Cinco dias e cinco noites.

Terceiro lugar no I Challenge de Filmes do Fórum3v e Prêmio de Casal mais fofo.

Capítulo dois.

Segundo dia.

Acordou com os raios de sol batendo em seu rosto. Lembrou-se de todos os acontecimentos da noite anterior enquanto sentia os ossos doloridos do corpo devido a noite mal dormida. Havia dirigido horas e horas até não conseguir mais manter os olhos abertos. Estacionou em um acostamento qualquer e dormir o tanto quando pode. Eram nove horas, deveria ter dormido umas quatro, cinco horas no máximo. Olhou ao seu redor, havia um café logo em frente e ele estava faminto.

- Bom-dia. - cumprimentou uma garota ruiva de olhos castanhos amendoados, olhando-o intensamente com um sorriso no rosto.

Draco apenas fitou-a antes de escolher uma mesa ao fundo do restaurante. Sentou-se e passou a mão esquerda pelos cabelos, nervosamente. Pegou seu maço de cigarros do bolso do paletó e tirou um. Soltou uma tragada e olhou para frente. A ruiva estava ali, com uma expressão de desaprovação no rosto.

- O quê? - perguntou, rabugento.

- Você sabe que isso aí mata, certo?

Draco riu, irônico. Teve vontade de dizer que morreria de qualquer jeito em quatro dias e que um simples cigarro não mudaria esse fato, mas se conteve.

- Apenas me traga uma xícara de café, ovos e banco, está certo?

- Esta bem. - murmurou ele, amuada indo em direção ao balcão.

Nem dez minutos depois a garota voltou com o pedido e sentou-se em sua frente, sem cerimônia alguma.

- O que foi agora? - perguntou Draco, extremamente irritado. Será que aquela garota não poderia deixá-lo morrer em paz?

- Nada. - murmurou ela, encarando-o insistentemente.

- Você não tem que trabalhar ou alguma coisa assim? - perguntou ele, bufando.

- Meu pai é o dono. - sorriu ela, displicente.

- Você não tem algo melhor para fazer além de ficar me encarando? - perguntou, tentando ser o mais direto possível.

- Na realidade, não. - sorriu, marota.

- Não sei nem o seu nome e já não te suporto, agora. - murmurou ele, irritado, esperando que com isso ela seguisse seu caminho e o deixasse em paz.

A garota ruiva permaneceu em silêncio, como que analisando-o.

- Olha, você não é o meu tipo de companhia ideal, ok? Pode ir embora. - Draco sabia que estava sendo grosso, mas a última coisa que precisava naquela momento era conversar com uma completa estranha que em outras circunstâncias poderia ser o tipo ideal de uma conquista.

- Pois eu acho que você está precisando de alguém para conversar. Sua aparência não é nada boa. Aconteceu alguma coisa? Você pode conversar comigo e...

- Você não sabe do que eu preciso. - rangeu entre dentes, olhando fixamente para o café que tinha entre as mãos. - Porque você não me conhece. - acrescentou, seco.

- Eu estou tentando conhecer, mas será que você consegue perceber isso? - perguntou ela, alterando um pouco seu tom normalmente amável.

Draco ficou em silêncio.Não costumava ser rude com as pessoas. Não queria ser igual ao pai. Mas, ele estava morrendo e morrer não era algo fácil para ele.

- Desculpe, moça. Eu não tive uma boa noite ontem e só quero ficar um pouco sozinho, certo? - disse ele, tentando ser um pouco mais amigável.

- Então converse comigo e esqueça o que aconteceu ontem a noite. - sorriu ela, suavemente.

'Como se fosse possível...' pensou ele, tristemente. Olhou para a garota sentada a sua frente. Vestia uma calça de moletom verde claro e uma blusa de manga curta branca acentuando seus seios fartos. Os cabelos ruivos e cacheados presos num coque frouxo, deixando vários cachos caírem sobre seu rosto dando-lhe uma aparência angelical. Ela era linda, jovem, simpática, cheia de uma vida pela frente. Ele queria isso também.

Ele se sentia jovem, cheio de vida, como então podia estar doente? Não parecia real, não parecia verdade.

- Draco Malfoy. - disse, vendo que a garota não sairia dali tão cedo.

- Virgínia Weasley. - sorriu, feliz. - Mas pode me chamar de Gina. - acrescentou, estendendo-lhe uma de suas mãos, pequena, macia e com as unhas pintadas de rosa choque.

Draco sorriu. Uma garota ousada e cheia de energia, essa era a sensação que aquela ruiva passava.

- Então, como veio parar aqui, Draco? - perguntou Gina, tentando puxar assunto.

- Uma longa história. - murmurou ele, dando um gole em seu café. - Mas, basicamente eu passei a noite inteira dirigindo e quando não dava mais parei em qualquer lugar da estrada e quando acordei era na frente desse café que eu estava.

Gina pareceu pensar por alguns segundos, antes de falar alguma coisa. Era uma pessoa bastante observadora aquela garota.

- Sabe, eu nem sempre fui assim aberta para conversar com as pessoas. - disse, olhando para as unhas recém-feitas. - Eu era extremamente fechada e tímida, mas percebi que aquela atitude não me levaria anda e eu precisava me abrir com as pessoas. Não com todas, é claro, mas aquelas dignas de serem minhas confidentes. E o mais estranho, é que quase todas as que eu escolhi não eram-me assim tão próximas, assim como você.

Draco olhou-a confuso, sem saber exatamente onde aquela garota estranha queria chegar.

- Eu percebi isso logo após a morte da minha mãe... Você já perdeu alguém que você gostasse muito, Draco? - perguntou ela, subitamente melancólica.

- Minha mãe. - murmurou ele, meio que a contra gosto.

- Então você sabe o que eu senti quando soube que minha mãe havia sido atropelada por um caminhão. - sorriu ela, tristemente. - Eu senti como se o meu mundo tivesse sido arruinado. Quando ela morreu, eu senti como se eu tivesse morrido junto, entende? Ela era meu mundo... Mas, eu pensei que se aquilo tinha acontecido era porque Merlin tinha uma plano maior para ela, assim como tinha pra mim.

- Então você é desse tipo? - perguntou, irônico.

- Desse tipo? - perguntou ela, sem entender. - Eu tenha minhas crenças, você não?

- Há muita coisa ruim nesse mundo pra pensar que existe um ser poderoso tomando conta de nós. Se ele realmente estivesse fazendo isso, não haveria pessoas sofrendo, certo? - perguntou, amargo.

- Sem sofrimento não há compaixão. - murmurou ela, cheia de fé.

- Diga isso àqueles que sofrem. - rebateu ele, encerrando o assunto.

- Certo. - murmurou ela, sem se deixar abalar. - Tudo o que eu quero dizer é que às vezes você precisa achar um rumo a sua vida por mais perdido que você se sinta. Uma semana após a morte de minha mãe eu fiz uma lista de coisas que eu queria fazer na minha vida. Eu tomei um rumo.

- Você está querendo insinuar que me acha uma pessoa sem rumo?

- Não. Estou querendo insinuar que talvez você não esteja no rumo certo. – murmurou ela, sorrindo amavelmente para ele.

- Você é maluca. – rosnou Draco, olhando-a como se fosse um ser de outro planeta. – Maluca. – acrescentou, deixando o dinheiro em cima da mesa e saindo porta afora.

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Entrou no carro e dirigiu até o parque mais próximo. O verde sempre o havia acalmado. Entrar em contato com a natureza e o clima de imensidão que ela transparecia era sempre uma terapia para ele.

Sentou na grama perto do lago e fechou os olhos inspirando e expirando vagarosamente tentando procurar uma solução para todas as dúvidas que assaltavam sua mente.

Nunca fora uma pessoa calma. Na adolescência havia sido um garoto mimado que batia em qualquer um que não fosse de mesma opinião que ele e quando adulto vivia para o trabalho sempre ocupado ou estressado com alguma coisa. Não tinha muitos amigos e os poucos que tinha quase não os via. Sua mãe havia morrido de desgosto ao descobrir que Lucius servia ao lado do mal e por isso Draco não tinha uma boa relação com o pai. Não tinha uma namorada há muito tempo.

'Estou querendo insinuar que talvez você não esteja no rumo certo...' as palavras de Gina vieram em sua cabeça. Será que aquele tempo todo ele havia feito um caminho totalmente diferente do que ele deveria ter feito? Que significado havia em sua existência? Que coisas maravilhosas ou que pessoas magníficas haviam conhecido? Que laços havia formado? Sentiu-se terrivelmente fraco e diminuto. Em menos de dois dias havia descoberto que sua existência até então não havia sido nada e não teria tempo de fazer nada para mudá-la porque em dentro de quatro dias não existiria mais.

- Não sei por que, mais sabia que o encontraria aqui. – escutou uma voz atrás de si e sabia perfeitamente de quem era.

- Gina. – murmurou ele, virando o pescoço para encará-la.

- Eu não deveria ter dito as coisas que disse, Draco. – murmurou ela, sentando-se ao lado dele e olhando para os próprios pés, que estavam calçando uma rasteirinha branca e as unhas também eram pintadas de rosa choque. – Às vezes eu falo demais, o que não devo.

- Você estava certa. – murmurou ele, melancólico, olhando para o lago.

- Que seja. Eu não tinha o direito. – sussurrou Gina, baixinho.

- Esse tempo todo eu fiz tantas coisas, eu vivi tantas coisas... – murmurou ele, mais para si mesmo do que para ela. – E no final, nada realmente teve um significado em minha vida, entende?

Gina apenas assentiu com um leve aceno de cabeça.

- Eu sou rico, eu sou bem sucedido, todos me conhecem. Mas o que realmente eu tenho, Gina? Eu não tenho nada.

- Você ainda pode ter tantas coisas, Draco... Ainda é cedo. – sorriu ela, confiante, tirando uma das mechas ruivas do rosto e colocando-a para trás da orelha.

'Não para mim...' pensou. Draco sorriu, tentando não deixar transparecer seus pensamentos.

- Talvez, Gina. – murmurou, olhando-a nos olhos. – Talvez.

- Eu preciso ir agora, Draco. – sorriu ela, levantando-se tirando a sujeira das calças. – Mas amanhã é meu dia de folga. – e com um aceno de varinha conjurou o endereço de sua casa em um pergaminho para ele. – Estarei de te esperando.

Draco assentiu levemente, ainda muito longe de onde realmente estava.

- Apareça, se quiser.

N/A: Só um esclarecimento... A fic é inspirada no filme, ok? Não quer dizer que o enredo seja completamente igual. Vocês quase não verão semelhança entre os dois. Eu peguei um pouco da base do filme, do jeito dos personagens principais, do relacionamento entre pai e filho e do relacionamento entre os protagonistas, e só. xD

Obrigada pelas reviews meninas! ;D

Rema: Foi inspirado em Um amor para Recordar. Pra saber o filme tem que ler.. heheheh Continue lendo, sim? xD Obrigada pelo coment!

Ginny: Uma beta? Eu não tenho muito tempo para bettar, mas.. você é betta? eu poderia pensar no assunto. xD Obrigada pelo coment e claro, pela observação construtiva! xD

Rafinha M. Potter: Tuuuudo bem, monstrinhaaa! heuheiueiheue Pensei na tua propósta e cá está mais um cap. Vou postar toda sexta, pode ser assim? Não demorei muito, viu? Tem só cinco caps, então assim tá bom né? xP Pessoa exigente tu! ehuieuiehueh Thankx pelo coment! xD

Fioccos: Como sempre teus coments me deixam lá em cima de tanto elogios! Só tu mesmo né Paulinha? Te adoooro, sabes disso né? Obrigada pelo coment e continue lendo, simm? xD xD xD xD Saudades de você!