De Sangue e Predestinações
Autora: Clara dos Anjos
Classificação: PG-13
Gênero: Romance
Spoilers: cinco
Shipper: Sirius Black e Belatriz Lestrange
Status: incompleta
Capítulo Catorze
A carta de Tom Riddle
Foi com alívio que Belatriz conseguiu passar da página 224 para a seguinte. Ela passou os olhos por ela antes de se concentrar nas letrinhas, com um suspiro de desânimo.
A quem estava querendo enganar?
Se continuasse com a cabeça longe do jeito que estava, nem remotamente conseguiria se concentrar naquele livro de Poções.
Havia uma semana que tivera aquela conversa com seu primo Régulo, e em todos estes dias ele não a procurara para lhe dar uma resposta. Tampouco seu pai escrevera de volta. Contudo, ultimamente estas coisas entraram em segundo plano nas idéias de Belatriz, e por um motivo muito mais importante.
Um mês.
Um mês se passara desde aquela reunião de Tom Riddle com seus colegas no Cabeça de Javali.
E hojeeles receberiam a misteriosa carta. Receberiam, se não fosse, porém, pelo detalhe de que o relógio já apontava 23 horas, 51 minutos e 17 segundos. O dia estava acabando e nem sombra, absolutamente nenhum sinal da coruja que traria a famigerada carta.
Belatriz sentia-se corroer na poltrona de tanta expectativa. Literalmente, ela perdera as contas de quantas vezes já visitara o corujal naquele dia, precisando sair sempre rapidamente para não se atrasar para nenhuma aula.
Apesar do adiantado do horário, nem todas os sonserinos haviam se retirado para os dormitórios no Salão Comunal. Dentre os poucos, Belatriz observava distraída o par que jogava baralho bruxo no outro lado do salão: uma garota do quinto ano e Dalila Rookwood.
"Ei" fez Belatriz da poltrona.
Dalila virou o rosto. "Quê?" resmungou, voltando o olhar para o jogo imediamente.
"Vem cá, Lila"
"Não vê que estou ocupada?" retrucou a garota, estudando as cartas que tinha em mãos.
"Lila, é rápido!" rosnou Belatriz, tentando não soar rude devido a impaciência.
Dalila grunhiu. "Espere um pouco, Bela" ela disse, a encarando. "O jogo está acabando"
Belatriz suspirou alto.
Onze minutos depois, com um lamento choroso da tal garota do quinto ano, elas encerraram o jogo e Dalila recolheu suas cartas. Logo depois, uma expressão cansada e ainda risonha no rosto, Dalila encaminhou suas pernas dormentes até Belatriz.
"Pensei que não fosse acabar mais" rosnou ela, fingindo-se mais aborrecida do que estava.
"Que é que você quer?" perguntou a outra calmamente. "E por que não foi pro dormitório ainda?"
"Eu quero falar com você"
"Peraí..." Dalila fechou os olhos. "Peraí... Belatriz, não me diga que você..."
"Que o quê, Dalila? Que eu ainda não desisti? Justamente, e não é possível que você esteja encarando isso tão com essa indiferença toda"
"Mas, Bela, você já foi naquele corujal um milhão de vezes e nada! E olha que eu fui com você na maioria das vezes"
"Então! Você não acha estranho isso? Será que aquele homem tão determinado estava blefando?"
"Pensei que você já tivesse percebido isso" desdenhou Dalila, cruzando os braços sobre o corpo magro.
"Claro que eu já desconfiava! Mas... simplesmente..."
"Se decepcionou, não é?" disse Dalila, como tentando adivinhar os pensamentos da amiga.
Belatriz titubeou, suspirando por fim. "Pior que o Lúcio simplesmente não me disse nada"
"Lúcio?"
"Sim, Dalila, Lúcio Malfoy. Você não se lembra que ele e os outros meninos do sétimo ano também estavam no Cabeça de Javali? Quanto quer apostar que eles sabem de mais coisas daquele Riddle do que nós? Aposto até que Malfoy se encontra pessoalmente com ele"
"Bela" Dalila franziu as grossas sobrancelhas. "Você não acha que está superestimando esse Riddle, não? Por que supõe todas essas coisas?"
"Porque eu os observo, Rookwood. Eu os observo sempre. Esses bastardos escondem coisas de nós, principalmente porque é justamente o Lúcio quem melhor conhece o Riddle. Ele deve passar as informações para os coleguinhas, e nós, cara minha, simplesmente ficamos de fora... Porque somos mais novas, porque somos mulheres, que seja, mas é isso que acontece"
Dalila pareceu pensativa.
"É por isso que eu não consigo simplesmente desistir de Tom Riddle" continuou Belatriz, encarando os olhos da amiga sem piscar. "Eu quero descobrir quem ele é, Dalila, descobrir se estava mesmo blefando. Nós não fomos chamadas naquele pub à toa"
Dalila a encarou em silêncio. "Pode ser"
Belatriz sorriu de lado. "Que tal irmos lá agora?"
"Aonde?" sobressaltou-se a outra.
"Ao corujal. Pense bem, até que faz sentido ele enviar a carta na calada da noite"
"Não, Belatriz!" Dalila virou-se de costas. Belatriz rapidamente tentou trazê-la de volta puxando-a pelo braço, mas não conseguiu. "Não, nada disso. Não acha mais fácil simplesmente esperar pelo correio matinal amanhã?"
"Não, não acho" Belatriz se levantou, indo de encontro à amiga para impedi-la de continuar andando. "Lila, não seja má, não custa nada a gente ir agora! Prometo que tomaremos cuidado, e nenhum monitor vai nos ver"
Dalila soltou uma divertida risada.
"Olha, querida, continuo achando que não vale o esforço" desviou-se de Belatriz rumo as escadas de acesso ao dormitório feminino. "Boa noite"
"Eu fico te devendo um favor"
Silêncio.
"Tem certeza?"
Belatriz riu alto.
"Me peça o que você quiser amanhã" ela disse, sorrindo. "Tem o dia inteiro para decidir"
"Não sei se acredito"
Belatriz escancarou a boca tragicamente. "Pensei que você não me intitulasse de 'amiga' à toa"
Dalila sacudiu a cabeça, e sorriu.
"Ok. Mas vai ser o que eu quiser, hein? Não aceito reclamações"
"Palavra de uma Black" Belatriz sorriu enormemente, e estendeu um braço dobrado para que Dalila encaixasse o dela nele. "Vamos?"
"Hmpf" fez Dalila, deixando-se arrastar por uma infantilmente agitada Belatriz.
E enquanto atravessavam o caminho das masmorras para o Salão Principal...
"Ah! Mas é apenas um, hein? Não vá abusar!"
Um sorriso malicioso adornou o rosto macilento de Dalila Rookwood.
"Bela?"
"Quê?"
"Acho que vem alguém por ali"
"Ali na esquina?"
"É mesmo..."
"Vamos parar aqui"
As duas sonserinas pararam e se esconderam atrás da esquina de um dos corredores. Já estavam na torre que abrigava o corujal, e por sorte não encontraram monitores pelo caminho. O que não era tão surpreendente, já que o ano estava quase por acabar e o clima de festas natalinas na escola se fazia cada vez mais presente.
As suspeitas de Dalila foram confirmadas quando o vulto cruzando a esquina se materializou diante das garotas, no que logo depois, o que era inesperado por elas, outro semblante surgiu logo atrás dele. Elas espreitaram, as duas figuras cada vez mais próximas, até que Belatriz sentiu Dalila se afastar um passo.
"Não..."
Olhou imediatamente para a amiga. "Que foi?" sussurrou.
Mas Dalila não respondeu. Na penumbra, Belatriz pode reparar que ela parecia mais pálida do que o normal.
Foi então que Belatriz voltou o olhar rapidamente para o corredor e viu: as duas pessoas haviam parado de andar, estavam agora paradas a um canto do corredor e, ao que parecia, muito próximas.
"É o... seu irmão?" desconfiou Belatriz, mesmo já tendo praticamente certeza da resposta.
Encarou Dalila novamente, mas esta conservava a mesma expressão vazia. Dura e vazia.
"Esse imbecil..." ela rosnou, os olhos fixos na figura distante do irmão. "Vamos embora daqui"
Virou-se bruscamente, e agarrou uma manga de Belatriz para puxá-la para outro corredor, ao lado daquele.
Belatriz se deixava conduzir sem perceber, completamente pasmada com a amiga.
"Dalila, que foi?" ela balbuciou. "Por que está agindo assim?"
"Você não quer chegar ao corujal? Vem, anda logo" respondeu, com uma estranha energia de determinação, sem parar de andar.
Mas Belatriz puxou seu braço e parou.
"Que aconteceu?" ela questionou, com frieza.
"Nada!" contestou Dalila, encarando-a duramente.
"Como nada?" Belatriz desdenhou, controlando o volume da própria voz. "Não tente me enganar, Dalila. Seu irmão te fez alguma coisa, não é?"
A garota levou a mão aos cabelos, de olhos fechados.
"Não. Ele não me fez nada. Agora você vai querer que peguem a gente aqui parada no corredor?"
Belatriz pareceu não se convencer com a ameaça. Olhou-a longamente antes de virar as costas e continuar andando.
"Mas você ainda não me escapa"
"Parece que, no fim das contas, eu estava certa"
Belatriz voltou o olhar lentamente para o rosto irritantemente triunfante da amiga. Crispou os lábios e contemplou a janela mais uma vez.
"Acredite, Belatriz, o correio matinal ainda é a melhor alternativa"
"Creio que finalmente apareceu um motivo para você calar essa sua matraca, Dalila" respondeu Belatriz, sobre o olhar surpreso da outra. "Veja" ela apontou a pequena janela. "Será que devemos mandá-la esperar o café da manhã para nos entregar?"
"Nada disso, senhorita!" sorriu Dalila, desafiante. "Quem garante que esta entrega é para você?"
"Pois eu aposto nisso!"
"Ah é?"
"É. Quer me desafiar?" lançou uma Belatriz de olhos brilhantes, estendendo uma mão à Dalila.
Esta hesitou um instante antes de se manifestar.
"Certo" apertou a mão da outra. "Quem perder, vai dever um favor a outra"
Belatriz sorriu. "Perfeito"
A coruja estava evidentemente visível agora. Dentro em pouco, a aposta das garotas estaria decidida.
"E não se esqueça que" disse Dalila, maliciosa. "se você perder, estará me devendo dois favores"
Isto fez o sorriso de Belatriz vacilar um pouco.
"Não me importo com isso, pois não pretendo perder"
Ambas ergueram as sobrancelhas em desafio, as mãos ainda agarradas, quando a coruja parda e muito jovem finalmente pousou no parapeito da janela. Dalila e Belatriz correram até ela, sendo que esta última grunhiu de excitação quando reconheceu que o conteúdo da entrega era um pequeno e simples envelope de pergaminho. As duas amigas trocaram mais um olhar desafiante antes que Dalila puxasse a carta das garras da coruja.
"E então?" perguntou Belatriz, olhando para os lados ansiosamente, no caso de não estarem sozinhas. "O que diz o remetente?"
"Não... não tem" respondeu a outra, girando o pequeno envelope nas mãos. "Mas veja isso"
Passou para Belatriz, e não demorou para que surgisse um enorme sorriso jubiloso em seus lábios.
Na parte que cabia ao destinatário, estava escrito apenas: Belatriz Black.
A garota abriu-o ansiosamente.
Boa noite,
Você está recebendo esta carta porque permaneceu até o fim da reunião que eu presidi, há um mês atrás, no Cabeça de Javali. Espero que o pequeno crédito que você depositou na minha pessoa não tenha sido alterado, e que você mantenha até os dias de hoje, a palavra que me jurou naquele primeiro encontro.
Se assim for, obrigado por isso.
A razão desta carta é muito simples: desejo marcar um segundo encontro. Esteja, eu lhe peço, no dia 24 de dezembro, às 3 horas da manhã, no mesmo local da vez anterior.
Todos os seus colegas receberão este mesmo recado. E, claro, tudo será melhor explicado quando nos encontrarmos pessoalmente. Sei perfeitamente que não fui claro o bastante na primeira vez.
O horário em que você recebeu esta carta foi proposital. Desculpe-me, portanto, ter causado qualquer inconveniente.
Sem mais,
T.R.
Belatriz sorriu de lado, balançando a cabeça.
"Bem bem..." suspirou, e levou a carta aberta bem próximo ao rosto de Dalila, que recuou uns passos. "É, amiguinha, isso decidiu alguma coisa por aqui, não?"
Dalila fechou a cara, revirando os olhos. "Posso ver, pelo menos?"
Belatriz lhe sorriu e passou a carta.
"Hmm" fez ela, após ler rapidamente. "Na véspera do natal?"
As sobrancelhas erguidas, Belatriz assentiu lentamente.
"Você não está pensando a mesma coisa do que eu, está?"
"Depende" deu de ombros.
"Não está pensando que esse cara meio que... perdeu a noção?"
Belatriz enrugou a testa para ela.
"Bela" Dalila balançou a cabeça. "Véspera de natal? Vejamos... será que não estaremos indo para a casa nesse dia, não?"
"Provavelmente"
"Então! Ele quer que a gente escape de nossos pais e de tudo para irmos a uma reunião secreta?" exasperou-se Dalila, irritada com insipidez de Belatriz.
"Peraí, Dalila" Belatriz ergueu uma mão até seu ombro. "Olhe, até que não é tão absurdo assim: 'as 3 da manhã'... É de madrugada! E veja só, estaremos, como você disse, com nossa família. E o que isso significa? Longe de Hogwarts! Fica mais fácil para nós sairmos à uma hora dessas, certo?"
"Ah... não sei"
"Ei, não é uma coruja vindo ali?"
Era. Decididamente era. E naquele momento, Belatriz podia escutar os pensamentos de Dalila, que pareciam gritar a mesma coisa que os seus.
"Merlim!" exclamou Dalila. "Será que..."
"Acho que sim" Belatriz sorriu. "Pena que dessa vez não apostamos nada"
A coruja entrou pela janela e voou na direção de Dalila. A menina a aparou com um braço, e imediatamente retirou com cuidado um envelope de pergaminho idêntico ao que sua amiga acabara de receber.
Ela abriu, as mãos ligeiramente trêmulas. Belatriz a observou fixamente, em expectativa.
"E então? É dele, não é?"
"Sim" Dalila respondeu, lendo-a novamente.
"E aí? É diferente da minha?"
"Não. É igualzinha a sua. Exceto que, claro, no remetente estava escrito o meu nome"
Ela passou os olhos pela carta mais uma vez.
"É bom irmos agora, Bela" suspirou Dalila, enfiando a carta no bolso interno da veste. "Amanhã discutimos isso melhor"
Belatriz concordou com a cabeça e imitou o gesto da amiga. No instante seguinte, as duas deixaram o corujal com a mente fervilhando o suficiente para que as cenas de fuga em suas casas se estendessem até o mundo dos sonhos.
No dia seguinte, sentada a mesa do café da manhã, Belatriz observava a distância seu primo Régulo. Ele bebericava sua xícara de chá como sempre fazia, vez ou outra puxando conversa com alguns colegas que estivessem próximos, como também sempre fazia. Enquanto fitava seu perfil de traços infantis, mas nem por isso menos aristocráticos, Belatriz imaginava se ele já havia comentado alguma coisa com o irmão a respeito de sua proposta. Será? Será que Sirius já sabia?
Não tinha chegado a cogitar seriamente a possibilidade de conversar com ele diretamente. Oras. Afinal de contas, eles ainda nem se falavam direito, certo? E não é somente porque o relacionamento deles sofrera certas modificações ultimamente, que Belatriz poderia julgar como algo dentro do nível da amizade. Não mesmo. Ela e Sirius mantinham as mesmas diferenças, como sempre. E, óbvio, ela jamais se sentiria confortável para lhe fazer aquela mesma proposta sem se sentir, no mínimo, desconfortável.
Bom, ela suspirou, a não ser que surgisse um motivo realmente forte para tanto.
Seus olhos tinham mudado a direção do foco, sem que ela nem sentisse, como se fosse muito natural, e muito instintivo. Percebeu-se então, naquele momento, fitando a figura do primo mais velho. Os movimentos que ele fazia, seus trejeitos, os pequenos sorrisos, os olhares, a forma como segurava os alimentos e os objetos eram quase que completamente conhecidos por Belatriz, de maneira que ela poderia até prevê-los. Era como um costume. Acostumou-se a observar Sirius, estudá-lo, analisá-lo a distância todos os dias, em todos os momentos possíveis. Ela não se incomodava mais com isso. Com a necessidade que sentia de fazer isso.
E como sempre acontecia quando Sirius Black surgia em seu campo de visão, os pensamentos de Belatriz perdiam o foco anterior. Mas naquele momento, ela pensava que a carta de Tom Riddle fora o único incidente dos últimos dias que a fizera parar de pensar nele. Sim, ela sabia que não era muito saudável manter pacificamente essa obsessão pelo primo, mas enquanto mantivesse seus objetivos práticos em primeiro plano, assim como a idéia que a maldita obsessão não passava, em absoluto, de atração física, Belatriz não via motivos para se preocupar.
"Dalila?" chamou a garota que estava a seu lado.
"Sim"
"Me encontre na beira do lago, perto do Salgueiro Lutador, pode ser? Depois da aula dupla de Feitiços de agora"
"Ah" a garota depositou seu copo de suco imediatamente, um brilho ansioso no olhar. "Ah, sim, claro"
"Acho que lá poderemos conversar tranqüilamente" continuou Belatriz, lançando um olhar de esgoela para as pessoas em volta, certificando-se de que ninguém as escutava. "Todo mundo vai para suas salas comunais no período entre-aulas"
"Tem razão... Ok, me espere lá"
É, todos estavam em seus salões, aparentemente.
Dalila havia dito que precisava passar em seu quarto para separar o material para a aula seguinte, antes de encontrar-se com Belatriz a beira do lago. Esta concordou, ainda com a mochila nas costas, mas dizendo que iria direto para lá, e que a esperaria. Elas se despediram na porta da sala de aula.
Agora, andando calmamente pelos corredores vazios, Belatriz seguia seu caminho, vez ou outra observando os retratos se mexerem nas paredes. Cumprimentou dignamente o Barão Sangrento, fantasma da Sonserina, quando chegou ao Salão Principal. Ele era o único das criaturas não-humanas que recebia aquele tipo de tratamento dela (pelo menos em Hogwarts).
Os jardins estavam vazios, ela constatou com alívio. Caminhou cuidadosamente até o Salgueiro Lutador, os passos calculados, nem lentos, nem rápidos, espreitando ao redor pelo canto dos olhos.
Estava ainda mais próxima, quando rumores de vozes fizeram-na desacelerar progressivamente os passos.
"... mas por quê?"
"Eu já disse"
Belatriz apurou os ouvidos, a árvore ocultando-a totalmente, assim como às prováveis pessoas que tivessem do outro lado.
"Isso é uma desculpa!"
"Claro que não... olhe, não comece a gritar, por favor!"
A boca de Belatriz se escancarou. Reconhecera a segunda voz imediatamente.
"Por quê? Por que, hein, agora deu para sentir vergonha de mim, também?"
"Olha, pára, está bem? Pára. Você já está distorcendo tudo. E, por Merlim, por que você sempre tem que dramatizar tudo?"
"Quê?"
"Eu já disse o que eu tinha para dizer, Clarisse. Me desculpe se você está chateada e..."
"Eu não devia ter ficado com você, isso sim! Por que é que eu fui burra de não escutar a Geraldine? Ela sim estava certa o tempo todo! VOCÊ NÃO PRESTA, SIRIUS! DROGA, EU TE ODEIO!"
Uma garota de esvoaçantes cabelos castanhos e ondulados passou como um raio por Belatriz. Seus soluços foram audíveis até o momento em que ela sumira pela entrada do castelo.
Belatriz soltou o ar pela boca. Esperou uns segundos para ver se Sirius também sairia, mas este não fez nenhum ruído. Mais alguns segundos. Nada. Vencida pela curiosidade, Belatriz finalmente resolveu contornar a árvore.
E lá estava seu primo. Sentado com as pernas afastadas, braços apoiados nos joelhos, as franjas cobrindo a lateral dos olhos. Belatriz avançou mais um passo, quando Sirius finalmente pareceu ouvi-la.
Ele ergueu a cabeça para ela. Encararam-se, as sobrancelhas de Sirius ligeiramente franzidas.
"Belatriz?"
Ela sorriu de lado. "Não. Tio Alfardo"
"Que é que você está fazendo aqui?" ele continuou, ignorando a brincadeira.
"Vim ver meu sobrinho favorito. Por quê?" ela perguntou, sentando-se de frente para eles sem ser convidada. "Não posso?"
Sirius sorriu para ela. "Pode, oras. Titio..."
Belatriz riu, e deliciada naquele instante, somente naquele instante, ela se esqueceu completamente do seu encontro com Dalila.
Continua...
N/A: Após um triste período de aridez de idéias para esta fic, finalmente vos declaro que esta aridez chegou ao fim! Sim, primeiro peço perdão a meus leitores pela estagnação dessa fic em particular, já que eu passei um bom tempo me dedicando a outras coisas e outras fics. Mas esta aqui ainda vai lhes fazer boas surpresas... Obrigada a quem ainda está acompanhando-a. E segundo, bom, eu quero agradecer aos que comentam, e aos que não comentam também, se é que eles existem, mas que quem sabe um dia, estas possíveis criaturas não se manifestem? Fiquem a vontade para isso XD. Agora, meu agradecimento em especial vai para as minhas 3 florzinhas do campo do meu coração: Ayami, Victoria e Natalia. Lindinhas, obrigada pelos rewiews que vocês me deixaram no cap 13, e também por terem acompanhado a fic até agora. Vou escrevendo quando eu posso, do melhor jeito possível, sempre arrumando e ajeitando tudo para deixar no nível que vocês merecem. Essa fic não seria nada sem o incentivo de vocês... Mil beijos!
Até o décimo quinto!
