que tenho medo de você, seu pirralho infeliz?" ela disse jubilosamente, um grande sorriso maldoso na face. "Cresça e apareça antes de pensar em me enfrentar!"

"Ah é?" Sirius sorriu lentamente. E então, numa atitude incrivelmente inesperada, cruzou os braços sobre o peito. "Então vá em frente"

O sorriso vitorioso de Belatriz murchou.

"O quê?"

Mas Sirius – também parando de sorrir, sem, no entanto, perder a expressão branda – apenas recostou as costas na parede, os braços ainda cruzados.

"Olha, se vai fazer alguma coisa, seja rápida, sim? Paciência tem limite e eu não tenho a noite toda"

Se Belatriz Black tivesse um pedido de natal este ano, seu presente perfeito seria acertar um Avada Kedavra bem nas fuças do filho mais velho de sua tia preferida.

Ela apertou os dentes, os lábios, bufou e mirou a varinha bem na testa do primo.

"Um dia... terei o prazer de matá-lo"

E em seguida, ela enfiou a varinha dentro das vestes e simplesmente começou a caminhar para longe.

Mas quando estava no meio do corredor, virou-se novamente para o primo:

"Você ainda me paga"

Mesmo aquela distancia, Sirius ouviu o rosnado da garota. E aquilo só serviu para fazê-lo rir ainda mais alto.

Estava virando a esquina... quando voltou-se.

Não... ela simplesmente não podia deixar assim...

Aparentemente, Sirius não notou que ela tinha se voltado, pois ainda ocupava-se com aquela sua gargalhada estúpida.

Não tinha planos. Não sabia o que iria fazer, mas suas ações tinham a certeza que a sua mente não acompanhava. Talvez porque não tivesse tido tempo para pensar em alguma coisa, mas isso não fazia muita diferença. Com ou sem tempo, esta característica não lhe era muito rara... Blacks. Paixão demais e razão de menos. Ela era assim. Sirius era assim. Eles não conheciam a palavra cautela...

Queria fazer Sirius calar-se... Não havia coisa que tolerasse menos do que escutar a risada do primo... Principalmente quando o objeto em questão era a sua pessoa.

Estava a menos de um palmo daquele sorriso cheio de dentes, quando tomou a atitude que sua mente sonserina não iria tolerar nem em outra vida. Viu-se extinguindo a distância entre os dois corpos quando segurou a cabeça de Sirius com as duas mãos, e selou as duas bocas violentamente.

Beijou-o de lábios fechados. Sentiu-se estremecer com o arrepio quente que percorreu seu corpo só de tocar aqueles lábios... aquela boca maldita que a distraíra de comer o seu jantar em paz...

Ambos abriram os olhos ao mesmo tempo, os lábios ainda unidos. E encarar os olhos de Sirius fora tão semelhante quanto se tivesse recebido uma descarga elétrica, pois ela o largou de súbito.

Levou uma mão aos lábios, os olhos em confusão, perdidos em fitar o piso, as paredes, os sapatos de Sirius, tudo, qualquer lugar menos... Ela tinha uma expressão horrorizada no rosto.

Sirius estava tão ou mais estupefato que ela. Tinha os olhos pregados em Belatriz – sem entender nada – e seus lábios estavam brancos.

Pelo menos servira para que ele se calasse...

Não que aquilo tivesse qualquer importância no momento...

Sem que percebesse, o olhar de Belatriz havia encontrado o de Sirius. E se prenderam ali. Porque de repente, como acontecera na primeira vez em que se beijaram, tudo pareceu esvair-se ao redor, pois a única coisa que enxergava era o rosto pálido do primo. Como se aquele momento se resumisse apenas nas duas figuras pálidas e arfantes de susto que não enxergavam nada ao redor.

Ele avançou lentamente. Deus sabe o quanto ela relutou por continuar no mesmo lugar...

Ele se aproximou mais, seu rosto estava impassível. E Belatriz sabia que estava perdida quando um braço do garoto contornou sua cintura.

"Sirius..." ela choramingou baixinho, uma luta interior travando-se no seu íntimo.

E o lado da resistência perdeu definitivamente a guerra em questão quando a boca de Sirius fundiu-se à de Belatriz. Quando ela entreabriu os lábios e ambos renderam-se completamente um ao outro. Quando ela agarrou os cabelos macios da nuca dele no momento em que ele inverteu as posições, prensando-a contra a parede.

Ela o abraçava com mais e mais força, e ser correspondida à altura só a estimulava a permanecer agarrada a Sirius por quanto tempo pudesse... Ele ofegou quando ela lambeu seu lábio inferior, e eles se separaram minimamente.

As respirações confundiam-se, quentes. Sirius encostara a testa na dela, de olhos fechados.

Ela tinha os olhos abertos. Não sentia a mínima vontade de deixar de contemplar o rosto do primo tão de perto...

Ele suspirou de novo. Desencostou-se de Belatriz e afastou os braços de seu corpo.

"Desculpe" murmurou ele, sem encará-la, de cabeça baixa, acabando de se afastar dela completamente. Virou-se para o lado direito do corredor, e desatou a caminhar a passos largos.

Belatriz o acompanhou como os olhos até a barra da capa farfalhante desaparecer pela esquina. Tinha a expressão mortificada. Ela não sentia mais as pernas, de repente. Ela sentiu frio.

O rosto dele, as palavras duras, o beijo... tudo isso ainda fresco em sua memória, e ela ainda não conseguia acreditar que tudo acabara igual como naquela primeira vez. Estava sozinha. Novamente sozinha, e como se não bastasse, mergulhada naquele estado de torpeza que sempre ficava quando provava dos lábios de seu pior primo...

Seus olhos estavam marejados quando ela cobriu a boca com uma das mãos. As lágrimas não caíram, mas diferentemente daquela vez, os olhos de Belatriz não demonstravam o mínimo resquício de raiva.

Não. Desta vez, os olhos que ainda contemplavam o ponto em que Sirius desaparecera não continham nada menos do que a pura decepção.


Continua...


N/A: Minha nossa, esse cap foi doído de se escrever... Mudei várias partes, várias reações, e o final ficou totalmente diferente do primeiro que eu havia planejado. Mas este ficou melhor, realmente. Ainda bem que eu mudei, ora essa! Mudando de assunto, sinto falta de algumas pessoinhas que costumavam comentar aqui... óò . Katrina, Laura, Penélope... que aconteceu com vcs? Enjoaram da fic, foi? Ehehheheheh Tipo, se vcs tiverem a bondade de darem o ar da graça novamente, nem que seja pra dizer olha, eu perdi a paciência com essa fic! Podem dizer... hahahahhahahhah Éhhhh, que posso fazer se sou uma ficwriter doente por r&rs? xD

Doom: hehe, viu mana, vc não foi a única a ficar enciumada pelo Sirius... realmente, a Clarisse é uma sortuda... Ou não, já que vai ser chifrada pela Belatriz, neh? Ehehehehehhhe! Ah, vc viu o comt que eu deixei na sua fic? To orgulhosa de vc, viu maninha? Primeiro lugar... Tinha que ser minha irmã! Ahhahahahahaha

Denebola: Nega! Então a dona Clara aqui pode te chamar assim! XD hehehehehe Puxa, que legal que vc gostou do Augusto! Realmente ele tem um charme a mais, que bom que eu consegui escrever isso... Fique aguardando que eu tenho um bom enredo pra ele... Mas por enquanto é mistério, e a Bela vai descobrir mais tarde (adianto uma coisinha: tem a ver com a Dalila õo). Ah, e quanto ao challenge, puxa fiquei toda orgulhosa com sua idéia! Mas bem quando eu ia responder lah no fórum, ele saiu do ar ¬¬... Mas aproveitando... sei não, hein Denebola, será que vai dar certo um challenge J/B? Tipo, é que deles soh existe a minha fic... Bom, sei lá, mas fique certa que eu jah to matutando umas idéias há um tempinho... Obrigada pela idéia!