oOoOoOo

Estavam tomando o café da manhã, quando Heero cochichou no ouvido de Duo:

- Cê já pensou num plano?

- Já, mas nóis tem que esperar pela hora certa.

- Tá.

Sally entrou no recinto, sentando-se à mesa. Seu namorado, curioso, perguntou:

- Querida, o que a Relena queria?

- Ah, ela ligou avisando que chegará, com Zechs, hoje à tarde. Que bom!

- Mamãe, papai, quem são eles? – Trowa não fazia idéia de quem eles estavam falando.

- São seus tios, Relena e Zechs. – Wu Fofo riu maliciosamente. Ora, se eles tinham que ser os pais, por quê os outros não podiam ser os tios?

- Nóis temu tios, papai?

- Sim, Duo. Além deles vocês ainda tem as titias Hilde e Catherine, que vem logo, logo.

- Êh! Tomara que elas tragam brinquedos! – Duo comemorou, interesseiro.

- Tsc, tsc. – Wufflles balançou negativamente a cabeça, tentando reprimir algum comentário sarcástico acerca do que o pequeno moreninho falara, pois, com certeza, seria reprimido pela ruiva.

Um tempo depois, Sally e Wu Fei precisaram cuidar de certos detalhes para a chegada dos convidados, então deixaram os pequenos na sala de tv, assistindo uns desenhos que passavam. Duo engatinhou aos dois mais velhos, falando-lhes:

- Óia o que nóis vai fazê. – e cochichou o plano.

- Tá bom. – eles concordaram.

Duo levantou-se e foi até a mesinha de centro, onde havia uma pequena estatueta de dragão de porcelana. Sabia que seu pai amava aquele objeto chinês, por isso a jogou no chão, certificando-se de que fizera bastante barulho; depois correu e sentou-se no seu lugar.

Com o barulho, Wu Fei e Sally correram até a sala, pensando que algo ruim podia ter acontecido, mas, como chegaram lá e viram os quatro quietinhos e sentadinhos no sofá, estranharam, e então o papai perguntou:

- O que aconteceu?

- O Quat jogô o seu dagão no chão. – Duo falou, na maior cara lavada.

Wu Fei não entendeu direito o que ele queria dizer e deu a volta no sofá, indo a um local de onde pôde ver os cacos de vidro no chão:

- Mas o que...?

- É a sua estatueta de dragão, Wu Fei. – Sally respondeu baixo, percebendo o que era.

- A... Minha estatueta?

- É, papai, o Quat jogô ela no chão. – Duo repetiu.

O chinês sentiu tanta raiva que deu um passo a frente, disposto a pegá-lo de jeito, mas Sally segurou seu pulso:

- Calma, ele é um bebê, se esqueceu?

Wu Fei tentou recobrar a paciência, mas ainda estava irritado:

- Quatre... Por que você fez isso?

- Hum? – o acusado fez uma carinha confusa.

- Por que você jogou a minha estatueta no chão? Foi sem querer?

- Mas eu num joguei, papai...

- Jogô sim, Quatre. A gente viu. – Heero mentiu.

- Num joguei, não!

- Num mente, Quat. – Trowa, também mentindo, o repreendeu.

- Mas é veidade! Num fui eu!

- Quatre – Wu Fei estava sério – Não minta, que será pior. Eu perguntei por quê você fez isso.

O loirinho o olhou com uma carinha inocente:

- Eu num to mintinu, papai...

- Quatre, meu bem, seus irmãos estão falando que foi você, então não adianta dizer o contrário.

- Mas, momy...

- Vamos, Quatre, estou esperando sua resposta. – Wu Fei cobrou.

O menino ficou calado, pois não podia dar uma resposta que não era verdadeira e, ademais, não estava entendendo bolhufas do que acontecia.

- Você não vai dizer? Muito bem, vai ter que agüentar as conseqüências, então.

- Wu Fei, por favor, olha o que vai fazer. – ela pediu, uma nota de tristeza em sua voz.

- Tudo bem, Sally, leve os outros lá pro quarto de brinquedos antes que eles se machuquem nos cacos. Ele precisa aprender uma lição.

Sally ficou meio preocupada com isso, mas resolveu confiar no namorado. Pegou os meninos pela mão e os tirou de lá com cuidado, subindo as escadas e indo para onde Wu Fei havia indicado.

Wu Fei pegou Quatre e o levantou, sentando-se no sofá e colocando-o em seu colo:

- Pior do que fazer uma coisa errada, Quatre, é mentir. – o chinezinho o virou de bruços.

Estava pasmo pelo fato de o loirinho estar mentindo. Sempre fôra muito honesto e odiava mentiras, por isso castigaria o pequeno. Ergueu a mão e a desceu no bumbum dele; Quatre gritou frente a súbita e inesperada dor:

- Aaaii!

Wu Fei continuou batendo, tentando ignorar o choro do bebê.

- Buuuuááááááá... Num, snif, faz isso, não, snif, papai...

Wu Fei deu-lhe umas cinco ou seis palmadas, arrancando lágrimas e gemidos de Quatre. Assim que parou, deixou-o um pouco mais de bruço, esperando que o ardido em seu bumbum se amenizasse.

- Aiii... Papai... – o pequeno estava magoado por ter levado aquelas palmadas sem merecê-las.

- Are, are, Quatre... Se você mentir novamente, o castigo vai ser bem pior.

- Não, paizinhu...

Wu Fei o segurou no colo e foi procurar uma empregada:

- Por favor, Armênia, limpe os cacos de porcelana que estão na sala de tv.

- Sim, senhor. – respondeu a serviçal, condolente pelo pobre loirinho.

Quatre tinha o rostinho vermelho de choro, mas já havia se aquietado. O chinês foi até onde os outros estavam, largando o menininho no chão, próximo a Duo, que brincava com uma locomotiva. Após, bateu as mãos nas laterais de sua calça preta, enquanto Sally o mirava agoniada.

- Não se preocupe, Sally, agora ele aprendeu a dele.

A ruiva lançou-lhe um olhar de repreensão, mas não falou nada, voltando sua atenção novamente para Heero, que brincava com um soldadinho de chumbo com Trowa. De tudo isso, tinham tomado uma lição: não deixar as crianças completamente sozinhas, sem a supervisão de um adulto que fosse.

- Sally, você pode ficar com eles? Deixa que eu termino de ajeitar as coisas para Zechs e Relena. – o chinezinho ofereceu, colocando sua recém aprendida lição em prática.

- Ok.

Com um aceno de cabeça, Wu Fei deixou o quarto. Duo achegou-se mais de Quatre, sorrindo com diversão:

- Bem-feito pra você. – seus grandes olhos brilhavam numa falsa malícia infantil; e foi se afastando do bebê que ficara com uma expressão de "não entendi nada" e com ambas as sobrancelinhas loiras arqueadas.

Duo se juntou à Heero e Trowa, aproveitando uma distração da mamãe para lhes confidenciar com certa vaidade:

- Viram só? Meu plano deu certo, eu sou o mió (melhor) do mundo. Agora ele num vai sê mais o preferidu de ninguém. ( N/A: "mió"...¬¬)

- Será? – Heero perguntou, ainda meio desconfiado.

- Claro, né! Agora eu vou voltar pro meu piui. – afirmou Duo, engatinhando até o seu trem que ficara a meio caminho.

oOoOoOo

Duas horas depois, enquanto os pequenos tiravam o "cochilo pós-almoço", os irmãos loiros chegaram à sempre conturbada casa. Sally e seu koibito os atendiam na porta, vendo a quantidade de malas que eles carregavam... Ou melhor, que Zechs carregava, pois Relena só trazia uma mala quadrada nas mãos, deixando suas outras com o loirão.

- Há quanto tempo! – Relena entrou, abraçando-se a eles com um grande sorriso.

- Sim, sim. Vocês são tão ocupados com os negócios do reino que mal aparecem para fazer uma visita. – Sally repreendeu com um sorriso, soltando-se do abraço.

A loirinha ganhou tons claros de vermelho, envergonhada. Mas Zechs veio em seu socorro:

- Mas, antes de mais nada, como isso tudo foi acontecer?

- Ah, essa é uma longa e louca história. – Wu Fei confessou, ainda não aceitando o motivo de seus amigos terem virado crianças e ele estar naquela confusão toda – Bem, venham, vamos nos sentar na sala de visitas.

Os hóspedes entregaram as malas a um empregado, que as levou aos seus respectivos quartos. Sally segurou Relena pelas mãos, antes de se sentarem nos sofás:

- Vejo que está mais bronzeada, Relena. Que houve para estar assim? – questionou, vendo que sua amiga sempre bem arrumada vestia um vestido florido e sem mangas, sendo o único adereço de grande importância um colar adornado por grandes esferas imitando pérolas. (N/A: e Relena usa imitação? Õ-o)

- Ah, bem, tem razão. – respondeu, sentando-se elegantemente no sofá – Digamos que estou considerando essa estada como uma "pequena férias de serviço". Por isso, aproveitei ontem para ir à piscina do clube e "curtir" esse tempo livre. Pretendo deixar o trabalho de lado nesses dias e relaxar.

- Faz bem, maninha, você se enfurna demais com esses problemas do reino. Deveria curtir mais a vida, você é tão nova. – Zechs aconselhou carinhosamente, como o bom irmão que estava se tornando.

- O reino é nossa responsabilidade, não podemos nos ausentar muito dele ou não lhe conferir a devida importância. – ela suspirou.

- Ei, ei, ei! Se vai deixar o reino e seus problemas de lado, não devia estar falando sobre ele agora! – Sally observou.

- Hehe, você tem razão. – Zechs riu-se, coçando a nuca.

A ruivinha sorriu e continuou:

- Bem, eles estão dormindo agora. – relembrou o motivo da visita – E vocês devem estar cansados da viagem, se quiserem ir para seus quartos...

- Ora, e por que? Seria mais interessante botar logo os assuntos em dia, temos muito o que contar de novas.

As duas garotas riram, concordando, ao passo que o chinês fechava a cara, emburrado:

- Como se eu me interessasse por coisa tão inútil. – resmungou, porém, isso não quer dizer que não tenha ficado junto deles, fofocando. ;D

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Uma figura diminuta e sonolenta adentrou a cozinha. Duo foi se aproximando de uma mesa, esfregando um olho com a mãozinha. Aurélia, uma antiga e gorda cozinheira da casa, sorriu ao ver o menino lá: Duo era a alegria da casa, antes de virarem crianças, e vê-lo pequenininho assim a deixava com vontade de apertar aquelas bochechinhas rosadas e enchê-lo de mimos. Sorriu:

- Duo, querido, o que você quer?

Ao notar a mulher, o americaninho foi até ela todo dengoso e ela o pegou no colo.

- Lélia, eu quero leitinho.

- Leitinho? – a mulher sorriu diante do modo meigo dele falar.

- É, leitinho morno.

- Está bem, espere um minutinho. – o levou até a mesa e o sentou numa cadeira, indo preparar seu leite.

Ligou o forno e esquentou o leite. Estava a despejá-lo num copo quando Wu Fei entrou na cozinha também, surpreendendo-se ao encontrar Duo.

- Já acordou, Duo? (N/A: nãããooo, na verdade ele continua dormindo, isso é só um novo tipo de boneco robô da Bandai pra aumentar seus lucros em torno de Gundam Wing.¬¬ Wufei tapado!)

- Hunhun... – murmurou, tomando o copo das mãos de Aurélia e provando do seu conteúdo.

- Que bom, então venha logo conhecer seus tios.

- Titios? Que titios? o-ó

- Como "que titios", moleque? Ò-ó E nós não te falamos hoje que seus tios vinham nos visitar?

- Ahn... Ah, é! – por fim, Duo se lembrou do aviso no café da manhã – Eles já chegaru?

- Yep... E fale certo.

Mas o moreninho mal deu atenção à última frase do pai, pulando da mesa com energia:

- Eba! Cadê eles? Eu quero os brinquedo!

- Afê, menos, Duo, menos... Vem, eu vou mostrá-los pra você.

- Ebaa! – Duo correu até a porta, voltando seu corpo para o cômodo novamente: - Brigadu, Lélia. – e, recebendo um sorriso como resposta, aumentou sua carinha de sapeca, sorrindo, e saiu de lá de uma vez.

- Espera, Duo, você nem sabe onde eles estão... – o chinês ia atrás do moleque, que disparara na frente.

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Relena terminava de abandonar seu copo com suco de laranja na mesa de piscina quando Duo chegou correndo e parou à sua frente. Duo jogou as mãozinhas para trás e, balançando-se sobre os pezinhos, sorriu para a tia:

- Olááá!

Imediatamente os olhos de Relena brilharam ao ver seu amigo reduzido a um chibi fofinho.

- Ocê que é a minha titia Relena? – perguntou, curioso.

Primeiro Relena estranhou ver o cabelo do amigo curto, mas logo em seguida achou-o uma verdadeira belezinha.

- Duo! Que gracinha! – a loira enlaçou-o num abraço, apertando bem aquela coisinha gostosa entre si. Como era boa aquela sensação, fazia seu espírito materno saltitar uns tiquinhos! Por sinal, embora sua vida fosse repleta de compromissos e responsabilidades, desejava muito ser mãe um dia.

Porém, só então a palavra "titia" estalou como um flashe em sua mente: o que ele quisera dizer com aquilo? Afastou-se lentamente dele, mas ainda o mantendo entre os braços:

- Como disse, Duo?

Zechs, depois de guardar suas roupas e pertences, foi encontrar-se com a irmã e a ruivinha, que aproveitavam a folga para apreciar a brisa fresca do fim de tarde às margens da grande e bem cuidada piscina da casa dos Winners. E foi bem nesse instante que chegou, dando de cara com Duo:

- Ora, ora, então foi assim que você ficou? – inquiriu ao pequeno, rindo – Que miniatura de gente, nem parece o Shinigami que eu conhecia...

Duo virou-se para ele com os braços apoiados na cintura:

- Hã? Ei, você é o titio Zeh... Zechi... Tio Sexy?o.Õ

Todos desataram a rir e Duo olhou para seu pai, não conseguia pronunciar o nome que Wu Fei lhe dissera enquanto iam até eles. Mas acabou por se irritar ao perceber que riam dele:

- Do que que ocêis tão rindo, hein? – e cruzou os braço, emburrado.

- Olha, Duo, eu até acordo que eu seja sex... ouch! – Zechs parou o que falava ao levar uma cotovelada de Sally – Ai ai, que mulheres violentas... – resmungou, massageando as costelas, mas tornou a se calar ao ter três olhares o fuzilando... Er, bem, três porque as duas referidas mulheres não gostaram do que ouviram, mais Wu Fei que, não por estar incluído na ofensa do louro, mas sim porque não gostavam que falassem de sua namorada (N/A: que kawaii! n.n) – Tá, tá, o que eu queria dizer é que... Como assim "seu tio Zechs"?

Duo piscou os olhinhos, não entendendo. Sally, que até então estivera apenas observando a conversa, de sua espreguiçadeira, lançou um olhar inquisidor a Wu Fei:

- Sabe o que é, Relena, Zechs... Acho que Wu Fei pode explicar melhor essa história.

Ambas cabeças loiras voltaram-se para o chinês, a diferença é que a masculina exprimia um olhar não muito amistoso. Wu Fei sentiu suar frio, mas jamais admitiria estar intimidado:

- Er... Bem, vocês sabem, eu disse a eles que tinham tios... – ao receber um olhar mais feio ainda de Zechs, Wu Fei emendou – Vocês sabem como é, crianças precisam de uma família, hehe.

- Tsc, tsc, apesar de eu ter a leve impressão de que você está se divertindo muito com isso, dessa vez passa, Chang. – o loiro, no final das contas, não tinha achado má idéia.

Já Relena enrubesceu, ao pensar que seria titia de Heero. Duo continuou sem entender, mas uma palavra pronunciada pelo tio veio à sua cabeça:

- O que que é um Shinami?

Todos os adultos estranharam a pergunta que o menino fez e Wu Fei resolveu responder, depois de muito pensar, coçando a cabeça para ajudar os neurônios a funcionarem XD:

- Eu acho que é um tipo de comida, Duo.

Mas Sally deu um croque em sua cabeça:

- Ele disse "Shinami", Wu Fei, não "inhame". ¬¬ (N/A: boa, Pime, continue com as suas piadas sem-graças. Um dia ainda mato um de rir¬¬...)

- Oh...

- Eu acho que ele quis dizer "Shinigami"; Zechs acabou de dizer essa palavra, ele deve ter ficado curioso. – Relena ponderou.

- É, isso aí... O que que é isso? – Duo insistiu.

Sally aproximou sua face da do seu filhote:

- Você não se lembra, Duo, querido?

- Uhn... Não, mamãe. – respondeu depois de pensar um pouquinho.

E isso serviu para constatar que as crianças realmente não se lembravam de seus passados. Entretanto, Wu Fei viu naquela oportunidade uma ótima chance de atazanar o moreninho que, quando crescido, viva a fazer-lhe o mesmo. Bem, se vingar não era pecado... era?

- Bem, Duo, um Shinigami é... – começou o chinês, muito sério – Um terrível monstro que come criancinhas!

- É nada! Essas coisa num existe! – protestou o moreninho.

- Claro que existem, Duo. Ou você vai duvidar da palavra de seu papai? Se eu digo isso, é porque é pra você tomar muito cuidado pra não ser pego pelo maléfico Shinigami.

Duo arregalou os olhinhos, entre curioso e assustado:

- E... Ele pode me pegar, papai?

- Uhh, claro que pode, Duo. Sabe, o Shinigami era um homem antes de ser um monstro... – acrescentou sombriamente Zechs, entrando no jogo.

- Era? E porque que ele virô monstro?

- Porque... Bem, Duo, ele era um homem muito mal, que vivia perturbando todos à sua volta. E ele era tão mal que, para ganhar muito dinheiro, fez um pacto com o terrível, terrível, terrível demônio Deatscyth. Porém... – Wu Fei se achegou mais do pequeno, que se mantinha no mesmo lugar, os olhos alargados de medo – Ele não cumpriu com a sua parte e o demônio, para puni-lo, o transformou em um monstro asqueroso que sai vagando à noite em busca de comida.

- E... – continuou Zechs – A comida que ele mais gosta são criancinhas magricelas... – nisso, as pernas de Duo ficaram bambas – E sabe onde ele mora? Debaixo das camas dessas criancinhas...

- N-n-não é verdade!

- É sim.

- Já chega de assustar o menino, Chang Wu Fei! – uma brava ruiva puxou a orelha de seu koibito.

- Ai... Ai, Sally! Ora, eu só estava...

- "Só estava" coisa nenhuma! E você também, senhor Zechs, é melhor que se comporte.

Zechs ergueu as mãos em sinal de "eu não fiz nada", mas Relena o mirava desgostosa. Duo ainda conseguia ser um pouquinho valente, por isso estava apenas assustado, mas se fosse um de seus irmãos, já teria saído chorando e pedindo pela mãe. Relena abraçou o pescoço do menino, acalentando-o:

- Não precisa ter medo, querido...

Duo se revoltou com a insinuação, mesmo ele realmente tendo medo:

- Eu num sô medroso! E se esse monstro vier me pegar de noite, ele vai ver só...

Mas não houve tempo para explicações para o menino que aquela história era pura lorota, pois a pobre Armênia chegou esbaforida à piscina. Sua presença alertou os adultos:

- Dona Sally, dona Sally! Seu Wu Fei! – chamava.

- O que houve, mulher? – perguntou Wu Fofo, preocupado.

- Os outros três acordaram...

- E o que isso tem de mais, Armênia? – perguntou a mamãe sem entender.

- É que... Ai, minha senhora, eles se apoderaram da jarra de suco de acerola e estão fazendo a festa no quarto de Heero! – revelou, pálida.

- O QUE!

Os quatro gritaram ao mesmo tempo, já prevendo a desordem causada, e Wu Fei e Sally lembrando-se do ocorrido daquela manhã e já se exasperando só de pensar que teriam mesmo que deixá-los sobre vigia o tempo todo. Oh, aquilo seria desgastante!

Exceto Duo que não se alarmou: ao ouvir que havia bagunça acontecendo no quarto do irmão, se animou rapidamente, já que adorava aprontar uma, e se soltou dos braços da tia loira, correndo em direção à casa.

- Ah, Duo, volta aqui! – gritou Wu Fei, correndo atrás do pequeno.

E todos seguiram o chinezinho, não só porque previam que mais um se juntando à farra seria o desastre total, como também para acabar com a bagunça dos pequenos antes que ela aumentasse.

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Os quatro estavam sentadinhos no sofá, de banhos tomados e enfileiradinhos. Wu Fei ainda lhes dirigia as últimas broncas. Depois daquela confusão toda, ainda tiveram de banhar os pequenos, inclusive Duo, que se meteu rapidamente na quizumba, pois eles estavam em estados lastimáveis, e de apresentá-los aos seus "titios".

Heero, prestando mais atenção na mesa à sua frente que na bronca que o pai lhe dava, levou a barra da camisa distraidamente à boca.

- Tira a camisa da boca, menino! – Wu Fei puxou o braço do japonês, juntamente com a camisa que agora já estava babada, irritando ainda mais o chinês – Quer saber? Eu deveria deixar você dormir naquele quarto todo imundo! – suspirou, tentando se controlar.

Wu Fei levou as mãos às têmporas, massageando-as. Se já estava naquele estresse em menos de três dias, como ficaria ao final de um mês? Será que conseguiria manter seus amigos inteiros? Ou será que ele quem enlouqueceria?

Mas Heero arregalou os olhinhos com a possibilidade de dormir no seu quarto e acordar com uma barata em cima de si:

- Papai, eu vou mimi no meu quarto sujinho?

Porém, ao ver o "filho" falando tão doce e ingenuamente, Wu Fei não teve como se manter indiferente e mudou logo suas resoluções de alguns segundos atrás. Seria interessante ter a companhia de seus amigos pequenininhos, por que negar? Aproximou-se do pequeno, pegando-o no colo; Heero agarrou-se instintivamente ao seu pescoço.

- Não, não vai. Hoje você dorme com o Trowa. Mas que isso não se repita, viu?

- Hunhun. – concordou o menino, sem, claro, ter a consciência de que aquela seria uma promessa a ser quebrada inúmeras vezes.

O quarto, bem como os chibis, tinha ficado numa lambança só, porém, diferentemente de seu dono, que com um banho já estava limpo e arrumado, ele tivera de ficar aos tratos das empregadas, que ainda estavam lá, a lavá-lo... Pois ele realmente estava imundo! Dando trabalho às pobres moças e, com isso, inutilizando o local por aquela noite, já que, mesmo que ele ficasse bem limpo e sem as sujeiras e o melaço que se fixara nas colchas, paredes e chão, ainda demoraria até ficar seco de vez. E, segundo a ruiva dissera, deixar Heero dormir num lugar úmido poderia lhe causar uma gripo. Então resolveram colocá-lo para dormir no quarto do Trowa, uma vez que não haviam mais que sete quartos na casa e todos estavam ocupados. (N/A: considerem, 7 quartos são muito e a casa nem é das maiores do Quatre, na fic)

O chinezinho colocou o amigo de volta no sofá, no momento Sally e Relena chegavam à sala. Como as duas tinham banhado os pequenos (até Heero e Trowa precisaram de ajuda para se verem livres da sujeira), acabaram "tomando um banho também", principalmente Relena, que dera banho em Quatre e Duo por ter certa vergonha em relação a lavar um japonezinho em específico, foram se livrar de suas roupas molhadas e tomar banho também. Foi com certo receio que Sally confiou as crianças ao seu namorado, pois tinha medo do que um furioso Chang pudesse fazer, mas tinha de confiar nele e, ao chegar à sala, sorriu ao ver que sua confiança tivera retorno e se orgulhou de seu chinezinho.

Foi até ele e o envolveu por trás, fazendo-o corar, Wu Fei não era muito dado a demonstrações públicas de afeto desse tipo.

- Uhn, muito bem, vejo que cuidou direitinho deles. – sorriu, o provocando um pouco mais, e depois o soltou, indo até o sofá onde os filhotes estavam.

Duo levantou-se e correu até a mãe, abraçando-se à cintura dela. Sally sorriu, acariciando-lhe os fios de cabelo castanho. Trowa também se levantou, mas foi em direção à tia, que se sobressaltou ao vê-lo à sua frente:

- Tia Relena, você trouxe presente pra nóis? – Trowa pareceu se empolgar com a idéia que Duo dera à mesa no café da manhã, tomando o seu lugar para tal pergunta.

Subitamente seus pais se arroxearam de vergonha com a pergunta feita pelo menino com a maior cara-lavada possível. Realmente, muitas coisas tinham mudado na personalidades deles, pois jamais imaginariam que o Trowa de sempre fosse capaz de algo assim. Duo bem que se lembrou dessa possibilidade e só não se juntou para engrossar o coro porque percebeu que os pais se contrariaram, e, espertinho que era, preferiu se manter calado, aguardando o desfecho da história, que ele, inclusive, pedia para lhes ser favorável e terminar com vários brinquedos sendo distribuídos. Wu Fei apressou-se até o ex-piloto 03, tomando-lhe a mão:

- Trowa, que coisa feia!

A loirinha piscou algumas vezes, mesmo conhecendo os amigos se sentia constrangida com essa nova situação deles. Abaixou-se então, ficando da altura do moreno e segurando delicadamente seu queixinho pontudo:

- Tudo bem, Wu Fei. – ela se dirigiu ao oriental, voltando-se novamente para o chibi – Nós trouxemos uns presentinhos, sim, querido. Só não sabemos se são de seus agrados...

Os olhinhos verdes brilharam, então.

- Ebaaa! Troxe mesmo?

Relena riu, aos poucos Trowa ia se desenibindo, se "soltando mais", na sua forma de criança.

- Trouxe, sim. – fechou os olhos, aproximando seu rosto do dele.

Quando os abriu, deu com um enorme sorriso no rosto do amigo. Trowa pegou com suas duas mãozinhas na dela, soltando uma de Wu Fei.

- A tia dá os brinquedo agora?

Mas novamente Wu Fei lhe tomou a mão, embora tanto ele quanto Sally estivessem contentes por perceberem que os laços que o atavam, mesmo estando como um pimpolho, estavam se afrouxando aos poucos:

- Quando ela quiser dar os presentes, que ela nem tinha obrigação de ter comprado, - frisou bem – ela lhes dará.

Trowa baixou a cabeça, juntando-se ao corpo do papai:

- Ahh, papai... – pediu fazendo manha – Por favor...

E dessa vez Duo se ajuntou, separando-se da mãe pulando pra perto do irmão:

- Vai, papai, diz que deixa a gente ganhá os presente agora, vai, diz que sim...

- Duo... – Wuffles tento advertir-lhe.

- Ah, vai, por favor... Diz que sim, diz que deixa, deixa, vai, deixa, deixa, dei... (N/A: Kiko-ensistator-mode-on n.n)

Wu Fei lançou um olhar transtornado à Sally, como se pedisse para que ela desse logo aqueles benditos brinquedos ou ele acabaria gritando com o menino e, por algum motivo e um certo olhar intimidante de Sally para o namorado, fizeram ela pensar que Wu Fei não sairia ileso caso fizesse algo do que intentava fazer. No fim, concedeu, sorridente:

- Claro, vocês esperam aqui para eu ir pegá-los? – perguntou aos meninos.

- Hanhan! – Duo respondeu, batendo as mãozinha em seguida – Presentinhos, que bom!

Os "adultos" riram diante da ingenuidade e alegria do menino. Sally o puxou para si novamente, o abraçando por trás.

- Posso ir com você? – Trowa perguntou singelamente.

E a princesa sorriu uma vez, aquelas mini-férias estavam lhe fazendo muito bem, ela, ao contrário de estar enfurnada com as pendências do reino, estava se divertindo com os amigos, aproveitando aqueles deliciosos momentos com os chibis e ainda sorrindo alegremente o tempo todo:

- Claro. Vamos? – estendeu-lhe a mão, a qual Trowa prontamente aceitou.

"Que amorzinho", a ruiva pensou. Wu Fei ainda o advertiu.

- Não vá irritar a sua tia insistindo por mais brinquedos, ouviu?

- Sim, senhor! – Trowa sorriu, virando-se para a direção das escadas que os conduziriam aos quartos de visitas.

Os dois se foram e o casal voltou sua atenção para Duo, que ainda saltitava contente sob os braços da mãe. O olhar dos dois se cruzaram e ambos sorriram. Mas, de repente, o semblante de Sally se tencionou, preocupando o seu koibito.

- O que houve, Sally?

- Os outros dois... Estão muito quietos, será que sumiram de novo? – perguntou, lembrando-se da aventura nudista de Quatre pelo jardim.

A testa do chinês se enrugou e, num consentimento, ambos voltaram seus olhares para trás. E, ao contrário do que imaginavam, não encontraram o sofá vazio, porém, com os dois meninos a ocupá-lo. Quatre estava deitado com a cabecinha no colo de Heero, que tinha um olhar de expectativa pelos presentes, e balançava as perninhas que não alcançavam o chão. Quatre, entretanto, dormia folgadamente, chupando um dedinho. Para não acordá-lo, Heero mantinha-se em silêncio.

A cena enterneceu o coração dos pais, apesar de não entenderem como Quatre, que tinha um sono leve, não havia despertado com a falação ali na frente; além do mais, ele tinha dormido boa parte da tarde, não devia estar tão cansado. Mas o fato de Heero estar ali, cuidando o bebê, significava muito.

De fato, aquela experiência toda era nova e estranha, mas não podiam negar que ela estava causando sensíveis mudanças em todos, fortalecendo amizades, ajudando alguns a interagir mais e outros a serem mais alegres. Só esperavam que, depois que todo o efeito passasse e eles voltassem ao normal, não se esquecessem das valorosas lições que começavam a se mostrar.

Continua...

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Olááá! n-n Tudo bem com vocês?

Acho que eu me eskeci de avisar, mas eu não poderia atualizar a fic mais rapidamente por causa da escola. E depois aconteceram coisas e eu não pude terminar com este capítulo (quem quiser conferir a explicação, abra o meu novo e gigantesco perfil, rsrsrs, que eu já a coloquei lá mesmo para não ter que explicar o motivo em todas as fics). De qualquer forma, ele já estava quase pronto, mas aí, o que que me aconteceu? Ehehe, meu avô, sem querer, arrancou o pc da tomada enquanto eu escrevia e eu, que sempre salvo tudo o que tô fazendo constantemente, dessa vez não tinha salvo o cap...XD Aiai, aí já viu, tive que reescrever.

Porém, é difícil pegar o jeito de escrever de dois anos atrás... e agora surge a dúvida: vocês preferem o modo de escrever dos primeiros caps ou o deste? Porque, se gostarem mais de como eu escrevia antes, eu juro que me esforçarei ao máximo para tentar voltar a escrever como escrevia aos 14 anos. /o/ E pra falar a verdade, eu não curti muito esse cap. justamente por isso, e também porque eu não tava muito lá essas coisas pra escrever e não consegui escrever bem esse aki... agora fica ao ver de vocês!

Só mais uma coisinha, ou melhor, duas: a primeira é que eu devia estar muito alucinada quando disse que, se fosse yaoi a fic, seria um shotakon. o.O Porque, na verdade, o que eu deveria ter dito é que, se fosse yaoi, seria yaoi quando eles voltassem a ser adultos, já que eu nunca tive a intenção de faze-los se envolver com alguém quando crianças. ó-Ò (sim, eu amo shotakon, mas não com crianças pekenas, credo, criança tem de agir como criança e não como adulto! - ) Bom, é isso. A segunda parte é que eu me empolguei com a Relena... bem, vocês devem ter percebido, rsrs. Eu amo 1 versus R! Tanto que até tive um plano para uma fic deles... digam-me, se eu a escrevesse, alguém leria?

Bom, é isso, tem alguns esclarecimentos que eu gostaria de fazer... Mas eu já me esqueci da maioria ¬¬ Erm, dos que eu lembro, são: pedir desculpas, desculpa, por esse cap. não ter sido escrito muito direito, eu já disse que não tava alah essas cousas; dizer que dessa vez os meninos "pegaram leve" com o Quat, mas que ele penará muito ainda nas mãos dos irmãos (huhu, issu mesmo Wufei, tasca a mão no loirinho! Adoro judiar dele, deus, que prazer sádico é esse? Huahuahua XD); explicitar que, na hora que o chinezitchu diz "are, are", o que ele queria dizer era "arrê, sô", mas aí eu achei que muita pouca gente entenderia e tentei mudar por outra coisa, mas nd me veio que tivesse o msm significado...XD; explicar que, apesar de que o Duo normalmente teria replicado com o Wuffy e dito que ele não acredita em monstros e tal, ao invés dele ficar com medo, eu quis fazê-lo assim porque... oras, porque eu não tava a fim de escrever aquele pedaço diferente já que não estava me sentindo bem com esse capítulo!; e, por fim, apesar do Wuffles ter dito que vingança não faz mal... huhu, faz sim quando ela se volta contra o feiticeiro! ;-) vcs verão em breve... Ah! Esse cap. não terminaria aki, mas depois eu vi que esse era o ponto certo para encerrá-lo, então, o restinho dessa noite volta no cap. que vem.

Uf, que gigante! Bom, mas eu me fico por aki. Não se preocupem, que esses primeiros caps são só para eles se acostumarem com essa nova situação, pois logo logo vem a ação (action babys!), já tenho mil idéias de coisas a fazer...

Se quiserem ver outro cap. ainda em julho (oh, isso é presunção demais, que vergonha!) torçam para eu não ficar de recuperação. u-u ou então...

É isso, por favor, se possível, deixem uma review (apesar de eu não achar que o cap. mereça.) e, caso alguém esteja lendo e ainda não comentou e quiser votar... Ainda há tempo de se votar! Por hora, quem ganha são as "contra-yaoi" para a fic. n-n

Até a próxima, kissus

Xauxau

16/06/06 --- só para constar, perdi vários jogos pra terminar de escrever as últimas fics que eu atualizei, inclusive essa... Por isso, só de birra eu vou fazer uma fic de copa do mundo também, hehe!XP Rsrsrs.