De Sangue e Predestinações

Autora: Clara dos Anjos
Classificação: PG-13
Gênero: Romance
Spoilers: cinco
Shipper: Sirius Black e Belatriz Lestrange
Status: incompleta


Capítulo Doze

Pelo sangue negro dos Black


"Bom, nós precisamos explicar algumas coisas por aqui, não é?"

Assistindo ambas as irmãs se fuzilarem com os olhos, Andrômeda constatou – aborrecida – que aquela conversinha familiar tomaria mais tempo do que havia planejado e que sua pouca paciência poderia suportar.

Deu um longo suspiro resignado.

"Ok" começou Andrômeda Black, atraindo a atenção das duas garotas. "Bem, quanto a nós, Narcisa e eu, viemos para cá porque estávamos tendo uma conversa confidencial, e neste caso você não está autorizada para saber, Bela. E quanto a você," ela apontou a mais velha. "pouco nos interessa saber o que há entre você e o Sirius, maninha, portanto este papo agradável dá-se por encerrado neste momento. Passar bem. Vamos, Cissa..."

Agarrou o pulso da garota de cabelos louros e a puxou para longe quando esta se esganiçou em protesto:

"NÃO! Não é nada disso! Ninguém encerrou nada por aqui, me solta, Andie!" se esquivava ela, finalmente conseguindo se livrar do aperto. "E nos interessa sim ouvir o que ela tem a dizer"

Belatriz girou os olhos nas órbitas. "É mesmo? Humm... E quem te falou que tenho alguma coisa para dizer?" a morena cruzou os braços com uma expressão desafiadora, encarando a caçula com desdém.

"Não se faça de cínica, Bela..." retrucou Narcisa. "Ou acha que não vimos aquele belo showzinho ainda há pouco?"

"Cissa, por Deus!" exasperou-se Andrômeda, inesperadamente. "O que quer que ela diga? O que a gente já sabe?"

"Sabemos? O que sabemos, Andrômeda?" gritou Narcisa agudamente. "Que deu a louca na Bela e então ela resolveu confraternizar com o traidor do sangue de repente? Não acha que deve haver uma explicação?"

Belatriz meneou a cabeça para trás ao soltar uma grande gargalhada rouca.

"Explicação de quê, criatura de Deus?" indignou-se Andrômeda, ignorando completamente o escândalo de Belatriz ao seu lado, e gesticulando para Narcisa. "Que parte do ela e Sirius estavam se agarrando você não entendeu? Que mais você precisa saber?"

"De nada, Andrômeda, de nada, você não entende!" Narcisa avançou até a irmã do meio, gesticulando como ela fez anteriormente. Belatriz ainda ria. "Pra você pode não ser importante, como eu sei que não é, mas Belatriz simplesmente enlouqueceu só pode ser isso! Como diabos quer que eu ache normal vê-la se agarrar com aquele... garoto odioso quando ela mesma era a primeira a desprezá-lo?"

"Odioso, Cissa?" gracejou Belatriz entre risos. "Ora ora, seu acervo de adjetivos anda meio escasso, não é mesmo? Hahahahahah..."

"Ah, chega, cansei de vocês duas!" gritou Andrômeda, virando-se de costas. "Fiquem aí e bom proveito, já vou!"

"Ah, que ótimo!" exclamou Belatriz em seguida, alegremente. "Ótima idéia, Andie! Vamos deixar a Cissa filosofando sozinha aqui, assim quem sabe não aparece algum consangüíneo nosso para lhe fazer companhia? Ah, o Régulo, por exemplo! Assim, quem sabe essa sua crise de dor de cotovelo não passa? Tchau pra quem fica"

Os olhos azuis de Narcisa pareceram incendiar. Suas expressões delgadas e naturalmente esnobes se fecharam quando ela estreitou os olhos. "CALE A BOCA, BELA!"

As duas irmãs mais velhas voltaram-se ao mesmo tempo.

"Como é?" sibilou Belatriz, estreitando o olhar.

Narcisa tinha o lábio inferior trêmulo, o rosto mais lívido do que nunca. Ela levou as mãos aos longos cabelos nervosamente.

"O que disse?" repetiu Belatriz lentamente. Andrômeda olhou de uma para outra.

"Retire o que você falou" disse Narcisa, num quase murmúrio muito trêmulo, os olhos no chão.

Belatriz avançou contra ela, e Andrômeda logo a acompanhou receosa. "E por que eu deveria?"

"Por que não sabe o que está dizendo" disse, ainda sem encarar nenhuma das irmãs.

"E o que eu estava dizendo?"

Narcisa se afastou virando-se de costas. Belatriz foi ao seu alcanço, e virou-a de frente para si puxando-a pelo braço. "Responda, Cissa!"

"Me solta!" gritou Narcisa, afastando-se para a direção oposta.

"Cissa!" gritou Belatriz.

"Bela, não!" disse Andrômeda intervindo, entre as duas. Seu rosto expressava um certo pesar, como se ela soubesse mais profundamente o que se passava entre elas... "Deixe-a, não force"

Belatriz encarou os olhos azuis escuros da irmã do meio. "O que está acontecendo?" perguntou desconfiada, pondo-se a encarar as costas da caçula. "E que história é essa de conversa confidencial, Andrômeda?"

A corvinal desviou os olhos da irmã. "Ãhn... Isso não me diz respeito, Bela. Não posso te responder"

Belatriz sorriu de lado, bufando e cruzando os braços. "Isso aqui está começando a me aborrecer... Cissa, por Merlim, você não vai falar nada mesmo?"

A loura se assustou ao ouvir o brado estridente da irmã, e virou-se de costas automaticamente. Estava boquiaberta. "Era para ser uma conversa de esclarecimentos mútuos, não se lembra?" disse, com azedume.

Belatriz grunhiu, exasperada. "Ah! Estava demorando... Ok! Muito bem, ok, maninha!" sorriu ela, em estilo falsamente afetado. "Certo, pergunte o que quiser, vamos, sou toda ouvidos!"

Andrômeda sorriu de lado, escondendo o rosto entre as mãos e balançando cabeça. O crepúsculo estava chegando ao fim, e um vento gelado quase que imperceptível começa a envolvê-las. Deveriam voltar ao castelo dentro em pouco...

Narcisa entreabriu os lábios, balbuciou até que finalmente conseguiu formar palavras inteligíveis:

"Então... então você está... está tendo um caso com o... nosso primo?... É isso?"

Belatriz girou os olhos para o céu. "Não"

A loura boquiabriu-se. "Como não?"

"Não, ora!" gesticulou com maus modos. "Não sabe o que é um não? Ah, pensei"

"Mas..."

"Ora bolas, aquilo não foi nada!" Belatriz fez um gesto de descaso com uma mão. "Por Merlim, Narcisa, eu não enlouqueci ainda, ao contrário do que pensa. Só uma tonta mesmo que nem você pra achar que eu tenho qualquer tipo de relacionamento afetivo com aquele peste! Ha!" Andrômeda a observava com os olhos estreitados, profundamente absortos em cada gesto de Belatriz. Desconfiava do tom frio da voz da irmã, além do brilho fustigante que tomou conta de seus olhos. "Ele não me suporta e eu a ele muito menos. Enfim, nada mudou"

Narcisa ergueu as sobrancelhas e assentiu repetidas vezes. "Tá. E quer que eu acredite nisso?"

"Eu não quero nada!" Belatriz rosnou, seu rosto tornando-se ameaçador de repente. "Nem sei porque fico aqui perdendo tempo com uma fedelha irritante feito você! Mas muito bem, já fiz o que você queria, e agora comece a desembuchar logo a tal historinha confidencial porque minha paciência está acabando!"

Narcisa procurou os olhos de Andrômeda, mas esta lhe incentivou a falar com um olhar penetrante.

"Bela..." começou a loura, a voz mais aguda ainda por estar hesitando. "Por favor, quero que tudo o que foi dito aqui... tudo mesmo se mantenha entre a gente. Eu... não quero que você espalhe o que vou dizer"

Uma das sobrancelhas de Belatriz se ergueu. "Já que o meu está na reta também... não tenho escolha, certo?" deu de ombros, dizendo assim que concordava.

Narcisa olhou para o chão. Seus lábios tremeram de novo, e quando ela ergueu os olhos para Andrômeda, suas irmãs avistaram seus orbes marejados. "Andie" murmurou ela. "Conte você..." Uma lágrima se desprendeu e ela tornou a baixar a cabeça.

Belatriz a mirou intrigada, e encarou a irmã do meio somente quando ela começou a falar.

"Bom" suspirou. "É que ontem a Cissa tentou terminar o namoro com o Malfoy"

Belatriz ergueu ambas as sobrancelhas. "Ãnh? Mas não estavam juntos há três dias?" espantou-se.

"Pois é. Mas pelo que me disse, ela não conseguiu. Perdeu a coragem porque a nossa família aprova o namoro" Andrômeda girou os olhos de um jeito assustadoramente idêntico ao que Sirius fazia.

Belatriz ainda estava boquiaberta. "Ah. E era só isso?"

"Não" Andrômeda lançou um olhar piedoso à caçula, cujas lágrimas agora lavavam sua face muito branca silenciosamente. Ela ainda evitava o olhar das duas. "Ela queria terminar com o Malfoy porque..." Narcisa lançou-lhe um rápido olhar assustado, e em seguida voltou a olhar para o chão. "... bem, porque... ela gosta do Régulo"

Um enorme sorriso formou-se nos lábios de Belatriz sem que ela percebesse. "Do Régulo?" exclamou, alto.

"Shhhhhhh, Bela!" fez Andrômeda.

"Mas..." Belatriz sorria, estupefata.

"Ninguém sabe disso, nem ele" continuou a corvinal. "Ela só contou a mim... Disse que gosta dele desde pequena, mas que sentia vergonha porque eram primos, e medo pela nossa família... Ela me disse também que aceitou namorar o Malfoy porque não queria gostar de Régulo, e esperava esquecê-lo assim... Mas como vê..." A essa altura Narcisa debulhou-se em lágrimas. "E sente-se mais triste ainda porque me disse que tem certeza de que ele não a corresponde"

Belatriz sentia-se sem ações. Fitava de Andrômeda a Narcisa com assombro, e reprimia uma vontade intrínseca de rir ou debochar da caçula porque juntamente com este e mais sentimentos, compadecia-se ligeiramente por vê-la em prantos. Limitou-se a umedecer os lábios.

"Merlim... É por isso... então é por isso que ela nunca brincava quando estávamos em grupo? Quando ele estava presente?"

Andrômeda preferiu olhar para a caçula. Esta encontrou os olhos de Belatriz e assentiu, enxugando os olhos.

"Mas Régulo não tem uma namorada?" continuou Belatriz.

"Tem" respondeu Andrômeda.

"Uma franguinha do terceiro ano, da minha Casa, que foi na minha festa de aniversário no ano passado?"

"A própria"

"Merlim..." Belatriz sorriu de lado, cobrindo a boca com uma mão.

Andrômeda passou um braço ao redor dos ombros de Narcisa, e ela desabou em cima da irmã. "Shhh, se acalme Cissa... Pronto, se acalme..." consolava ela, acariciando os cabelos sedosos.

"Mas..." começou Belatriz, organizando seu raciocínio – ainda não se livrara da surpresa. "Espere aí. Como ela pode saber que ele não a corresponde se nunca nem conversou com ele a respeito?" sentia-se verdadeiramente estranha por conversar aquele tipo de coisa. Nunca se vira dando conselhos amorosos... Era o tipo de coisa que Dalila faria mais naturalmente.

"Ai, Bela, por favor!" exclamou a voz chorosa de Narcisa, fungando.

"Por favor digo eu, querida!" retrucou a morena, duramente. "Se não experimentar falar com ele não vai saber nunca!"

"Eu não preciso falar com ele pra saber disso!" disse Narcisa, a voz embargada, o rosto contorcido de choro. "Eu o observo, Belatriz! E tenho certeza de que ele não sente nada por mim, e nem nunca sentiu! Talvez nem goste de mim..." Ela voltou a chorar no ombro de Andrômeda.

Belatriz abriu um sorriso incrédulo. Passou a mãos nos cabelos, tentando se convencer de que criaturas como ela e Narcisa Black tinham o mesmo sangue correndo nas veias. E possivelmente as semelhanças terminavam por aí.

"Bem..." acabou dizendo. "Pra quem estava me criticando..."

Narcisa voltou a olhar para ela. "Você não está comparando..."

"Claro que estou!" rugiu Belatriz, sem piedade. "Ou você não gostaria de estar no meu lugar com o...?"

"Chega, Belatriz!" foi Andrômeda que interrompeu. "Não acha que está sendo insensível demais, não? Vai brigar com ela nesse estado?"

"Por Merlim, acho que chegou o momento de esquecermos nossas diferenças uma vez na vida, não?" continuou Andrômeda, em tom duramente maternal. "Bela..." chamou. "Acho que você e eu deveríamos ajudar a Cissa. Ela precisa de nós"

Belatriz suspirou, empertigando-se. "Céus" murmurou. "Bom, e como o faríamos?"

Narcisa soltou-se de Andrômeda e pôs-se a enxugar inutilmente os olhos inchados.

"Ora..." começou a corvinal. "Coisas como ajudá-la a terminar com o Malfoy ou... você, Bela, você sempre se deu bem com o Régulo, poderia falar como ele, não? Se é que me entendeu..."

"Ãh" Belatriz crispou os lábios, pensativa. "Não é tanto assim, mas... ora bolas, se já estamos envolvidas nisso até o pescoço, que alternativas me restam, não é? Olha Narcisa," ela apontou um dedo para a loura. "só vou fazer isso para te mostrar a tempestade em copo d'água que você está fazendo. Por Merlim, me desculpem, mas essa história de sofrer por causa de homem é o fim da picada! Honestamente, eu esperava que fosse algo mais sério..."

Mas um grande sorriso projetou-se na face lavada de Narcisa. "Ah, Bela!"

E subitamente, para o grande espanto das duas garotas morenas e mais velhas, Narcisa atirou os dois braços em torno do pescoço da irmã mais velha.

"Obrigada, Bela!" dizia a voz abafada de Narcisa. "Nunca pensei que fosse entender e me ajudar..."

"Ei, mocinha, eu não disse que entendi, ok?..." devolveu Belatriz, completamente sem jeito com o abraço sufocante da irmã caçula. "Tá tá bom, agora me solta..."

Andrômeda soltou uma risadinha alegre. Tinha as duas mãos nos rosto tamanha era sua incredulidade com aquela inusitada cena.

"Ora ora, minhas doces irmãzinhas!" exclamou ela, aproximando-se. "Eu não poderia morrer sem compartilhar esse momento" riu-se ela, e logo em seguida, antes que Belatriz se esquivasse de vez, apertou as irmãs em um grande abraço.

Soltaram-se. Andrômeda ainda ria, Narcisa parecia decididamente mais leve e Belatriz, por sua vez, divertidamente carrancuda.

"Tá, então tudo resolvido" resmungou a mais velha, reprimindo um sorrisinho alegre. "Agora cada uma vai pro seu canto porque essa sessão de sentimentalismo está me dando náuseas!"

"É, a Bela tá certa" concordou Andrômeda. "Vamos indo porque já está escurecendo pra valer..."

E no mesmo instante, as três meninas Black se encaminharam para a entrada do castelo, tagarelando sobre Régulo e a tal namoradinha dele, Belatriz alfinetando Narcisa: mas o que exatamente você viu nele, esorrindo maliciosamente; e a loura, por sua vez, fazendo discursos apaixonados de que ele era infinitas vezes melhor do que Sirius...

Até que, entre risos, elas se despediram no Salão Principal.


Continua...


N/A: Oi, moçadinha! Gostaram deste capitulo? E da interação das Blacks? Ai ai mal posso esperar pela opinião de vocês! E viram só, tem shipper novo na área! O q acharam dele?

E infinitas desculpas pela demora! Foi mal mesmo...

Victoria Black-Lupin: ah, então vc achou a interação deles no tom certo? Q bom! (comemorando). É, eu fico penando pra deixar a Bella no tom certo... pq a personalidade dela é mto forte, mas como ela tah apaixonada (apaixonada? De quatro pneus arreados eu diria! Hehehehehe)... devo mostrar q está mais vulnerável, neh? Haha, eu tmb ri quando o Sirius puxou o tornozelo dela! XD... Espero que goste deste! Bjos!

Doom Potter: caramba, num precisava ter preparado um dicionário não! (risos) Mas eu amei! Ai, maninha c tah no meu coração, sabia? Aliás, sua fic é bárbara! Eu li, tah? Viu meu coment? XD E valeu mesmo pelo maravilhosa, estupenda, magnífica e divina (nossa!)! Vc é que é tudo isso...Bjos!

Natália: (se esconde atrás da mesa) Oh, minha filha, se vc explodir minha casa, como vou escrever o próximo capitulo? (risos) Óh, esse cap é meu presente pra vc! Sinta-se homenageada! o/ Obrigada pelo incentivo que vc tah me dando, viu? E pode cobrar o quanto quiser, aliás, sou eu que agradeço pq assim a caixinha de rewiews fica mais cheia (risos perversos) Brincadeira! XD—mas e aí, gostou deste cap? Mal posso esperar pela sua resposta! Bjos!

Tata Black: Curso no exterior? Humm q chique! E o que é? (intrometida) Que bom q vc curte minha fic! É mta satisfação ouvir isso... Mto obrigada pelos elogios, e apareça mais vezes! Bjos!

Até a próxima, pessoal!