Título da
fic: Marcas do Destino
Personagens principais:
Mu e Shaka
Personagens secundários: Miro, Kamus,
MdM, Shura, Afrodite e outros
Classificação:
Yaoi, A.U., O.C.C., Angst, Dark-Lemon, Lemon, Romance
Autoras:Litha-chan e Jade Toreador
OBSERVAÇÃO:Esta fic aborda caso de pedofilia, mas não como forma gratuita e sim para exemplificar um fato que realmente acontece no mundo com algumas famílias. Procuraremos não descrever as cenas, mas faremos alguns relatos necessários para a melhor compreensão e desenvolvimento da história.
Notas explicativas sobre os personagens:
Os nomes de alguns personagens foram criados por mim e pela Jade. Somente Carlo di Angelis é de autoria da escritora Pipe. Vamos aos nomes para que vocês não fiquem perdidos no decorrer da fic, ok?
Mu de Áries - Mutisha
Dzogchen Dorje
Shaka de Virgem - Sidartha Kramahidja
Swentson
Milo de Escorpião - Milo Nikos Aleksiou
Sikelanós
Kamus de Aquário - Michel Kamus
Monchelieu
Afrodite de Peixes - Afrodite Lindgren
Göte Gunnar
Shura de Capricórnio - Guillén
Shura Quesada Montoro
Misty de Lagarto - Misty Lindgren
Reenê Forann
Conforme a fic for se desenvolvendo outros personagens irão aparecendo, então a medida isto for ocorrendo, nas notas explicativas, poderá haver menção sobre o nome de um determinado personagem.
Sumário:O destino tece bênçãos e tragédias nos corações de ricos e pobres, todos estão inexoravelmente presos na roda kármica da vida. O amor e o ódio queimam as marcas do destino, revelando dores e alegrias num rodamoinho interminável de emoções...
Boa Leitura...
Marcas do Destino
- Capítulo 4 –
Pregara o olho?
Nem por um segundo. Havia fortes olheiras arroxeadas nos olhos azul-violetas. Os cabelos vermelhos estavam penteados para trás, fortemente, num rabo de cavalo rigorossíssimo,porque Kamus descontara todo seu nervosismo na força com que penteara o cabelo e o prendera. Mas aquela dorzinha de cabeça que estava chegando, ele bem sabia, não tinha nada a ver com o elástico que puxava sua cabeça, mas sim, com as lembranças da noite anterior.
Já praguejara contra Milo, já recitara mil vezes para si mesmo que Milo era um conquistador, um rapaz que adorava colecionar outros para sua coleção, como se colecionasse selos ou tampinhas.
Desde o tempo da escola conhecia Milo e sabia bem disso... Como é que podia se deixar levar na lábia do seu amigo? Era... Deus, isso não podia estar acontecendo. Simplesmente não podia. Não com ele.
Respirou fundo e diminuiu um pouco a velocidade do carro.
Percebeu que dirigia como um sonâmbulo, automaticamente, com as mãos nervosamente agarradas ao volante, rumo ao aeroporto. Só percebeu que já havia chegado ali e que estava parado no estacionamento há vários minutos, quando um avião passou voando baixo e fazendo aquele barulho típico e ensurdecedor.
Pegou o embrulho que estava na sua maleta e o segurou com as mãos crispadas, como se fosse pesado demais para a sua força e sua consciência.
Um anel de noivado.
Comprara-o para Annethe na melhor joalheria da Grécia dias atrás, e não seria uma brincadeira de mau gosto que Milo fizera no estacionamento que iria mudar seus planos.
Era um homem.
Um homem que não desejava outro homem, que não amava outro homem... Desejo. Amor. Céus, o que eram aquelas palavras loucas na sua mente insana? Milo era um homo que não tinha a palavra amor para outro cara. Só diversão, laser, conquista, sexo, luxúria. Não. Não. Não...
Chega. Isso já estava ficando melodramático demais. Um único não bastava.
Desceu do carro e foi encontrar a noiva.
..:.O.:..
Annethe já se encontrava há alguns minutos esperando no salão do aeroporto. Sabia que não ficaria esperando muito, pois a pontualidade de seu francês era sempre perfeita.
Estava maravilhada. Nunca imaginou que a Grécia poderia ser um país encantador. Pelo pouco que vira antes de aterrissar, e pelo pouco que já ouvira de Kamus, poderia dizer que sua estadia seria muito bem aproveitada. Ao lado do namorado, em um lugar com uma carga histórica belíssima, poderiam passear por todos os lugares: Coliseu, Parthenon, teatros e anfiteatros... Tudo, todos os lugares.
Somente ela e seu amado.
Sorriu ao avistar a silhueta inconfundível de Kamus andando pelo salão vindo em sua direção. Lindo como sempre, vestia uma calça caqui, camisa branca com as mangas dobradas ate o antebraço, cabelos presos e óculos escuros. Era impossível não distinguir Kamus em meio a uma multidão. Por mais discreto que fosse, sua beleza era uma marca. Por isto, e por outras qualidades,era que se encantara: se apaixonara por ele!
Acenou de forma contida, ainda portando um sorriso nos lábios que só se alargava a cada passo de aproximação do francês.
Quem por ali transitava, não conseguia deixar de observar a bela mulher loira e sorridente, parada na sala de espera. De vestido azul claro de corte fino, cabelos longos e soltos, sapatos alto, Annethe também conseguia o seu destaque. Na verdade, tanto ela quanto Kamus podiam ser taxados de um digno "casal propaganda". Eram aqueles tipos perfeitos, belos, de aparência sempre agradável. O homem sério e executivo e a bela mulher sem defeitos... Será?
"Kamus mon cher, que saudades!".
Abraçou fortemente o corpo do francês logo que este se colocara a sua frente.
Kamus estava tenso. Sua mente ainda estava a mil. Pensava em Milo, pensava em Annethe e, principalmente, pensava na pequena caixa que se encontrava agora em seu bolso da calça, já que a maleta havia sido deixada no carro.
Um beijo discreto e rápido de Annethe queimou agradavelmente os lábios de Kamus, tirando-o do seu devaneio e também o fazendo lembrar de lábios mais fortes, mas não menos deliciosos! Milo...
Estremeceu e corou. Tesão, vergonha, agitação... Tudo isso reverberou nos olhos lindos de Kamus e Annethe, erroneamente, achou que aquela inquietação toda do amante e seu súbito rubor eram somente por causa dela! Riu e se aconchegou ainda mais no corpo esbelto dele.
"Vejo que também sentiu saudades!".
Ele sorriu, tentando fingir uma calma que estava longe de sentir. Respirou fundo. Não iria perder o controle da sua vida! Desde pequenino, gostava de se colocar em situações seguras, onde ele podia claramente decidir o rumo da sua vida sem surpresas ou emoções fortes. Não seria agora que Milo, com a súbita determinação de conquistá-lo, faria sua vida amorosa virar de ponta cabeças!
"Eu também senti... Gostaria de levar você para conhecer a cidade... Tem um restaurante não muito longe daqui que...".
"Oh, Kamus...". Annethe sorria, maliciosa. "O único lugar que gostaria de conhecer agora seria o seu apartamento... Um bom banho me faria muito bem... A dois...".
Kamus corou ainda mais, o cabelo ruivo destacava o rubor adorável da sua pele.
"Muito bem, então vamos...".
..:.O.:..
Ao contrário do temor inicial de Kamus, ele se saiu muito bem na cama com Annethe. E foi justamente isso que o deixou ainda mais perturbado, porque durante todo ritual amoroso, principalmente no clímax, não conseguira deixar de pensar em Milo. Havia feito amor com os pensamentos divididos, e pensamentos nada puros, diga-se de passagem...
Annethe desencaixou-se do corpo dele e se aninhou sobre ele, desandando a falar enquanto fazia carinho nos cabelos ruivos, tão longos quanto os dela... Falava da performance perfeita do amante, de tudo que fariam na Grécia, de como ele era bonito, intercalando apelidos como 'benzinho', 'meu garanhão', 'fofinho'...
Kamus suspirou, quase aborrecido.
Porque as mulheres desandavam a falar bobagens quando estavam satisfeitas? Não podiam simplesmente ficar ali os dois, curtindo a presença um do outro? Aquele falatório todo chegava quase a ser... Banal.
Sorriu, sem jeito. Annethe era muito bonita... Acariciou os seios bem feitos e ela deu um gritinho, lhe dando um beijo delicioso na boca.
Mais uma vez, foi de outro beijo que ele se lembrou... O de Milo!
Imediatamente, Kamus percebeu sua excitação aflorar de novo. Mas não eram os seios de Annethe que provocaram aquela nova ereção... Mas ela não desconfiou de nada...
"Ah, adoro te deixar assim todo aceso...".
Kamus inquietou-se. 'Inferno...'. Afastou-se um pouco e sentou-se na cama.
"O que foi?".
"Nada, é que...".
Kamus puxou a calça que estava ajeitada na cadeira próxima a cama e tirou do bolso dela o precioso embrulho. Não iria ficar pensando em fantasias tolas mais!
"Eu queria lhe dar isso".
Annethe deu um grito de alegria e excitação quando viu o solitário de diamantes brilhar na caixa de veludo. Colocou-o na mão maravilhada, e pulou da cama, dando um giro de felicidade pelo quarto.
"É LINDO! Um anel de noivado...".
Kamus não gostou do tom fatídico da palavra noivado...
"É apenas um presente, Annethe".
"Oras, meu querido, o presente de um noivo para uma noiva!".
Kamus pensou em abrir a boca para dizer algo, mas dizer o quê? Ela tinha razão, não tinha? Não era esse o presente para se dizer que queria se casar com uma garota? E não era isso o que ele queria?
Bem nesse instante, a campainha do interfone tocou...
Kamus atendeu e ficou lívido como um cadáver . O zelador estava dizendo - em um inglês com forte sotaque - que Milo estava subindo o elevador social. Um pânico súbito o invadiu... Teve vontade de dizer que não estava, de sumir, de pular a janela do apartamento, tudo ao mesmo tempo...
Desligou o interfone e, ao mesmo tempo, já ouviu a campainha do apartamento tocar...
Annethe fez um beicinho de contrariedade...
"Você está esperando alguém?".
"Não, é que... O meu colega Milo...".
Annethe riu, satisfeita.
"Aquele seu amigo playboy? Ah, ele vai ser o primeiro a saber do nosso noivado!".
Kamus empalideceu ainda mais. Não tinha idéia de como estava adorável nu, com os cabelos em desalinho, e o ar totalmente perdido...
"Annethe, não...".
Mas que nada! Ela nem esperou Kamus terminar o que dizia!
Enfiou-se no hobby preto que Kamus costumava usar e correu para a sala para abrir a porta para Milo. Agoniado Kamus não sabia se realmente pulava a janela ou se ia para a sala. Pulou da cama e se enfiou num outro hobby. Céus... Que situação...
Foi para a sala com a carinha de um adorável condenado a morte.
..:.O.:..
Do lado de fora da porta Milo encontrava-se impaciente. Sabia que Kamus levaria aquela... aquela... Aquela mulher para o próprio flat e ao ter a confirmação do zelador que Kamus não se encontrava sozinho no apartamento, sentiu seu peito se apertar e uma chama de raiva começar a crescer dentro de seu corpo. Só de imaginar o que poderia estar acontecendo dentro daquele lugar... Seus punhos se cerraram.
Notou a porta sendo aberta e uma loira espalhafatosa vestida num hobby preto – o de Kamus – lhe sorrir intensamente. 'Cachorra de uma figa!'. Pensou ao fitar o rosto sorridente da mulher.
"Milo Nikos! Há quanto tempo, anda entre... Kamus já está vindo...". Falou puxando o grego pela mão.
Estava sem ação. Para dizer a verdade a única ação que lhe vinha a cabeça, seria a de jogar aquela cópia muito mal feita de si, pela janela do apartamento. Quando foi que lhe dera brecha para que a loira o tocasse! Seus olhos divisaram o corpo de Kamus surgindo no corredor, vestido com um outro hobby.
Raiva e desejo brilharam nos olhos do grego.
"Kamus... será que poderíamos ter um dedinho de prosa em particular lá no seu quarto?" Milo forçou o sorriso, fingindo estar tudo bem.
Kamus estava tenso, no limite de uma crise dos nervos. Teve que apelar para seu lado racional e frio para não deixar seu autocontrole naufragar. Por outro lado, conhecia Nikos o suficiente para saber que deveria afastá-lo de Annethe o quanto antes...
"Nethe, eu e ele não demoramos, ele... Eu já volto!"
Caminhou para o quarto tentando fingir uma calma que estava longe de sentir... Ergueu o narizinho aristocrático e fechou a porta com os dois lá dentro...
Milo infelizmente fitou a cama desarrumada constatando o óbvio... Que Kamus transara com aquela vadia. Seus olhos se desviaram da cama para o corpo do ruivo... Mal notara seus atos, quando deu por si já havia pressionado o corpo de Kamus contra a parede ao lado da porta. Seus rostos estavam a milímetros de distância. Os olhos de Milo brilhavam de fúria...
"Eu deveria te encher de porrada agora, sabia? Ou então te jogar naquela cama e terminar o que começamos ontem, antes desta... desta... Ahhh, antes dessa mulher ligar atrapalhando"
Kamus estremeceu. De raiva, de medo e principalmente, de prazer.
O corpo de Milo colado no seu estava surtindo nele um efeito devastador... Ele tentou se livrar daquele corpo forte e deliciosamente másculo colado no seu, mas a fricção involuntária só serviu para excitar os dois ainda mais... Milo chegou a soltar um gemido de puro êxtase...
"Kamus, você é meu, não percebe isso?".
"Queridos... Vocês não acham que deveriam discutir o trabalho de vocês outra hora?". Era Annethe... A voz dela foi como um balde de água fria nos dois...
Milo rosnou, lindo, cheio de fúria...
"Eu vou matar essa vaca...".
"Você não vai fazer nada disso. Vai me soltar e vamos civilizadamente para a sala... Não é hora e nem o lugar de você fazer suas fanfarrices de sempre, Milo. Eu não vou agir como um dos seus garotos, não adianta".
Milo se afastou abaixando a cabeça um pouco deixando a franja lhe cobrir os olhos. Seus dentes estavam trincados de tanta raiva. Raiva contra a vaca que mais uma vez atrapalhava, raiva de Kamus por este ser tão burro, mas de fato, aquele não era nem o momento e nem o lugar. Doía ter que fingir, mas se era isto que Kamus queria... Era isto que lhe daria.
O grego levantou a cabeça esboçando um delicioso sorriso. Passou as mãos pelos fartos fios loiros ajeitando-os. Seus olhos fitaram o rosto do ruivo de forma intensa.
"É melhor irmos para sala, sua noiva pode acabar pensando que estou me aproveitando deste seu lindo corpo, não é mesmo... Kamus?".
O grego não esperou resposta, apenas alcançou a maçaneta abrindo a porta rapidamente e dando de cara com Annethe. Sorriu falsamente para a loira, isto era sinal de perigo com certeza.
"Annethe minha querida... vamos, me conte como vão as coisas na França...". Abraçou a loira e foi conduzindo-a até a sala. Antes de se afastar completamente, lançou um olhar por sobre o ombro em direção a Kamus...
Kamus ficou aturdido com a mudança súbita de Milo. Engoliu em seco, sem saber como interpretar aquela calmaria súbita após o anuncio de toda a tempestade que quase desabara!
Agora, Milo e Annethe conversavam animadamente. Mais do que isso! Milo jogava todo o seu charme em cima da garota, aquele charme infernal que nem o capeta conseguia evitar!
Uma sensação súbita de vazio e frustração foi tomando a mente e o corpo de Kamus. Milo sequer olhava para ele mais! Deu de ombros. Se o que ele falara não fora mero capricho, bem, se Milo o quisesse mesmo, não teria ele estourado com a sua garota? Aqueles pensamentos torturavam Kamus como mil demônios, e ele já não mais sabia se estava feliz ou triste por Milo estar ali abraçado com sua garota, como se ele não desse a mímima mais para o que rolara entres eles dois, Annethe e Kamus, um pouco antes dele, Milo, chegar... Talvez ele não desse a mínima mesmo... E tudo fizesse parte daquele jogo amoroso que Milo adorava praticar...
E para complicar tudo ainda mais, subitamente, a noticia bombástica foi revelada: Annethe estendeu a mão direita e disse, alegre:
"Veja, Milo, o anel de noivado que ganhei de Kamus! Ainda não marcamos a data do casamento, mas logo faremos isso...".
Se fez um silêncio pesado na sala. Milo sequer olhou para o anel, Kamus ou Annethe. Muito pálido, respondeu com a voz inexpressiva e séria... Seu mundo parecia estar ruindo...
"Meus parabéns aos noivos...".
..:.O.:..
O belo rosto de Mu expressara até mesmo uma ponta de surpresa. Não acreditava no ato do loiro. Cuspir lhe na cara era algo irritante. Claro, irritante para quem levava, não para quem efetuara tal ato.
Fechou os olhos por breves momentos,controlando sua respiração. Algo dentro de si gritava para não poupar aquele loiro insolente, mas desta vez não seguiria seus mais primitivos instintos. Ia jogar. Não da mesma forma do que o outro , mas iria jogar.
Abriu os belos olhos verdes para fitar uma face completamente rubra. Sabia que tocara em algum ponto da libido de Shaka para ele ter uma reação desta. Afinal, pode sentir o loiro correspondendo ao beijo, e o inicio de ereção que sentia abaixo de si, era algo que não poderia deixar de notar.
"Ora, seu putinho... Quer brincar assim é?"
Sorriu sarcasticamente, enquanto ainda segurava os pulso de Shaka contra o chão. Ajeitou-se melhor sobre o loiro, fazendo questão de roçar-se nele e principalmente na ereção que despertava.
Shaka iria reclamar, retrucar mais uma vez, mas calou-se ao observar a face de Mutisha se aproximando. Arregalou os olhos sentindo-se agoniado com tanta aproximação. Seus belos olhos voltaram-se para os lábios do ariano que ainda sustentavam o sorriso.
Mu parou a milímetros dos lábios de Shaka, que involuntariamente se abriram.
Um só movimento.
Mutisha simplesmente ao invés de vez de tomar lhe novamente os lábios de Shaka, simplesmente deslizou sua língua desde o queixo do loiro, passando pela bochecha, por uma de suas têmporas, até sua testa. Não queria estragar completamente a maquiagem do loiro, mas não podia negar que... Ele era delicioso.
"SEU DESGRAÇADO!".
Uma gargalhada pode ser ouvida.
Mu ria como uma criança travessa. Observar Shaka irritado era por demais tentador.
"Eu? Desgraçado? Ah puto, foi só uma mera lambida em sua bela face... Encare isto como um troco por sua saliva em meu rosto. Sua mãe não te ensinou que cuspir nas pessoas é falta de educação?"
Os olhos brilhavam ao encarar o rosto abaixo de si.
Shaka estava preste a assolar Mutisha com todos os palavrões que conhecia, tanto de sua terra, quanto os que aprendera na Grécia, mas ao ouvir a mera menção sobre sua mãe, desarmou-se, e procurou forças para não chorar. Mexeu-se, tentando se livrar dos braços de Mu, que, apesar de magro, tinham músculos precisos, fortes, que pareciam ser feitos de aço!
Mu entrelaçou as suas pernas nas de Shaka, impedindo-o de sair debaixo dele. Sorria. Um sorriso de satisfação...
"Agora vou lhe mostrar outros modos de usar saliva..."
Tornou a encostar a língua em Shaka, dessa vez, na curvatura entre o ouvido e o pescoço. Um toque gentil ,mas ao mesmo devastador! Involuntariamente, Shaka gemeu de prazer. Fechou os olhos, agora não mais com raiva, mas sim, imbuído de vergonha e perplexidade. O que estava acontecendo com ele? Como podia se sentir assim tão...tão...
"Por favor... Não...Não faça...".
Algo na voz de Shaka fez Mu subitamente compreender que havia medo no coração do hindu. Olharam-se... Mu era voluntarioso, mas não insensível ou tolo. Não chegara a ter domínio absoluto na sua empresa sendo um homem sem visão, que não seguia as próprias intuições.
Queria ainda aquela guerra, queria aquele potranco domado, mas agora o outro parecia estar verdadeiramente frágil. O que seria isso, uma nova estratégia? Quem era Shaka afinal, um puto dissimulado ou um menino assustado?
Contra a sua própria vontade, subitamente, Mu se ouviu dizendo:
"Não vou machucar você desta vez, eu... Eu prometo. Mas eu não vou parar agora, Shaka, nem com um tiro...".
O louro se sentia subitamente fraco e sem forças para lutar. O desejo queimando nele era algo que ele ainda não conseguia compreender.
Os lábios de Mu começaram a deixar um rastro de fogo e saliva por onde passava, fazendo a pele do hindu eriçar-se de puro desejo. Sim, desejo. Dessa vez, foram mesmo inevitáveis os sentimentos carnais que brotaram com a força de um dique arrebentado.
Shaka mordeu os próprios lábios para tentar conter mais um gemido de prazer, mas aquele gesto só serviu para excitar Mu ainda mais! O hindu não fazia idéia de como estava lindo com a respiração ofegante, a face rubra e o olhar lacrimejante reverberando desejo e perplexidade!
Mu ficou por alguns instantes perdido naquele rosto cuja beleza beirava a perfeição absoluta. Intuiu, dessa vez, que Shaka estava sentindo um prazer que escapava do seu frio comportamento de vagabundo, e isso envaideceu o ego dele, Mu. Esqueceu-se, por alguns instantes, que estavam lá os dois numa disputa de poder e de comando. Esqueceu-se quem era o dominador e o dominado. Esqueceu que Shaka era um puto pago, e apenas isso. Havia apenas a descoberta um do outro! As ofensas trocadas haviam sido momentaneamente apagadas pelo calor da paixão!
Mu mergulhou no azul daqueles olhos como se este fosse um grande lago a chamá-lo.
Puxou a roupa de Shaka, desnudando-o vagarosamente, ao mesmo tempo em que acariciava seus lugares mais secretos com a língua. Shaka deu um gritinho inesperado de prazer e susto!
Jamais ousou supor que um arrogante como Mu usasse seus lábios e mãos para dar prazer como o que estava recebendo agora! Mu, sem o menor pudor, tocou o sexo pulsante de Shaka com seus lábios e envolveu por completo, ao mesmo tempo em que acariciava as costas e as nádegas do outro com dedos hábeis. Um novo grito ecoou no ambiente, seguido de gemidos entrecortados que Shaka não conseguia evitar. Sem pensar no que fazia, agarrou-se aos longuíssimos cabelos pintados de Mu enquanto arqueava o quadril para frente para melhor sentir o sexo oral tórrido que o ariano fazia com ele.
Mutisha lambia e sugava como se o sexo de Shaka fosse um sorvete saboroso! Friccionava-o com maestria. Era um mestre na arte da sedução, e em nada lembrava daquele empresário cruel que forçara Shaka a fazer sexo com ele na boate.
Quando sentiu que Shaka estava perto do gozo, tocou-o novamente nas nádegas e o penetrou com os dedos úmidos de saliva. Um toque intenso, mas suave. A reação do corpo do hindu foi imediata: Shaka soltou um grito extasiado e gozou alucinadamente, espirrando seu sêmen no rosto e no tórax de Mu. Deu um verdadeiro banho de sêmen no ariano e depois tombou, totalmente sem forças, com a respiração ofegante e sufocada pelo prazer que sentia!
Jamais, com todos os seus clientes, sentira algo assim!
Virou-se de costas para Mu, envergonhado, tentando entender ainda aquelas loucas sensações que eram mais fortes do que as provocada por ópio, mas o ariano o puxou de volta e se encostou nele, mostrando que ainda estava excitado, precisando de satisfação.
"Shaka, eu quero ter você... Não me faça agir como um cafajeste de novo. Me aceite."
Na mente de Shaka o que acabara de sentir era inadmissível. Sentir prazer com os toques do canalha que lhe espancara e o fizera um 'puto particular', era algo irritante. Seus olhos se encontraram com os de Mu e apesar de ainda sentir o corpo todo tremer pelo gozo, de seus lábios, palavras embargadas de ódios eram vertidas.
"Se depender de mim, NUNCA irei aceitá-lo!". Encarava-o sustentando um ar petulante nos orbes azuis.
Mutisha que até então esperava encontrar o fim de uma resistência - pelo menos naquela noite -, se surpreendera com a resposta. De imediato seu semblante antes relaxado para com o loiro, se fechara. A raiva começava a lhe tomar os sentidos mais uma vez.
Puxou com raiva os cabelos de Shaka para trás. O loiro tentou reagir, mas não era fácil atingir Mu, que treinava diariamente artes marciais, com férrea disciplina, logo cedo, assim que se levantava. Era faixa preta, terceiro dan. Com um movimento agilíssimo, evitou o soco de Shaka e virou o pulso dele, prendendo-o com uma força que beirava a violência...
"Eu deveria quebrar alguns dos seus ossos, vadio... Diga-me, o que pensa que está fazendo? Quem você se crê, Sidartha, para agir comigo como se pudesse decidir o que faz ou deixa de fazer? Você não passa de um vagabundo de rua. Por que acha que sou pior do que as dezenas de clientes de comem você por uns trocados?"
Mutisha falava devagar, seu corpo ainda colado no de Shaka, mas as palavras soavam com a frieza de uma navalha quando cortava a carne...
Shaka sentia-se acuado. Tinha a plana certeza que dali não escaparia ileso, afinal, seguindo o impulso dentro de si, falara a primeira coisa que lhe viera a mente. Como um animal acuado, acabou fazendo a única coisa que poderia fazer... Atacar...
"Porque nenhum deles precisou me espancar para me ter! Você, todo pomposo não aceita uma recusa e precisa agir de violência para ter o que quer... Posso ser um puto como diz, mas não ameaço ninguém...". As palavras saíram entre dentes. Não conseguia deixar de fitar os orbes verdes que brilhavam intensamente.
Mu sentia todos o seu corpo se contrair de raiva, a ponto de uma incomoda dor de cabeça começar a latejar em suas têmporas. Sorriu. Um sorriso frio, cheio de desprezo.
Ergueu-se, o orgulho ferido, a raiva e frustração ferviam dentro dele. Shaka, a principio, demorou a entender que o seu ataque surtira efeito. Mu esquecera por completo o desejo que o consumira instantes atrás.
"Muito bem, vadio. Mas nossa guerra ainda não acabou. Não ainda. Vou apenas lhe dar as mesmas igualdades de luta".
"O que você quer dizer com isso?".
"Quero dizer, Sidartha, que não vou forçar você. Não dessa vez. Mas garanto-lhe que vai ficar aqui até pagar o último tostão pelo meu carro... E até se apaixonar por mim. E, quando isso acontecer, quem vai recusar você sou eu, vadio.
Shaka olhou para Mu totalmente incrédulo.
..:.O.:..
Shura atendeu prontamente o pedido de Afrodite, estocando mais forte e indo bem mais fundo.
Carlo respirava mais pesadamente à medida que observava a intensidade com que Afrodite era possuído. De fato, aquilo era um show: um delicioso espetáculo que já estava minando toda a sua sanidade, deixando-o ser envolto pela sensação arrebatadora da excitação!
Acabou perdendo completamente a razão ao ver Shura e Afrodite alcançarem o clímax de maneira intensa. Fora arrancado da sua impassibilidade ao ouvir os altos gemidos de gozo intenso que ambos soltaram.
Sem pensar muito, agarrou de forma bruta os braços de Ângela e a aproximou de seu corpo. Seus olhos queimavam de puro desejo. Desejo selvagem!
O italiano, sem conseguir pensar, acabou rasgando toda a minúscula roupa que cobria o corpo de Ângela, não se preocupando se estaria sendo bruto ou não quando arremessou o corpo delicado da mulher por sobre a cama, a mesma que Afrodite e Shura haviam usado e que agora descansam ofegantes.
Carlo estava tão insano que ao tomar o corpo da morena, não conseguia desgrudar seus olhos de Afrodite. Sim, estava 'dando o troco' pela exibição anterior, e maninha seus orbes presos aos de Afrodite quando possuía fortemente, como se fosse um verdadeiro touro furioso, o corpo abaixo de si.
Afrodite sentia-se cansado, mas se segurava para não voar naqueles dois, afinal, fora ele mesmo que provocara tal situação! Uma coisa era certa nisto tudo... Sabia que as atuais atitudes de Carlo davam-se pelo o que o italiano acabara de assistir. Seria praticamente impossível ver uma cena tão explícita de sexo e se manter impassível!No fundo, no fundo, sentia-se até que vitorioso, pois durante todo o ato, tanto dele com Shura, quanto no de Carlo com Ângela, a atenção do italiano estava totalmente voltada para si.
..:.O.:..
Passara-se algum tempo. Na larga cama, permaneciam estirados quatro corpos exaustos.
Afrodite se remexeu nos braços de Shura que até então cochilava. Ao seu lado Ângela se aninhava contra o largo tórax musculoso de Carlo, que mesmo cansado, ainda não havia relaxado.
O loiro decidiu-se por levantar da cama e caminhar, sem roupas a lhe cobrir a perfeita nudez, até a grande piscina que era dentro da grade suíte. Andava sensualmente, sabendo que a cada movimento de seu corpo, olhos intensos o acompanhavam. Antes de mergulhar, voltou seu belo rosto em direção a cama, constatando que Carlo ainda o fitava. Em seus lábios, um de seus sorrisos mais belo podia ser visto, mas este somente era direcionado ao italiano. Virou-se para a piscina mergulhando completamente naquelas águas refrescantes.
Carlo ainda estava excitado. Mesmo aquela explosão violenta no corpo da mulher não o saciara por completo, e ele sabia bem o motivo: aquele diabo louro que agora parecia um elfo das águas na maldita piscina!
Ergueu-se, a fúria crescendo igualmente na proporção da sua excitação. Como podia desprezar e desejar ao mesmo tempo, deuses? Aquilo não fazia sentido!
Caminhou como um tigre perigoso em direção a sua presa. A medida em que chegava mais perto, sua raiva aumentava. E seu desejo também.
Respirou fundo e entrou na água, ainda não entendendo bem porquê fazia aquilo.
"Apenas para me limpar, para afugentar o calor da noite...".
Uma vozinha bem lá dentro dele sussurrava... 'Mentira... Mentira...'. E a raiva e a emoção ferviam dentro dele, fazendo os olhos escuros brilhavam como duas tochas intensas.
Afrodite, enquanto isso, ficou de pé no lado mais raso da piscina. Estava agora hirto, o sorriso lindo morrendo seus lábios... Era emoção demais ver Carlo ali, junto dele, nu e belo como o próprio Deus Ares seria. Sim, ele era a própria visão de um deus... Mas um deus belicoso, da guerra... Um deus assim se entregaria ao amor?
Ficaram muito próximos um do outro... Os corpos agora mais excitados do que antes... Aquilo que haviam feito com os parceiros pareciam uma pálida realidade perto das cores rubras da paixão que surgia agora, naquela piscina, entre eles dois.
Uma louca eletricidade parecia vibrar o ar e a água. O desejo carnal e a emoção atingiam agora proporções que nenhum dos dois sabia explicar.
Não precisavam se tocar para sentir o que sentiam. Era algo tão forte que queimaria o próprio inferno!
Dite sentia as pernas bambas, o coração aos saltos, disparado com a dor da expectativa de algo que ele não saiba explicar o que era... E viu nos olhos escuros que o italiano sentia o mesmo. Sem querer, soltou um gemido contido de susto e paixão... Os lábios se entreabriram debilmente, não suportando a dor que todo aquele desejo provocava no seu corpo.
A visão daqueles lábios trêmulos e desejosos foi demais para Carlo. Ele soltou um gemido baixo de raiva e ergueu a mão direita, tocando os lábios com seus dedos, sentindo aquela boca úmida e quente como se fosse um cego desesperado para conhecer uma nova forma. Dite fechou os olhos de emoção e sentiu os dedos fortes no seu rosto e na mucosa de seus lábios... Uma lágrima de dor e desejo escapou do rosto lindo e se misturou nas águas cristalinas...
"Onde você está, Afrodite?".
Era a voz de Shura, que também acordara. Diante da voz do outro homem chamando pelo sueco, Carlo se afastou, e seu rosto se tornou uma máscara de pedra. Dite teve vontade de gritar, de urrar de raiva, de morrer. Poderia jurar que seria beijado caso o outro não houvesse acordado naquele instante...
Quando viu o italiano mergulhar na água e desaparecer, sentiu uma forte melancolia invadindo-o como um grande manto negro.
Mas era orgulhoso, e uma esperança agora teimava em brilhar no seu coração...
Sorriu de novo. Não iria desistir de Carlo. Nunca.
"Já vou...".
Molhou o rosto, saiu da piscina e se enfiou em um roupão. Caminhou para Shura e o abraçou forte, mas tinha na mente um só pensamento...
Venderia a alma ao próprio diabo, mas não teria descanso até que italiano fosse totalmente dele.
Continua . . .
Bem, antes de tudo eu, Litha, peço desculpas pela extensa demora neste capítulo. Sim, o atraso dele ocorreu porque euzinha não conseguia me sintonizar para esta fic... Sorry!
Se não fosse o esforço da Jade no mês de dezembro e nestes últimos dias, com certeza demoraria a sair este capítulo. Digamos que ela me incentivou tanto que basicamente saiu O.O
A Jade não escreveu nenhuma nota, até porque ela está se preparando para voltar de viagem, mas deixo aqui um enorme agradecimento as pessoas que comentaram o capítulo anterior e que estão acompanhando a nossa baby.
Agradecemos a:
Celly M, Pipe, Cardosinha, Josiane Veiga, Catarina Kasumi, Ia-Chan, Paola Scorpio, Ariadna Blue, Joana, Makie e Yumi.
Valeu mesmo meninas por acompanhar a nossa baby comentando e nos incentivando.
Espero que todos tenham recebido o nosso cartãozinho de Feliz Ano Novo! Com Muzinho e Shakinha.
Bem... apenas faço um grande pedido a vocês...
Comentem a nossa baby 'risos'.
Bjins
Litha-chan & Jade Toreador