4º Capítulo – O Lago

Hermione sentiu uma mão passar-lhe carinhosamente pela testa e depois uma coisa húmida. Abriu os olhos e deu caras com o Ron a passar-lhe um pano húmido pela testa.

No dia anterior tinha estado com febres altas ao ponto de delírio.

- Bom dia, como te sentes? - perguntou Ron tirando logo o pano da testa de Hermione.

- Bem… – disse com uma voz fraca, ainda estava um bocadinho pálida. Olhou para o lado Ginny já não estava lá. - Onde é que está a Ginny?

- A Ginny está lá em baixo a tomar o pequeno-almoço. Como eu já tinha tomado incumbiu-me a mim de te ver a temperatura. - disse Ron com um sorriso - Parece que desceu durante a noite. A mãe foi buscar uma poção para ver se isso passa. Tens fome?

Hermione assentiu. Tentou arranjar forças para se sentar mas foi em vão. Ron ajudou-a e disse-lhe "Tem calma".

Passou-lhe o tabuleiro com o pequeno-almoço.

Ron saiu do pé dela

- Ron… – chamou Hermione ao vê-lo sair da beira dela.

- Sim… – disse Ron sentando-se aos pés da cama.

- Fica aqui – pediu muito baixinho.

- O que? Não percebi. - disse aproximando-se dela.

- Eu disse para ficares aqui. - disse Hermione embaraçada.

Ron ficou um bocado sem jeito, mas foi se sentar mesmo ao pé dela. Pôs lhe a mão outra vez na testa.

- Estás tão branca! Não te doí nada? - perguntou Ron preocupado passando-lhe a mão pela cara.

- Doí… – disse Hermione.

- O que? - perguntou Ron alarmado.

- O coração. - disse Hermione.

Ron não tinha percebido a indirecta.

- O coração! Oh Merlin… Acho que temos de ir a São Mungos…

- Ron, eu não preciso de nenhum medicamento, nem hospital, eu preciso de uma coisa que não tenho, mas que gostava de ter e esteve sempre ao meu lado. E está. - disse Hemione paciente.

Ron, agora sim tinha percebido o que ela queria dizer com aquilo.

Limitou-se a sorrir enquanto ela comia.

Mrs. Weasley entrou no quarto e apressou-se logo a ver a temperatura de Hermione.

- Como é que tem estado a temperatura Ron? - perguntou Mrs. Weasley muito aterefada a preparar a poção.

- Acho que está mais baixa… Ela está melhorzita. - e sorriu para ela e ela para ele.

- Ai ainda bem! - felicitou-se Mrs.Weasley - Toma querida! Faz-te descer logo essa febre e ficas boa num segundo.

Hermione bebeu, mas cuspiu logo a seguir.

- Sabe tão mal! - enojou-se Hermione.

- Vai Hermione, bebe! Para ficares melhor. - disse Ron levando-lhe aquilo à boca.

Molly ficou perplexa com aquele carinho todo entre Ron e Hermione e suspeitava que Ron gostava de Hermione.

Hermione bebeu tudo e deitou a língua de fora. Ron riu-se. Ela riu-se.

- Estou muito melhor! - disse Hermione levantando-se da cama. - Acha que já posso sair da cama?

- Podes querida! - disse Mrs.Weasley dando um beijo na face de Hermione.

- Ai! Ron, filho obrigada pela ajuda foi preciosa… bem eu agora vou indo lá para baixo… até já meninos! - disse Mrs.Weasley.

Hermione dirigiu-se a ele e deu-lhe um beijo tímido no rosto.

Ele pôs a mão lá e sussurrou "UaaU".

- Vamos lá para baixo – disse Hermione puxando Ron pelo braço.

- Primeiro tens de te vestir. - disse Ron.

- Ok, então desce que eu já vou ter com vocês. - disse Hermione.


Estavam todos sentados lá em baixo. Ginny fazia cócegas a Harry que por sua vez também as retribuía. Ron pensava em Hermione lembrou-se do quase beijo do autocarro e do beijo na cara. Cada vez tinha mais a certeza que a amava. Adorava tudo nela, o cheiro, a personalidade forte, a beleza e aquele sorriso lindo que fazia com que a outra pessoa sorrisse também. Ron acordou do seu "transe" logo quando Harry e Ginny estavam a meio de um beijo. Nesse momento Hermione descia a escada com um sorriso enorme.

- Hermione, estás bem? - perguntou Ginny que estava abraçada a Harry.

- Óptima! - disse Hermione.

- Ainda bem ! - disse Harry.

- Que susto hein? Primeiro o desmaio, depois aquela febre maldita… – disse Ron.

- Mas agora já passou – disse Hermione com um sorriso.

- O que é que vamos fazer hoje à tarde? - perguntou-lhes Ron.

- Vamos a Diagon-Al! - respondeu-lhe Molly com as cartas de Hogwarts na mão.

- Já chegaram! - excitou-se Hermione do lugar onde estava.

- Toma aqui estão os resultados e o material. - deu-lhe Mrs.Weasley.

Hermione quase rasgara o papel. Leu com um grande sorriso na cara.

- Então como foram os resultados? - perguntou Harry.

- Tudo brilhantes não é Hermione? - perguntou-lhe Ron.

- SIM! - disse ela abraçando-o de alegria, quando se deu conta do que estava a fazer afastou-se logo dele. - Deixa-me ver as tuas…

Ron passou-lhe o papel.

- Parabéns 3 Excede as Expectativas e 1 Brilhante!

Ele sorriu, pediu também as do Harry que tinham sido iguais só que em disciplinas diferentes, ela felicitou-o também.

- Bem este 6º ano vai ser muito complicado, mas a gente lá se arranja – disse Mrs.Weasley.

- Tanta coisa! - disse Ginny olhando para a sua lista.

- Tenho de dizer ao Arthur… temos de ir hoje lá, porque amanhã vocês vão para Hogwarts e ainda têm de fazer as malas.

- Tem calma mãe. - disse Ron.

- Vou mandar uma coruja ao vosso pai – disse Mrs.Weasley aflita.

E foi a correr mandar a mensagem.


- O Arthur disse para irmos que ele depois vai ter connosco. - disse Mrs.Weasley vestindo o manto.

- Vamos pelo Pó de Floo? - perguntou Ginny.

- Sim filha. - disse Molly.

Então juntaram-se todos ao pé da lareira, mas Mrs.Weasley lembrou-se de uma coisa.

- Hermione, querida, é melhor ficares. - disse Mrs.Weasley.

Hermione ficou desiludida.

- Mas eu estou bem. - disse Hermione com uma voz implorante.

- É melhor não, podes ter uma recaída. - disse Molly.

- Pronto! Tudo bem… – disse Hermione tristemente.

Sentou-se no sofá e amuou. Ron tirou o manto que tinha vestido.

- Eu fico com ela… - disse Ron.

- Não tu não podes fazer isso - disse Hermione agarrando-lhe no braço.

. Mas se eu quero… – disse Ron agarrando a mão de Hermione, que lhe estava a agarrar o braço. Hermione corou.

Mrs.Weasley ficou desconfiada.

- Mãe! Vamos? - perguntou Ginny ansiosa.

- Que bonita prova de amizade. - disse Mrs.Weasley sorrindo.

Harry começou-se a rir e a Ginny acompanhava-o.

- Eu chamava-lhe outra coisa! - disse Harry.

- Pronto meninos! Ron e Hermione cuidadinho e se não tiverem nada para fazer lavem a loiça. - disse Mrs.Weasley.

- Eu acho é que eles devem andar aos beijinhos ou aos quase beijinhos… - disse Harry a rir-se que nem um doido.

Ginny soltou uma soltou uma sonora gargalhada.

Ron olhou-o furioso e Hermione limitou-se a virar a cara.

- O que? - perguntou Mrs.Weasley muito confusa.

- Nada mãe, nada. É uma brincadeira - mentiu Ron , mas Mrs.Weasley percebeu que ele estava a mentir.

- Depois falamos. - disse Mrs.Weasley e foram desaparecendo um a um.


Dedicavam-se à leitura. Hermione lia um livro sobre Aritmancia e Ron sobre Quidditch. Mas ele não se conseguia concentrar, o facto de estar ali sozinho com a Hermione deixava-o muito nervoso.

Estava numa grande aflição por dentro, tinha de lhe dizer aquilo que sentia por ela senão era capaz de rebentar. Precisava de lhe dizer que a amava.

- Hermione, preciso de falar contigo… – disse Ron muito nervoso,

Hermione fechou o livro e sorriu-lhe.

- Eu precisava de saber se… – ao dizer isto Ron agarrou carinhosamente nas mãos de Hermione.

- Se! - perguntou com o coração aos pulos.

- Se queres… na-mo-rar comigo? - disse muito baixinho , parecia uma sussurro.

- O que? Repete lá. E de preferência mais alto. - disse Hermione com as mãos suadas por sentir as mãos dele entre as dela.

Ron apertou-lhe as mãos.

- Queres… queres… n-lavar a loiça comigo? - perguntou Ron tirando as mãos das dela.

Ela ficou desiludida. E soltou um " Claro!"

Foram os dois para o balcão da cozinha.

- Eu lavo e tu secas pode ser? - perguntou Hermione.

- Não. Tu ficas com a parte mais trabalhosa. - disse Ron…

- Eu não acho…- disse Hermione

- Lavamos os dois pode ser? - perguntou Ron.

- Tudo bem. - disse Hermione.

Começaram então a pôr os pratos na água. Cada um começou a lavar um. Ron agarrou num bocado de espuma e atirou a Hermione que fez a mesma coisa. E começaram assim uma brincadeira.

- Pára Ron! Ai… - ao tentar esquivar-se Hermione ia escorregando, a sorte foi Ron ter bons reflexos e apanhou-a a tempo.

- Desculpa! - pediu Hermione com um sorriso envergonhado.

- Desculpa eu - disse Ron - não devia ter começado com esta brincadeira.

Hermione pegou-lhe no rosto de maneira a que ficassem olhos nos olhos.

- Foi divertido – disse com um sorriso tirando-lhe um bocado de espuma que tinha no nariz.

Ficaram assim, a lavar a loiça. " Que coisa romântica" pensou Ron.


Bateram à porta, Hermione ia levantar-se, mas Ron parou-a.

- Eu vou lá - disse calmamente.

Ron viu através da janelinha da porta quem era. Ficou branco como cal.

Hermione reparou que ele estava um bocadinho fora do "normal" e foi a correr até ele.

- Estás bem? - perguntou aflita.

- Não… não pode ser - disse como se tivesse visto um ser maligno.

Hermione espreitou pela janela e abriu-se num grande sorriso.

Abriu a porta e deu um abraço forte a Viktor Krum.

- Que estás a fazer aqui? - perguntou Hermione.

- O que achas? Vim visitar-te, disseram-me que estavas aqui e eu decidi vir – disse Krum olhando Hermione de cima a baixo. Agradava-lhe bastante.

- Entra e senta-te… a tanto tempo que não falávamos. - disse Hermione sentando-se ao lado de Viktor Krum.

Ron limitou-se a olhar para eles. Decidiu subir.

- Bem vou subir para vos deixar à vontade! - disse Ron irónico.

- Não! - disse logo Hermione, não queria estar a sós com o Krum, depois das cartas que ele lhe escrevera - Fica aqui!

Aquelas palavras fizeram lembrar-lhe quando ela estava na cama e disse para ele não se afastar dela.

- Não vocês precisam … de por a conversa em dia – disse Ron olhando-os com desprezo.

- Por acaso temos – disse Krum, como quem o quer ver bem longe dali.

- Ok, eu fico - disse Ron.

Hermione sorriu-lhe em forma de agradecimento.

Viktor e Hermione falavam pelos cotovelos, Ron estava muito pensativo. " Que rico dia" pensou ele " Argh, que raiva, esse Viktor devia ir para o … Calma Ron… Acalma-te!".

Houve uma pergunta de Krum que o fez acordar.

- Como vais com os rapazes? Já encontraste o certo? - perguntou Krum com um olhar meio esquisito.

- Preferia não responder a essa pergunta. E tu? - disse Hermione envergonhada.

- Acho que sim – e fez uma festa longa no rosto de Hermione.

Ela ficou incomodada.

Ron ao ver aquilo gritou de dor, com o objectivo de Krum parar de tocar mais além do rosto de Hermione.

- Ron! O que é que foi? Ron! Estás a ouvir-me? Fala! - foi logo Hermione ter com ele. Passou-lhe a mão pelo braço enquanto Ron começava a ficar melhor.

- Então o que se passa? - perguntou Hermione muito preocupada.

- Senti uma dor de cabeça mesmo forte! Não sei se estás a ver… parecia que me estavam a entrar na mente… - mentiu Ron, mas Hermione não tinha percebido, alias até estava bastante preocupada.

- Ai Ron! - e agarrou-lhe nas mãos com muito amor.

Krum puxou Hermione pelo braço.

- Ele está bem! - disse Krum sentando-se outra vez com Hermione.

Se Ron queria atenção, conseguiu-a. Hermione não tirava os olhos dele.

Viktor não gostou nada daqueles olhares e decidiu pegar na mão de Hermione só para picar Ron.

Ron olhou-o furioso.

- Hermione vamos lá para fora? Aqui está muito abafado. - disse Viktor.

- Hum não sei, vens Ron? - perguntou Hermione cheia de esperança.

Antes de Ron poder responder, já Krum se tinha adiantado.

- Eu estava a pensar numa coisa mais a sós - disse Krum com aquele sotaque Búlgaro.

Ron calou-se. Não ia dizer nada. " Agora tens de escolher, ou ele, ou eu."

- Acho melhor não… - disse Hermione.

Krum puxou o rosto de Hermione para muito perto do dele de maneira a que os lábios ficassem muito próximos.

Ron estava pronto para saltar da cadeira a qualquer momento.

- O que é que se passa? Parece que estás a fugir de mim… - disse Krum calmamente, passando a mão pelo braço de Hermione. Esta estava cada vez mais nervosa. " Ai mãezinha!"

- Eu! Nah! Impressão tua! - mentiu. Mas muito mal.

- Óptimo! Então vamos… - disse Krum, puxando-a lá para fora.

Os raios de Sol do fim da tarde faziam brilhar as folhas das árvores. Hermione e Krum estavam sozinhos lá fora.

- Hermione, eu gosto mesmo de ti! Não aguento mais, eu mando-te cartas a dizer que a minha única vontade é estar contigo e poder beijar-te, e tu… tu… nada… desvias sempre a conversa…

- Eu já te expliquei que eu não sinto o mesmo por ti, desculpa! - disse Hermione olhando-o nos olhos.

- Mas eu posso fazer-te sentir, basta dares-me uma oportunidade para o demonstrar - disse Viktor agarrando-lhe nas mãos.

- Ninguém pode mudar aquilo que sinto - disse Hermione soltando as mãos.

O toque de Krum não era como o de Ron, carinhoso e cuidadoso, mas sim obsessivo, que pensa que pode ter tudo.

- Hermione, eu sei que sentes alguma coisa por mim - disse Krum aproximando-se cada vez mais dela.

- O que é que te deu? O que é feito do Krum que eu conheci? - perguntou Hermione desiludida.

- Esse Krum era um fraco! - disse Krum com um ar importante - Este novo Krum sagrou-se 5 vezes o melhor jogador de Quidditch de sempre e até agora conseguiu tudo o que queria. E hei-de conseguir.

Hermione não queria acreditar naquilo que ouvia, ele falava dela como se fosse um troféu.

- Quer dizer, tu estás a sugerir que eu ande contigo sem gostar de ti, é isso? - disse Hermione.

- Sim, mas eu posso dar-te tudo aquilo que quiseres, basta deixares-me ser o teu "dono" - disse Krum com um brilhozinho nos olhos.

- Então faz-me um favor… - disse Hermione.

- Diz, tudo o que quiseres - disse Krum.

- Vai-te embora e deixa-me em paz! - disse Hermione super irritada.

Krum ficou com os olhos esbugalhados.

- O que? - ele ainda não acreditava, nenhuma rapariga lhe tinha dado uma tampa.

- Vai-te embora e deixa-me em paz! - disse Hermione calmamente.

- Não posso ir embora antes de ter aquilo que quero! - disse Krum indignado.

- Pára! Pára! Estou farta que me trates como se fosse um troféu! -gritou num tom furioso.

Krum começou-se a rir.

- Mas Hermione… tu não és um simples troféu…(agarrou nas mãos dela) tu és o mais belo troféu! - disse Krum com um sorriso cínico.

Hermione ia responder, mas limitou-se a soltar um "Esquece!" e virou-lhe as costas e começou a andar em direcção à Toca, onde poderia estar junto do seu Ron e esquecer tudo aquilo que se passara no jardim.

Sentiu uma mão a apertar-lhe o braço com tanta força que se contorceu de dor.

- Onde é que tu pensas que vais? Ainda não acabamos a conversa - disse Krum puxando Hermione contra si.

O braço dela estava num tom carmesim quase roxo.

- Ainda estás aqui? - perguntou Hermione tentando-se soltar. Mas ele apertava-a contra si com cada vez mais força.

- Estou e não vou sair, até fazer uma coisa… - disse Krum puxando o rosto dela.

Estava a aproximar-se do rosto de Hermione que estava preso com toda a força.

- Nem te atrevas! Não! - disse Hermione com alguma dificuldade a tentar esquivar-se do beijo. - Não faças isso! Eu não gosto de ti! Não!

- Podes gritar a vontade! - disse Krum.

Tentou-se soltar mas foi em vão. Tentou bater-lhe, mas não conseguia, ele era mais forte.

Krum beijou-a agressivamente. Hermione ficou a sangrar do lábio.

Ela começou a chorar de raiva e de nojo.

- E agora, sentes alguma coisa por mim? Tu querias mais não era? - perguntou Krum cinicamente.

Hermione levantou a mão e espetou-lhe uma valente chapada na cara de Krum. Ele virou a cara e começou-se a rir.

Hermione começou a correr em direcção à floresta, só queria sair dali.


Ron encostou a cabeça à janela, pensava que amanhã iam para Hogwarts e ainda não tinha confessado a Hermione que gostava dela.

Nesse momento, Krum abre a porta com toda a força e agarrou nas coisas.

- Onde é que está a Hermione? - olhou Ron preocupado.

- Sei lá! Estás a ver-me com cara de detective não estás? - disse Krum.

- Olha lá, tu comigo não gozas, ou me dizes imediatamente onde está a Hermione ou vou ser obrigado a… – disse Ron tirando a varinha e apontando-lhe contra o pescoço. - Usa-la.

- Temos guarda-costas! Não sei onde está a tua rapariguinha, só sei que ela fugiu por aí. - disse Krum com um ar gozão e bateu a porta com toda a força.

" Onde é que ela foi? É melhor ir ver dela, ainda se perde…" pensou Ron.

Agarrou nas chaves e vestiu o casaco e saiu.

Procurou por todo o lado e nada. Estava a começar a ficar muito preocupado.

- Queres ver que ela se perdeu mesmo? - disse Ron com medo. - Oh Merlin! Onde é que te enfiaste miúda? Espera… Falta a floresta! Que por acaso está cheia de aranhas… brrr… Não … Sim… Vamos lá… anda Crookshanks!

Caminhou em direcção à floresta. O tempo agora estava frio.

Dentro da floresta, Crookshanks andava calmamente ao lado de Ron.

Chegaram ao sítio mais bonito. Ao Lago Da Verdade.

Era um lago enorme, azul… e cheio de árvores a volta.

Crookshanks desatou a correr em direcção a ele.

- Onde é que vais? C'os diabos! - disse Ron a correr atrás do gato.

Parece que tinha acertado no alvo.

Hermione estava sentada à berma do Lago, com a cabeça encostada aos joelhos.

Ron correu até ela.

- Hermione! Estavas aqui! O que é que te deu miúda? Estava preocupado! - disse Ron.

Hermione não reagia.

- Hermione o que é que se passa? - disse Ron sentando-se ao lado dela.

Hermione começou a chorar convulsivamente e encostou-se no ombro do Ron, onde chorava sem parar. Ron abraçou-a.

- Hermione… quem é que te fez mal…? Porque é que estás a chorar? - disse Ron levantando o rosto de Hermione.

- Estás a sangrar do lábio! Espera aí… – tirou um lenço que tinha no casaco e passou-lhe pela zona do lábio.

- Vais-me contar o que se passou? - perguntou Ron com uma voz muito doce. - Ou nem por isso?

- Eu… eu… – soluçou Hermione.

- Tem calma… Respira fundo… Isso… continua… – disse Ron.

- O Viktor, ele … ele… tinha anda-do… a es-crever umas cartas… que diziam … que esta-va completamen-te… apai-xonado por mim… e eu ti-nha me-do de ficar com ele so-zinha por isso mes-mo… e então… eu disse-te para não ires em-bora por isso… e de-pois lá fo-ra…

- Lá fora… – disse Ron como sinal para ela continuar.

- Ele dis-se-me que gostava de mim e que só queria estar co-migo… e depois tratou-me co-mo se fosse um troféu disse-me que eu podia ter tu-do o que eu qui-se-sse se eu deixa-sse ele ser meu do-no… eu ten-tei Ron, eu tentei…

- Tentas-te o que? - perguntou Ron passando-lhe a mão pela face para lhe limpar as lágrimas.

- Ele… ele… beijou-me a força… e deixou-me a sangrar do lábio… eu tentei… eu tentei livrar-me dele… mas ele tinha mais força que eu… eu gritei e ele nada… depois ele dis-se que eu tinha gosta-do e que queria mais… e eu dei-lhe uma chapada e vim para aqui…

- O que! Ele beijou-te a força! Porque é que eu não o enfeiticei naquele momento… - disse Ron furioso.

- Hã? - perguntou Hermione confusa.

- Ele foi a casa buscar as coisas dele e eu perguntei-lhe por ti… e ele começou com aquelas bocas foleiras e eu apontei-lhe a varinha… foi isso… - disse Ron calmamente.

- És doido! Tu podes ir expulso se usares magia fora da escola! - disse Hermione.

- Eu sei, Hermione. Mas foi mais forte que eu… - disse Ron.

Calaram-se durante algum tempo.

- Está frio não está? - perguntou Hermione com os braços em volta do corpo.

Ron tirou o casaco que tinha vestido e pôs-o nos ombros de Hermione. Ele reparou na enorme nódoa negra que ela tinha no braço.

- Como é que fizeste isto? - perguntou Ron passando a mão pelo sitio.

- Obrigada… foi ele… agarrou-me pelo braço… – disse Hermione.

- Estúpido! Ainda por cima é cobarde… fazer isto numa rapariga… eu não devia ter saído de perto de ti… eu tenho culpa… desculpa… - disse Ron arrependido - mas eu nunca pensei que ele te fizesse o que fez…

- Ron não tens culpa… a culpa é só minha… por um dia ter pensado que ele era uma pessoa diferente…

- Isso acontece Hermione, não te culpabilizes… ele é que foi estúpido, quem é que fazia isto a uma rapariga como tu? - disse Ron.

Fugiu-lhe a boca para a verdade. Ela corou...

- Sabes a história deste Lago? - perguntou Ron para tentar mudar de assunto.

Hermione abanou a cabeça.

- Este Lago chama-se Lago da Verdade, é um lago onde ninguém pode mentir e onde … os … os… apaixonados não se vão embora sem se beijarem… - disse Ron meio envergonhado.

- Que giro! É tão lindo… – disse Hermione com um sorriso. Pensou que não se podia ir embora sem beijar Ron.

- É… é como tu… – fugiram-lhe outra vez as palavras.

Ela ficou vermelha.

- Obrigada… – disse envergonhada. Mas ela de repente começou a chorar outra vez.

- O que é que se passa? Foi alguma coisa que eu disse? - perguntou Ron aproximando o seu rosto do de Hermione. Estavam mais próximos do que habitual.

- Não… nada de mais… - disse Hermione a sorrir.

Ron limpou-lhe as lágrimas … Hermione aproximou-se mais dele.

- Tens uns olhos lindos – disse-lhe.

- A sério? Obrigado. - disse Ron.

Hermione aproximava-se cada vez mais de Ron…

Estavam separados por centímetros, parecia a cena do Autocarro…

Foram-se aproximando, aproximando… aproximando…

Até que os lábios se tocaram... Hermione sentiu-se a explodir, não queria acreditar no que estava a acontecer… e parou… saiu dali a correr…

- Hermione! Espera! Desculpa - gritou Ron.

Ron passou os dedos nos lábios, não queria acreditar…

Estava mais feliz que nunca. Não tinha sido um beijo a sério… mas foi um beijo!

Hermione correu até casa, estava toda a gente lá…

- Hermione! Querida como estás? - perguntou Mrs.Weasley.

Mas Hermione nem olhou, subiu as escadas numa correria.

- Mas que bicho é que lhe mordeu? - perguntou Mrs.Weasley.

- Acho que foi o bicho do amor. - disse Ginny a sorrir.

Hermione lá em cima encostada à janela passava os dedos pelos lábios…

Parecia um sonho.

E pensou … " Afinal o Lago tinha mesmo efeito.."

Deitou-se na cama, não lhe apetecia fazer as malas para ir para Hogwarts, apetecia-lhe ficar ali a pensar no Ron.

"Como é que eu vou aparecer amanha em frente ao Ron?"

N/A: Bem espero que tenham gostado… mt trabalho q este deu! LOL BjoOs e deixem reviews ! xD