Estou dando inicio a fics comemorativas, cujas idéias foram sendo desenvolvidas desde 1996, praticamente dez anos. Na verdade o conjunto destas fics faz parte de algo muito maior, mas achei melhor quebrar as estórias em vários fics e interliga-las para o projeto ir pra frente. Idades e afins vou seguir outra cronologia, diferente de Kurumada. Esta estória surgiu de noites e cadernos com estórias que eu e minha amiga fizemos na época em que nem sequer existia a possibilidade de surgir Hades em anime. Comemorativas porque? Bom, vou escrever e lançar bem no dia do meu aniversário e também porque fazem dez anos que estas idéias permaneceram em sua essência e nunca foram destruídas ou esquecidas.
Quero escrever sobre uma das origens de um dos nicks que carrego também há dez anos, Lady Ice. Então com vocês o inicio da primeira fic:
Capitulo 1 – A Busca
Dezembro de 2000 – Anos após a Saga de Hades
Nova Iorque
Uma mulher caminhava apressadamente pelas ruas daquela cidade que era considerada o centro financeiro do mundo. Ela vestia um pesado casaco de inverno e botas, era época de inverno e constantemente nevava. Seus cabelos eram negros, mas seus olhos é que realmente destacavam, eram de um tom azul profundo. Todo o conjunto estava em perfeita harmonia com seu belo rosto. Finalmente ela chegara ao seu destino: World Trade Center.
Pessoas de um lado para outro correndo para pegar o elevador. Ela amaldiçoa que não conseguiu ir nos dois primeiros elevadores, finalmente no terceiro ela consegue entrar, ela aperta o número 27.
- Bom dia Sra. Richards – uma mulher loira e bastante avantajada, segurando uma agenda preta, cumprimentava a mulher que acabara de chegar ao escritório. – Seu carro está pronto, ligaram da oficina.
- Uma boa noticia hoje Sam. Não agüentava mais andar de metrô de um lado para outro. Que horas vai ser a audiência amanhã?
- As duas e todos os papeis que me pediu se encontram na sua mesa.
- Ótimo – as mulheres falavam enquanto se dirigiam por um corredor até uma porta bem no final. Na porta estava destacado o nome: Kyra Richards.
- Senhora há mais uma coisa importante. Um senhor aguarda em sua sala...
- Mas eu disse que não receberia ninguém hoje, tenho que enfrentar um júri amanhã.
- Sim eu sei, mas a senhora pediu que caso o Sr. Petterson aparecesse, eu deveria imediatamente encaminha-lo até sua sala.
Ela abre a porta e se depara com um homem sentando numa das poltronas localizada na frente de sua mesa. Ela retira o pesado casaco e pendura num dos cantos da sala.
- Bom dia Kyra, tenho novidades para você. –dizia o homem se levantando e cumprimentando a mulher recém chegada.
- Allan finalmente você apareceu, pensei que tivesse desistido. Sam por favor nos deixe a sós, não me repasse nenhuma ligação e não me interrompa por absolutamente nada.
- Sim senhora.
A secretaria de Kyra saiu rapidamente e fechou a porta atrás de si.
Kyra procurou se ajeitar em sua mesa, um tanto nervosa.
- Quer alguma coisa Allan, café, água?
- Não obrigada Kyra. Quero que olhe o conteúdo deste envelope.
Kyra rapidamente pegou o envelope das mãos daquele homem alto e loiro. Suas mãos tremiam demais com receio do que havia ali dentro.
"Será que a espera após anos e anos chegou ao fim?"
Ela abriu o conteúdo e havia uma foto de uma mulher jovial de cabelos e olhos negros. A foto era bastante antiga, estava manchada e com alguns pequenos rasgos nas bordas.
- É sua mãe Kyra.
Kyra disparou a chorar, ela sabia que tinha sido adotada por um casal americano que se encontrava na Antuérpia. Ela cresceu se tornou uma brilhante advogada, mas seu sonho era saber quem eram seus pais verdadeiros e porque a largaram num orfanato.
- Ela...ela está viva?
- Infelizmente não. Ela trabalhou numa pequena loja de alimentação no centro da Antuérpia. Porém morreu jovem, vítima de um tumor no cérebro. O nome dela era Sophie Mahy, parece que era francesa.
- Francesa?
- Sim, ela se mudou para a Antuérpia aparentemente poucos meses antes de deixa-la no orfanato. As pessoas que trabalharam com ela, diziam que ela era muito calada e triste. A única informação que obtive é que ela veio de uma pequena cidade francesa, chamada Arras, próximo à fronteira da Bélgica.
- E como você tem certeza que ela é realmente minha mãe?
- Ah esta parte eu tive um pouco de sorte. Conversei com algumas pessoas que disseram que Sophie na época estava desesperada porque teria um filho e não teria como mantê-lo, mas também havia algo mais, parecia que ela tinha um medo terrível de alguém. Aconselharam-na a deixar a criança em um orfanato que lá ficaria segura. Sophie tinha uns 17 anos, era muito jovem e inexperiente.
- Meu Deus...você descobriu alguma coisa mais?
- Achei uma carta de Sophie, entre os objetos que ficou com uma velha senhora, após sua morte. Ela está ai.
- Carta? Ela recebeu alguma carta?
- Aparentemente sim...e provavelmente do seu pai.
Kyra pegou a carta amarelada pelo tempo e a desdobrou cuidadosamente, ela não conseguia parar de tremer e com um certo temor diante do que poderia ler. A letra era muito bonita, estava toda escrita em francês.
- Eu não sei francês Allan.
- Basicamente Kyra é uma carta de despedida, avisando que ele partiria para sempre, que deveria retornar ao seu trabalho na Sibéria.
- Sibéria? Mas que trabalho?
- Ele não menciona, apenas diz que passa horas e horas se dedicando a algo importante e que estava perto de alcançar seu objetivo. E quando alcançasse não haveria mais esperanças de manter um relacionamento com Sophie, era muito perigoso ficar junto a ele.
- Será que meu pai era algum criminoso?
- Acredito que não. Há uma frase que ele comenta que não pode dizer nada a respeito, mas que era algo que certamente ela se orgulharia se soubesse, ele lutaria pela justiça.
- Um policial, um investigador, mas porque ir até a Sibéria?
- Eu procurei o nome dele na lista internacional de policiais, investigadores e tudo que podia haver uma conexão. Absolutamente nada, nem na França e nem em canto nenhum.
Você me deve esta Kyra, precisei pedir ajuda a uns amigos da Cia e Interpol.
- Obrigada Allan, eu saberei retribuir pode estar certo disso. Mas estou intrigada com toda esta estória. Será que ele é realmente meu pai?
- Aparentemente sim, pelo teor da carta e época que foi escrita, fica claro que aconteceu algo entre eles, e coincidentemente encaixa com o período de gravidez de Sophie.
- A cidade francesa que você mencionou, ninguém lá conheceu meu pai?
- Não. Ninguém fala, ninguém diz nada, ninguém viu. Parece que os dois foram dois fantasmas.
- Preciso encontra-lo de qualquer forma. Preciso saber o que aconteceu para ele sumir desta forma e minha mãe fugir da França.
- Kyra, você vai precisar pedir a exumação do corpo e realizar um teste de DNA para comprovar o real parentesco.
- Sim eu sei.
- Eu retornarei a Arras para tentar descobrir mais coisas.
- Ah Allan, meu bom amigo, o que faria sem você. Nunca conseguiria descobrir nada sem sua ajuda.
- Apenas tive um pouco de sorte Kyra. Como andam as coisas por aqui?
- Tenho de resolver um caso importante amanhã, estou atolada de papéis.
- Eu imagino como tem sido dura sua vida, acabou de se formar e já tem a responsabilidade de chefiar todo este complexo de escritórios de advocacia. Mas tenho certeza que dará tudo certo, você é muito dedicada e competente.
- Eu sinto tanta falta do meu pai adotivo, ele confiou em mim sempre e me entregou tudo isso após sua morte, espero fazer jus.
Eles permaneceram conversando algum tempo e por fim Allan saiu. Quando ele chegou na rua para pegar um táxi, um homem o abordou.
- Você fez o que pedimos?
- Sim, sim. Entreguei tudo a ela. Quando me darão mais informações?
- Você precisa retornar a França, faça uma viagem curta e retorne apenas para constar que esteve lá. Quando chegar daremos mais instruções. Parte do que combinamos foi depositado hoje, o restante fica para sua volta.
Enquanto isso, Kyra em sua sala pega a carta e acaricia o papel.
"Um nome tão bonito. Onde você está?"
Ela derramou mais uma lágrima, mas não havia muito tempo para chorar, logo Sam iria adentrar na sala com toneladas de papéis e coisas pra resolver.
Junho – 2001
- Aqui estamos nós de novo Kyra.
- Eu estou ansiosa com tudo isso, você conseguiu mais coisas?
- Sim. Visitei Arras e conversei com várias pessoas, inclusive moradores mais distantes e depois de várias informações, finalmente consegui informações.
- Eu não agüento de curiosidade fale.
- Bom, a estória é um pouco complicada, pois envolve um grupo que parece ser muito forte mundialmente, apesar de ninguém nunca ter ouvido falar.
- A Fundação Graad japonesa é apenas uma fachada para esconder este grupo que está localizado na Grécia. A atividades deles não é explicita, mas estão sempre envolvidos com os principais fatos ocorridos no mundo que podem modificar a história do planeta.
- Eu já ouvi falar muito da Fundação Graad, pertence a uma garota, Saori Kido.
- Isso mesmo. Ela vive em constante viagem entre a Grécia a o Japão, com certeza está ligada a este grupo grego.
- Mas quem são eles?
- Infelizmente não tenho esta informação. Mas com certeza seu pai está ligado a tudo isso.
Kyra aperta as mãos nervosamente.
- Das investigações que fiz, me indicaram algumas pessoas que provavelmente sabem sobre este grupo. Porém...
- querem dinheiro...eu darei tudo que quiserem, mas quero saber a verdade.
- Eles não querem dinheiro. Você deve ter algo interessante para eles, este é o preço.
"Se não querem dinheiro, o que eu poderia oferecer?" – pensa Kyra- "Não importa eu vou tentar de tudo até esgotar todas as possibilidades".
- Allan me diga onde encontrar esta pessoa, eu quero tentar de qualquer maneira.
- O nome dele é Hermes, um historiador especialista em cultura antiga. Ele está num ciclo de palestras na cidade, no Hotel Regency. Parece que vai ficar até o final do mês. Talvez seja a oportunidade certa.
Kyra não pensou duas vezes e pegou o telefone e pediu para a secretária fazer a inscrição nas palestras e os horários.
- Allan eu vou tentar, depois eu entro em contato e aviso.
O homem se despediu e saiu deixando a advogada completamente ansiosa. Ela pega um outro envelope e abre, começa a ler e verifica um valor 99 de probabilidade. Ela era realmente filha daquela mulher enterrada na Antuérpia.
"Preciso descobrir minhas origens e vou até o fim".
