Título da fic: Marcas do Destino
Personagens principais: Mu e Shaka
Personagens secundários: Miro, Kamus, MdM, Shura, Afrodite e outros
Classificação: Yaoi, A.U., O.C.C., Angst, Dark-Lemon, Lemon, Romance

Autoras:Litha-chan e Jade Toreador

OBSERVAÇÃO:Esta fic aborda caso de pedofilia, mas não como forma gratuita e sim para exemplificar um fato que realmente acontece no mundo com algumas famílias. Procuraremos não descrever as cenas, mas faremos alguns relatos necessários para a melhor compreensão e desenvolvimento da história.

Notas explicativas sobre os personagens:

Os nomes de alguns personagens foram criados por mim e por Jade. Somente Carlo di Angelis é de autoria da escritora Pipe. Vamos aos nomes para que vocês não fiquem perdidos no decorrer da fic, ok?

Mu de Áries - Mutisha Dzogchen Dorje
Shaka de Virgem
- Sidartha Kramahidja Swentson
Milo de Escorpião - Milo Nikos Aleksiou Sikelanós
Kamus de Aquário - Michel Kamus Monchelieu
Afrodite de Peixes - Afrodite Lindgren Göte Gunnar
Shura de Capricórnio - Guillén Shura Quesada Montoro
Misty de Lagarto - Misty Lindgren Reenê Forann
Siegfried de Dubhe
(Guerreiro Deus de Asgard) - Siegfried Dubhe
Saga e Kanon (Gêmeos) – Irmãos Andropoulos

Conforme a fic for se desenvolvendo outros personagens irão aparecendo, então a medida isto for ocorrendo, nas notas explicativas, poderá haver menção sobre o nome de um determinado personagem.

Sumário:O destino tece bênçãos e tragédias nos corações de ricos e pobres, todos estão inexoravelmente presos na roda kármica da vida. O amor e o ódio queimam as marcas do destino, revelando dores e alegrias num rodamoinho interminável de emoções...

Boa Leitura...


Marcas do Destino

- Capítulo 5 –


"Meus parabéns aos noivos".

Esta fala, a única que conseguiu dizer diante aquela noticia, ainda reverberava dentro de sua mente. Estava marcada a ferro e fogo, assim como a fala alegre de Annethe lhe dando a notícia oficial do noivado. Teve que se esforçar e muito para no mínimo se manter com uma máscara de falsa felicidade, mas sabia que não estava conseguindo, não para Kamus.

"Veja, Milo, o anel de noivado que ganhei de Kamus! Ainda não marcamos a data do casamento, mas logo faremos isso...".

Sentia-se horrível. Apunhalado e doente. Decepcionado acima de tudo.

Quando citou que Annethe, a noiva, poderia acabar pensando que ele estava se aproveitando de Kamus num quarto trancado, foi apenas uma forma de falar. Por várias vezes chamava a namorada de Kamus com adjetivos como 'patroa', 'noiva', 'cão de guarda de pelagem dourada falsificada'... Claro que este último ficava apenas entre ele e alguns onde Kamus não se incluía. Nunca imaginou que... Que naquele dia, Kamus teria afirmado o compromisso com aquela mulher.

Mais uma vez, entornou a bebida garganta abaixo. Já não mais sentia o amargo ou ardor que a bebida causava, pois já estava mais do que anestesiado.

"Pietro me prepara mais uma dose, bem forte e dupla... Quero sair daqui hoje sem saber onde moro".

O barman apenas fitou ,desalentado, a forma como Milo se encontrava. Conhecia-o há bastante tempo, sabia que o grego era uma pessoa alegre e também estourada, mas nunca... Nunca o tinha visto daquela forma.

"Milo, não acha que já chega por hoje? Já é o terceiro dia que vem aqui e se embebeda deste jeito, só saindo quando perde a consciência e me fazendo ter que levá-lo para casa". Comentou preocupado o jovem barman.

Milo fitou um ponto qualquer no balcão e sorriu tristemente antes de falar:

"É isto que quero Pietro... Perder a minha consciência. Se para não pensar e não me lembrar de nada eu estiver que estar sempre bêbado, então... É a melhor opção. Anda, pare de me enrolar e prepare a bebida".

O grego abaixou a cabeça, deixando que os fios louros lhe escondessem os rosto que, a esta altura, já se encontrava novamente banhado em lágrimas com as lembranças do fatídico dia.

§ Flashback §

"Veja, Milo, o anel de noivado que ganhei de Kamus! Ainda não marcamos a data do casamento, mas logo faremos isso...".

"Meus parabéns aos noivos".

"Ah Milo... Fico feliz por você nos felicitar. Confesso que fiquei um pouco temerosa. Sabe como é, amigos antigos são os mais difíceis de aceitarem, sentem ciúmes dos amigos, das futuras farras perdidas, essas coisas...".

A loira sorria enquanto falava. Logo se sentou mais próximo de Milo.

O grego tentava a todo custo parecer indiferente àquela noticia, mas estava sendo impossível manter os cacos dentro de si, unidos, ainda mais quando sentia os olhos de Kamus sobre si.

"Temeroso? Só se eu... bem, se eu gostasse de Kamus além do que uma mera amizade, ai sim, você poderia ficar com medo, mas...". Milo antes de finalizar a fala, voltou seu rosto para Kamus e fitou seus olhos. "Kamus é apenas um amigo. Só isto, nem amigo de sexo ele é, até porque gosto dele demais para ser apenas 'mais um para coleção' não é mesmo, Kamus?".

Doía... Cada palavra dita lhe furava o coração.

'Sim, sinto ciúmes, muito ciúmes... Vaca! Você está me tirando a única coisa boa e perfeita que apareceu em minha vida. Um amigo, meu anjo de gelo. O único que me conquistou, meu, era meu antes de você aparecer... Mas que destino mais desgraçado... Amar um amigo comprometido que acha que apenas o desejo para uma transa rápida, que o desejo apenas como mais um para a minha coleção... DROGA KAMUS... Cara... eu te amo, não vê isto?'.

"Milo? Você está bem?". Era a voz da francesa a lhe cortar os pensamentos.

"Desculpe, acho que não dormi direito e estou meio aéreo". Voltou o rosto para Annethe.

"Realmente, já que você falou, estou notando que você está abatido mesmo. Olha se quiser, você pode descansar aqui um pouco enquanto tento preparar algo para o almoço; o que você me diz?".

Milo abaixou a cabeça e não conseguiu refrear o pensamento. 'Vaca prestativa... Já deve ter percebido tudo e quer me humilhar mais ainda?'. Levantou-se subitamente do sofá ajeitando a roupa e alguns fios de cabelo que lhe caiam sobre a face cansada.

"Não é necessário, Annethe. Acho melhor eu ir embora e deixar vocês sozinhos e a vontade".

"Mas você não está atrapalhando nada, Milo! Se quiser, fique, assim ficamos os três conversando um pouco após o almoço e quem sabe Kamus ou você podem me mostrar alguns pontos turísticos". Levantou-se também ficando ao lado de Milo.

"Milo...". Pela primeira vez Kamus se pronunciou desde que saíram do quarto.

O grego voltou a fitar o rosto sério de Kamus, mas logo desviou os olhos.

"Sim, Kamus... Diga...".

"Se quiser... Pode ficar lá no meu... Quarto descansando...". A voz quase sumiu. 'Stupid... Como posso ser tão burro?'.Pensou ao se dar conta do que acabara de dizer.

Milo suspirou segurando-se a máximo para não fraquejar. Ali não era hora e nem lugar, não fora isso que Kamus lhe dissera?

"Obrigado Kamus, mas tenho que ir mesmo. A... noite de ontem foi um pouco agitada demais e não descansei ainda. Bem... Divirtam-se!".

Não esperou despedidas, apenas se direcionou rapidamente até a porta do apartamento e saiu sem olhar para trás. Não conseguiria se segurar se encontrasse os olhos de Kamus novamente.

A única coisa que lhe veio à mente foi afogar a desilusão na bebida. Por mais difícil que seria ficar bêbado, tentaria a todo custo esquecer. Ao chegar na calçada do prédio, rapidamente montou em sua moto e o barulho de pneus no asfalto pode ser ouvido. Em menos de meia hora já se encontrava no bar, em meio à dor que se apossava de seu coração e alma.

Essa rotina já entrava no terceiro dia.

Nos dias anteriores ia na empresa, resolvia o que tinha que resolver e tão logo podia, já saia correndo de lá evitando encontrar Kamus pelos corredores.

Mas hoje, infelizmente, o destino lhe pregara mais uma peça. Ao sair da empresa, se deparou com Annethe e Kamus abraçados no pátio principal. Uma ânsia lhe subiu a garganta ao ver como Kamus beijava a mulher, apertando-a contra seu corpo.

Antes que pudesse ser notado pelos dois, andou apressado até seu carro. O trajeto lhe parecia infinito. Quanto mais andava rápido, mais parecia que o carro se encontrava distante. Quando finalmente alcançou o veículo, não processou o chamado que Annethe ao longe lhe fazia. Apenas adentrou o carro, largou as coisas no banco do carona, ligou o veículo e arrancou.

Agora se encontrava ali... Mais uma vez bebendo...

§ Fim do Flashback §

"Nikos? É você mesmo?".

Uma voz feminina lhe chamou a atenção. Conhecia aquela voz, aquele jeito de lhe chamar era único.

Antes de fitar a jovem, Milo procurou limpar o rosto com as mãos.

"Quanto tempo, não é mesmo? Até penso se não estou sonhando, você não é de freqüentar mais essas bandas". Tentou forçar um sorriso ao olhar para o rosto de sua amiga.

"Nikos... o que aconteceu?". A voz saiu preocupada. Em todos os anos de amizade podia se contar nos dedos de uma única só mão quantas vezes vira Milo chorando.

"Ah... você sabe... Problemas aqui, problemas ali... Coisas do coração...". Brincou com o copo vazio sobre o balcão.

"Ai lindo... Ok, sumi por uns tempos, mas... Agora estou aqui e quero saber tudinho, então não aceito negativas, pode ir me contando tudo e largando essa bebida ai".

Milo olhou de lado para jovem e sorriu. Um sorriso triste.

"Você sabe né Marin, eu ainda gosto dele... Estive tão perto... E agora...".

"Você está me dizendo que isto tudo ainda é pelo Kamus? Não acredito Nikos... Ainda?".

"É... Ainda Marin e pelo visto... Sempre será...".

"Ok! Então vamos começar por onde perdi a ponta deste rolo todo... Vai, me diga o que aconteceu para você estar tão abalado assim...".

E Milo após soltar um longo suspirou, começou a contar tudo o que se passara durante aquele tempo em que ele e Marin não se viam. Era bom ter a amiga por perto novamente. Marin tinha um dom especial de acalmá-lo. Era a única mulher que Milo realmente se dava bem.

Quase uma hora depois, Milo já tinha relatado tudo a Marin.

"Oh meu amigo... Eu sinto muito...". Marin realmente estava sendo sincera. Ela sabia como era dolorido um amor não correspondido.

"Eu também, Marin... Eu também, mas... O que posso fazer? Eles estão noivos. Kamus não gosta de mim e até ignora qualquer tentativa minha. Perdi, Marin... Eu o perdi!".

O grego tampou o rosto com as mãos e voltou a chorar.

A japonesa que passara a maior parte de sua vida na Grécia, abraçou o amigo tentando lhe transmitir mais do que apoio. Em sua mente algo estava sendo formado. Talvez poderia ser algo arriscado, mas melhor tentar do que desistir.

"Nikos... Olha... eu tenho uma idéia, mas... Bem, para isto preciso que você esteja disposto. Quer ouví-la?". Marin se afastou e sorriu, confiante.

Milo apenas meneou a cabeça confirmando. Se sua amiga pudesse ajudá-lo, estaria disposto a tudo... Tudo mesmo para ter Kamus.

"Então... Escute-me com muita atenção, grego...".

oOo

Afrodite vinha andando sensualmente por entre as mesas. Aos olhos atentos de Carlo, aquilo era uma provocação em forma de gente... 'Un diavolo nell'umano della forma!'. Não conseguia tirar de sua mente as cenas tórridas que presenciara entre Afrodite e Shura naquela noite na suíte da boate. A cada gemido que saia dos lábios de Afrodite, sentira-se queimar por dentro...

'Como não consigo deixar de pensar neste uomo? Per Dio... Sono un maschio!'. Pensava enquanto observava o sueco se aproximar da mesa para logo em seguinte sentar no colo de Shura e beijá-lo de maneira selvagem.

Afrodite se afastou e sorriu para Shura.

"Que bom que você chegou cedo, meu espanhol...". Olhou para Carlo e sorriu mais ainda. "Boa noite, Carlo! Vai querer repetir a dose de Sábado passado? Mesmo hoje ainda sendo dia de semana, posso lhe disponibilizar a mesma acompanhante ou... Algo diferente hoje... O que você me diz?".

O outro o provocava! Maldito! O pior de tudo... Era que seu corpo reagia àquela provocação com uma libido irrefreável.

Carlo rosnou:

"Eu não preciso de um viado para me arrumar mulheres, posso muito bem consegui-las, a hora que bem for".

Shura interferiu, apaziguador... Era notável o mau humor costumeiro de Carlo. Todos conheciam seu temperamento indômito e explosivo, mas o amigo estava exagerando...

"Oras, carcamano, acalme-se... Afrodite está apenas querendo ser gent...".

"Ele que enfie a gentileza dele no rabo, e, quer saber mais? Se quiser ficar afogando o ganso nesse pinico enfeitado, problema seu. Esse lugar não é para mim. Ele fede".

Ergueu-se.

Afrodite, por sua vez, estava muito pálido, graças à ofensa. PINICO ENFEITADO?

Ergueu-se e se colocou entre Carlo e a saída da boate.

"O que você pensa que é para falar assim comigo?".

"Um homem. Pena que Shura está começando a se esquecer do quê é ser um".

O espanhol não gostou nada do que ouviu. Tinha também sangue latino. Era tão explosivo quanto o outro.

"Você pode ser homofóbico a vontade, mas não tem o direito de falar toda essa merda. Eu e Dite... Nos apenas temos um...".

"Oras, é apenas um caso? É isso que vai me dizer, que é uma bimbada sem significado? Ridículo. Com tantas mulheres por aí e você se esfrega nessa latrina bonita. Pra mim, quem gosta de enfiar pau em merda é duas coisas: ou barata de esgoto, ou viado. Não existe uma terceira classificação".

Shura mandou o primeiro soco. Pego de surpresa, Carlo caiu, os lábios espirrando sangue, mas a queda só serviu para o deixar ainda mais furioso. Estava mesmo louco para extravasar a raiva e o tesão contido que sentia. Em menos de dois segundos, se reerguia como um tigre enfurecido e voava para cima de Shura, desferindo um soco tão potente que foi a vez do outro cair.

Os que estavam por ali começaram a gritar de espanto e fazer uma roda para assistir a briga. Rolavam furiosamente como dois titãs em combate.

O estrago prometia ser feio porque, tanto um como o outro, eram exímios boxeadores, sem falar que Carlo ainda passara um bom tempo na Coréia, e, durante sua estadia lá, a serviço da empresa de Mutisha, aproveitara as horas vagas para aprender Tae Kondo.

Dite fez a única coisa que podia fazer. Chamou os seguranças.

Foi preciso nada menos do que cinco desses leões de chácara para seguraram os dois amigos que agora pareciam não estar tão amigos assim.

Shura gritou, furioso:

"Isso na minha terra é vontade enrustida, idiota".

"Oras, vá se foder".

"Chega, vocês dois!".

Afrodite, ele mesmo, queria dar uns bons socos naquele carcamano desalmado. Mandou que os seguranças o empurrassem para fora, o que foi obedecido prontamente.

Carlo ainda gritou, já próximo da saída:

"Eu não iria mesmo ficar nesse antro. Se quiser continuar a briga depois, Shura, sabe onde me encontrar!".

Shura tinha o supercílio rachado e a boca inchada. Lutar com aquele italiano era mesmo uma tarefa suicida. Mas que diabos...

"Madre de Dios, que bicho mordeu esse cretino? Nunca agiu assim comigo antes! Nós já brigamos, mas...".

De repente, Shura ouviu o choro baixinho e agoniado de Afrodite. Oh, céus, agora as coisas começavam a fazer sentido... Afrodite era sempre tão altivo e seguro. Nada ou ninguém o magoava, mesmo quando pisavam em sua opção sexual... Mas Carlo, ah sim, se Carlo conseguia deixar o sueco naquele estado de nervosos... Então...

"Así pues, usted lo ama...".

Agora sim, diante daquela afirmação simples, a máscara de Afrodite caiu por terra de vez. Explodiu um choro doído de amor. Shura o abraçou cavalheiramente, como faria com qualquer garota na mesma situação. Não seria uma situação fácil mesmo para uma menina. No caso de Afrodite, bem, era uma situação ainda muito pior...

"Não fique assim... Ele...".

"Ele me odeia, ah, Shura, eu quero morrer...".

Shura sorriu. Amparou Afrodite e o levou para uma mesa privada, numa sala particular longe dos olhares curiosos...

"Oras, nem parece o nosso Dite falando. Já vai desistir? Não vai ensinar a esse italiano arrogante que em questões de amor nunca se deve cuspir para cima?".

Os olhos de Dite brilharam diante do desafio que Shura lhe propunha...

"Fale ele o que disser, penso como homem e sou homem. Não, não vou desistir assim! Mas é que...".

"Nada de mas... Tome, use o guardanapo e limpe esse rosto lindo...".

Afrodite sorriu diante da gentileza do outro e aceitou o pano de linho branco. Assou o nariz como um garotinho resfriado. Sorriu em meios as lágrimas que teimavam em escorrer pela face alva:

"Agora sei porque os espanhóis têm fama de serem galantes. Você é um cavalheiro!".

"Já não podemos dizer o mesmo do nosso amigo italiano...".

"Ele me odeia".

"Claro que odeia. Você despertou o desejo dele por outro cara. Você não achou que ele aceitaria isso numa boa, achou?".

Os olhos de Dite se arregalaram de surpresa...

"Mas então...".

"Sim, eu percebi. Ele não tirava os olhos de você naquela noite em que estávamos em quatro. Ele quer você loucamente".

Afrodite deu um suspiro desanimado...

"Mas isso não basta pra mim. Eu quero... Eu quero que ele me ame".

Shura arregalou os olhos rasgados. Tinha mesmo um charme todo próprio.

"Oras, meu caro amigo, então você tem uma tarefa árdua pela frente... Desejo-lhe sorte".

"Vai me ajudar?".

Shura riu...

"Como? Servindo de saco de pancadas cada vez que ele quiser me agredir por sua causa?".

"Você achou mesmo que foi ciúmes?".

"Bem, pode ter sido... Suas chances são boas".

"Shura, me ajude".

"Como?".

"Finja ser meu namorado. Deixe-me visitar você no serviço... Eu sei que vocês estão morando no mesmo prédio...".

"No mesmo andar, para ser mais exato".

"Eu teria a chance de vê-lo mais vezes... Vocês brigaram hoje, como já fizeram outras vezes, mas sei que são amigos inseparáveis!".

Shura gargalhou. Era 'hetero' de opção, mas liberal. Nada o incomodava. E seria divertido ver o italiano numa saia justa por causa de Afrodite.

"Muito bem... Eu topo".

Afrodite deu um gritinho de felicidade.

oOo

Era mais um dia...

Estava sentindo o corpo pesado antes mesmo de sequer levanta-lo da cama. O cansaço de uma semana inteira sobre caia em seus ombros.

Desde que aceitara, na verdade não foi bem uma aceitação de sua parte, trabalhar com o primo - e para o primo -, Misty se encontrava em uma verdadeira maratona. Nunca poderia imaginar que Afrodite conseguia fazer todas as coisas e ainda assim estar pronto e belo para as noites na boate. Como ele conseguia fazer essa proeza?

Seus ouvidos captaram o toque estridente do telefone. Era ainda sete horas da manhã, quem poderia estar ligando àquela hora? Em sua mente a idéia de não atender lhe parecia perfeita, mas... Se não atendesse a droga do telefone talvez o mesmo não parasse de tocar. Acabou se decidindo atender, antes que ficasse mais estressado.

"Qui?".

"Mon bébé... Como você está? Pourquoi non ligou para sua mãe? Você ainda está dormindo, Mimi?".

Misty gelou de tal forma que todo o sono que ainda poderia lhe restar acabara de desaparecer. Quem diabos poderia ter dado o telefone de seu flat para sua mãe? Bem, a resposta ele automaticamente já sabia... 'Afrodite!'. Pensou rapidamente.

"Mimi? Mon Bébé... está tudo bem? Pourquoi non fala alguma coisa? Você não está feliz em falar com sua mãe?". Podia se notar preocupação no tom de voz da mãe de Misty.

Suspirando Misty tentou responder da melhor forma possível.

"Salut maman... Só estou um pouco cansado. Trabalhar com Dite cansa, ele é muito exigente e quase não posso me divertir. E... Mãe... Por favor, não me chame de Mimi, não sou mais criança!". Largou o corpo de volta a cama, deixando-o cair pesadamente.

"Travailler? Com Afrodite? Ai filhinho... como fico feliz que você tenha amadurecido...".

Misty rapidamente fez um biquinho adorável – característico dos Lindgren – em resposta a empolgação de sua mãe.

"Não sei porquê tanta empolgação... A senhora mesma reclamava da vida que Dite sempre levara...". Tornou a se levantar e caminhou em direção ao banheiro.

"C'est vrai, mas... Sei que errei em julgá-lo. Mas se ele está te colocando no caminho certo, te dando algo para ser útil, só tenho a agradecer e ficar feliz".

"Maman!". Elevou a voz ao notar que a própria mãe havia lhe chamado de 'inútil'. "Quer dizer que sou um inútil para a senhora? Que ultraje!". Reclamou sentando-se a beirada da banheira.

"Non mais... Só non entendi pourquoi Afrodite non me contou que tinha lhe dado um emprego...".

"Se a senhora não sabe, eu que não posso saber! Mãe... eu vou ter que desligar para tomar um banho e depois o desejum antes de ir... Tenho muita coisa para fazer ainda". Estava louco para encerrar aquela ligação. Afinal, a melhor parte do dia estava por vir.

"Ah... Oui mon cher. Se cuida mon bébé".

Misty finalizou a ligação soltando um profundo suspiro. Sua paz havia acabado, uma vez que agora sua mãe possuía o número de seu telefone. Celular? Sim, até que tinha, mas vivia desligado justamente para evitar tais perturbações.

Sem querer pensar em mais nada além do óbvio que tinha que fazer durante o dia todo, o louro optou por tomar uma boa ducha morna e se preparar para o seu desejum.

Basicamente uma hora após ter sido acordado, já se encontrava pronto, belíssimo, vestindo uma camisa azul de mangas – estas dobradas até os cotovelos – de tonalidade clara, uma calça branca que se moldava muito bem as suas curvas e sandálias em tiras brancas, as quais deixavam seus delicados dedos expostos. Nos lábios um leve brilho incolor e os olhos encontravam-se contornados por lápis, evidenciando o azul cristalino.

Sorriu para si mesmo defronte ao espelho aprovando a sua aparência, que mesmo tendo sido mudada a um pedido tão 'delicado' de seu primo "Não me venha trabalhar aqui, em minha boate, mais se parecendo com um michê. Apesar de tudo, você faz parte da família e não desejo que fiquem falando coisas por ai... Além das quais já falam, é lógico". Tão delicado em palavras era seu primo... Quem não conhecia que o levasse para casa.

Tratando de sair logo, pegou a pequena pasta bege ao seguir em direção a porta do apartamento. Em poucos minutos já ganhava as ruas tomando uma única direção... A bomboniere. Afinal, além de um bom desejum, tinha outros interesses a tratar nele local.

Rapidamente já se encontrava parado a porta da loja.

Deixou um sorriso aparecer nos lábios, constatando que seu objeto de desejo e até mesmo porque não dizer de afeto, se encontrava no interior da loja arrumando a disposição das pequenas mesinhas. Ser brindado com aquela bela visão era realmente algo maravilhoso para se começar mais um longo dia.

Entrou discretamente já se apossando de uma das mesinhas. Na verdade elegera a mesa próxima a janela com visão para rua a mais propícia para os seus interesses. Dali conseguia ver toda a movimentação que seu belíssimo atendente fazia no interior da loja e também poderia ver a rua.

Um barulho lhe chamou a atenção. Estava tão absorto em seus pensamentos que não viu a aproximação do jovem Dubhe.

"Bom dia, senhor! O que gostaria de tomar?".

"Oh, desculpe a minha falta de atenção...". Acabou involuntariamente ficando corado e isto era algo extremamente novo. "Eu gostaria de pedir o de sempre. Espero que não tenha se esquecido". Comentou olhando fixamente para os olhos azuis claríssimos.

O jovem permaneceu calado por meros segundos antes de responder com um timbre de voz que deixava Misty mais do que amolecido.

"Não esqueci, senhor... Não possuímos muitos clientes que tomam 500ml de café somente de manhã acompanhado de variados doces".

Misty mais uma vez corou. Seu rosto alvo estava lhe pregando peças ultimamente.

"Desculpe, não deveria ter comentado desta forma". Desviou os olhos ao notar que as maçãs do rosto do jovem estavam rubras.

Misty rapidamente tentou voltar ao normal, mesmo ainda estando corado.

"Ah, não se preocupe. Concordo que tenho hábitos não tão normais assim. Bem, então você pode me trazer o meu adorável café e duas fatias de torta de chocolate?". Perguntou piscando os olhos lentamente.

"Sim, claro... Somente isto senhor?".

"Não...". Pensou bem rapidamente. "Na verdade desejo mais duas coisas alias, três, mas a última pode ser resolvida depois que você me trouxer os pedidos. Eu realmente gostaria que você deixasse de me chamar de 'senhor', e me tratasse de 'você', formalidades somente se for preciso na frente de seus chefes, agora a outra coisa... Qual o seu nome?". Suas mãos estavam transpirando e agitadas sobre a mesa.

"Desculpe-me, são formalidades que a dona da loja nos exige, mas se assim o sen... digo, você assim deseja, então procurarei tratá-lo de você em vez da maneira formal. E... me chamo Siegfried Dubhe. Aqui atendo pelo meu sobrenome, Dubhe".

'Lindo, perfeito e com um nome que me deixa arrepiado'. Pensou o louro ainda olhando fixamente para o rosto do outro jovem.

"Prazer em lhe conhecer Siegfried, você pode me tratar por 'você' sem problemas ou pelo meu nome... Misty". Sorriu discretamente para o jovem de cabelos castanhos claros. "Bom, depois que você me trouxer os pedidos, eu gostaria de tratar de um assunto que pode a vir a ser rentável tanto para você quanto para a bomboniere, mas conversaremos depois, sim?". Arrumou algumas mechas de seus cabelos colocando-as por detrás da orelha.

Siegfried fitou atentamente o rosto do loiro. Pensava seriamente se deveria ouvir ou não o que o outro poderia lhe propor. Seus olhos vagaram para o relógio acima da porta de entrada da loja constatando que ainda era cedo demais para que sua chefe estivesse na loja. Pelo visto teria que servir de intermediário caso a proposta fosse realmente boa.

Seu rosto voltou-se para o estranho jovem que aguardava uma resposta de sua parte.

"Tudo bem, Misty... Já que a dona do estabelecimento não se encontra há esta hora, sentarei com você para escutar sua proposta e depois repasso para ela, mas... não posso me demorar muito, esta loja começa a aumentar a movimentação dentro de meia hora".

"Oh... sem problemas, Siegfried, creio que posso tratar de negócios enquanto tenho o prazer de uma boa degustação de café da manhã com uma boa companhia ao meu lado". Disse sorrindo ao jogar seu costumeiro charme.

Siegfried meneou a cabeça optando por não entender o que o jovem poderia ter insinuado. Rapidamente se afastou indo cuidar do pedido de seu estranho, mas belo, cliente.

'Meu sonho tem agora um nome... Espero que eu consiga o que tenho em mente... Ambas as coisas, assim poderei estar sempre por perto...'. Misty pensava enquanto olhava atentamente o que seu adorável atendente de loja fazia.

oOo

Shaka preparava se, ao acordar, para enfrentar uma batalha.

Antes do desejum, costumava orar aos deuses da sua terra natal. Depois, concentrava-se para fazer meditação. Mas para conseguir isso, precisava de uma paz de espírito que estava longe de sentir!

Na verdade, achava que enfrentaria novas discussões com Mutisha, mas, num total anticlímax, nos últimos dias, isso não aconteceu. Mu evitava um confronto direto com ele.

Shaka ficava tenso, na espera de um combate que não acontecia, e, diante dessa situação inesperada, seus nervos ficavam tensos, sempre em alerta. Nem a meditação o livrava do stress!

Aquela calmaria, aquele afastamento voluntário do empresário, bem sabia ele, só podia ser algo para confundir seus sentimentos...

Seria Mu um homem que tinha algum princípio e sentimentos? Afinal, lhe dera uma trégua e, na ultima vez em que o tocara fora tão... Tão...

Shaka corou violentamente ao se lembrar dos carinhos íntimos e fogosos com que Mu o presenteara. Já passara muito de mão em mão, de cliente em cliente e, no entanto, aquela fora a primeira vez em que seu prazer passara muito de uma mera reação automática... Fora algo que o levara às alturas!

"Não fantasie nada, Sidartha, você não é Julia Roberts de Pretty Woman. Além disso,... O cara te odeia e você o odeia também".

A voz de Shaka soou solene, num tom de advertência e, para falar consigo mesmo, ele usou seu nome de batismo, do qual não gostava, para tentar sair do transe sensual que as lembranças dos toques de Mu provocavam nele.

Mas pensamentos deliciosos continuavam, e ele estava sentindo o desconforto de uma ereção matinal. A idéia de tocar-se pensando em Mu o fez pular da cama com raiva de si mesmo. O cara o currara na boate, o comprara como um pedaço de carne e agora ele próprio ficava ali, pensando em... Em...

Pensando em nada.

"Parvati, minha linda, onde você está?".

A caixa com areia, água e comida estavam ali, mas nada de gato.

Shaka soltou um suspiro exasperado e foi ao toalete. Banhou-se tentando ignorar o clamor do seu corpo e depois se meteu em um roupão felpudo, daqueles que fazem a gente querer ficar sem fazer nada o dia inteiro.

Apanhou uma escova de cerdas naturais e começou seu ritual diário de escovar pacientemente seus longos cabelos louros, para depois prendê-los numa trança.

Enquanto fazia a trança, caminhou até a sacada do aposento. Estava um dia lindo na Grécia. O céu estava azul como a cor de seus próprios olhos e havia um clima de alegria no ar, divulgado pelo piar de diversos pássaros que estavam a fazer festa nas árvores do jardim.

Ao fitar a paisagem, Shaka finalmente encontrou sua gatinha. Ela estava no jardim, no térreo, no colo de Mu.

Aquela adorável traidora gostava dele!

A felina ficava placidamente no colo do empresário enquanto ele tomava seu desejum, servido regiamente sobre uma mesa ao ar livre.

Por vários dias, propositadamente, Shaka evitara fazer as refeições com Mu. Mas dessa vez, quando percebeu, já havia vestido um lindo Kafka bordado e já estava indo para o jardim...

Se Parvati não tinha medo de Mutisha, não seria ele que iria ter!

oOo

Um sentiu o perfume adocicado de ervas e almíscar que vinha naturalmente de Shaka. Ergueu os olhos do relatório que lia e sentiu um calor de satisfação. Shaka era lindo!

Sem perceber, sorriu. O sorriso foi tão espontâneo que, sem jeito, Shaka aceitou a cadeira que o mordomo lhe ofereceu e sentou-se à mesa.

"Bom dia...".

"Bom dia...".

oOo

Conversavam entusiasmados, agora. Nenhum dos dois tinha consciência de que agiam assim, mas agiam! Haviam já falado de política, futebol, bebidas, mulheres, bolsa de ações, esportes. Sim, um típico bate boca masculino, sem tirar e nem pôr. Mu era radical nas suas idéias, Shaka também, mas os dois, paradoxalmente, descobriram que tinham muitas idéias em comum...

Nem de longe Shaka era letrado como Mu, mas tinha uma visão dinâmica do mundo, e o que não sabia pela vivência acadêmica, compensava com observação, bom senso e intuição.

Agora, Mu lhe contava sobre uma festa beneficente que faria para angariar fundos a um orfanato.

Um baile a fantasias.

"Festa beneficente?".

"Sim, mas não tolero chás e velhotas beatas... Faço a minha festa, do meu jeito, com meus amigos... Muita farra e bebedeira... Mas eles já sabem que devem deixar uma soma para o orfanato. Esse ano vou fazer um baile a fantasia, bem gay, bem animado...".

Shaka acabou sorrindo...

"E o diretor do orfanato sabe que tipo de festa vai ser?".

Mu riu...

"Bem, o velho diretor não é burro... Sou assumido e não escondo isso da imprensa e nem de ninguém. É natural que meus amigos façam festas nada comportadas, mas lhe garanto que ninguém até hoje recusou as doações que fazemos!".

Nesse instante, a secretária particular de Mu os interrompeu...

"Desculpe-me, senhor Dorje, mas é importante... O diretor do orfanato perguntou se o senhor vai mesmo fazer a festa beneficente esse ano".

"Sim, eu estava justamente comentando isso agora... Diga a ele que farei como de costume...".

Shaka odiava estar curioso, mas estava... Mu era caridoso? Não, isso deveria ser um engano...

"Você então cuida mesmo de um orfanato!".

"Você parece surpreso...".

"E estou. Você não parece esse tipo de pessoa...".

Mu deu um sorriso irônico...

"Você não parece também o tipo de pessoa que é...".

O sorriso do mestiço hindu morreu. Pronto. Lá estava Mu lembrando-o de que ele, Shaka, não passava de um puto.

Respirou fundo. Não iria dar o gostinho de se mostrar chateado. Afinal, era mesmo um prostituto, não era?Não podia esquecer como fora parar ali na casa do elegante empresário de cabelos lilases...

"Bem, você não me conhece".

"Você também não me conhece".

"Já conheço o suficiente para não gostar de você".

"Bem, eu digo o mesmo".

Pronto, a velha animosidade havia voltado. Retrucou:

"Só que há uma grande diferença entre eu e você, Shaka. Eu posso escolher você não, é o seu trabalho. E devo lhe dizer que você trabalha muito mal. Se é assim que trata seus clientes...".

"Meus clientes eu faço questão de tratar muito bem. Mas não você".

A gata miou desagradavelmente, como se estivesse sentindo a ira dos dois crescendo...

Mas uma nova interrupção aconteceu...

"Ora, Mutisha, bom dia!".

"Que bela mesa matinal".

Mu sorriu, meio irritado. Kanon e Saga, seus amigos gêmeos, entravam como se houvessem sido teletransportados pela USS Enterprise. Mas que diabos...

Kanon pegou uma maça da fruteira e Kanon foi sentando na cadeira vazia...

Mu os conhecia de longa data. Kanon era designer e Saga um dos marchands mais conceituados da Grécia.

"Não sabem esperar o mordomo anunciar vocês?".

"Oras, não precisamos ser anunciados...". Comentou Saga.

"Sim, conhecemos você desde que usava fraldas, e, além disso...". Kanon também sentou-se à mesa. "Você mesmo nos chamou hoje para falarmos sobre os detalhes da sua festa, lembra-se?".

Verdade. Lembrava-se.

"Vamos trazer um verdadeiro templo grego para cá...". Disse Kanon.

"Sim, inclusive obras de valor incalculável que poderão ser leiloadas...".

Mu riu...

"Entre uma farra e outra na piscina, o pessoal vai preferir comprar belos garotos do que a comprar quadros...

Kanon deu um sorriso lindo e malicioso...

"Ah, mas nos vamos providenciar isso também...".

Shaka permanecia calado. Corou quando ouviu que garotos de programas também iriam ser leiloados na festa...

Tentou se levantar sem ser notado, mas era impossível alguém não notar Shaka...

Saga o segurou pelo braço...

"Espere, lindo... Ora, Mu, não vai nos apresentar seu novo amigo?".

"Shaka, esses são os irmãos Andropoulos... Saga e o irmão dele, Kanon".

Saga sorria...

"É esse o garoto que você me disse que dançava na boate de Afrodite? Ele me parece mesmo ser muito gostoso... Para você se sujeitar a trazê-lo para sua casa...".

Kanon brincou...

"Sim, dá vontade até de experimentar... Ouvi dizer que você dança muito bem... No palco e na cama".

Riram os irmãos.

Houve um momento de visível constrangimento, pelo menos para Mu e Shaka. Mu havia sim comentado o fato de ter conhecido um garoto de programa, mas não achou que Saga faria a deselegância de comentar isso na frente do hindu.

Ah, mas ele deveria saber que Saga e Kanon só faziam o que lhes dava na cabeça.

Por um instante, Mu sustentou o olhar magoado de Shaka. Que merda...

Foi o próprio Shaka quem lhes respondeu, os olhos marejados, suportando com dignidade aquela situação que lhe era terrivelmente humilhante. Mu falara dele para os outros exatamente nos termos que ele era: um puto pago, um vagabundo! E, por um instante, naquela manhã, enquanto haviam conversado, fizera de conta que ele era apenas um convidado de Mu, e que... Ah!

Respirou fundo e engoliu a mágoa:

"Sim, senhores, eu danço muito bem no palco e na cama, e se que quiserem os meus serviços, estarei à disposição dos dois, nessa festa...".

Mu ferveu de raiva. Como é? O vagabundo se recusava a se entregar para ele, fazia literalmente cu doce, e depois se oferecia descaradamente para seus amigos, na sua frente, como se fosse uma bandeja cheia de guloseimas? Mas que porra!

Seu olhar cintilava de raiva e foi somente por causa de seus anos de empresário acostumado a blefar que conseguiu ocultar os sentimentos conturbados que o consumiam. Sua voz soou perigosamente controlada. Dava uma idéia falsa de serenidade. Porém, as palavras foram cruéis:

"Para quê esperar até a festa? Eu tenho vários aposentos aqui mesmo. Você poderá mostrar seus talentos imediatamente".

Shaka ficou lívido. Seus lábios tremeram, mas ele respirou fundo, para não mostrar o quanto àquelas palavras o haviam surpreendido. Oras, surpreendido porque? Mu não gostava dele mais do que gostava de um de seus ternos!

Saga deu um sorriso malicioso:

"Vou adorar ver você nos mostrar a sua dança...".

oOo

A pior hora para Shaka era quando seu próprio corpo gostava do que fazia. Não conseguia deixar de se sentir tão sujo quanto o próprio pai.

Se gostava de sexo, era porque tudo aquilo que ouvira por toda infância era verdade... Ele não passava de um vagabundo mesmo...

Gemeu.

Estava de quatro, sobre a cama enorme de um dos quartos da casa. As preliminares haviam sido muito rápidas, quase rudes. Kanon e Saga eram impacientes e fogosos.

Agora Shaka tinha o sexo túrgido de Kanon em sua boca, e o lambia com maestria, tocando, chupando, alucinando! Kanon gemia baixinho e forçava seu quadril cada vez mais contra o rosto delicado de Shaka, adorando aquela felação deliciosa! Enquanto isso, Saga estocava o seu pênis com toda força nas nádegas pequenas e firmes. Segurava Shaka pela cintura, para que penetração fosse intensa e impiedosa.

Era dolorido, mas era prazeroso também.

Shaka sentia lágrimas de dor e prazer escorrendo de seu rosto, e aquilo só servia para deixar os dois rapazes ainda mais excitados. O difícil era não lembrar do passado...

Depois de um tempo que parecia interminável, Saga esporrou com força, inundando as nádegas e coxas do hindu... Mas não parou...

Shaka era tão deliciosamente tenro e apertado, que a simples visão do seu corpo a disposição dele era suficiente para que a ereção de Saga não acabasse completamente, mesmo depois do primeiro gozo.

Saga apenas fez sinal para que Kanon trocasse de lugar com ele.

O irmão obedeceu. Deslizou seu corpo de Adonis, excitado, fazendo Shaka se deitar de costas e erguer as pernas como se fosse um frango assado pronto para ser comido. Enquanto isso, o outro homem esfregava seu sexo no rosto de Shaka, indicando que a felação deveria agora com ele, Saga. Logo, seu sexo estava novamente túrgido numa excitação máxima.

Kanon segurou bem as pernas do hindu para cima e encaixou-se, numa estocada só, furiosa e punitiva.

Shaka urrou de dor.

Nenhum dos dois pareceu se importar com aquilo, mas Mu se importou. Estava a poucos metros dali, fingindo que mexia em seu notebook, mas a verdade é que não estava conseguindo ler uma linha sequer do maldito relatório da empresa. Estava magoado, furioso e frustrado com Shaka, tudo ao mesmo tempo. E o pior de tudo, é que não sabia explicar o porquê.

O grito de Shaka, que chegou aos seus ouvidos mesmo com a forração anti-ruído da biblioteca, só serviu para deixá-lo ainda mais agoniado.

Sua vontade era de expulsar os gêmeos dali e depois surrar Shaka até a inconsciência, por ter o prazer de desafiá-lo, preferindo se dar a estranhos, mas não a ele.

'INFERNOS...'.

Mu respirou fundo e foi até o seu closet pegar uma sunga. Iria para a piscina nadar, para não cair na tentação que matar todos que estavam naquele maldito quarto...

oOo

Os gêmeos já haviam ido embora... Já era bem tarde da noite, quando, finalmente, Mu resolveu ir até ao quarto de Shaka. Usou a chave mestra da sua governanta e entrou devagar...

Percebeu duas garrafas de whisky, uma inteira, outra pela metade. Pelo jeito... Shaka havia bebido muito depois que os irmãos Andropoulos haviam se fartado dele...

"Shaka...".

Não ouve resposta. Estaria dormindo?

Mu entrou devagar, silenciosamente, indo da ante-sala para os aposentos propriamente dito. A porta da sacada estava aberta e havia uma grande lua cheia no céu. A luz tênue e sombria da lua permitiu a Mutisha vislumbrar o corpo nu e largado na cama que, com aquele banho de luar, parecia ser de um elfo da noite.

Mas havia feios vergões nas costas e hematomas também.

Mu sentiu suas mãos crisparem-se de raiva...

Aproximou-se mais, quando percebeu que, mesmo dormindo, Shaka chorava. As lágrimas escorriam pelo rosto alvo. A boca estava inchada por causa das mordidas e beijos furiosos...

"Pai... Não... Eu não quero pai... Eu não quero... Mas não me bata mais... Não... Eu faço, mas não me bata...".

Pai?

O coração de Mu se apertou... Foi um choque. Céus, que tristes segredos aquele menino guardava na sua alma?

Pesaroso, com a consciência começando a pesar, Mu saiu do quarto do mesmo modo silencioso com que entrara.

Continua...


Nota das Escritoras:

Litha - Oiee... Demoramos demais? Acho que não muito neh... rsrs Agradeço a todos que estão comentando 'Marcas...' e nos incentivando a escreve-la. Hey... Vocês acharam que só Mutisha era o malvado da história? Ahahah... Pelo visto, este 'PINICO ENFEITADO' ficará na história... Pelo menos ficará na minha mente (jurando Carlos de morte lenta... lentíssima). Bom... Continuem lendo e comentando, assim a gente se empolga e os capítulos saem mais rápidos.

Agora deixo com a palavra minha parceira vampirinha fofa demais... Jade Toreador...

'Litha empurra jade para que ela fale (escreva) algo para os leitores'.

Jade - Bom, espero que curtam bastante...Hauhauhau, a Litha gostou mesmo dessa parte do PINICO ENFEITADO. Esse carcamano aí é mesmo um tipo intratável, mas muitoooo bãooo. Pensar como ele é uma experiência única!

Elejam seus favoritos, critiquem, comentem, façam a festa... Ta certo que nem Jesus agradou a todos, mas a gente se esforça. 'sorri' Tem gente que acha tudo meloso demais, outros adoram, outros pedem felicidades, outros malvadezas... Bem, quanto às malvadezas, a vampira Jade e a Youko Litha prometem mais... Afinal, a trama mal começou a rolar! Eu agora estou aqui só pensando uma coisa (e ROXA DE INVEJA DESSE CARA...) como é que o danado do Misty consegue comer tanto doces sem engordar?

Beijos a Todos.

Jade Toreador & Litha-chan