Mundos
Aiko Hosokawa
Cap. 3 – Makai
Lentamente, dois focos de luz foram se abrindo. A princípio eram diminutos e não conseguia focar nada além de leve luz em meio à escuridão. Aos poucos as luzes foram se ampliando e finalmente o céu rosado pode ser visto e...
"Quêêêê? Céu rosa?" Gritou em pensamento o moreno, erguendo-se imediatamente e olhando para os lados, afoito, fazendo as bonitas madeixas azul-arroxeadas moverem-se de um lado para o outro.
À direita... Uma mata estranha, escura, quase assombrosa; à esquerda e à frente a mesma paisagem, então virou-se para trás vendo um enorme um rio calmo de mais ou menos dois metros de largura e do outro lado da margem subia enorme paredão de pedra amarelada.
"Por Zeus... Onde estou?". Milo perguntou baixinho para si mesmo coçando com a mão direita o alto da cabeça que doía insistentemente.
Tentava se lembrar o que havia acontecido, forçou a mente franzindo o cenho, talvez as memórias ajudassem a resolver aquela grande incógnita. Pensou... Havia deixado o Santuário disso lembrava-se perfeitamente, chegara à Índia... Humm... Depois... Depois...
"AQUELA MALDITA SARCEDOTIZA!" Gritou furioso ao lembrar-se da ruiva.
Yane era a única resposta plausível. Lembrava-se de ter caminhado com ela por escuros corredores e depois contemplar o maravilhoso templo subterrâneo de Shiva, e finalmente ouvir aquela voz doce e feminina recitar um mantra que lhe roubou a consciência e a última coisa que lembrava é de ter visto o rosto do amigo Kamus antes de tudo se tornar escuridão.
"Ahhhh! Tenho que sair daqui!".
Não fazia a mínima idéia de onde estava, porém seu instinto de cavaleiro dizia que aquele não era um bom lugar. Uma aura negra envolvia aquele cenário, pesando sobre sua cabeça e fazendo-a latejar ainda mais. Algo maligno ali habitava, isso podia perceber facilmente, porém não era um cosmo que pudesse identificar.
"Parado aqui é que não vou encontrar a saída!" Pensou, indo a direção ao rio. Estava faminto, com sede e todo o corpo doía como se tivesse passado por árduo treinamento.
Abaixou-se quando chegou à margem, observando a água que corria azulada no centro do rio e transparente mais próximo de onde estava. Suspirou, havia se metido em uma enrascada maior do que esperava! Aquele parecia um bosque completamente aparte do resto do mundo e tinha que voltar!
Temerosamente colou a ponta dos dedos da mão direita dentro da água, ela parecia boa e era bem fria, terminou de colocar aquela mão e então colou a outra, fechando-as em forma de concha e prendendo ali um pouco d'água, levando-a aos carnudos lábios e deliciando-se com o frescor que ela proporcionava ao corpo! Aproveitou para também lavar o rosto molhando a franja e alguns fios do bonito cabelo que grudaram na face morena e bela.
De repente... Um barulho!
As esferas azuis do cavaleiro voltaram-se rapidamente para trás, de imediato erguendo o corpo bem talhado pelos treinos feitos desde a infância.
"Quem está ai?". Perguntou estreitando os olhos furiosamente, se fosse aquela maldita ruiva não hesitaria em dar-lhe um bom soco, mesmo sendo uma mulher!
Cerrou os punhos começando a caminhar em direção ao lugar onde ouvira o som. No entanto, agora tudo estava calmo e silencioso, então parou a três passos da mata, olhou com calma procurando ouvir tudo o som que havia ao redor.
"Deve ter sido apenas o vento ou um pequeno animal". Concluiu em pensamento.
Novamente deu as costas à vegetação, ainda queria beber um pouco mais de água, porém... Em um movimento rápido um corpo saltou saindo da escuridão e indo ao encontro do homem que não notou a investida.
"Aaaaahhhhhhh!". A voz de Milo soa alto em grito de dor.
O ombro esquerdo do Escorpião havia sido ferido... Dentes estavam ali cravados enquanto tinha os braços presos por fortes braços de cor estranhamente avermelhada. A dor era quase insuportável e turvava a visão do jovem.
"Droga!". Praguejou em pensamento, não compreendia como não notara a presença de outro homem, mas não deixaria que aquilo ficasse assim!
Concentrou sua atenção tentando esquecer a dor, buscando em seu interior o cosmo necessário para jogar aquele agressor bem longe! Concentrou-se mais fechando os olhos, porém... Nada!
"O que está acontecendo? Por que não consigo queimar meu cosmo?". Perguntou-se em pensamento.
"Aaaahhhhhhh!". Novamente gritou ao sentir os dentes afundando em sua carne, se continuasse assim perderia todo aquele braço!
A única solução que encontrou foi usar de sua força bruta! Forçou os braços querendo separá-los do corpo, sentiu que aquele homem era muito forte, porém conseguiu um pouco de distância, as mãos dele aproveitando o pouco espaço para, usando o cotovelo direito, acertar o estômago do inimigo vendo-se livre da mordida, e então pegando aquele estranho braço e lançando o corpo que só então percebeu ser bem maior, para longe.
De imediato levou a mão ao ferimento e olhou para ele vendo que sangrava intensamente. Cerrou os olhos perigosamente, voltando-os para aquele maldito que havia lhe ferido!
"Por Athena... O que é você?". Ficou completamente atônito quando fixou o olhar naquele ser.
Não era um humano! E sim um monstro: era alto devia ter quase dois metros, os olhos não possuíam distinção de cor, sendo completamente negros possuindo apenas um brilho assassino e faminto, as mãos possuíam garras alongando os dedos em cinco centímetros, os músculos sobressaíam revelando cada linha de sua extensão em todo o longo e esguio corpo, e os dentes... esses apareciam pontiagudos sob um sorriso maléfico.
A língua azul escuro do ser percorreu os próprios lábios limpando o sangue vermelho, degustando prazerosamente depois moldando-se em sorriso ainda mais lascivo.
"Humano... Você será minha refeição!". A voz daquele ser saiu quase lânguida de sádico prazer ao dizer tais palavras.
Milo estava extremamente surpreso com tudo aquilo, não conseguia supor tese alguma para explicar o que estava acontecendo.
"Refeição?". Estranhou a declaração, então era isso que aquele monstro queria?
"Não sabe com quem está lidando, monstro... Não preciso de meu cosmo para derrotar um ser inferior como você!". Disse provocativo, jamais terminaria sua existência servindo de alimento para aquele horripilante ser!
"Te farei sofrer, bastardo!". Cada palavra era banhada em ódio e o monstro partiu para cima do cavaleiro.
O Escorpião se colocou em posição de batalha, mesmo que não conseguisse usar seu cosmo aquele ser lhe parecia lento como uma tartaruga, seria fácil derrotá-lo! E o ataque veio, desviou o corpo das garras que tinham o intuito de ferir o peito forte, porém...
"Aaahhh!" Novamente gritou sentindo o abdômen do guerreiro.
"Por quê? Por que mesmo vendo não consegui evitar o ataque?" Pensou vendo o corpo maior passar lentamente a seu lado.
O moreno foi ao chão com as mãos na barriga vendo o sangue novamente tingir o tecido e sua pele.
"Realmente, humanos falam demais... Pelo menos o sabor é bom!" Disse com desdém e superioridade o monstro.
Milo olhou para o lado vendo um galho seco de árvore, então percebeu aquele ser vindo novamente em sua direção, se o atingisse dessa vez provavelmente o mataria! Em movimentos rápidos pegou o galho - que se assemelhava a uma estaca - e então virando o corpo quase sentando no chão já vendo o corpo maior quase em cima de si e então... A improvisada adaga perfurou o abdômen do monstro atravessando o corpo comprido.
Os olhos daquele ser se arregalaram, a dor era absurda! Diante de seus olhos via o azul-arroxeado dos cabelos do humano, no entanto a cor pareceu ficar turva e sentiu as pálpebras pesando, no canto esquerdo dos lábios escuro sangue começou a escorrer.
O cavaleiro ficou surpreso com a cor daquele líquido que saía de dentro do monstro, era um vermelho quase negro e viscoso como nenhum outro que já tivesse visto! Então percebeu o corpo maior caindo para cima de si e o forçou para o lado. Quando novamente fitou aquela horrível face ele já tinha os olhos fechados e não mais respirava.
"Pela deusa...". Murmurou baixinho.
Tudo aquilo parecia totalmente irreal, um universo à parte parecia ter se aberto e levado consigo o cavaleiro de Escorpião. Olhou para os lados completamente perdido, e se houvesse mais daqueles? O que faria se outros fossem mais fortes? E, principalmente: como voltaria para casa?
Ainda atordoado, ergue o corpo que havia caído sentado. Olhou para si: ainda sangrava e o viscoso líquido do outro havia caído sobre si deixando-o completamente imundo.
"A primeira coisa a se fazer é limpar isso!". Disse, decidido a não ficar parado ali apenas esperando a morte chegar na forma de outro monstro.
Caminhou em direção ao rio e com alguns passos alcançou-o. Ajoelhando-se à margem e imergindo as mãos na água límpida que de imediato se tingiu de escarlate, limpou parte da sujeira que ali estava. Começou a esfregar as mãos vigorosamente uma na outra; quando as limpou completamente começou a lavar o rosto para só depois retirar a camisa que usava, mergulhá-la na água esfregando um pouco, e depois levando os ferimentos para também limpá-los.
Concentrado em seu intento, Milo não observava o que acontecia ao redor. O monstro novamente se ergueu cambaleante e então viu o humano à beira do rio, cerrou os olhos, furioso: iria matá-lo nem que fosse a última coisa que faria em vida! E então correu em direção a ele...
Uma corrente de ar tocou o corpo moreno que de pronto olhou para trás, novamente vendo aquele ser, agora mais furioso do que nunca e praticamente em cima de si. Ele ainda estava ferido e com o galho encravado no abdômen.
"Não vai dar tempo...". Concluiu em pensamento, seus movimentos estavam lentos e para piorar a dor pelo corpo parecia crescer a cada instante quase paralisando todos os músculos.
No entanto...
Um chicote de verde intenso cheio de espinhos envolveu o pescoço do monstro, parando-o de imediato e apertando-o com intensidade até que... A cabeça se separou do corpo, ambos caindo ao lado esquerdo do moreno.
"Minha vida é menor do que imaginava...". Pensou atônito após ter visto todos os fatos de sua memória em único lapso.
Ergueu o corpo de pronto, porém o brusco movimento causou forte vertigem e uma pontada de dor na cabeça, forçando-o a curvar um pouco o corpo e turvando a visão do moreno.
"Droga...". Praguejou, odiando ainda mais a situação. Tinha que saber quem o havia ajudado. Seria realmente um aliado? Ou outro monstro também faminto?
Abraçou o próprio corpo usando a braço direito, tentando estancar a hemorragia no abdômen que, assim como a do ombro, ainda jorrava sangue.
Parou completamente atônito! Poderia dizer que nem respirar conseguia! Finalmente viu, vindo em sua direção, o ser que o ajudara! Ele vinha com o chicote na mão direita, caminhando calmamente, e então viu a arma se transformar em uma delicada rosa vermelha.
A visão estava meio confusa, mas finalmente conseguiu focalizar e a primeira coisa que notou foram os olhos dourados, estranhamente profundos e belos, que pareciam hipnotizar de tão intensos!
Conseguiu enfim focar a face, ele possuía longas madeixas prateadas que se moviam devido ao vento suave que soprava, os traços eram muito diferentes do que jazia a seu lado: esse era belo, muito belo, além de se assemelhar mais a um humano. No entanto, percebeu que não o era devido a um par de orelhas cinza-claro que ornava a cabeça do monstro.
Ele continuava a vir em sua direção, então reparou no corpo: estava completamente vestido de branco, com uma camisa sem mangas que deixava à mostra o peito e descia prendendo-se à calça, esta que descia larga e prendia no tornozelo, por cima dela vinha uma espécie de saia que deixava ver completamente a perna coberta pela calça e descia até os pés, calçados com um tipo de sapatilha de mesma cor.
O corpo era esguio e comprido, dando ao ser uma aparência alta que de forma alguma parecia ilusão de óptica! Os movimentos eram quase lânguidos, parecia uma raposa a espreitar sua pequena presa.
Finalmente ele parou, ficando a um metro de distância do humano e fitando-o com curiosidade. Então aquela era a estranha presença que sentira? A aparência era de um simples humano, no entanto sabia que ele não era normal! Sentia isso só em ver aqueles olhos azuis que brilhavam como estrelas. Sorriu maliciosamente, realmente era um belo humano.
Milo estremeceu ao perceber o olhar que lhe era lançado, algo lhe dizia que se tivesse que lutar contra aquele monstro jamais ganharia sem utilizar o seu cosmo - que parecia ter se apagado completamente.
Com cautela o moreno deu um passo para trás, parando ao sentir a água molhar levemente seu tornozelo direito. Não conseguiria fugir, nem lutar, então o que fazer?
"Quem é você? O quer?". Rosnou ameaçadoramente o escorpiano.
"Hummm... Para alguém em seu estado e situação você é muito prepotente, humano...". Disse sorrindo sarcasticamente, analisando o corpo que notou ser muito bonito, mas que sangrava intensamente.
"Obrigado. Agora me diz o que quer?". Falou sem mudar o tom, mantendo o olhar firme nos olhos do outro.
"Vim te ajudar...". Disse, mantendo o mesmo sorriso na face.
"Não preciso da ajuda de um mons...". Interrompeu a palavra no meio, não devia provocar o ser do qual nada sabia e que por isso não podia dimensionar o poder.
O belo monstro sorriu.
"Realmente sou um monstro. Sou um Youkai, conhecido como Raposa Kurama Youko... E o que pretende fazer, sozinho, aqui no Makai? Logo se tornará comida de um youkai mais forte do que aquele ali...". Disse estranhamente sereno.
Milo encarou aquele ser... Kurama, ele tentava aparentar confiança e tranqüilidade, porém aqueles olhos dourados mais pareciam com os de um caçador astuto o suficiente para querer enganar seu alvo.
"Obrigado pela ajuda, mas eu a dispenso". Disse em tom moderado.
Nesse momento o escorpião sentiu as pernas enfraquecendo como se fosse ao chão, tudo ao redor girou e tornou-se nebuloso, as cores se misturando em velocidade absurda, sentiu a força fugindo-lhe completamente do corpo, o qual começou a cair para trás...
Sentiu uma forte mão segurando-lhe pela mão direita que se esticara no movimento, e em um solavanco o corpo foi puxado impedindo que caísse na água... Notou um delicioso perfume silvestre entrando em suas narinas e então percebeu o contato do tecido e da pele macia do youkai contra seu peito nu...
Milo estava envolto pelo braço direito do youkai, os corpos estavam completamente colados e seus sentidos se misturavam. A mão esquerda de Kurama foi de encontro ao rosto moreno, tocando a maçã da face, delicadamente passando as unhas sobre a pele com leveza.
"E o que vai fazer em relação ao veneno que corre em suas veias... A saliva daquele youkai que acabei de matar é venenosa, e poucas pessoas nesse mundo conhecem o antídoto e... Você está nos braços de uma delas...". As palavras saíam quase sádicas e cheias de luxúria, murmuradas próximo ao ouvido do cavaleiro.
"Hummm...". Não conseguia responder, mas sentia em suas entranhas, que queimavam e ardiam, que tudo aquilo era verdade.
"Não... Não deixarei que um espécime tão belo e raro morra assim... Você será meu!".
As palavras soaram sádicas e cruéis aos ouvidos do Escorpião, porém ele não conseguiu protestar. Tudo lhe pareceu mais distante e não conseguia mais discernir os sons ou as cores, e novamente a consciência deixou seu corpo.
oooOOOooo
Forte latejar na cabeça... Novamente os olhos azuis foram se abrindo de imediato a mão direita foi de encontro à dolorida cabeça fazendo os dedos entrelaçarem-se nos fios azul-arroxeados.
Sob seu corpo notou uma macia superfície que exalava uma almiscarada fragrância, olhou para os lados vendo um luxuoso lençol vermelho que lembrava o cetim, no entanto muito mais macio, então notou que por cima do próprio corpo o mesmo tecido se fazia presente até próximo ao umbigo. Remexeu-se um pouco, notando que estava completamente nu.
"Merda! Onde estou?". Praguejou ao se sentar, apoiando ambas as mãos nos lençóis atrás do corpo.
Olhou ao redor fino acortinado, também vermelho, dessa vez semitransparente que envolvia o leito, e devido a ele não conseguia ver o outro lado. Levou as mãos à cintura segurando lençol e então erguendo o corpo. Notou que seus ferimentos estavam cobertos por limpas ataduras brancas.
A mão esquerda do moreno continuou prendendo o tecido, impedindo que sua nudez ficasse exposta enquanto a outra foi tocar o acortinado, puxando-o com delicadeza até que este se abriu.
Os belos olhos do moreno fitaram o que havia ao redor, os pés descalços tocaram o solo encarpetado e macio. As paredes eram de pedra escura, no entanto não era um quarto comum, elas curvavam-se formando uma grande caverna da qual não conseguia encontrar a saída ao olhar para os lados. Velas bruxuleavam iluminando o local, mas apenas dando luz para criar uma penumbra suave, e os castiçais que as erguiam em tríade em alguns pontos eram os únicos moveis além da cama.
Milo deu mais alguns passos, fitando tudo em busca de detalhes que lhe fugiram na primeira observação. Uma grande estalagmite surgia do chão próximo à parede em um dado local que lhe pareceu mais claro do que o resto da caverna, então guiou o olhar para cima percorrendo toda a parede, que devia ter uns cinco metros ou mais. Lá no alto finalmente viu a única saída possível... Um buraco que devia ter no máximo oitenta centímetros de diâmetro.
"Mas que...". Praguejou baixinho, calando-se antes de terminar a frase.
"Como vou sair daqui?". Pensou, baixando novamente o olhar voltando a rastrear o que havia ao redor.
"Aliás, como mesmo vim parar aqui?". Perguntou a si mesmo em um misto de espanto e curiosidade.
Tentava puxar da memória os fatos, mas não conseguia se lembrar de algo que lhe desse uma pista. Recomeçou a caminhar, havia acordado em um mundo estranho, fora atacado por um monstro... Depois...
"Quem cuidou de mim? Quem me prendeu aqui?". Perguntava-se baixinho, e novamente sentou na cama deixando a leve cortina tocar seus ombros.
Afundou a face em ambas as mãos, apoiando os cotovelos nas pernas. Aquela viagem havia se transformado em um pesadelo! E, por Zeus, não conseguia encontrar uma saída! Estava preste a entrar em desespero!
Uma linda figura se formou na escuridão de sua mente... Belos cabelos lisos de um azul-petróleo esplêndido, olhos de um azul-gelo estonteante e face tão perfeita e pura como a de um anjo...
"Meu amigo Kamus... Parece que não vou conseguir cumprir minha promessa...". Concluiu baixinho e triste, olhando para as próprias mãos.
Um barulho... Milo sobressaltou-se novamente, segurando o lençol junto ao corpo com a mão esquerda e erguendo-se em um pulo. Então viu... Um vulto branco que descia pelo buraco, e então a figura pousou lindamente de pé, os cabelos cor da lua moviam-se, depois parando perfeitamente alinhados.
"Um youkai... Kurama!" Milo murmurou as primeiras palavras dizendo o nome do outro em tom mais elevado, de pronto sentindo uma forte pontada na cabeça que o obrigou a colocar a mão livre sobre ela e novamente sentar nos lençóis.
A raposa sorriu ao ver o humano, ele era tão lindo! Aquela bela pele morena era tentadora, sentia ânsia de marcá-la e mostrar que aquele ali seria só seu! Os longos cachos de cor exótica serviam de espetacular moldura para aquela face desconcertantemente bonita e... Sim, aquele lençol vermelho combinava perfeitamente com ele como se escarlate fosse a sua cor.
"Ahhh... Humano, não seja tolo. Teu corpo ainda não expulsou todo o veneno, isso leva algum tempo". Falou, aproximando-se de seu pequeno bichinho de estimação.
Com um olhar furioso o escorpiano o fitou, os belos orbes azuis demonstrando o mais puro ódio e fúria!
"'Humano', 'humano'! Pare de me chamar assim! Tenho nome!". Disse com em tom mais elevado, as palavras daquele youkai soavam como se fosse apenas um objeto, um ser sem valor e isso irritava profundamente.
"Como é arredio... Não te chamo pelo nome por que ainda não o disse a mim...". Parou a frente do moreno, cruzando os braços e observando atentamente, analisando cada pequeno detalhe da face e do corpo bem trabalhado enquanto esperava a reação dele, mantendo sua feição séria, quase intimidadora.
"...Milo, meu nome é Milo de Escorpião...". Pensara em responder grosseiramente, porém poderia ser muito perigoso e as palavras saíram mais suavemente do que o planejado.
"Então...". Kurama abaixou, agachando-se, e por isso ficando um pouco mais baixo que o outro.
"... Milo. Vamos esclarecer a situação. Não sei como você veio parar no meio do Makai, isso é um mistério que não pretendo desvendar. No entanto você, como simples humano, não pode viver sozinho aqui. Como deve ter percebido, humanos aqui nada mais são do que alimento...". Os olhos dourados da raposa estavam fixos nos azuis do cavaleiro, demonstrando firmeza e confiança, mostrando que não havia mentiras naquelas palavras.
"... Mas convenhamos, seria um grande desperdício deixar que esse belo corpo fosse estraçalhado por um youkai qualquer... Por isso a partir de agora você é meu. Ficará sob meus cuidados, vou te alimentar e cuidar dessas feridas. Se deixei alguma dúvida você não tem escolha, sair dessa caverna é impossível para você então simplesmente aceite seu destino!". A feição do youkai não mudou, continuando naturalmente superior e soberba.
Um grande furor surgiu no âmago do cavaleiro, espalhando-se por todo o corpo a ponto de corar a face de pura raiva. Estava sendo tratado como um animal, como se não tivesse vontade própria, iria esganar aquele maldito ser!
"Como ousa?". Perguntou o moreno, quase bufando. Fez menção de erguer o corpo, mas...
Em um movimento, rápido Kurama foi de encontro ao outro forçando o tronco do cavaleiro para trás e fazendo o dorso bonito a ir de encontro ao macio colchão.
Quando deu por si, Milo já tinha o outro em cima de si, ele apoiava ambas as mãos ao lado de sua cabeça, o joelho esquerdo do youkai estava entre suas pernas e o outro estava do lado de sua perna esquerda, prendendo-a ali.
Em gesto rápido, as mãos de Milo foram de encontro ao peito de Kurama no intuito de jogá-lo longe, porém a pequena força humana que possuía não era capaz de afastar aquele ser que, apesar de impedir que saísse, não o tocava.
"Sai de cima de mim!". Falou irritado, forçando novamente sem sucesso.
"Realmente... Selvagem...". A voz da bela raposa estava impregnada de luxúria lasciva, e os belos olhos dourados cerraram-se levemente brilhando de forma predadora.
"... Hummmm... Prefiro assim, será um grande prazer te domar!" E então sorriu sadicamente.
Milo estremeceu completamente. Aquele monstro só poderia estar brincando! Ele não faria realmente aquilo... Faria?
"Zeus... Athena... Kamus... Uma ajuda agora seria boa!". Pensou sentindo o peito apertar. O coração parecia oprimido, principalmente ao lembrar do amigo, aquele cavaleiro de aparência tão fria era sempre seu salvador nos momentos em que aprontava, agora o adorável amigo não estava a seu lado e nada poderia fazer.
Novamente tentou desvencilhar-se de Kurama forçando os braços e movendo as pernas, no entanto o ato foi inútil servindo apenas para descobrir as pernas bronzeadas e roliças, ficando assim o lençol a cobrir apenas o sexo do cavaleiro.
A raposa Youko fitou a face do moreno, ele havia enrubescido levemente provavelmente devido à raiva, os lábios carnudos estava entreabertos puxando o ar com força e um pouco acelerado. Não entendia o porque de um simples humano estar lhe despertando tais desejos, mais iria consumá-los a todo custo!
Habilmente, Kurama pegou a mão direita que o tocava segurando com firmeza o pulso e levando-o de encontro aos lençóis escarlates, depois fazendo o mesmo com a outra mão, prendendo assim ambos os braços de seu humano. A perna esquerda da raposa moveu-se para frente tocando a região mais sensível do cavaleiro e forçando apenas um pouco aquele lugar.
"Se você for bonzinho vai ser bom para os dois...".
Aos poucos Kurama foi vencendo a distância que os separava, aproximando as faces... Até que finalmente parou a dois centímetros da face que havia virado para o lado, então aproveitou as posições para lamber a maçã daquele rosto perfeito.
"Huummm... Delicioso!". Murmurou com concupiscência.
"Se a pele é assim... Imaginar o resto me faz ter ainda mais vontade...". Falou baixinho ao ouvido do escorpiano mordendo levemente o lóbulo direito e apertando mais a perna sobre o sexo de Milo.
"Hummm...". Um pequeno murmúrio escapou rouco dos lábios do moreno e ele imediatamente odiou-se por isso.
Lentamente, o cavaleiro sentiu o peso do corpo do youkai sobre o seu. Ainda tinha as mãos presas e agora, devido àquele corpo, tinha seus movimentos ainda mais limitados. Não sabia o que fazer, jamais imaginara que sua aventura terminasse assim!
"Mesmo que os dragões fossem apenas moinhos de ventos (1)... Eu gostaria de conhecê-los... Deuses... Isso é tão errado assim?". Perguntou-se em pensamento, fechando os olhos com a ingênua esperança de que quando os abrisse estaria em sua casa no santuário de Athena.
Os lábios da raposa percorreram o pescoço moreno, beijando, lambendo e mordendo com lascívia, deixando a região avermelhada pelo contato já agressivo. Estava inebriado demais com aquele sabor, não conseguiria parar nem racionalizar sobre seus atos, afinal não era normal um youkai de sua estirpe se envolver de tal maneira com um reles humano, mas... Isso não tinha importância!
Milo mordeu o lábio inferior, fechando os olhos com força e afundando a cabeça no macio colchão. Queria lutar mas não conseguia, então decidiu não dar àquele maldito ser a satisfação de ouvi-lo gemer de dor!
As mãos de Kurama libertaram as do humano que não mais forçava para se libertar, estranhou quando percebeu que todo o corpo moreno parou de se mover e ergueu a cabeça com uma expressão interrogativa. Sorriu ao fitar o outro que se agarrava aos lençóis de olhos fechados mordendo o próprio lábio.
"Pretende se fazer de indiferente?". Perguntou em tom moderado com uma pitada de ironia sádica na voz. Então, usando todas as longas unhas da mão direita, tocou a face esquerda começando a descer lentamente...
"Saiba que não é algo possível... Ignorar Kurama Youko...". Disse sorrindo quase sadicamente, continuando em seu intento e tocando o peito bronzeado sem obter reação do humano.
Agora a faminta boca do youkai foi de encontro ao peito forte, tomando o mamilo esquerdo enquanto a mão massageava o outro, apertando-o com desejo. A língua atrevida tocou a pele quente, circulando o local acariciado que logo em seguida foi sugado.
Com mais força, Milo mordeu o lábio inferior, contendo o gemido que ficou preso em sua garganta, e as mãos se fecharam ainda mais contra o tecido macio. Esperava que o monstro lhe tocasse de forma agressiva e dolorosa, mas o que acontecia era totalmente diferente!
"Athena...". Pensou, sentindo o corpo aquecer.
Não deixaria! Não se permitiria!
"Não! Não! Não!". Era o que dizia a racionalidade, porém o corpo ia a contraposto, desejando cada vez mais aquele corpo quase humano, dizendo para tocá-lo, mas não se entregaria tão facilmente!
A língua curiosa da raposa percorreu todo o peito bem trabalhado indo de um mamilo ao outro, tomando agora o direito, e a mão esquerda de Kurama começou a descer pelo corpo forte abaixo do seu.
Milo estremeceu ao sentir a mão quase a tocar-lhe o desejo que despontava a contragosto. "Qual seria o sabor daqueles lábios?" Se perguntou em pensamento, repreendendo-se logo em seguida.
E então sentiu o toque na parte interna da sua coxa esquerda, arqueando as costas e afundando-se mais nos lençóis. Por mais que tentasse negar, não era possível esconder toda sua excitação, o próprio corpo denunciava-o, e até mesmo os longos fios prateados a lhe tocar eram perfeitos!
"Deusa...". Chamou em um murmúrio, abrindo os olhos e fitando o alto do domo escarlate.
Novamente os lábios do youkai saíram do lugar, subindo lentamente deixando um úmido rastro, indo agora de encontro ao lóbulo da orelha direita que logo foi mordido levemente.
"Não quero te provocar dor... Quero te ouvir gemer de prazer...". A voz de Kurama era rouca, sensual e lânguida, carregada do mais puro desejo carnal.
Então a mão que acariciava a parte interna da coxa morena tomou a ereção nua; de imediato o corpo bonito arqueou para trás e os lábios cantaram a libidinosa canção.
"Aaaaaaahhhhhhhhhhhh...". Gemeu longamente Milo, sem ser capaz de conter o tom elevado.
"Huummm... Assim mesmo... Lindo...". Murmurou sensualmente, iniciando o movimento de sobe e desce com a mão.
Os olhos azuis fixaram-se nos dourados em um misto de ódio e desejo, as mãos liberaram o lençol escarlate, a esquerda indo de encontro à camisa branca e a direita à nuca do youkai, prendendo os fios bonitos e puxando-o para si.
Kurama não conseguiu esconder o espanto quando teve os lábios atacados de forma faminta pelo humano, a língua penetrou com tanta avidez que de imediato não conseguiu reagir, mas logo seguindo o ritmo forte da carícia.
As línguas brigavam pelo posto de dominante, bailando em busca do sabor do outro em uma dança luxuriosa banhada em soberba, fazendo as salivas se misturarem, difundindo a deliciosa sensação. Não tardou e um leve gosto de sangue pôde ser sentindo em meio ao toque que parecia não ter fim, até que o ar faltou aos pulmões e os lábios se separaram.
Os seres se encararam por longos segundos. Milo não sabia o que fazer estava confuso demais com tudo que acontecera em tão pouco tempo e não conseguia compreender a própria reação.
"Meu humano... Milo... Você é uma caixinha de surpresas e muito gostoso...". Disse com luxúria Kurama Youko apertando mais o sexo do moreno.
"Aaahhhh...". Arfou com a intensificação, fechando os olhos e deixando a cabeça pender para frente, tocando o peito do outro.
O aroma daquela pele era o de plantas silvestres igualmente inebriante e excitante, Milo não conseguiu resistir encostando os lábios naquele local logo em seguida, mordendo levemente.
"Huuummmm... Isso, meu humano...". Kurama estava tomado pela surpresa, não esperava ser correspondido tão rapidamente, e pelo que percebia aquele humano era tão quente quanto ele mesmo.
Um pequeno ruído chamou a atenção do youkai, o barulho vinha de fora. Pareciam passos de alguém se aproximando.
"Kurama...". Então ouviu a voz de um integrante do seu grupo, mas não pretendia dar atenção àquele fato.
"Não pare...". Murmurou para o humano que havia voltado sua atenção para a origem do chamado.
"Kurama... É Yomi novamente...". Insistiu.
Os dourados olhos do youkai cerraram-se ameaçadoramente.
"Irei acabar com aquele idiota...". Disse entre dentes soltando o sexo de Milo e se erguendo em hábeis movimentos.
"Volto logo para continuarmos...". Murmurou sem olhar para o moreno, então saltando para cima e deixando o recinto.
Os olhos azuis do escorpiano brilhavam em estranheza, estava completamente só, excitado e deitado sobre lençóis escarlates olhando para onde a raposa havia ido. Deixou-se cair deitado levando ambas as mãos à face, escondendo-a completamente.
"Meu Zeus... O que eu estava fazendo?". Perguntou-se, odiando cada reação que tivera.
"Não posso ficar aqui e virar escravo sexual daquele monstro!" Falou erguendo-se em um pulo e jogando o lençol para o lado. Iria sair dali a qualquer custo!
oooOOOooo
Kurama vinha pulando de árvore em árvore retornando para sua toca, pensando que um dia iria realmente acabar com aquele maldito ser que fazia parte de seu bando. Atrapalhá-lo justo no momento em que o humano começava a retribuir as carícias! Em um pulo adentrou o local.
"Voltei...". Falou, mas não continuou olhando ao redor.
Tudo estava vazio, não sentia a presença do moreno de belas madeixas azuis, porém o cheiro era forte como se tivesse abandonado o local há pouco tempo.
"Mas como?". Murmurou olhando para tudo ao redor, então vendo a estalagmite que subia até quase o teto. Aproximou-se e percebeu vários pontos cavados, como se tivesse sofrido o contado com uma pontiaguda pedra. Também notara a presença de sangue, mostrando que a subida não havia sido fácil.
"Realmente uma caixinha de surpresas...". Murmurou irado, saltando novamente para cima.
Milo corria desesperadamente, indo ao máximo que seu corpo humano permitia, mas nem de longe alcançado sua velocidade de cavaleiro. Das pontas dos dedos, pegas gotas de sangue rolavam, mas não se importava tinha que sumir o mais rápido possível, pois, sabia, logo aquela maldita raposa estaria em seu encalço.
Corria em meio a uma mata densa, os galhos cortavam-lhe levemente as faces fazendo surgir vergões vermelhos e doloridos, mas o que chamou mais a atenção do moreno foi um som que vinha distante, como se estivesse sendo perseguido.
"Droga!". Praguejou em pensamento, não esperava que fosse tão rápido, Kurama estava logo atrás e se aproximando em alta velocidade.
"Desse jeito não conseguirei...". Falou dando mais alguns passos, saindo em uma infértil clareira onde apenas o solo marrom claríssimo existia completamente nu.
Não parou de correr até que se deparou com um enorme precipício, a queda era enorme mesmo para um cavaleiro, não dava pra pular! Um novo ruído e olhou para a mata, Kurama pulara agilmente saindo para a clareira com seu chicote de espinhos na mão direita.
Milo recuou alguns passos até que sentiu uma pequena pedra cedendo com seu peso, mostrando que se desse mais algum passo cairia. Engoliu seco ao notar o irado olhar dourado em sua direção.
"Humano... O que pensa que está fazendo?". Perguntou cerrando os olhos de maneira ameaçadora.
"Nem vem! Não volto pra lá nem morto!". Falou com firmeza.
"Acho que já deixei bem claro que você não tem opção!". Rosnou a raposa, Não queria fazer movimentos bruscos, sabia que se aquele humano chegasse ao solo não sobreviveria.
Milo olhou para trás, não pretendia se suicidar, mas se havia alguma possibilidade era aquela...
"Não mesmo...?" Disse, sorrindo sarcasticamente.
"NÃO!". Kurama gritou.
No entanto, era tarde de mais: o moreno dera o último passo e o corpo bonito pendia para trás, as madeixas onduladas dum azul maravilhoso moviam-se encobrindo parte da face do cavaleiro, deixando os olhos à mostra, revelando pavor quanto à incerteza.
Rapidamente a raposa deixou o local onde estava usando seu chicote, não seria assim tão fácil escapar!
Uma horrível dor no punho esquerdo e Milo se viu dependurado, sentindo o sangue escorrer por seu braço, olhando para cima e vendo os malditos espinhos perfurando sua pele.
"Você não irá escapar!". Kurama falou, deitado no solo com o braço direito esticado, fazendo as bonitas madeixas prateadas caírem em cascata que imitava a lua em magnitude, e os olhos brilhavam como o sol impiedoso.
"Não...". Murmurou Milo, sentindo o corpo se mover para cima devagar.
Os olhos fecharam-se mais uma vez. Lembranças tomaram-lhe a mente. Inevitavelmente, a face amiga se formou com seu sorriso tímido e discreto, aquela beleza gélida, no entanto agradável...
"Kamus...". Sussurrou abrindo novamente os olhos.
"Vou voltar!". Falou decidido, levando a mão direita ao chicote e segurando-o com firmeza, ferindo a palma dessa. Os pés foram de encontro à parede firmando o corpo, puxando com força e ficando como se estivesse em pé na vertical.
"Aahhh...". Kurama murmurou de dor ao sentir o solavanco. Por mais que fosse forte, aquela posição não lhe permitia segurar por muito tempo.
"Não serei seu escravo!". Afirmou convicto o moreno.
"Você não ousaria... Irá morrer!". Afirmou entre os dentes Kurama, sentindo uma pedra ceder próximo a seu peito. Poderia cair a qualquer momento!
Os lábios do escorpiano se transmutaram em um sorriso de superioridade.
"Sou Milo de Escorpião... Desafiar é comigo mesmo...". Falou e puxou com toda a força que tinha.
Novamente as madeixas azul-arroxeadas se moveram e o corpo forte começou a cair de costas, sentindo o vento forte.
"NÃOOOO!". Gritou Kurama, erguendo-se em um pulo e vendo seu humano cair.
"Vou te pegar de volta!" Murmurou dando as costas para o desfiladeiro.
Milo sorria enquanto caía. Mesmo que ainda não tivesse seu cosmo, poderia lutar! Perguntava-se se realmente poderia voltar para o Santuário e para Kamus... Então sentiu galhos lhe tocando de maneira dolorosa, alguns eram grossos, mas se quebravam devido a seu peso e velocidade, mas não sem causar danos a seu corpo e consciência que parecia cada vez distante.
A dor era dilacerante, não conseguia definir nada ao redor. Sentiu o corpo envolto por cipós que o prendiam como se estivesse deitado com as pernas um pouco acima do nível da cabeça, que pendia para trás formando uma bonita cascata arroxeada e cacheada.
Os olhos nublados conseguiram focalizar um ser que se aproximava, com belas e imponentes asas brancas, um corpo longo e esguio e uma face quase fria, no entanto bela e serenar.
"Um anjo...". Murmurou, e novamente a consciência deixou seu corpo, sendo abraçado pela fria escuridão...
Continua...
oooOOOooo
Nota:
01 - Essa é uma referência ao famoso livro 'Dom Quixote de la Mancha' do espanhol Miguel de Cervantes, onde o personagem principal "luta" contra um moinho de vendo afirmando que ele é um dragão.
Bom, mais um capítulo.
Sei que estou demorando na atualização, mas tá meio complicado escrever ultimamente... Eu queria um Milo indefeso, por isso retirei o cosmo dele. Imagina... Não ia da pra fazer a cena do amasso e todo o resto se o Milo usasse a Agulha Escarlate!
Obrigada por ler, espero que esteja gostando!
Aiko Hosokawa 13/05/06, 10:58 AM
