Amor de pai

Autora: Veela

Sem conseguir dormir, Harry levantou da cama devagar evitando fazer barulho para não acordar Hermione que dormia tranquilamente e se dirigiu para a sala onde sentou em frente a lareira.

Não demorou muito e ouviu a voz de Hermione atrás de si perguntando:

- Harry, o que houve?

- As vezes...eu ainda tenho a impressão que vou ver sua cabeça surgir do fogo...ridículo, né? depois de tanto tempo...eu ainda ter essa impressão.

Hermione sentou-se ao seu lado e pegou sua mão entrelaçando seus dedos nos dele sem dizer nada, mas o simples fato de estar ali ao lado dele era capaz de confortá-lo.

- Desculpe se eu te acordei. disse Harry após um instante em silêncio.

- Ah, não se preocupe já estou acostumada a perder o sono por sua causa. disse Hermione rindo.

Harry riu também e disse:

- Acho que eu deveria te pedir desculpas todos os dias, então.

- Não é necessário, você me faz feliz e isso compensa cada noite que eu passei sem dormir

por sua causa.

Apesar do tom de brincadeira nas palavras dela, Harry sabia que realmente a tinha feito passar noites em claro desde que tinham se conhecido quando tinham apenas onze anos, quando ainda eram crianças e não imaginavam que um dia iriam se amar como homem e mulher.

Pensar nisso o fez se inclinar e beijar os lábios dela suave e apaixonadamente.

- Eu amo você. murmurou ele ainda com os lábios próximos aos dela.

- Também te amo muito, Harry. Por isso quero que me diga o que está te preocupando. Sei que não foram só saudades que te fizeram levantar da cama e vir para cá.

- É bobagem, Mione. Eu nem sei exatamente o que estou sentindo. É melhor irmos dormir. disse Harry tentando se levantar, mas Hermione segurou seu braço e perguntou:

- É Lília, não é? Você está preocupado por que ela irá para Hogwarts amanhã, não é isso?
Harry fez que sim com a cabeça e Hermione o abraçou com força dizendo:

- Nossa filha será uma grande bruxa, Harry. Assim como você é. Não há motivos para ficar preocupado.

- Nós passamos por tantos perigos. Eu não quero que ela passe por nada parecido.

- Eu sei, meu amor. Mas ela não vai passar por nenhum perigo. Os perigos que nós passamos foram provocados por Voldemort e ele está morto. Não há mais nada a temer, nossa pequena Lília ficará bem. Lembre-se que ela terá a companhia de Tiago e Sirius e que eles cuidarão dela.

- Eu jamais esqueceria deles. disse Harry sorrindo.

Os pequenos Tiago e Sirius eram os filhos gêmeos de Rony e Luna que assim como a filha de Harry e Hermione iriam para Hogwarts no dia seguinte.

- Foi uma grande homenagem de Rony ter dado para seus filhos o nome de meu pai e de Sirius.

- Foi sim, eles adoram os nomes, adoram saber que tem os mesmos nomes de dois bruxos tão importantes. Assim como Lília adora saber que tem o mesmo nome da avó e

Dumbledore...bem, ele ainda é muito pequeno, mas daqui há alguns anos eu vou falar para ele sobre Dumbledore e ele também ficará muito orgulhoso do nome que você escolheu para ele.

Harry sorriu e enquanto sentia o corpo da esposa junto do dele e a mão dela acariciando seus cabelos, ele lembrou de Hogwarts, de Dumbledore, do chapéu seletor o colocando na Grifinória, da pedra filosofal, seus jogos de quadribol, quando enfrentou um basilisco, seus problemas com Draco, os dementadores, Bicuço, Sirius, o torneio tribuxo, Cedrico,

Dobby...tantos momentos ruins e tantos momentos bons. Todos seus sentimentos haviam sido expostos em Hogwarts: tristezas, medos, saudades, alegrias, orgulho, raiva, revolta, paixão, desejo, ódio e amor.

Ele sabia que mesmo sem Voldemort e sem nenhum bruxo maligno para atormentar a vida de Lília, mesmo assim ela também iria ter seus sentimentos revelados. Isso a faria crescer e ele não iria poder impedir isso. Só podia torcer para que ela continuasse tão inteligente como Mione e não herdasse dele nada mais do que os olhos verdes e os cabelos negros.

Como se pudesse ler seus pensamentos, Hermione disse:

- Eu espero que Lília tenha a sua coragem, Harry.

- Não! Não diga isso!

- Por que não? Eu disse que quero que ela tenha a sua coragem e não a sua teimosia!

Desejo que ela sempre esteja disposta a salvar uma pessoa mesmo que essa pessoa não seja sua amiga. Assim como você me salvou daquele Trasgo.

Harry imaginou a sua filha, sua menina enfrentando um Trasgo e sentiu seu sangue gelar.
Hermione deu-lhe um beijo rápido no rosto e disse rindo:

- Aquele Trasgo entrou com a ajuda de Quirrell e ele não existe mais. Então, Harry não se preocupe.

Harry percebeu que estava exagerando com sua preocupação e disse:

- Eu sei disso é que eu a amo demais. Ela é a minha filha! E durante esses onze anos da vida dela, eu sempre estive por perto. 'Não me agrada a idéia de saber que ficarei tantos dias sem vê-la.

Hermione o olhou com carinho e acariciou seu rosto enquanto ele continuava:

- E se derem poção do amor pra ela? E se ela se apaixonar por alguém que não a mereça?

- Harry! Ela só tem onze anos!

- É mais logo terá quatorze, quinze...seria bom nós falarmos para ela tomar cuidado com isso.

- Eu falarei com ela amanhã antes dela partir. Agora vamos dormir ?

Harry aceitou a sugestão da esposa e voltaram para a cama.

Horas depois, ele ainda não conseguia dormir e por isso se levantou da cama devagar para não acordar Hermione que dormia tranquilamente e foi ver como os filhos estavam.
Passou primeiro pelo quarto do pequeno Dumbledore que aos cinco anos dormia tão tranquilo quanto Hermione.

Harry depositou um beijo na testa dele e foi para o quarto de Lília que também dormia de modo sereno.

Harry ajeitou melhor o cobertor sobre ela e também a beijou na testa murmurando:

- Amo você, minha menina.

"Será que ela vai para a Grifinória como eu e Mione? tenho certeza que sim!. 'Será que será uma Monitora igual Mione?" pensou sentindo um grande orgulho enquanto parecia ouvir a voz de um professor dizendo:

- "Srta. Lília Grager Potter ganhou cinquenta pontos para Grifinória por ter acertado a essa pergunta tão difícil".

Esse pensamento o fez sorrir e lhe trouxe mais orgulho. Tinha sido maravilhosos ter Lília em casa lhe contando algo interessante que havia lido, falando com ele sobre assuntos tão sérios apesar de ser uma criança ou correndo para seus braços assim que ele chegava do trabalho... Mas algo dentro dele lhe dizia agora que vê-la crescer, descobrir seus próprios caminhos... iria ser muito melhor mesmo que tivesse que pagar o preço de não tê-la em casa todos os dias.

- Existem férias, Harry. - murmurou Hermione atrás dele o pegando pela mão.

Harry a abraçou e os dois ficaram olhando para Lília com um amor tão grande que iria acompanhá-la por todos os dias de sua vida.

FIM