NÃO contém spoilers de Half-Blood Prince.

A Filha do Mal

Capítulo 4

Confirmação

Passando rápido pelo meu quarto ano. Lorde Voldemort realmente estava de volta, mas o Ministério ficava jogando panos quentes. Potter e seus "discípulos" tiveram grandes confusões a cerca de uma tal Profecia que o Lorde procurava. Estava no Ministério. Foi uma batalha até razoável, com direito a Ordem da Fênix e Comensais da Morte. Sabe, sempre invejei os Comensais. Meu grande sonho sempre foi me tornar um deles um dia. Quando eu falava nisso Draco só faltava me espancar. Ele tinha medo do que pudesse acontecer comigo, mas eu tinha prometido a Tom que eu o seguiria sempre e nada que Draco dissesse poderia mudar a minha opinião.

Mas o resto não interessa! O que interessa no momento aconteceu quando eu estava no sexto ano (Draco no sétimo). Ele começou bem movimentado, diga-se de passagem.

Mais ou menos no meio das férias eu recebi uma coruja de Draco. Pensei que fosse apenas alguma carta daquelas que ele sempre me mandava nas férias, mas essa tinha um motivo especial.

Pequena,

Meus pais pretendem dar uma pequena recepção para alguns amigos. E eu faço questão que você vá comigo. E eu não aceito 'não' como resposta. Seus pais não precisam nem ficar sabendo. Como você sabe eu já tenho licença para aparatar. Aparato aí no seu quarto e te levo comigo. E não se preocupe com roupa de festa e outras coisas assim, daremos um jeito em tudo. Estou aparatando em seu quarto na próxima sexta às oito horas.

Draco Malfoy.

A primeira coisa que eu pensei foi: "Patético! Isso foi uma piada extremamente patética!". Depois eu resolvi ler de novo. Pareceu-me que Draco estava falando sério. Desagradou-me a idéia de ser apresentada aos Malfoy's. Eu não tinha certeza se eles gostariam de ter um membro da família Weasley-Adoradores-de-Trouxas-e-Cicatrizes-Ambulantes em sua luxuosa Mansão. Mas em compensação se eu fosse eu iria estar num ambiente onde o assunto seria um só: Lorde Voldemort. E isso me agravada imensamente. E eu decidi que iria. Mas era impossível não se preocupar com roupas e todo o resto.

Eu devo confessar que eu estava mais ansiosa que o permitido. Eu tive medo que meus pais ou meus irmãos percebessem algo de estranho no meu comportamento que pudesse me denunciar. Quando foi na véspera eu estava em meu quarto quando vi duas corujas despontando ao longe. Elas carregavam juntas um pacote. E adivinha se elas não foram parar justamente na minha janela. Abri-a e deixei-as pousar o pacote sobre a minha cama. Antes de abrir o pacote certifiquei-me que a porta do quarto estava trancada. Fiquei boquiaberta quando me deparei com um luxuoso vestido de cetim preto dentro do pacote, um par de sandálias, brincos e tudo o mais. No fundo havia um cartão com a caligrafia de Draco.

"Fique mais linda do que é, minha Pequena."

Incrível como ele pensava em tudo!

Incrível como aquele vestido e aquelas sandálias me serviram perfeitamente. O que será que ele tinha em mente quando me arrumou tudo aquilo? Bem, não me admira se foi à própria Narcisa Malfoy quem escolheu tudo.

Bom, o que interessa é que eu passei toda a sexta-feira trancada no quarto tentando dar um jeito nisso que chamam de aparência. Agora me acostumei com eles, mas eu tinha um ódio mortal pelos cabelos vermelhos que me denunciavam tão logo como uma Weasley. Uma vez eu tentei mudar a cor deles. Ficou preto azulado e Draco me fez a enorme gentileza de dizer com todas as letras: "Mas que merda é essa que você fez no seu cabelo?" – tão delicado! – daí eu desanimei e voltei-os ao normal. Mas para a recepção na Mansão Malfoy escondê-los eu não poderia, mas pelo menos prendê-los de alguma forma. Prendendo-os por completo meus ombros ficariam a mostra e denunciariam as sardas que tenho nele. Outro ponto negativo na época. Mas o resultado ficou ótimo. O vestido me caíra perfeitamente bem como se tivesse sido feito só para mim. Ele tinha um grande decote nas costas que me deixou um tanto sensual para meus dezesseis anos. As sandálias com salto alto e finíssimo me deixaram mais alta. Meus cabelos estavam com muito brilho naquele dia e a leve sombra preta realçou meus olhos.

Enquanto eu observava tudo isso no espelho a coisa que eu mais temia aconteceu.

"Gina, abre essa porta, por favor." – a voz da minha mãe soou do outro lado da porta.

"Eu estava tentando dormir sabia Molly?" – eu tentei dizer o mais longe possível da porta, quase que me enfiando debaixo das cobertas para abafar o som.

"Dormir às sete e meia da noite? Virgínia Weasley, desça para o jantar. Agora."

"Não tenho fome.". – por que ela simplesmente não ia embora? Eu olhava para o espelho e via uma linda princesa com uma expressão amedrontada no rosto só esperando a porta do quarto se abrir e sua carruagem virar abóbora.

"Você é quem sabe Gina." – ela disse derrotada. Não sei como, sinceramente. Pelo tom do início da conversa eu achei que ela estava disposta a derrubar a minha porta. Foi com extremo alívio que a ouvi arrastando os chinelos escada abaixo. A qualquer momento Draco poderia chegar e não seria bom que eu estivesse naquela situação.

Voltei ao espelho para um retoque no lápis do olho. Parei o movimento no ar. Senti-me um pouco estranha. Ainda não tinha digerido essa história repentina de coquetel na Mansão Malfoy. Draco só poderia estar maluco em querer levar a sua amiguinha Weasley desengonçada pra uma festa daquele nível. Mas em seguida eu me senti novamente bem. Eu me achava feia naquela época, mas na verdade eu não era. E fiquei muito bem dentro daquela roupa, como nunca havia me sentido. Eu tinha vocação para ser rica, o que aconteceu foi um imenso azar (ou erro de cálculo) eu ser uma Weasley. Meus pensamentos foram interrompidos por um suave estalo que eu poderia achar que fosse madeira velha estalando se eu não ouvisse aquela voz arrastada.

"Não acredito que haja necessidade para retoques."

Levantei os olhos um ponto atrás da minha imagem no espelho. Vi ali a imagem de Draco refletida. Não pude deixar de admirar a sua beleza. Draco agora era um rapaz de dezessete anos, alto, corpo bem feito. Estava vestido de preto, uma gravata prata que combinava absurdamente com seus olhos. Estava com as mãos enfiadas nos bolsos e me olhava através do espelho. Eu apenas sorri.

"Vamos Pequena, vire pra mim e deixe-me ver se o vestido ficou bom."

Virei-me. Ele então fez uma cara avaliadora me medindo e analisando. Girou o dedo no ar indicando que eu desse uma voltinha. Dei-a, mas me senti um pouco boba.

"Perfeito. Claro, eu mesmo escolhi o modelo.". – disse simplesmente, arqueando as sobrancelhas.

"Hey Senhor Malfoy! Só o vestido? E onde eu entro com a minha beleza natural?" – disse fingindo indignação, pondo as mãos na cintura. Draco riu com um canto da boca.

"O vestido é mero detalhe. Você está linda Virgínia.".

"Obrigada Draco. Mas que história foi essa de coquetel na Mansão?".

"Simples. Meus pais vão dar um coquetel e eu te convidei. Qual parte você não entendeu?".

Eu já disse que detesto esse jeito do Draco de dizer coisas que me fazem parecer idiota? Não? Pois então, eu odeio!

"Muito engraçado.".

"Mas você topou. Senão não estaria vestida para o evento.". – mais uma frase que me fez parecer idiota. Um dia eu mato o Draco por isso.

Ele não me deu tempo para responder. Caminhou até mim e me deu um leve beijo no rosto. Senti-me enrubescer. Às vezes contatos assim com Draco me deixava nervosa. Desde o meu aniversário de catorze anos se passaram dois anos. Dois anos depois do beijo no lago. Beijo que nunca mais se repetiu. Draco não era nenhum santo, já havia beijado metade da escola. Mais o mais engraçado nisso tudo era que a maioria era por incentivo meu. Às vezes eu pensava que ele havia esquecido sua paixão por mim, mas de vez em quando eu o flagrava olhando para mim com aqueles olhos pratas inexpressivos.

"Vamos?".

"Alguma recomendação sobre os Malfoy's?".

"Deixe-me pensar... comporte-se como uma dama.". – ele disse sem dar muita importância.

"Meu sobrenome...".

"Eles sabem que eu estou levando uma Weasley para a mansão." .– me interrompeu. Estendeu-me a mão.

"Só um minuto." .– peguei a minha varinha e com alguns movimentos dei ao quarto o aspecto de que alguém dormia nele: cobertores desarrumados, luzes apagadas, roupas jogadas no chão.

"É assim que o seu quarto fica quando você está dormindo?" – ele perguntou torcendo o nariz.

"O que é que tem?".

"Tão... desorganizado.".

"Ah! Falou o Rei da Ordem! Draco, acorda. Minha Família não tem elfos domésticos que tiram toda a roupa do chão, que limpam, e limpam, e limpam...".

"Eu não jogo as minhas roupas no chão.". – ele estava fazendo de propósito. Ele queria me irritar, definitivamente.

"Ok, podemos ir Draco?" – perguntei visivelmente irritada.

"Ah, claro. Já aparatou alguma vez na sua vida?". – balancei a cabeça negativamente. – "Certo, então apenas se segure em mim. Por nada nesse mundo desgrude de mim." – ele estava calmo, até demais pro meu gosto.

Agarrei-o pelo braço com toda a minha força. Imagine que lindo: Virgínia Weasley resolve dar uma escapadinha de casa com um Malfoy e se perde no meio do caminho talvez sem chance de volta...

"Também não precisa arrancar um pedaço do meu braço."

Fingi que não ouvi.

Até que se fez um estalido e o chão saiu debaixo dos meus pés e fechei meus olhos. Foi uma das piores sensações que eu já senti na vida. Pior que chave de portal. Pior que Pó-de-Flu (como eu odeio viajar de pó-de-flu!). Foi tão ruim que eu não vou me deter dando detalhes da minha primeira viagem via aparatação. Passemos a parte em que eu me senti imensamente aliviada em sentir o chão sob meus pés novamente. Quando abri meus olhos vi que estávamos num ambiente parecido com o lado de dentro de um hall de entrada. Não muito longe eu ouvia vozes e o suave som de música. Ao meu lado Draco olhou num espelho a nossa frente e passou a mão nos cabelos na tentativa de impedir que eles caíssem sobre seus olhos. Arrumou a gravata (que na verdade não precisava de arrumação. Ele estava estupidamente impecável). Olhou pra mim e sorriu. Paralisei-me por um segundo. Até hoje eu me pergunto: Por que eu me perco naqueles olhos pratas? E naquele sorriso? Sorriso que eu sei que o Draco só dá para mim. É meu, exclusivo.

Enquanto aqueles segundos se transformavam numa eternidade meu torpor foi quebrado por vozes que vinham da outra sala a frente.

"E Draco, onde ele está?" – uma voz feminina que eu não conhecia.

"Ah, Draco foi buscar uma garota. Não sei direito quem ela é".. – uma voz feminina. Depois Draco me apresentou como sendo sua mãe.

"Hum, uma garota?" – a malícia na outra voz era evidente. – "Uma namorada Narcisa?"

Ela precisava falar aquilo? Pre-ci-sa-va? Eu ainda estava olhando para Draco e vi claramente o sorriso dele morrer devagarinho.

"Não sei. Só sei que Draco fala muito nessa garota. Se não for namorada dele deve ser porque ela é uma boba de não aceitar, porque eu acho que Draco é louco por ela.".

Eu não sabia quem estava mais vermelho: ele ou eu. Que situação! Nós mal havíamos chegado e já tive de ouvir essa.

"Vamos?" – ouvi Draco murmurar irritado.

E quem sou eu pra discutir com Draco quando ele está irritado?

"Sim, vamos."

Entramos no salão onde estava ocorrendo o tal coquetel. Estavam todos tão entretidos que pouquíssimas cabeças se viraram pra nos ver. Draco cumprimentou cada um com visível irritação. E eu? O que eu tinha de fazer? Chegou um momento em que me irritei de ver Draco com aquela cara e dei-lhe um forte beliscão no braço. Discreto, ninguém viu. Mas ele me fuzilou com o olhar. Pelo menos entendeu o que eu quis dizer, começou a ser mais simpático.

"Ginny, hora de conhecer meus pais.". – ele anunciou vendo seus pais um pouco mais à frente. Narcisa Malfoy já havia parado de conversar com aquela criatura maliciosa e infeliz que me deixara tão envergonhada.

Eu meneei a cabeça concordando. Respirei fundo. Não é todo dia que uma Weasley é convidada de honra numa recepção dos Malfoys.

Iniciamos a curta caminhada até eles. Eu estava confiante, claro. Não estava lá para impressioná-los ou coisa assim (se bem que isso seria necessário.).

"Papai, mamãe. Quero apresentar alguém a vocês." – ele disse no máximo da sua educação e cautela.

Os Malfoys nos olharam. E eu entendi porque Draco era um rapaz tão bonito. Lucius Malfoy era o próprio Draco, só que mais velho e com o cabelo loiro-platinado comprido. Os mesmos olhos cinzas, exatamente as mesmas feições. E Narcisa Malfoy era, sem exageros, a mulher mais linda que eu já tinha visto. Loira também, alta, brilhantes olhos azuis, sorriu pra mim com simpatia (se era forçada, eu não sei.).

"Ah Draco querido!" – Draco ficou vermelho quando ela o chamou assim. – "A garota que você fora buscar?".

"Sim, esta é Virgínia..." – ele engoliu em seco. Receio de dizer meu sobrenome? Oh! Sim. – "... Weasley.".

Eu tinha de ser a melhor criatura do mundo no ponto de vista deles antes que eles me escorraçassem dali.

"Senhor, Senhora Malfoy. É um prazer conhecê-los.". – disse com meu melhor e mais lindo sorriso. Lucius sorriu sarcasticamente.

"Hum, uma Weasley.". – eu pude ainda pescar no ar um olhar que Draco lançou ao pai.

"Uma Weasley um pouco diferente dos demais exemplares, o senhor tenha certeza disso." – rebati sorridente.

"Draco disse-nos que você é uma Sonserina." – comentou Narcisa.

"Sim eu sou. E tenho demasiado orgulho da Casa para a qual fui escolhida."

"Sua família é quem não deve ter ficado muito feliz..." – Lucius fez questão de falar neles.

"A opinião deles não importa a mim, senhor Malfoy.". – disse friamente. Percebi Draco sorrir. Lucius arqueou uma sobrancelha. Igualzinho ao Draco.

"Vejo que a senhorita é inteligente, senhorita Weasley." – odiei o sarcasmo dele.

"Mais do que imagina, papai." – Finalmente Draco resolveu falar alguma coisa. Pensei que me deixaria sozinha a mercê das provocações de Lucius.

"Inteligente e muito bonita.". – disse Narcisa simpaticamente.

"Obrigada Senhora Malfoy.".

"Se vocês nos dão licença..." – Draco tentou nos tirar dali, mas não antes de uma criatura muito desagradável chegar.

"Ah Narcisa querida. Então esta é a suposta namorada do Draquinho?"

Draco gelou. Eu senti o temperamento-Weasley subir. Suposta namorada?

Eu acho que o Draco gelou por conta do "Draquinho". Se eu não estivesse irritada com aquela imbecil eu provavelmente teria caído na gargalhada pela cara que ele fez. Pensei que só eu o chamasse de Draquinho.

Draco engoliu em seco.

"Senhora McGrint, esta é Virgínia Weasley. Uma grande amiga minha." – ele disse novamente com a visível irritação estampada nos olhos cinzas.

A tal da McGrint me analisou de cima a baixo e disse com um sorriso maldoso:

"Desde quando você tem grandes amigas, Draquinho?"

Sabe, se eu estava com raiva dela antes, imagine naquele momento!

Draco sorriu com um canto da boca e ergueu uma sobrancelha. Que lindo! Ele estava aprendendo a disfarçar o furor que EU podia ver nos seus olhos.

"Desde o dia em que eu a conheci, Senhora McGrint."

"Ah, eu gostaria de saber quais os atributos que cativaram tanto o herdeiro Malfoy." – ela disse cinicamente. Herdeiro Malfoy. Ela estava de novo insinuando que eu era namorada dele. E pior: Que eu era uma "caça-dotes", uma "aplicadora-de-golpe-do-baú". Ah! Se eu pudesse usar a minha varinha naquele momento... – "Além da beleza, é claro. Mas sabe garota, seu rostinho sardento me é muito familiar. Seu sobrenome é... como é mesmo... Weasel?"

"Weasley." – Draco pulou na minha frente. Precisava destacar o maldito sobrenome?

Um brilho insano perspassou-se pelos olhos profundos e frios daquela criatura pálida e inconveniente.

"Claro! Weasley! Filha daquele in... filha de Arthur Weasley."

"Se a senhora tem algo a falar sobre a minha família, não se reprima." – eu disse com meu melhor sorriso.

"Gin, por favor." – Draco murmurou próximo ao meu ouvido. Fingi que não ouvi enquanto observava McGrint ficar sem graça.

"Vamos Senhora McGrint, do que ia chamar o meu pai?" – eu pude ver as expressões dos Malfoy's irem se desvanecendo uma a uma. Draco suspirara e olhava para os lados como se quisesse fingir que aquela cena não estava acontecendo. Mas eu realmente não sei o que os Malfoy's esperariam de mim, se eu defenderia meu pai ou se despreza-lo-ia. Se eu defendesse poderiam dizer: "Olha só! Sonserina de araque! Tem sangue grifinório correndo nas veias pra defender esse bando de miseráveis e amantes de trouxas!". Ou se eu o desprezasse poderiam dizer: "Ela é uma sangue-puro que não honra suas origens. Mesmo que elas sejam pobres e sem eira-nem-beira, mas não tem respeito e etc.". Não sei mesmo. Enquanto pensava nisso senti um beliscão nas minhas costas que eu sabia ser de Draco que ainda estava fingindo que a coisa toda não estava acontecendo na frente dele. Ok, era hora de parar de ser mala sem alça. Virei-me para Draco.

"Draco, será que poderíamos dar uma volta? Eu gostaria de conhecer os demais convidados."

Os belos olhos pratas do louro notável estavam agora fitados em mim.

"Ah claro. Como você preferir." – virou-se para os pais e a 'insuportável'. – "Papai, Mamãe, Senhora McGrint, se nos dão licença..."

"Pode ir Draco. Mostre a festa para a nossa convidada." – Lucius não deixou Draco terminar e dispensou-nos com um sorriso de canto. Retribuímos.

Quando estávamos afastados o suficiente Draco parou a minha frente a pouquíssimos centímetros do meu rosto.

"O que deu em você Gin?"

"Eu? O que eu fiz?"

"Como o que você fez? Que bela impressão você iria passar se armasse um barraco com a mal-amada da McGrint!"

"Ah já foi Draco! Esqueça isso."

Ele suspirou e enfiou as mãos nos bolsos da calça.

"Ia mesmo defender seu pai?"

Eu pensei por um instante. Não sabia se o faria.

"Draco. Eu penso que meu pai é a única pessoa na minha família que faz um esforço pra me entender, pra me amar do jeito que eu sou. Por mais que eu seja a decepção da família, por mais que eu o tenha magoado. Talvez eu o defenderia sim. Aquela coisa esquisita ia chamar meu pai de inútil!"

"De fato, ela é a criatura mais inconveniente que eu já tive o desprazer de conhecer... depois do Potter, claro."

"Draco."

"Hum?"

"Eu não sou uma aplicadora-de-golpes-do-baú." – Não sei que força maior me fez dizer uma baboseira dessas. Ele olhou me com uma sobrancelha erguida demonstrando estranheza.

"Quem disse isso?"

"Ela insinuou. 'Ah, eu gostaria de saber quais os atributos que cativaram tanto o herdeiro Malfoy.'" – disse na minha pior imitação dela. Draco riu.

"De fato, eu sou o herdeiro Malfoy. Onde está a novidade?" – ele perguntou zombeteiro.

"Ah claro, esqueceu-se de dizer que é modesto também." – eu sorri.

"Mas fique calma Gin, ela pode até ter dito isso com a pior das intenções, mas eu jamais imaginaria você me dando um golpe do baú."

Eu não podia perder a piada.

"Ah, mas tome cuidado Herdeiro. Lembre-se de que eu sou uma miserável Weasley que usa roupas de segunda mão. Posso estar louquinha pra por as mãos no seu dinheiro."

Ao contrário do que eu imaginei, a resposta não veio azeda e zombeteira. Draco pegou a minha mão e beijou-a delicadamente.

"Mesmo que você o fizesse, tirar meu dinheiro de mim não seria fácil, logo você teria que ficar comigo o resto da sua vida pra poder usufruir dele. E de mim."

Ó-TI-MO! Eu estava vermelha. Sem se importar com os olhares curiosos Draco deu-me um beijo no rosto e passou seu braço pela minha cintura a fim de me conduzir pela festa.

Bom, eu estava mesmo era interessada em onde estavam falando sobre o Lorde das Trevas. Era pra saber notícias que eu estava lá. Queria alguma novidade, queria saber quando ele estaria recrutando novos comensais, afinal não era segredo pra ninguém que eu o desejava ser. Mataria os Weasley's de desgosto, mas quem se importa?

Mas onde estavam os miseráveis que falariam sobre o que eu queria saber? Claro, se o fizessem não o fariam em qualquer lugar da Mansão e sim num lugar especial, quase secreto. E eu fiquei de butuca ligada assim que um jovem de pele clara e cabelos bem negros se aproximou e cochichou algo para Draco e o meu acompanhante me encaminhou até umas garotinhas insuportáveis para eu me 'distrair' e sumiu por um corredor. E ele não foi o único que foi para aquele corredor.

Conversei uns cinco minutos com aquelas patricinhas (mais ouvi do que falei), mas estava sempre olhando para o tal corredor. Lucius Malfoy também havia ido para lá. Não agüentei. Logo me despedi das fúteis dando a desculpa de que queria outra taça de champanhe. Certifiquei-me de que não havia ninguém me vendo (é meio difícil ninguém me ver com essa cor de cabelo) e pá! Fui para o corredor. Escuro e cheio de portas. Fui para aquela que eu ouvi vozes e coloquei meu afinado ouvidinho na porta. E foi o que eu consegui ouvir.

"Espero que todos vocês que estão aqui não vão dar uma de maricas e desistir de tudo o que foi combinado."

A voz parecia-se com a de Lucius Malfoy. Seguiu-se um silêncio após essa fala então ele recomeçou a falar.

"Vocês que ainda estão em Hogwarts, seus pais serão responsáveis por tirá-los de lá no dia do recrutamento. Na madrugada, eu poderia dizer melhor. E já é bom irem se preparando. Vocês foram treinados a vida inteira para um dia se tornarem Comensais. O Lorde não aceitará covardes."

Então era isso! Era tudo o que eu necessitava ouvir. Naquele ano o Lorde iria recrutar sua nova geração de Comensais da Morte e aqueles que estavam dentro daquela sala o seriam. Draco estava lá também, seria um Comensal (nenhuma novidade pra mim), mas aquela seria a chance que eu teria para me tornar uma Comensal também e provar ao Lorde que eu mantinha meu juramento se seguí-lo pelo resto da vida. A minha vontade era continuar ali ouvindo, e ouvindo, e ouvindo, mas eu percebi alguns movimentos perto da entrada do corredor e achei arriscado continuar ali. Bom, o que eu precisava saber eu já sabia. O resto, Draco diria a mim.

Tratei de sair de lá rapidinho e voltei ao salão fingindo que estive lá o tempo inteiro. Mas eu não era acostumada a pessoas chatas e esnobes então achei minha presença ali sem sentido se Draco não estivesse comigo. Então decidi que seria melhor sair ao jardim para tomar um ar. Servi-me de outra taça de champanhe e encaminhei-me para fora.

E foi lá fora que eu tive a noção do quão rico os Malfoy's eram. Lá de fora eu podia ver o tamanho da Mansão. Aliás, não podia ver não. Ela se perdia em meio à escuridão. E foi enquanto eu observava a Mansão e o imenso Jardim foi que eu senti uma mão no meu ombro e ouvi aquela voz arrastada que eu já estava com saudade.

"Gostou do jardim?"

"É lindo Draco. Enorme, bem cuidado e... não tem duendes."

"No seu jardim tem duendes, Pequena?" – ele perguntou zombeteiro.

"Eu nem sei se posso chamar aquilo de jardim."

"Se divertiu com as garotas?"

"Que garotas?" – já tinha até esquecido. – "Ah! As garotas! Foi tão divertido, mas tão divertido que eu já havia até me esquecido que elas existem."

"Céus! Tenho até medo dessa sua indiferença e desprezo as vezes."

"Não precisa ter medo. Não farei isso com você."

"Bom, muito bom."

Instalou-se um silêncio. Odeio esses 'silêncios' que eu tenho com o Draco. É quando o Draco fica olhando pra mim e eu fico sem saber pra onde olhar. Confesso. Nós tínhamos um 'amor' mal resolvido. Draco gostava de mim, eu gostava de Draco, mas não queria assumir. E então, o que fazer naqueles momentos tão constrangedores? Casais apaixonados normais voariam um nos braços do outro, mas eu e Draco aparentemente não éramos um casal normal. Nem éramos um casal. Posso dizer que eu e Draco éramos uma dupla. Mas voltando a questão dos casais normais, Draco nunca mais se atrevera a tentar me beijar. E eu não sabia se me sentia bem ou mal por isso. Eu sempre tive medo de que um relacionamento daqueles Homem/Mulher pudesse estragar o nosso relacionamento de amizade e companheirismo, de cumplicidade. E ele ainda estava olhando pra mim! E veio se aproximando, se aproximando e eu... bom, eu fechei os olhos. Confesso de novo: Eu queria! Mas fui extremamente frustrada, pois ele desviou o rosto e foi até minha orelha.

"Vamos voltar lá pra dentro?" – perguntou baixinho. Porque ele faz essas coisas?

E eu, mole, respondi.

"Ah... Tudo bem."

E novamente ele passou o braço na minha cintura e conduziu uma confusa Virgínia Weasley pra dentro da Mansão.

Quando entramos novamente na sala podemos ver que alguns casais dançavam quase que mecanicamente. Todos muito elegantes e bonitos e eu estava feliz por estar no meio deles. Fazia-me esquecer de onde eu vim e quem eu realmente sou.

"Quer dançar Pequena?" – Draco interrompeu meus pensamentos e antes mesmo que eu respondesse ele se posicionou na minha frente e começou a me conduzir levemente. Enquanto era conduzida pelas passadas curtas e leves de Draco (que dançava como um verdadeiro príncipe) eu pus-me a pensar no que ouvi atrás daquela porta. Eu precisava descobrir como aquilo tudo ia acontecer. Eu pensei também se diria algo à Draco. Ele ficava furioso cada vez que eu falava em me tornar uma Comensal, mas também eu havia prometido a mim mesma que jamais faria nada sem que Draco soubesse. Então...

"Draco, quando os novos Comensais serão recrutados?" – perguntei como quem pergunta que horas são.

"Andou ouvindo atrás da porta Virgínia?" - ele me olhou carrancudo, com uma sobrancelha levantada.

"Isso não importa agora."

"Ah, não foi nos falado o dia. Saberemos quando for chegada a hora..." – eu ia dizer algo, mas ele não me deixou formular a frase. –"... E a senhorita, não ouse."

"Eu não disse nada, Draquinho." – fiz minha melhor cara inocente.

Mas eis que... tcham tcham tcham tcham! Draco amarrou a cara mais ainda quando uma linda voz masculina se dirigiu a mim.

"Boa noite Virgínia, não sabia que você estava aqui." – Era Lorenzo Elliot, um belo moreno alto de olhos negros que (modéstia a parte) não largava do meu pé. Eu nunca tinha mencionado-o porque não tinha sido necessário, mas ele me perseguia desde o meu quarto ano. Era um corvinal com uma leve tendência para o sadismo (talvez por isso fosse um convidado dos Malfoy's). E bom, como eu não tinha nenhum compromisso aparente com Draco e o meu parceiro loiro dava seus amassos por aí, nada me impedia de dar mole para Lorenzo. E eu o fazia. Já havia beijado-o algumas vezes, mas isso só o encheu de esperanças e a mim de preocupações como mudar o caminho no corredor ao vê-lo ou coisas do tipo. Mas Draco tinha verdadeiro ódio de Lorenzo.

"Digo-lhe o mesmo, Elliot." – Draco respondeu com azedume. Lorenzo lançou um olhar irritado a Draco que ainda estava segurando a minha cintura.

"Boa noite pra você também Malfoy."

Era até divertido ver a troca de olhares entre eles.

"Sabe Virgínia, eu gostaria de convidá-la para a próxima dança." – Lorenzo virou-se pra mim como se Draco não estivesse ali. Novamente foi Draco quem respondeu.

"Ela adoraria Elliot, mas caso você não tenha percebido, ela está dançando comigo agora."

"Ela está dançando esta dança com você, Malfoy. Estou convidando-a para a próxima."

Antes que Draco voasse em cima de Lorenzo eu resolvi intervir.

"Tudo bem Lorenzo, nós dançaremos a próxima." – forcei um sorriso e percebi que agora Draco queria voar em mim.

Lorenzo me dirigiu um bonito sorriso e fez menção de se afastar quando a música mudou de ritmo. Sorriu ironicamente para Draco.

"Sinto muito Malfoy. Acho que o seu tempo acabou."

Draco, em nome da boa educação e da elegância apenas tirou a mão da minha cintura e não disse nada. Lorenzo deu às costas a Draco ocupando o lugar que antes havia sido dele. E eu nem disse ou fiz nada. Senti-me uma pateta. Pude ver que Draco encostou-se na parede e ficara olhando na nossa direção, com um copo de wisky na mão e a cara mais carrancuda possível. Lorenzo não me conduzia pelo salão com a mesma leveza e elegância de Draco, mas o que se pode fazer? Nem tudo é perfeito... E como era chato! Merlin!

"Que veio fazer aqui com o Malfoy?"

Como se ele não soubesse...

"Oras, ele chamou-me para ser sua acompanhante. E eu vim. Você sabe, eu e Draco temos uma amizade muito grande."

"Amizade?" – ele perguntou com uma ironia que eu detestei. – "Por favor, Virgínia. Não se faça de boba ou me faça de bobo. Hogwarts inteira sabe que entre você e Malfoy não é só amizade."

"E se for? Você tem alguma coisa a ver com isso?" – perguntei tão inesperadamente que ele ficou até pálido.

"Não. Não tenho nada." – ele respondeu simplesmente. – "Mas eu gostaria que você parasse de olhar na direção do Malfoy enquanto dança comigo."

"Eu disse que dançava com você, não disse que lhe daria cem por cento da minha atenção."

"Poxa Virgínia, eu esperava um pouco mais de consideração." – Ah, mas que saco! Como era babaca! – "Depois de tudo o que aconteceu com a gente..." – Hã? Acho que eu não entendi. Aliás, isso já tem anos e até hoje eu não entendi.

"Tudo o que Lorenzo?"

"Como tudo o que? Nós... Nós nos beijamos."

"Ta. Isso eu sei, mas e daí?"

"E daí que eu sou apaixonado por você." – Sério. Eu me segurei pra não rir. Aliás, eu não sei porque estou ocupando as minhas memórias com um relato tão tolo e infundado. Mas o garoto me amava, o que eu poderia fazer? (Ser mais modesta talvez, Senhorita Virginia Weasley.)

"Lorenzo, foi convidado por algum motivo especial?" – mudei de assunto categoricamente. Ele achou melhor não insistir.

"Motivo especial?"

"É. Pra conversar com alguém ou coisa do tipo."

"Não que eu saiba. Por quê?"

"Ficou o tempo todo aqui na sala?"

"Sim, fiquei. Mas não estou entendendo as suas perguntas."

"Perguntas simples. Não há o que entender."

Na verdade eu queria me livrar dos braços de Lorenzo Elliot que a cada passada parecia querer que nossos corpos se fundissem, de tanto que me apertava contra si. E onde estava meu salvador, o loiríssimo Draco Malfoy? Estava no mesmo lugar, tomando uma segunda dose de wisky e olhando para nós como se fossemos dois trasgos. (Bom, Elliot não era feio, mas era chato. Isso fazia dele um meio trasgo.).

"Lorenzo, se me dá licença. Acho que Draco está ficando impaciente." – tentei me safar.

"Você não deve nada pro Malfoy."

"Eu sou convidada e acompanhante dele. O natural é que eu fique ao lado dele."

"Não antes de me dar mais um beijo."

"O que? Sem chance Elliot."

"O último."

"Quantas vezes você já me pediu "o último"? Eu já dei pelo menos uns três "últimos" em você."

"Eu quero o definitivo."

"Que definitivo?"

"O que vai me dar a certeza de que eu sempre terei você."

"Desculpa, não entendi." – por que eu simplesmente não lhe dei um chute nas suas partes mais sensíveis e saí correndo dali? Se eu fizesse isso não precisaria ouvir certas coisas.

"Virgínia, quer namorar comigo?"

Eu devo ter feito a cara mais nojenta do mundo, pois ele ficou verde.

"Ainda não entendi."

Ele, ao invés de responder, preferiu tentar me agarrar (mais um pouco). Quando ele aproximou perigosamente seu rosto do meu eu o empurrei no mesmo instante em que senti olhos grafite me perfurando (eu sempre os sinto.). Draco chegou quase que instantaneamente. Elliot só teve tempo de virar e sair antes que Draco lhe acertasse as fuças. E lá estava o louro notável olhando para mim, olhos grafite faiscantes. Na verdade, isso todo mundo já sabe, os olhos de Draco são acinzentados, prateados, eu diria. Mas quando ele estava muito, muito nervoso e irritado, quase a pondo de explodir seus olhos adquiriam uma diferente coloração da original: Cinza escuro. Grafite. Deve-se realmente ter medo de Draco quando os olhos dele ficam dessa cor.

"O que esse babaca queria com você?" – Ele perguntou na habitual voz arrastada, mas eu pude ver a irritação em sua voz.

"Você viu."

"Mas eu quero saber o que ele te disse."

"Aí depende. Você está a fim de morrer de rir?"

Draco riu com um canto da boca. Contei pra ele a história, mas ele não riu, afinal de contas. Ele quis ir atrás do Elliot para esmurrá-lo até a morte. Foi quando eu me dei conta da hora avançada e pedi para irmos embora. E, claro, tive que me despedir dos Malfoy's.

"Mãe, eu vou levar Virgínia para casa. Ela veio se despedir." – Mãe. Era estranho ouvir Draco chamar a Senhora Malfoy de "mãe". Bom, ela era mãe dele, nada mais natural. O caso é que eu já não me lembro mais como é chamar alguém de "mãe", visto que há muito tempo eu não chamava Molly assim.

"Oh claro. Se divertiu na festa Virgínia?" – ela me perguntou com um sorriso claro.

"Sim, muito. Agradeço pelo convite e hospitalidade." – eu e meu melhor sorriso: uma dupla infalível.

"Oh que isso querida. Eu fico com os agradecimentos pela hospitalidade. Pelo convite agradeça ao Draco." – Draco olhou-me de soslaio e sorriu satisfeito.

"Lucius, venha aqui um instante." – A Senhora Malfoy chamou pelo pai de Draco que estava um pouco atrás dela conversando com alguns senhores. Quando ele se aproximou ela continuou. – "Virginia quer se despedir."

"Oh claro. Espero que tenha gostado de visitar-nos." – e não esperava essa fala dele. Não mesmo. Em nada se parecia com aquele cara estranho e mesquinho que deu um jeito de enfiar o diário de Tom dentro do meu caldeirão, quando ele ainda achava que eu era apenas a caçula pobretona dos Weasley's.

"Pode ter certeza que sim, Senhor Malfoy. Boa Noite." – eu queria ir embora!

Saímos pela porta e ainda fomos caminhar no jardim, rapidamente só para tomar os ares antes da "confortabilíssima" viagem via aparatação. E lá estávamos nós, sozinhos naquele jardim imenso e lindo. Eu nunca tive medo de ficar sozinha com Draco, mas naquela noite eu estava a-pa-vo-ra-da.

"Por que está tão calada Gin?" – ele perguntou sem olhar para mim, caminhando com as mãos nos bolsos. Seu cabelo loiro estava estupendo sob a luz de uma lua cheia enorme.

"Hum? Calada? Não... só estou cansada Draco."

"Gostou da noite?"

"Sim, foi ótima. Tirando o incidente com o Elli..."

"Shhh. Não quero falar daquele asno. Esqueça que o vimos esta noite, ok?" – e eu amolecendo. Eu confesso (pela terceira vez): Ele estava me vencendo.

Depois de algum tempo em silêncio, apenas caminhando eu tive a "brilhante" idéia (não sei porquê) de parar e fazer o mais "brilhante" ainda pedido:

"Draco, não se afaste de mim."

Ele parou de andar e olhou para mim, que agora estava um pouco atrás dele, visto que parei para fazer o pedido enquanto ele continuava andando. Eu pude sentir o toque dos seus olhos prateados cintilantes na minha pele no momento em que ele me olhou. Caminhou até mim e me abraçou ternamente. Era engraçado. Nos primeiro anos da nossa convivência eu sempre tive a impressão de que Draco sempre precisou de mim. Conforme o tempo foi passando isso inverteu. Por mais forte que eu quisesse ser eu estava a cada dia mais dependente de Draco. Como se, se ele não estivesse por perto eu não poderia respirar livremente.

"Pequena, eu jamais me afastaria de você." – afagou meus cabelos e eu fechei os olhos. Sabe quando você tem daquelas sensações estranhas em que você sente saudades não se sabe do que, vontade de fugir pra não se sabe onde e vontade de chorar não se sabe por quê? Então, me deu essa pequena "frescura" naquele momento e eu quis morrer naquele abraço. Draco deu um leve beijo nos meus cabelos e me disse algo que eu não consegui entender direito. Só sei que depois dessa fala ininteligível eu pude sentir dedos longos erguendo a minha cabeça segurando-a levemente pelo meu queixo. Então eu vi aqueles olhos pratas fixos nos meus olhos castanhos e eu não vi mais nada depois disso porque a minha mente se apagou. E eu já disse qual é o momento em que minha mente se apaga completamente. É quando Draco me beija. E era o que ele estava fazendo naquele momento, doce, carinhosamente, suave.

Eu queria que aquele momento fosse eterno. Eu bem sabia que para momentos como aquele se tornarem constantes só dependia de mim, mas tinha aquele velho medo de estragar tudo. Não conseguia ver Draco como um "namorado". Eu nem mesmo gostava daquela palavra, achava que as pessoas que faziam uso dela tornavam-se presas à alguém, perdiam sua liberdade. Por falar em pessoas presas, lá estava e presa aos braços do meu louro notável. Ele me beijava com sentimento. Muitas vezes eu já havia visto Draco com outras garotas e o único sentimento que eu distinguia ali era tesão. Ele apertava, amassava, agarrava. Só faltava engolir as pobres coitadas (pobres coitadas uma ova! Elas queriam isso mesmo). Mas naquele momento, comigo eu estava descobrindo em Draco uma delicadeza e um cuidado sobrenatural. Ele segurava-me pela cintura quase como se estivesse com medo de me quebrar ao meio. O beijo era lento, suave, enfim... eu estava pisando nas nuvens. Até que lentamente nós interrompemos o beijo, mas sem nos soltarmos. Aí eu tomei consciência do mundo a minha volta novamente e vi que estávamos sozinhos no imenso jardim. Cenário perfeito.

Ele acariciava meu rosto com a ponta dos longos dedos e tinha um leve e sincero sorriso nos lábios. E eu ainda vou descobrir porquê eu fico tão idiota em situações como aquela, por que eu TINHA que falar bobeira.

"Draco, eu tenho medo."

"Do que, Pequena?" – a voz dele não passava de um murmúrio.

"Do que eu sinto por você." – Sim! Eu sou patética quando tento ser romântica. Seria típico dele perguntar "E o que você sente por mim?", mas ele não perguntou.

"Por que nós não tentamos? Prometo que se der errado tudo continua como antes."

"Eu tenho medo de machucar você."

"Você é a única pessoa no mundo capaz de faz isso Virgínia, mas se você fizer isso eu vou agüentar quieto como um bom Malfoy que sou e vou continuar te amando."

Ah! Ele não é um fofo? Ok, parei com o momento de frescura, mas essa fala mereceu!

Engoli em seco. Eu deveria dizer que o amava, mas eu não sabia como fazer isso. Eu nunca tinha dito àquilo à ninguém. Então eu resolvi ficar calada. Até que ele quebrou o silencio.

"Façamos assim: se tiver que acontecer será naturalmente. Eu não forço a barra, mas você deixa rolar quando pintar o clima."

Não pude deixar de rir. Ele riu também.

"Você nunca força a barra." – Eu devia ter ficado quieta pois ele ergueu uma sobrancelha e me lançou o olhar mais cafajeste que ele pôde fazer.

"Ahá! Então estava sentindo falta! Aposto que fica vinte e quatro horas sonhando com os meus beijos."

"Oh! Socorro! Seu ego está inflando demais e está me faltando o ar." – fingi-me asfixiada. Ele sorriu e me beijou novamente. Após isso ele deitou-se na grama, olhando para o céu.

"Uau Virginia, olhe isso. As estrelas estão magníficas essa noite." – Pensei duas vezes antes de amassar meu vestido na grama, mas quando eu teria outro momento daquele com Draco? Deitei-me ao seu lado. A mão dele buscou a minha e seus dedos entrelaçaram-se aos meus. E eu estava estupidamente feliz. Eu podia ficar o resto da vida ali, ouvindo o burburinho da festa ao longe, sentindo a respiração de Draco ao meu lado e olhando para aquele céu apinhado de estrelas. E eu tive a impressão que Draco pensava algo parecido.

"Draco."

"Hum?"

"Já pensou em nós daqui uns dez anos?" – eu e minhas perguntas idiotas.

"Nossa Gin. A gente nem começou e você já está pensando em casamento e filhos?" – ele perguntou debochado. Bom, eu não tinha pensado nisso quando fiz a pergunta, mas na hora que ele disse isso eu logo imaginei uma criança de cabelos cor-de-rosa. Vermelho com amarelo dá rosa, não é? Achei a idéia engraçada.

"Não pensei em casamento e filhos."

"Pensou então em nós dois morando juntos sem casar?"

"Não também."

"Ah..." – ele me pareceu desapontado.

"Não sei bem no que eu pensei. Quero saber o que você pensa a respeito."

"Bom, Gin. Não sei. Quem sabe de qualquer um de nós daqui dez anos? Dez dias? Dez minutos? Mas eu gostaria de estar com você e ter uma filha com os seus olhos, seus cabelos e suas sardas."

Tenho certeza que fiquei vermelha.

"E que tal um garoto de olhos cinzas, cabelos louro-platinados, rosto fino e temperamento arrogante?" – perguntei rindo.

"Não seria mal. Um filho lindo como eu seria perfeito e... hey! Eu não sou arrogante!" – ele fingiu-se indignado e pela primeira vez desviou os olhos do céu e olhou para mim. Aqueles olhos pratas me fitando me deixou arrepiada. Virei a cabeça na direção dele e nossos narizes se tocaram tamanha a proximidade. Olá, silêncio constrangedor! Rapidamente Draco rolou por cima de mim. Senti o peso do corpo dele sobre o meu e perdi os movimentos. Ele olhava para os meus olhos e para a minha boca alternadamente e eu não pude fazer nada senão descobrir uma mão livre e usá-la para puxá-lo pelo colarinho da camisa com certa urgência para um beijo ansioso e quase desesperado. Apaixonado, eu diria.

Até que eu achei que era hora de ir.

"Draco, é tarde e eu quero ir pra casa."

"Ok." – ele nem questionou. Levantou-se e estendeu-me a mão para que eu me levantasse.

"Preparada para aparatar?"

"Não, mas não há escolha."

Ele sorriu e me estendeu o braço. Quando grudei no louro eu pude sentir o chão sair dos meus pés.

Assim que senti o chão sob meus pés novamente eu abri os olhos. Estávamos em meu quarto e ele estava bastante escuro. Olhei para a minha cama e vi ali o monte de cobertas que me substituíra. Olhei por todo o quarto. Estava vazio, mas eu tinha a estranha impressão de estar sendo observada.

"Eu vou indo, Pequena." – Draco disse num murmúrio.

"Tudo bem." – Eu me virei para ele e ele pôs-se a me olhar demoradamente. Deu-me um rápido selinho, acenou e desapareceu no ar com um estampido.

Sozinha, resolvi que era hora da Cinderela voltar a ser Gata Borralheira. Tirei as sandálias e acendi a luz. Quando ia abrir o vestido ergui os olhos por um acaso e sufoquei um grito de susto. Meu pai estava sentado na poltrona do canto. Ele tinha uma expressão bastante estranha.

"Boa noite caçulinha. Se divertiu?" – ele perguntou casualmente.

"Ah... papai, eu... é... sim. Me diverti." – após um breve silêncio. – "Por que está aqui?"

"Bom, eu vim dar um beijo na minha única garotinha e vi que ela fora engolida por cobertores assassinos e mutantes que tomaram seu lugar na cama. Sentei aqui e resolvi ler um livro até que você voltasse." – ele não me deu chance de dizer nada. – "Esse rapaz... é o menino Malfoy, não é?"

"É sim."

"Hum..." – ele coçou o queixo, pensando. – "Ele gosta de você. Estão namorando?"

Eu estava ficando nervosa.

"Ah... bom... não, exatamente."

"Bom, espero que ele não a magoe. Eu detestaria ter que arrancar os belos olhos prateados dele." – ele disse jovialmente. Levantou-se e pôs o livro que tinha nas mãos de volta à poltrona. Aproximou-se, me deu um beijo na testa e encaminhou-se para a porta.

"Arthur?" – ele virou-se.

"Sim?"

"Não conte nada à Molly nem aos outros seis." – pedi sem jeito.

"Ah, tudo bem. Não contarei." – Ia saindo quando se virou novamente. – "À propósito, você está linda neste vestido. Boa noite." – fechou a porta atrás de si.

Sentei-me na cama, pensando. Ele realmente gostava de mim. Meus irmãos já não ligavam mais, minha mãe já havia desanimado, mas meu pai não. Ele gostava de mim e mostrava isso. Se um pai não gosta da sua filha por que ele iria ao quarto ela de madrugada para vê-la dormir? É com pesar e algumas duras e insistentes lágrimas nos olhos que me lembro dessas coisas. Meu pai não merecia o que eu fiz com ele... eu não merecia (e não mereço) o amor de meu pai.

Passaram-se duas semanas e embarcamos. Passaram-se dois meses e meio de aula sem que eu nada soubesse sobre o recrutamento de novos Comensais da Morte. Draco não me dissera mais nada e eu pensei se ele iria à presença do Lorde sem me contar. Ele achava que eu ser uma Comensal era algo perigoso demais. Bobagem. Com todo o poder que eu tinha (graças ao acontecido do Diário) seria idiotice ficar a toa. Eu iria com ou sem o consentimento dele. Mas até aquele momento nada tinha acontecido mesmo. Eu cuidava de verificar o antebraço esquerdo de Draco quase todos os dias. Um dia ele desconfiou. Eu achei que tinha visto a Marca e puxei o braço dele com força fazendo-o derrubar pena e tinteiro.

"O que é isso Gin? Você enlouqueceu?"

Não havia nada no braço dele.

"Hã? Ah... eu vi um... um... um bicho! Tinha um bicho no seu braço!"

Ele ergueu a sobrancelha direita e me olhou desconfiado.

"Que bicho?"

"Ah... acho que era um...um besouro."

"Besouro?" – ele acenou com a varinha e limpou a mancha de tinta da sua lição de transfiguração. – "Sei..."

Dois meses e meio depois e eu vos digo: Draco e eu não estávamos namorando. Mas nada que o impedisse de me roubar beijos quando eu estava desprevenida ou xingar Lorenzo Elliot quando se cruzavam no corredor.

A droga toda da história é que o Trio Maravilha tinha percebido. Um dia, enquanto eu lia um livro de poções na biblioteca a Dentuça-Granger-Sangue-Ruim veio "conversar" comigo.

"Bom dia Gina." – Não sei porque, mas ela estava com um sorrisinho que não disfarçava seu nervosismo. Conversar comigo para ela era algo como a morte. Pelo menos acho que era isso que ela pensava.

"Bom dia, Hermione." – respondi ríspida, sem tirar os olhos do livro.

"Hum... o Malfoy? Não está com você?" – ela perguntou inocentemente, olhando dos lados.

"Por acaso você está vendo ele por aqui?" – senti ela engolir em seco

"Ah... Não. Ele não está aqui." – mas logo ela recuperou a dignidade (que ela diz que tem) e a cara-de-pau (que ela tem mesmo.). – "Estranho. Vocês sempre são vistos juntos."

"Você, Potter e meu irmão também sempre são vistos juntos e agora eles não estão com você. Oh! Que estranho!" – eu completei irônica. Ela fingiu que não ouviu e continuou a ser uma menina inconveniente.

"Er... ah... vocês estão namorando?"

Fechei o livro com estrondo e pela primeira vez em toda a conversa olhei para ela dedicando-lhe meu olhar mais furioso.

"O fracassado do meu irmão e o Cicatriz Ambulante que te mandaram aqui pra investigar a minha vida?"

Madame Pince, aquela velha irritante viciada em livros me dedicou um sonoro "shiu". Enquanto isso a cabeluda engoliu em seco.

"Ah... não. Quer dizer, eles... nós estamos preocupados com você."

"Ah que bonitinho! Você me comoveu agora Granger, mas eu dispenso a preocupação de vocês."

"Gina, tente entender. O Malfoy não é flor que se cheire."

"Ah! E você é? Sangue-Sujo! Faça-me um favor: Vá dar um pouco de "diversão" ao meu irmão e ao cicatriz e me deixe em paz!"

Peguei minha mochila e saí desabalada da biblioteca deixando uma Granger vermelha para trás. Ok, eu sei que fui grossa e vulgar, mas ela me irritou.

Naquele dia, na hora do almoço eu pude sentir três pares de olhos me fuzilando. Granger-Cabelão deve ter contado àqueles dois patetas a conversinha meiga e amigável que tivemos na biblioteca pela manhã. Draco estava do meu lado e parecia desconfortável. Fiquei observando os seus movimentos. Ele olhou para o trio, ergueu uma sobrancelha, fez uma cara de quem diz "Vai encarar?" e a manteve até que a Granger desviou o olhar. Potter e meu irmão pareceram furiosos, mas a Granger tocou-lhes o braço e pareceu lhes pedir clemência. Mas algo no olhar do meu irmão me dizia que ele viria tirar satisfações. E por incrível que pareça, ele não veio.
Mais tarde eu estava a caminho da sala de transfiguração quando os vi vindo na minha direção. Ron passou reto e eu ouvi o Cicatriz perguntar "Não vai falar com ela?" e meu irmão deu de ombros: "Ela não é mais minha irmã."
Eu deveria, mas não senti absolutamente nada quando ele disse isso.
Passando a parte importante: Estávamos às vésperas do Natal. A lista de alunos que ficariam na escola passou e eu assinei meu nome. Draco também assinou o dele. Estranhei, resolvi perguntar.
"Você não tinha uma viagem com seus pais pra França?"
"Foi desmarcada." - ele respondeu simplesmente. Pra mim, não era o suficiente.
"Por que?"
"Foi decisão do meu pai."
"Por que?"
"Virgínia, não seja inconveniente!" - ele ergue uma sobrancelha ao dizer isso e amarrou a cara. Era óbvio que ele estava me escondendo alguma coisa. E eu não me chamaria Virgínia Weasley se não descobrisse.
"Por que?"
Ele suspirou e não disse nada. Mais tarde Draco estava sozinho no salão comunal quando eu cheguei da minha última aula. Joguei a mochila no chão e desabei no sofá. Ele fazia uma lição de poções. Ele tinha muita facilidade com poções, logo não estava tendo dificuldades, logo seu humor deveria estar bom. Hora de perguntar de novo.
"Draco, o que há de tão interessante a se fazer na escola no Natal?"
"Não sei." - Ele disse sem desviar os olhos da lição. - Você poderia me dizer, já que também vai ficar.
"Você sabe que eu sempre fico pra não voltar àquele pardieiro em que vive a minha família. Mas você não tem motivos pra ficar aqui."
"Te incomoda a minha presença?" - ele perguntou arrastadamente.
"Não se faça de vitima Draco."
Ele suspirou, pareceu pensar. Largou a pena e aproximou-se de mim.
"Tudo bem, eu conto."
Animei-me, bati palminhas debilmente e me acheguei também.
"Gin, se isso vazar..."
"Não vai vazar!"
"Ok. Meu pai virá me buscar na noite em que todos irão embora."
"Para...?"
Ele engoliu em seco.
"Para ir ter com o Lorde."
Eu iniciei uma sessão "Dilacere o rosto lindo de Draco Malfoy". Ele tentava se defender dos meus murros e tapas.
"Por que você não me contou isso antes?"
"Porque eu sei que você vai fazer alguma loucura. E pare com isso, está fazendo um papel ridículo."
Parei de bater nele, ajeitei-me no sofá e tirei os cabelos vermelhos do rosto.
"Não vai fazer nenhuma loucura, não é?"
Um lampejo passou-se pela minha mente. Ele não me deixaria fazer nada.
"Não."
Ele ergueu uma sobrancelha.
"Não?"
"Quer que eu faça?"
"Não, claro que não!"
"Então, não farei nada."
"Gin, eu não sou idiota."
"Ninguém disse isso, Draquinho querido."
Enfim, era a chance. Faltavam dois dias. Não perderia essa oportunidade por absolutamente nada.

Eu precisava pensar em alguma coisa rápido. Não fazia a mínima idéia de como eu iria junto com Draco ter um encontro com Voldemort. E eu tinha pouco tempo pra pensar.
No outro dia eu fui falar com Draco.
"Vamos, qual o plano?"
"Plano? Que plano?"
"O plano oras. Você e seu pai devem ter um plano. Você não seria o único sonserino a ir nesse... "passeio"."
"Não, não sou."
"Então porque todos foram pra casa e você não? Ir pra casa no Natal é uma idéia até razoável, é bem mais fácil sair da sua casa do que sair da escola."
"Parabéns Virgínia. Você é muito inteligente." - ele disse zombeteiro e se espreguiçou no divã do salão comunal. Eu lhe dediquei uma careta.
"Então...? Por que você está aqui?"
"Simples: Pra não levantar suspeitas."
De fato, era ótimo. Se Draco tivesse ido pra Mansão Malfoy eu não teria como pegar uma carona.
"Hum... e como você vai sair daqui?" - Comecei a enumerar nos dedos as possibilidades. – "Pó de flu seria bobagem, aparatar nem pensar, afinal de contas aparatar é proibido na escola e..."
"Tudo bem mini-Granger. Eu sei que aparatar é proibido." - odiei o "apelidinho" – "Mas acontece que meu pai e eu somos muito mais espertos que todos aqui."
"Grande! Então me conte a vossa estupenda esperteza!"
"É o seguinte: Meu pai virá me buscar no dia."
"Hã? Como assim?"
"Simples: Mamãe está de cama. Pobrezinha, está querendo muito me ver."
"Ah, mande minhas sinceras melhoras a sua mãe." - ah como eu sou idiota.
Ele ergueu uma sobrancelha.
"Gin, minha mãe está ótima! Essa é a desculpa que meu pai vai dar ao babão do Dumbledore."
"Ah... certo."
"Aliás, ele já deve ter mandado uma coruja ao babão. Meu pai não virá pessoalmente, mandará só a carruagem."
Ótimo. Menos um pra eu me esquivar. Assim, será só Draco. Mas isso era um mero detalhe.
Naquela noite eu maquinei todos os meus passos da próxima noite. Já sabia exatamente o que fazer.
No outro dia (no grande dia) foi o embarque dos que iriam sair de Hogwarts. Foi com pesar que vi o trio perambulando pela escola depois do embarque. Eles ficaram pro Natal. Bom, pouco importava.
Eu estava eufórica, mas não podia deixar Draco perceber por isso evitei-o a tarde toda. Fiquei o tempo toda trancada no dormitório feminino (que com o embarque de todas as garotas ficou só pra mim). Quando eram mais ou menos quatro da tarde Draco bateu a minha porta.
"Gin, abre. Eu queria passar minhas últimas horas com você."
"Credo Draco, até parece que você vai morrer!" - eu escondi minha ferramenta de fuga e fui abrir a porta. Ele entrou.
"Draco, aqui é um dormitório feminino, não pode entrar."
"Quem se importa? Só tem você aqui."
Ele jogou-se em minha cama.
"Gin, achei estranha essa sua calmaria toda. Você quase me batia querendo se juntar à comitiva de Comensais. O que aconteceu?"
"Hum, sei lá. Talvez seja mesmo perigoso." - tinha de pensar numa ótima desculpa. – "Sem contar que... eu sou pobre e minha família é totalmente boazinha. Eu não teria pra onde ir."
"Eu teria o maior gosto do mundo em ter você na Mansão. Claro, não estou te incentivando a ser uma Comensal."
Deitei-me de bruços, ao lado dele.
"Eu sei. Está nervoso Draco?"
"Não. Sempre esperei por isso. Serei seu braço direito Gin."
"Eu sei disso. Você já me disse." - eu sorri e comecei a cutucar a barriga dele. Draco tinha cócegas. Ele começou a rir e se contorcer.
"Pára Gin, por favor."
"Draco, quando você volta?"
"Amanhã mesmo, pela manhã."
"Que bom, assim não terei tempo de sentir saudades."
"Ah, já ia me esquecendo." - enfiou a mão no bolso da calça e tirou de lá uma maçã muito vermelha. Estendeu-a a mim. – "Uma maça tão vermelha quanto os seus cabelos."

Aquela tarde simplesmente voou. Veio o jantar, a noite, e eu estava nervosa. E onde estava toda minha coragem e sangue frio? Também não sei.

Depois do jantar eu fui para o dormitório experimentar minha ferramenta de fuga. Capa da invisibilidade. Peguei "emprestada" do Potter. Olha como o Cicatriz tem utilidade em certos momentos. Eu descobri que ele usava uma passagem secreta pra ir pra Hogsmead de vez em quando e ele às vezes deixava a capa na entrada da passagem. Quando Draco me falou do plano de sair a noite eu me lembrei disso e fui verificar se ela estaria lá e não é que estava mesmo! Perfeito.

Draco disse que viria se despedir de mim e assim o fez.

"Gin, eu estou indo."

"Boa sorte Draco. Quando você voltar será um novo homem!" – brinquei com ele enquanto o abraçava.

"Praticamente isso." – ele riu também.

Quando ele saiu do dormitório e passou pela passagem que dá acesso ao lado de fora do salão comunal eu vesti a capa e fui atrás dele. Caminhei o tempo todo ao seu encalço dando apenas uma distancia pequena para que ele não me ouvisse respirar ou caminhar. Chegando ao Salão Principal o Professor Snape esperava por ele. Cuidado redobrado. O homem era esperto.

"Draco, o Professor Dumbledore me encarregou de acompanhar você até a condução que o seu pai enviara. Mande minhas estimadas melhoras a sua mãe." – seu tom não era amigável, mas também não estava soltando fogo pelas ventas. Só porque era Draco. Se fosse qualquer outro que o fizesse se levantar às vinte e três horas ele ficaria bem irritado.

"Obrigado Professor." – Draco disse num murmúrio. Não sei porque ele tinha pego a mania de falar murmurando. Acho que ele estava meio nervoso.

"Então, vamos?" – Snape apontou para a porta principal. Segui atrás deles sem um pingo de barulho.

Quando chegamos lá fora um homem elegantemente vestido segurava aberta a porta de uma carruagem. Não era uma daquelas sem cavalos de Hogwarts, mas uma com dois belíssimos cavalos negros. Devia ser do pai de Draco. Enquanto Snape e Draco desciam as escadas vagarosamente eu tomei uma distancia e me pus a correr a fim de entrar na carruagem antes de Draco. Aquela corrida foi quase uma missão impossível, visto que qualquer passo em falso e meu pé poderia aparecer ou qualquer coisa desse tipo. Mas deu certo. Subi na carruagem. Ela se balançou um pouquinho e o chofer olhou feio para os cavalos que para a minha gigantesca sorte estavam se mexendo. Sentei-me e pedi a Merlin que Draco não sentasse no meu colo.

Quando ele chegou à carruagem sentou-se de frente para mim. Foi por pouco. O chofer fechou a porta e subiu na carruagem. Logo os cavalos puseram-se a andar e atravessamos o portão de Hogwarts. Draco abriu uma pequena janelinha que dava acesso ao chofer.

"Charles, a viagem é direta, certo?"

"Certo garoto Malfoy. Sem paradas. Direto ao lugar que seu pai me determinou." – ele respondeu polido, quase que maquinalmente.

"Ok, obrigado." – Draco fechou a pequena janelinha. Olhou para frente, na minha direção. Eu rezei para que ele não me percebesse. Não percebeu, virou o rosto para a janela, olhando lá fora. A lua iluminava o rosto dele deixando-o de alguma maneira pálido.

Passaram-se vários minutos, não sei quantos. Mas foram muitos e muitos. Acho que já estávamos bem longe de Hogwarts, talvez na metade do caminho. Charles corria muito velozmente com os cavalos e eu tinha de me segurar sobrenaturalmente sem que Draco me percebesse. Só que meus esforços estavam sendo insuficientes. Draco voltara a olhar na minha direção, agora com mais atenção. Passou vários minutos encarando o banco em que eu estava. Aí eu me lembrei que provavelmente ele estava vendo o desenho do acento da poltrona devido ao meu peso, mas estava escuro demais dentro da cabine, ele não poderia me ver. De repente ele amarrou a cara. Deu-me até medo. Suspirou e falou.

"Mas que inferno Virgínia! Eu devia ter desconfiado."

Fiquei gelada. Merlin! Ele tinha me visto então! Fiquei calada.

"Não adianta me fazer de idiota, eu sei que você está sentada na minha frente com uma merda de capa da invisibilidade!" – ele estava perigosamente nervoso. Não tinha pra onde eu correr. Tirei a capa lentamente e dei um sorrisinho sem graça.

"Oi, Draco."

"Que diabos você acha que está fazendo aqui?"

"Eu vou com você."

"Vai o caramba!" – Draco abriu a janelinha pra falar com Charles. – "Charles, dê meia volta. Precisamos voltar, agora!"

"Sinto muito menino Malfoy, mas estamos já muito longe da escola e seu pai marcou um horário para nos encontrarmos com ele lá."

"Mas eu estou com um problema e preciso voltar."

"Sinto muito garoto Malfoy. Estou seguindo ordens."

Draco fechou a janelinha contrariado e me fuzilou com o olhar (provavelmente seus olhos estavam grafite. Ainda bem que estava muito escuro lá dentro. Me poupou suar frio de fitar aqueles olhos daquela cor por minha causa.)

"Por que você faz isso comigo, Virgínia?" – ele passou a mão pelos cabelos e encostou-se no acento, desolado.

"Desde que nos conhecemos que eu digo a você que meu maior objetivo era seguir o Lorde das Trevas. Ninguém poderia me impedir."

"O Lorde não vai nem olhar pra você!"

"Ah é? E por que não? O que eu tenho a menos que você? Por que qualquer um que vai lá hoje é mais importante que eu? Não se esqueça Draco Malfoy que eu sou uma bruxa com o dobro ou triplo de poder que seria normal para a minha idade. Você sabe muito bem disso, pois foi você quem me ajudou a controlá-lo." – no final da frase eu estava ofegante. Draco estava quieto. Provavelmente não tinha resposta para as minhas perguntas.

"Tudo bem Virgínia. Não vou discutir com você." – ele disse derrotado. – "Mas é um caminho sem volta, se você se arrepender depois..."

"Eu não vou me arrepender."

"Assim espero."

"Como me descobriu?" – eu precisava matar essa curiosidade.

"Simples: Seu perfume."

O restante da viagem transcorreu no maior silêncio. Draco parecia bastante chateado e eu estava nervosa. Quando finalmente chegamos eu olhei pela janela. Estávamos no portão de um cemitério. Típico, foi o que pensei na hora. Quando descemos da cabine o chofer olhou assustado para mim.

"Senhor Malfoy, quem é a garota?"

"Oi, Charles." – eu acenei.

"Esse é o meu problema Charles! Ela não deveria estar aqui."

"Quer que eu a leve de volta agora? De acordo com o que seu pai me disse você vai voltar com ele."

Draco ponderou a hipótese por um momento. Eu fitei-o com um olhar desesperado.

"Draco, por favor. Não!" – ele ficou olhando para mim e respondeu para Charles sem desviar os olhos de mim.

"Tudo bem Charles, ela fica."

Sorri agradecida. Draco me indicou o portão.

"Vamos, Virgínia Weasley." – Ele colocou o capuz da capa cobrindo quase todo o rosto. Eu fiz o mesmo. Meus cabelos vermelhos ficaram bem a mostra na capa. Bem provável que todos de Hogwarts que estavam lá me reconheceriam.

Draco iniciou a caminhada comigo a seu encalço até o centro do cemitério. Lá já havia algumas pessoas, todas vestidas como nós, com grandes capas negras e capuz cobrindo quase o rosto todo. Isso para os recrutados. Os Comensais antigos usavam as habituais máscaras. Achei aquela cena estupenda.

Se o Senhor Malfoy estava ali, eu não o vi (nem poderia reconhecê-lo), mas se estava também, não veio falar com Draco. Os alunos sonserinos de Hogwarts olhavam me atravessado. Um deles chegou a chamar "Weasley?", eu apenas olhei para trás e ele ficou boquiaberto. Por que a minha presença lá causava espanto? Eles acharam que a única peripécia da caçulinha Weasley seria contrariar a Família e ir para a Sonserina? Não. Ela faria mais, muito mais.

De repente todos se arrumaram em círculo e senti meu coração bater descompassado. Draco estava ao meu lado e parecia tranqüilo. Eu mordi o lábio inferior com uma vontade imensa de sair correndo, mas ao mesmo tempo com uma felicidade intensa. Quando todos os que restavam tinham aparatado e se aquietado eu pude ouvir passos pisando em folhas secas. Ergui os olhos e o vi se aproximando. Era ele. Encapuzado, como todos nós. Eu tinha curiosidade de ver seu rosto. Desde o episódio da Câmara que eu não o via. Claro, eu sabia que ele não estava mais como era naquela ocasião, com seu corpo adolescente. Ele parou ao centro e olhou para todos os presentes, um por um. Quando falou, sua voz era aguda e gelada.

"Meus caros, Eu sabia que meu circulo de fiéis Comensais aumentaria essa noite, mas não imaginei que seria tanto! Vejo que meus antigos aliados têm ensinado a lição de casa direitinho aos seus herdeiros." – seu tom era zombeteiro. – "Espero que vocês saibam que esse caminho não tem volta. Uma vez comigo, sempre comigo. E aqueles que ousarem me abandonar no meio do caminho não viverão para se arrepender de terem me abandonado. Para cada falha um castigo. Para cada acerto uma recompensa. Seus pais sabem disso e tem desempenhado um bom trabalho, do contrário não estariam aqui hoje, ainda mais entregando vocês a mim." – Eu podia sentir minha mão suando e também podia ouvir a respiração forte de Draco ao meu lado. Ao meu outro lado tinha uma pessoa de baixa estatura e bastante ofegante, rígida em sua posição como uma estátua de mármore, mas eu não sabia quem era. Acho que não estava devidamente preparado. Apesar das mãos suadas eu estava preparada.

Aquela cena era algo quase macabro. Várias pessoas vestidas de preto encapuzadas em círculo cercadas por túmulos em um silêncio sufocante. Não dava pra calcular a expansão do respeito que circulava entre aquelas pessoas. Todos temendo que um simples pensamento pudesse ofender a presença do Lorde das Trevas e este sentia tudo isso e se sentia o Grande. Tudo bem, ele o era.

"Vejo aqui hoje pessoas que eu sempre esperei, que eu tinha certeza que atenderiam ao chamado. E outras que eu nem imaginaria." – Ele olhou para trás, para uma garota com uma pose tão tranqüila quanto à de Draco. Seus cabelos eram negros e escorridos. Se era de Hogwarts, eu não estava reconhecendo-a. – "Isso me deixa satisfeito. Sabem a missão, não sabem? Quando eu era jovem e iniciei a minha coleta de seguidores tudo o que eu queria era poder. Hoje eu quero muito mais que isso. Eu quero poder e eu quero o Potter! Esse garoto tem me escapado pelo vão dos dedos há dezessete anos e eu não vou permitir que isso ocorra novamente. Por hora, era isso que eu tinha a dizer a vocês. Se eu pudesse eu os levaria para um grande banquete para comemorar a vossa ascensão, sinto trazê-los a um lugar tão... morto." – ele disse debochadamente. – "Mas não temos tempo a perder. Rabicho! Acompanhe-me."

Nesse momento uma figurinha que eu não tinha reparado foi caminhando atrás do Lorde. Perebas, o antigo rato do Ron. Se eu tivesse sabido antes quem Perebas era e o que ele pretendia eu teria cuidado melhor dele. O Lorde encaminhou-se para um membro do grupo. Pegou seu braço esquerdo e tocou-o levemente. Foi um movimento rápido e instantâneo. Logo passou para o membro seguinte enquanto Rabicho entregava à pessoa já "tocada" uma máscara igual as dos antigos Comensais. Era com grande entusiasmo que os novos Comensais colocavam a máscara e olhavam para o antebraço esquerdo vislumbrando a Marca Negra com um desenho tão forte e fresco.

Os minutos foram passando e eu via o Lorde se aproximando de mim. Pela ordem que Voldemort estava fazendo Draco receberia a Marca antes de mim. E foi chegado esse momento. Voldemort chegou em Draco e crispou a boca no que seria um sorriso satisfeito.

"Ah Garoto Malfoy! Eu tinha certeza absoluta que você viria. Esperei por isso desde o dia em que você nasceu. Seu pai já o tinha lhe entregado a mim. Eu sinto que você será grande rapaz, muito grande. Um dos meus maiores seguidores."

"É o que eu pretendo, milorde." – Draco se curvou numa rápida reverência que deixou o Lorde satisfeito.

O Lorde das Trevas então pegou o antebraço de Draco e ergueu-lhe a manga revelando a sua pele clara. Tocou-lhe de leve e lá estava a tatuagem, tão linda quanto eu imaginava. Draco olhou para ela orgulhoso e murmurou.

"Obrigado milorde."

Voldemort acenou com a cabeça e passou adiante enquanto Rabicho entregava a máscara a Draco. Era a minha vez. Ele olhou demoradamente para os meus cabelos vermelhos que a capa não escondia.

"Ora, ora, ora. Quem temos aqui." – o meu capuz era um tanto grande para o meu tamanho e o Lorde tomou a liberdade de puxá-lo um pouco, o suficiente para me encarar nos olhos. Puxou um pouco o seu também para que eu o visse. Nem de longe se parecia com Tom, mas os olhos eram os mesmos, só que agora vermelhos. Não tinha nariz, no lugar havia uma fenda como o nariz de uma cobra. Confesso que aquela imagem tão próxima ao meu rosto me deixou nauseada. Acho que o Lorde merecia mais que aquilo. "Minha doce Virgínia. Está tão bela quanto da última vez que a vi. Eu esperava que você viesse, mas não esperava que fosse tão já."

"E não seria milorde. Mas quando fiquei sabendo eu fiz questão."

"Fico satisfeito em ver o seu empenho em estar na minha presença. E eu sei, Virgínia, que você é uma bruxa muito poderosa."

"Quero usufruir desse poder ao seu favor, milorde." – meu pequeno nervosismo tinha passado por completo.

"Bom, bom, muito bom! E eu gostaria saber como você veio até aqui."

Respirei fundo e soltei de uma vez. Não sabia se ele ficaria furioso com Draco ou não.

"Draco Malfoy."

Voldemort olhou para Draco ao meu lado e disse simplesmente.

"Será bem recompensado por ter me trazido essa jóia, garoto Malfoy." – Draco apenas acenou com a cabeça, mas eu tinha certeza de que ele suara frio. Voldemort virou-se novamente para mim. – "É chegada a sua hora, minha doce Virgínia."

Ele então repetiu o ritual. Pegou meu braço, ergueu a manga e tocou de leve e lá estava ela, dessa vez no meu braço. Aproximou-se mais um pouco do meu rosto e disse num sussurro gelado:

"Nos encontraremos em breve, filha." – e foi para o próximo membro, o baixinho nervoso ao meu lado que mais tarde eu saberia que era Pansy Parkinson. Estranho o lorde ter me chamado de "filha". Mas eu me acostumara com aquele tratamento, já que ele se tornara constante. Recebi a máscara e a coloquei. Olhei para o antebraço e senti-me finalmente importante. A partir daquele momento eu poderia realmente provar que nem todos os Weasley's são inúteis.

Ao fim de tudo, voltávamos pra Hogwarts. Houve uma mudança de planos e Draco não voltou com o pai (que estava lá e veio nos dar os "parabéns" quando o Lorde se foi.). Voltamos com Charles. O silencio tomou conta da cabine no caminho. Estávamos nós dois, Draco e eu, sentados nos mesmos lugares da ida, mas dessa vez com as máscaras repousadas ao nosso lado no acento e olhando abobalhados e orgulhosos para as Marcas em nossos antebraços.


N/A: Bom, eu não tenho nem palavras para pedir desculpas pela minha demora. Fazer este capítulo foi praticamente uma gestação. Sete meses. Nem vou me explicar, não tenho cara pra isso. Rs.

Este seria o primeiro capítulo de AFM que seria betado. Infelizmente não pude entregar a beta porque eu terminei o capitulo na madrugada de sexta para sábado, à 1:11 e meu lindo e amado computador resolveu pifar no sábado de manhã, às 11h. Ficou dois dias sem dar sinal de vida e eu fiquei desesperada pensando no que seria de mim se eu precisasse formatar essa belezinha e perdesse o meu precioso que levou sete meses pra ficar pronto. Felizmente (ou milagrosamente) ele ligou hoje de manhã (segunda-feira – 16/01) e está ligado até agora. Eu, mais que depressa resolvi postar antes que ele pife e daí sabe Deus quando ele ligaria de novo! I'm sorry Lina! Queria tanto que você betasse... mas o próximo é seu!

E eu também já não sei mais quem eu agradeci as reviews e quem falta. Desculpa! Façamos o seguinte: Eu coloco os nomes de quem mandou review nesse capítulo e a partir do próximo vocês fazem as reviews deixando o email. Assim que eu receber o recadinho de vocês eu já respondo por email. Fica mais fácil e eu não "esqueço" de ninguém. (Isso que dá ser uma autora confusa!).

É isso. Espero que gostem desse capítulo (afinal, a espera tem que valer a pena. Se não valer, desculpa de novo!). O próximo capítulo não levará sete meses. Será uma gestação completa. Nove! (brincadeirinha! Rs. Procurarei ser breve.)

Agradecimentos mil à: Miaka, Lele Potter Black, Angelina Michelle (minha flor!), Gabi (filha! ), Estrelinha W. M., Anita Joyce Belice, Dani, Lua Malfoy, Kirina Malfoy, Forsaken, Pérola Malfoy, Driste, Leg, Amaya Kawazoe.

Vocês são MA-RA-VI-LHO-SOS!

Ah, mais uma coisa (NA interminável!). AFM agora tem uma nova Capa. Espero que gostem.

E outra: A descrição "linda e simpática" da Madame Pince foi idéia da Gabi, minha filhinha linda. Orgulho saído do meu ventre virtual!

.: Pequena Kah :.