Capitulo XI
Oh, Deus, eles não estão aqui!- Sakura repetiu, sentindo-se repentinamente tonta.
Shoran segurou-a pela cintura, ajudando-a a manter o equilíbrio. Sentia-se preocupado, claro, por saber que sua irmã não se encontrava em Wakani, mas ali, diante das portas dos fundos da hospedaria, para onde conseguira trazer Sakura na intenção de voltarem ao quarto, sentia uma sensação inquietante de alegria por imaginar que, diante do fato de Hideki e Fuutie não se encontrarem em Wakani. O dever falava ainda falava mais alto em seu peito, mas era bom poder sentir que ainda teria mais algum tempo ao lado de seu grande amor. Porque sabia que, assim que encontrassem o casal fugitivo, Sakura sairia de sua vida de uma vez por todas, como entrara: de repente, sem avisos.
Não sabia como conciliar o dever para com a família e a intensa paixão que ardia em seu peito, e o pior de tudo era que, mesmo ficando com Sakura, tinha consciência de que seu envolvimento não passaria de uma ligação passageira. A única coisa de que tinha certeza era que precisava esforçar-se para ficar junto dela, se quisesse ser bem sucedido tanto em encontrar Fuutie e Hideki quanto em ganhar o amor de Sakura.
Olhou para o cocheiro e, por sua expressão, percebeu eu o homem estava prestes a dar mais alguma má noticia.
No ultimo lugar que perguntamos sobre eles, senhora...
Pela segunda vez!-interferiu Tsuki, para que ficasse ainda vem claro que haviam estado em todos os lugares duas vezes.
O cocheiro prosseguiu como se não tivesse havido nenhuma interrupção.
Era a hospedaria mais afamada da região, e um dos criados de la nos garantiu que um casal tinha chegado por volta da hora do jantar, mas que havia alugado outra carruagem porque a sua estava em péssimo estado.
E esse homem disse para que direção seguiram?- Sakura perguntou, ansiosa. Shoran podia sentir o quanto ela tremia.
Não, senhora. Mas o ferreiro que trabalha para a hospedaria disse que eles partiram assim que a carruagem nova ficou pronta. Contou também que o jovem cavalheiro deu uma boa examinada no veiculo antes de partir.
Oh, meu Deus, para onde podem ter seguido?- Sakura suspirou.- O que farei agora!
Ela sabia que precisava de Shoran. E, percebendo isso também, ele sentiu suas energias se renovarem, apesar do acidente que sofrera.
Não podemos fazer nada por algumas horas- disse, seguro de si.- Então, vamos usar esse tempo da melhor forma que pudermos.- Virou-se para os criados e ordenou:- Vão dormir um pouco, e obrigado pelo que fizeram esta noite. Foi um bom serviço.- Os homens hesitaram, talvez a espera de ordens diretas de sua patroa. Mas ele nada disse e os dois se preparavam para afastar-se quando Shoran acrescentou:
E obrigado por terem salvado minha vida hoje. Foi uma demonstração de muita coragem.
Tsuki apenas sorriu, e Himura respondeu, fazendo uma breve mesura:
Foi um prazer, senhor. Boa noite. Boa noite, senhora.
Os dois criados se foram, seguindo para o pequeno quarto que lhes fora reservado na hospedaria. Uma porta abriu-se, ao fim do corredor, depois fechou-se logo, e Shoran a instigou para a escada:
Vamos ou acabaremos acordando todos os hospedes. Vamos dormir um pouco e pensar no que faremos amanha.
Sakura apenas assentiu, deixando-se conduzir. Também não resistiu quando entraram no quarto. Shoran revirou o fogo na lareira e tornou a pendurar suas roupas para que secassem. Sakura retirou uma camisola de sua mala e foi para trás de um biombo, onde trocou de roupa. Quando voltou, Shoran já estava deitado, coberto ate o peito. Ele bateu no espaço vazio a seu lado, convidando- a:
Venha. Prometo não toca-la.
Sakura assim o fez, mas agia com certa reserva, como se temesse cada passo que dava em direção ao leito. Estava calada demais para seu normal, Shoran avaliou, preocupado. Preferia vê-la agitada, como era de seu feitio, muito embora ele sempre tivesse problemas para adaptar-se ao seu temperamento forte. E, agora, aquele silencio o deixava ainda mais tenso.
Viu-a entrar sob as cobertas muito devagar e ajudou-a a cobrir-se. E não se afastou quando os pés gelados de Sakura buscaram o calor de suas pernas.
Acho que posso abraça-la pelo menos para aquece-la, não?- perguntou, a espera de um sim.
Sim, se se comportar.
Shoran sorriu e a abraçou pelas costas. Então pensou que deveria oferecer-se para seguir atrás de Hideki e Fuutie sozinho, deixando-a livre para voltar para casa e não mais se preocupar com tudo aquilo. Talvez, como ela já experimentara alguns desconfortos daquela viagem, Sakura estivesse aberta a aceitar tal sugestão. Ainda mais agora que teria de vasculhar todos os locais pelos quais o casal poderia ter passado.
E, talvez pela primeira vez em sua vida, Shoran percebia que não se dispunha a seguir o que a responsabilidade lhe mandava fazer. Estava alarmado, sim, com a situação, mas precisava cada minuto em que podia partilhar aquela cama com Sakura, mesmo que fosse apenas para dormir, como agora.
Sakura tentava dizer a si mesma que não deveria sentir-se tão bem por dormir com Shoran novamente, muito menos por esperar acordar em seus braços, como antes. Mas de nada adiantava as força de vontade. Não estava costumada a negar-se nada. Ao contrario, o dinheiro poderia não comprar a felicidade, ponderava, porem poderia comprar independência e prazer. E ate recentemente, estivera satisfeita com as duas coisas.
Imagino que tenhamos de decidir o que fazer agora- murmurou Shoran junto a seu ouvido, e ela arrepiou-se toda.
Confesso que estou perdida -respondeu. -Se não conhecesse aqueles dois tão bem, imaginaria que Hideki e Fuutie estão agindo assim de propósito, para nos obrigar a persegui-los dessa forma.
Talvez devesse apenas lavar as mãos quanto a seu sobrinho, Sakura ponderou; dar-lhe um pouco de dinheiro e depois esquecer-se dele quando desaparecesse para criar seu filho em paz. Afinal, Hideki não era seu parente de sangue...
Ouviu Shoran rir de leve e comentar:
Tenho certeza de que isso tudo é obra de minha irmã. Não me lembro de nenhuma vez em que Fuutie tenha feito o que se esperava dela. Neste momento, seu pobre sobrinho deve estar desejando que alguém apareça e o salve de ter de se casar com aquela pequena raposa. Ele sempre me pareceu ser do tipo que é o sonho de qualquer babá: calmo, metódico, desde pequeno.
Voce deve estar certo. Mesmo quando vi Hideki pela primeira vez, ele me pareceu solene demais para uma criança.
De alguma forma, aquele menino tranqüilo e calado, um tanto negligenciado pela família, conseguira conquistar seu coração. E Sakura sentia que não deveria deixar de zelar por ele agora; gostava do temperamento quieto de Hideki, não importando o trabalho que estava lhe dando agora.
Lembro-me de quando meu marido levou Hideki para Osaka no primeiro dia de férias escolares, depois que nos casamos- disse, lembrando-se muito bem daquele dia.- Eu sentia que o pobre menino estava feliz por se encontrar la, embora nem ele mesmo me parecesse acostumado a ser feliz. Era como se gostasse do que sentia, mas... não tivesse confiança em suas sensações.
Entao, o jovem Kinomoto é sobrinho de seu marido?
Sim. Filho da irmã de Percy. Os pais o tinham mandado para a minha casa naquelas férias. Viviam na Índia. Pouco depois, o pais foi morto numa guerra colonial e a mãe faleceu na viagem de volta ao Japão. O navio em que vinha naufragou. Pobrezinha.
Eu não sabia... pobre menino! Meu cunhado, passou por algo semelhante quando nos conhecemos na escola. Possuía pouco dinheiro, não tinha família... E eu o convidei para passar o verão conosco em Hong Kong porque o coitado não tinha outro lugar para onde ir.
A menção de um ato de bondade para com um colega de escola provou mais uma vez a Sakura quanto Shoran era gentil. Ele, provavelmente, teria se interessado bem mais por Hideki do que seu marido se interessara.
Minha sogra nunca prestou muita atenção ao Hideki- contou Sakura. Essa fora uma das razoes pelas quais ela se aproximara do menino tão estudioso.- Dizia algumas bobagens sobre sua filha ter se casado com um homem do qual ela não gostava. Imagino que fosse porque o pai de Hideki não possuía a fortuna que ela desejava para filha e para si mesma.
Sakura pensou por instantes, avaliando a figura da sogra. Então, meneou a cabeça e completou:
Puxa, não havia nada de agradável naquela mulher. O pai de Hideki não tinha dinheiro suficiente para agrada-la, e eu, com tanto dinheiro, não a agradava porque meu dinheiro não vinha da aristocracia, e sim do comercio. Parece que ate o dinheiro precisa ser de certo tipo para agradar certas pessoas...
Essa mulher teria se dado muito bem com meu pai- Shoran comentou, tentando manter um tom de brincadeira, embora houvesse amargura em sua voz.- Pobre de meu amigo. Apaixonou-se por minha outra irmã naquele verão, em Hong Kong, e, quando meu pai percebeu o que estava acontecendo, persuadiu ela a não aceitar a corte de Huang, embora fosse obvio que ela já o amava perdidamente.
A irmã de Shoran devia ser como seu irmão, Sakura imaginou; devotada demais ao dever familiar para deixar de obedecer ao pai.
Shoran continuou, agora mais serio:
Naquela época, eu achava que meu pai estivesse apenas preocupado com o futuro, com a felicidade de minha irmã. Mas depois percebi que ele queria, de fato, casa-la com um homem muito rico para poder, assim, recuperar toda a fortuna que vinha perdendo havia anos. Tinhas dividas incalculáveis e queria paga-las da forma mais vil e mesquinha que conheço: com dinheiro alheio.
E o que deu tudo isso?- Sakura quis saber. Interessada voltou-se para Shoran,- Você disse que esse rapaz é seu cunhado...
Ele a aceitou entre seus braços e respondeu:
Bem, pode-se dizer que o destino deu uma segunda chance aos dois. E eles foram espertos o suficiente para agarrarem essa chance com as unhas e dentes. É claro que houve uma certa ajuda minha e de Fuutie...- Shoran abafou um bocejo.- Foi uma das grandes alegrias da minha vida ver minha irmã feliz novamente.
Não devia ter sido fácil para a irmã de Shoran e seu marido reencontrarem-se, Sakura analisou, saboreando o terno abraço que a prendia e imaginando porque a felicidade de dois estranhos significava tanto para ela. Um rapaz rejeitado por seu primeiro grande amor e uma jovem que devia ter duvidado da possibilidade de ser perdoada pelo homem amado. Mas eles tinham conseguindo se entender e ter um final feliz para o seu romance; ou, talvez, um começo feliz...
Podia ser que o destino estivesse oferecendo também a ela e a Shoran uma nova oportunidade... Ali, junto dele, sentindo o calor de seu corpo, como duvidar de tal possibilidade? Se pudesse dar-se ao luxo de ter mais tempo para poder ponderar a respeito, se pudesse se distanciar da doce, mas forte tentação que Shoran representava, talvez conseguisse entender seus próprios sentimentos e as opções que tinha diante de si. Talvez uma semana ou duas bem tranqüilas em Osaka, quando aquela loucura de encontrar Hideki e Fuutie tivesse terminado...
Sentou-se de repente, com uma idéia brilhando em sua mente. E foi inevitável exclamar:
Osaka! Mas é claro!
Assustado, Shoran sentou-se também, indagando:
Mas o que houve, minha querida?
Nada, nada... apenas imaginei um lugar onde poderíamos interceptar Hideki e sua irmã: Osaka! Tenho certeza de que meu sobrinho não passaria tão perto de lá sem parar por algum tempo.
Acha mesmo? Que bom!- Mas ele não parecia estar tão animado quanto deveria com a nova perspectiva. Sakura imaginava que talvez fosse o sono que o acometia que o deixava assim tão pouco ansioso.- E onde fica Osaka? Quanto tempo levaríamos para chegar la?
Fica ao sul do Japão.- Sakura podia rever as viagens entre Tomoeda e Osaka, feitas tantas vezes em seu passado.- Se sairmos daqui amanha bem cedo, e se nada nos atrasar pelo caminho, poderemos chegar antes do anoitecer.- A idéia de poder estar em sua casa agradava-lhe sobremaneira.
Bem, nós não conseguimos encontra-los em nenhum lugar em que passamos- Shoran observou, voltando a deitar-se.- Vamos torcer que, da terceira vez, tenhamos mais sorte.
Sabem muito bem o que se diz: a terceira vez sempre costuma dar sorte!- Shoran tentava imprimir um certo ar de alegria ao falar aos criados de Sakura. Olhava para o cocheiro e para Tsuki sorrindo, mas ainda sonolento. Afinal, o dia acabara de clarear.
É verdade, senhor- concordou Himura, lançando um olhar rápido para Tsuki.- Então, vamos seguir para Osaka?
Shoran assentiu e acrescentou, procurando ignorar as expressões um tanto preocupadas que havia no rosto dos criados:
Vamos ter que parar para trocar os cavalos, é claro, bem como para comermos alguma coisa.
Entao, é melhor nos colocarmos a caminho.- O cocheiro colocou o chapéu de três bicos e virou-se para a carruagem.- A distancia ate Osaka não é tão pequena!
É, imagino que não. E sei também que vocês dois passaram boa parte da noite atrás de minha irmã e do sr. Kinomoto. Sinto muito pelas horas de sono que perderam.
Sakura saiu da hospedaria. Parecia cansada, pois não dormira muito bem o resto da noite. Pretendia faze-lo um pouco durante a viagem.
Talvez eu possa guiar a carruagem durante algum tempo esta tarde, para que vocês durmam um pouco. O que acham?- Shoran ofereceu aos criados.
Muito obrigado pela oferta, senhor- agradeceu o cocheiro- , mas eu não poderia aceitar. Fique tranqüilo, estou bem.
Deixe disso, homem- Shoran insistiu, ignorando o olhar que Sakura lhe lançava.- Nós todos vimos muito bem o que acontece a alguém que guia um cavalo quando não está em seu completo domínio de suas habilidades. Tenho certeza de que lady Kinomoto não gostaria de ver sua bela carruagem caindo dentro de algum rio por aí.
É claro que não- Sakura resmungou, a espera do desfecho daquela conversa.
Pois então! Estão vendo?- Shoran sorria.- Sua patroa está praticamente ordenando que acatem minha sugestão! E vocês dois nos estariam fazendo um favor ao trocarem de lugar conosco e deixar que possamos aspirar um pouco de ar puro, de cima da boléia.
Himura ergueu as sobrancelhas, mas, adiante da maneira como as coisas estavam sendo colocadas, concordou:
Já estavam meio a caminho de viajem quando ela decidiu tocar no assunto:
Mas o que foi que deu em você quando partimos! Porque ofereceu trocar de lugar com meus criados para que eles possam dormir no meio da viagem! Jamais ouvi algo tão... ridículo!
Não vejo nada de ridículo no que propus, Sakura. Esses dois homens salvaram minha vida. Não é porque são criados que não merecem certa consideração.
Shoran percebia que se inflamava ao falar e imaginava porque isso seria tão importante para si mesmo. Devia ser algo alem do fato de ter sido salvo por aqueles homens. Talvez fosse porque via as pessoas pelo que elas eram, valorizava-as como seres humanos, e não pelo que possuíam ou pela profissão que exerciam.
Olhou para Sakura com seriedade e prosseguiu, mantendo o tom de voz baixo:
Quando não se pode mais manter tantos empregos quanto se estava acostumando a ter, aprende-se logo a apreciar tudo o que eles fazem por você. Acho que não nos fará mal algum seguirmos na parte de cima da carruagem por alguns quilômetros num dia de primavera toa agradável quanto hoje.
Sakura entendia o que ele estava dizendo, percebia até mesmo o significado mais profundo que havia por trás de suas palavras.
É... Não vai ser assim tão ruim- concordou, vendo o rosto de Shoran abrir-se num sorriso.
Será divertido, você vai ver- ele prometeu.
Ela ergueu as sobrancelhas, não muito certa de que seria tão bom assim, e impôs:
Está certo, então, mas com uma condição!
E qual seria?
Quero saber mais sobre Hong Kong, a respeito da sua infância lá com suas irmãs e sobre os verões nos quais Huang esteve com vocês, nas férias escolares.
Oh, mas essa condição é fácil de aceitar!- Ele se recostou no assento e esticou as longas pernas.- Vou ter muito prazer em falar-lhe a respeito, embora deva avisa-la de que não sou tão bom contador de historias quanto Fuutie.
Ah, mas a minha condição não termina aí!- Sakura também acomodou-se melhor para ouvi-lo. Quero saber todos os detalhes. E o que você e Fuutie fizeram para que eles chegassem ao altar.
Está certo. Vou lhe contar tudo, então.
O pedido de Sakura fazia-o pensar e, antes mesmo de pensar, já estava dizendo:
Talvez eu seja como aquela odalisca em As Mil e Uma Noites. Você vai me manter por perto enquanto eu estiver contando belas historias...
A expressão de Sakura mudou, e Shoran desejou não ter feito aquela brincadeira, muito embora tivesse descrito boa parte de seus sentimentos. Os lindos olhos verdes dela mostravam uma mistura de apreensão e intensidade que ele não entendia muito bem.
E, antes que Shoran pudesse dizer alguma coisa para desculpar-se, Sakura o confundiu ainda mais com um belo sorriso e um murmúrio:
Quem sabe? Talvez eu queira mante-lo assim, perto de mim...
Sem saber ao certo se ela falava sério ou não, Shoran apenas sorriu de leve.
Acho melhor eu começar, então, certo?- indagou.- Bem vejamos... O que posso lhe dizer sobre Hong Kong? É uma cidade muito antiga, mas não enorme, acho eu. E os Li tem morado ali desde tempos imemoriais. Há um belo bosque ao redor, com arvores altas, centenárias, e um riacho.
Se continuasse nesse ritmo de descrição, Sakura logo estaria dormindo, em vez de incita-la e mante-lo em sua companhia. E vasculhou sua mente em busca de alguma curiosidade sobre Hong Kong que pudesse atiçar o interesse dela.
O riacho é muito límpido e de águas firas. Desemboca no rio Bang. Quando Huang vinha para passar as férias de verão, costumávamos pescar e nadar nele. Certa vez, Fuutie convenceu minha irmã a nos espionar. Queria saber se usávamos nossas ceroulas enquanto nadávamos.
E vocês usavam?- Sakura, de fato, se interessava.
É claro que não! E minha irmã acabou pagando por sua curiosidade quando se esticou demais para nos observar e acabou caindo no riacho.- Shoran começou a rir ao se lembrar do fato.- Se você tivesse a conhecido, Sakura! Ainda mais do jeito que ela era naquela época!- ele meneou a cabeça e explicou: - Toda bonita e elegante! Isso para não mencionar seu senso de indignidade! Queria que a tivesse visto, batendo os braços, desesperada, dentro da água, angustiada, pensando que iria se afogar.
Oh, pobrezinha!- ela comentou, vendo-o rir sem parar- Ela não se machucou?
Talvez um pouco, mas apenas em sua vaidade. Em especial porque seus cabelos ficaram desmanchados, colados a cabeça, e seu lindo vestido cheio de laços ficou encharcado! Nem sei como eu e Huang não nos afogamos de tanto rir! Mas as nossas risadas acabaram por nos afundar mais inda na água. Minha irmã não poderia ter se afogado porque bastava ficar em pé para poder sair tranqüilamente do riacho. Mas ela ficou sem falar conosco por mais de uma semana. Mas nos via, erguia o nariz no ar e dava-nos as costas.
Ah, pois eu ficaria um mês sem olhar para vocês!- Sakura exclamou, embora parecesse mais divertida do que indignada com a historia.- O que mais vocês faziam para se divertir nas férias, alem de nadar nus no riacho e rir do infortúnio de sua pobre irmã?
Bem, vejamos...- Shoran pensava. Seus olhos ainda estavam marejados de tanto que rira.- Jogávamos bola, golfe, tênis. Eu e Fuutie sempre jogávamos contra minha outra irmã e Huang. As vezes fazíamos uma cesta de comida e bebida. Costumávamos colher frutas. Também jogávamos cartas, xadrez, em especial quando os dias estavam chuvosos. Outras vezes nos enrodilhávamos nos sofás para ler bons livros. Costumávamos ler em voz alta as partes de que mais gostávamos, para que todos pudessem partilhar a boa leitura ou cenas divertidas de romances que tínhamos em casa.- Shoran interrompeu-se e a olhou.- Parece tedioso para você?
Sakura negou rapidamente com a cabeça.
De forma alguma! Eu teria dado qualquer coisa para fazer parte dessas atividades quando era adolescente. Diga-me: vocês nunca iam as festas?
Ah, muito raramente. Apenas quando as garotas conseguiam nos convencer a acompanha-las ao clube local. Lembro-me de uma ocasião em que um vizinho meu deu uma festa em Xiang.
Xiang?
É. Uma propriedade imensa não muito longe de Hong Kong. Depois que meu vizinho morreu, o lugar foi assumido por um parente seu muito distante, que logo colocou tudo a venda.
Shoran pareceu entristecer-se. Pensava na raiva que sentira ao ver aquele belo lugar sendo tão pouco considerado na época. Mesmo quando Huang voltara e comprara Xiang, ficara em sua mente aquela vaga impressão que era ainda muito triste saber que aquela linda propriedade acabara saindo da família porque não favia muito herdeiros para assumi-la. E, como em outras vezes em que pensara no assunto, ocorreu-lhe que o mesmo poderia acontecer a Hong Kong se ele não tivesse filhos...
Oi gnt!A quanto tempo eu sei. Eu decidi dah uma parada nah fic. Pra refrescar um pouco minhas idéias, q jah tavam ficando repetitivas.
Mas aqui tah, depois de mt esforço d idéias o 11 cap.
Eu coloquei nesse o relacionamento d Shoran e Sakura mais amistoso. Coitados soh brigas nah maioria dos cap. Ninguém merece hehe.
Vou tentar atualizar o mais rápido possível.
Mas não prometo nada!
Mt obrigado por TODAS as reviews do cap. Anterior
Bjs a todos!
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