Cinco dias e cinco noites.

Terceiro lugar no I Challenge de Filmes do Fórum3v e Prêmio de Casal mais fofo.

Capítulo três.

Terceiro dia.

Descobrir o que é o amor.

Achar um significado para minha vida.

Encontrar um amigo.

Draco acordou melhor. Havia se hospedado no hotel da cidade na noite anterior. De manhã bem cedo havia tomado um belo de um banho, aproveitando a água quente escorrendo pelo seu corpo e sentindo os músculos relaxarem. Ficou meia hora no banho, nunca tinha tempo para banhos demorados, estava sempre correndo contra o relógio, afinal 'tempo era dinheiro'. Depois, colocara as roupas adquiridas no dia anterior, uma calça jeans e uma camiseta de algodão com um simples tênis. Há algum tempo que não se vestia tão informalmente.

Agora estava no parque novamente. Sentindo o vento batendo contra o rosto e o ar puro da manhã. Eram nove horas da manhã e ele sentia-se vivo. Era estranho como era preciso saber que estava morrendo para sentir-se vivo novamente.

Apertou mais forte o papel que trazia na mão. Três coisas que precisava fazer em três dias. Três coisas que tivera tantos anos para fazer e nem se dera ao trabalho. Riu, melancólico. Vinte anos em três dias era o que tinha pra viver.

Caminhou mais alguns minutos e encaminhou-se até o restaurante onde Gina trabalhava. Ela não estaria lá, o que espantavelmente descobriu que sentia ser uma pena, mas ele precisava comer. Estava faminto.

- Um suco de laranja, uma sala de frutas, pão, geléia e frios. – pediu ele para a garçonete.

Normalmente seu café da manhã era um café preto com umas torradas mal feitas, pois não tinha tempo para isso. Tristemente sua vida havia se virado em trabalho, trabalho e trabalho.

Quando o café da manhã chegou, comeu com gosto.

--

- Draco! – exclamou Gina, surpresa ao abrir a porto para o loiro. – Não esperava vê-lo por aqui...

- Incomodo? – perguntou, receoso.

- Não, de maneira nenhuma, Draco! – sorriu ela, alegre. – Pode entrar, vamos. – disse ela, dando passagem para o loiro e apontando para a sua pequena, mas aconchegante, sala de estar. – Eu pensei ter visto algo bom em você ontem, mas admito que achei que estava errada.

- Achou? – perguntou ele, curioso. – Não acha mais?

- Ontem você me pareceu mais aberto a novos rumos, mas então pensei ter visto uma expressão em seu rosto de quem iria desistir e então, bem... agora você está aqui. – sorriu ela, feliz.

- É, estou.

Gina sentou-se no mesmo sofá que ele, virando-se de lado para encará-lo. Alguns minutos passaram sem que nenhum dos dois falasse absolutamente nada. Gina fitava-o intensamente, como sempre fazia e Draco sabia que ela estava esperando que ele começasse a falar.

- Sabe, que hoje de manhã enquanto eu andava pelo parque eu lembrei de uma coisa que eu fiz quando tinha uns sete anos...

- Que coisa? – perguntou a ruiva, interessada.

- Eu fiz uma lista com algumas coisas que eu gostaria de fazer ao longo da minha vida. – vendo que Gina permanecia calada, o loiro prosseguiu: - Eu queria ter um cachorro; aprender a dançar; estar em dois lugares ao mesmo tempo e ir ser alguém importante na vida de outro alguém.

- Você realizou alguma dessas coisas? – perguntou ela, receosa.

- Não, nenhuma. – murmurou o loiro, olhando pela janela da sala de estar.

- Tenho certeza que você foi importante na vida de sua mãe e deve ser na vida de seu pai.

- Por mais que minha mãe tivesse um imenso carinho por mim, ela nunca demonstrou e com o tempo ficou preocupada demais com as burrices do meu pai para se preocupar comigo. Eu realmente gostava dela e sabia que ela gostava de mim, mas nunca senti isso, entende?

- Porque você não gosta de seu pai, Draco? – perguntou ela, enquanto conjurava mentalmente chá para os dois.

- Porque você acha que não me dou bem com meu pai? – perguntou Draco, na defensiva. Era estranho o jeito como conseguia se abrir com Gina sem mais nem menos, mal a conhecia, mas de uma maneira estranha sentia que podia confiar nela. Ela tinha fé nele e fazia-o querer ser diferente. Não entendia que tipo de emoções isso trazia nele, mas sabia que algo acontecia.

- Você não falou dele nenhuma vez, a não ser agora, dele para mim. – murmurou ela, tomando um gole de seu chá.

- Meu pai não foi um bom homem.

Gina permaneceu calada. Incrível como ela tinha um jeito totalmente dela que o intrigava e ao mesmo tempo o mantinha completamente ligado a tudo o que ela falava.

- Ele matou a minha mãe com tudo de ruim que fez.

- Você disse que ele não foi um homem bom, quer dizer que agora ele está diferente. – murmurou, pensativa. – Todos merecemos uma segunda chance, Draco.

'Gostaria de ter uma segunda chance em minha vida...' pensou ele, enquanto analisava o que Gina havia acabado de dizer.

- Talvez. – murmurou, baixinho. – Eu realmente não sei, Gina.

Olharam-se por alguns instantes. Gina parecia conhecê-lo melhor do que ninguém. Melhor do que qualquer outra pessoa, como ela podia conhecê-lo tão bem, tão melhor do que ele mesmo?

- Sabe, Draco, pode não parecer, mas você é a única pessoa que eu realmente consigo ser assim...

- Assim como? – perguntou ele, sem entender.

- Aberta. Paciente. Uma pessoa melhor.

- O que você quer dizer com isso, Gina?

- Você me faz querer ser uma pessoa melhor, Draco. Não sei dizer, mas, você desperta o que há de melhor em mim.

- Eu achei que você já era assim desde a morte de sua mãe.

- Sou, mas eu nunca contei isso a ninguém. Entende o que quero dizer?

Ele entendia perfeitamente o que ela queria dizer. Mudar de atitude era uma coisa, mas contar a alguém que havia mudado de atitude era outra completamente diferente, era algo muito mais grandioso e importante. Draco sentiu uma sensação diferente, como se fizesse parte de alguma coisa, como se estivesse sendo completado e completando também, não conseguia descrever, mas era como se a sensação de vazio que já sentia há tantos anos que até já havia se esquecido, houvesse sumido e desse espaço a uma outra muito melhor.

- Eu sinto a mesma coisa, Gina. – sussurrou ele, aproximando-se e segurando o rosto da garota com as duas mãos, uma de cada lado da face de pele macia e delicada.

Sorriu e olhou-a nos olhos.

- Você é uma pessoa especial, Virgínia. – murmurou ele, beijando-lhe a face quando sua vontade era uma completamente diferente. – Muito especial.

- Venha comigo. – sorriu ela, puxando-o pela mão.

--

Já estavam há mais de três horas dentro de um carro, com Gina no volante e ela não dizia uma palavra sobre o que estava tramando. E pior, fazendo-o cantar com ela as músicas que tocavam no rádio, pararam milhões de vezes para comer doce e outros tipos de comida que na opinião dela haviam de ser provadas pelo menos uma vez na vida. E eram realmente boas, ele tinha de admitir. E mais, jogaram os mais variados jogos de palavras que quando criança um dos empregados da casa o havia ensinado para não ficar entediado nas viagens de negócios do pai em que Draco era obrigado a ir junto. ( N/A: Brincadeira de dizer nomes com a mesma letra e essas coisas do tipo, ok?). Aquela garota era realmente maluca e Draco ainda não entendia o que o hipnotizava. Já deveria ter passado das quatro horas da tarde quando pararam no meio da estrada onde havia uma placa fixada na grama.

- Vamos, saia do carro. – sorriu ela, feliz. – Mexa-se!

- Gina, você está agindo como uma maluca! – exclamou Draco, completava perdido. – O que é que está havendo?

- Ponha um pé ali. – indicou para o lado direito de uma faixa branca. – E um pé aqui. – e indicou para o lado esquerdo da faixa.

Draco obedeceu, mas continuou olhando-a com uma expressão totalmente perdida no rosto.

- Nesse exato momento fosse está na divisa do estado. – disse Gina, apontando para a placa que dizia 'Bem vindo ao estado de NorthPlace' como se estivesse explicando uma coisa completamente fascinante.

- Certo. – murmurou Draco, cauteloso...

- Draco! – exclamou Gina, empolgada demais. – Você está em dois lugares ao mesmo tempo!

Draco olhou para a placa e para Gina várias vezes como num jogo de ping-pong e então sorriu como uma criança que havia acabado de ganhar o presente de Natal tão esperado. No meio da felicidade, Draco abraçou-a com apertado, segurando-a com força pela cintura, quase possessivo.

- Eu já lhe disse como você é especial? – perguntou ele, maroto.

- Já, mas eu não me importo de ouvir novamente. – sorriu ela, feliz.

- Obrigado, Gina. – murmurou ele, entre os cabelos ruivos, ainda abraçado a ela. – Você não sabe o quanto você me fez bem.

- Fico feliz em finalmente ver um sorriso nesse seu rosto. – gracejou ela.

--

Voltaram conversando e rindo o trajeto inteiro. Pela primeira vez desde quando Draco havia descoberto sobre a sua doença – ou mesmo muito antes disso – ele sentia-se feliz e realizado.

- Vamos, eu te convido para jantar. – sorriu ela, abrindo a porta de sua casa. – Embora eu não esteja com muita fome...

- Nem eu. – sorriu ele, maroto.

- Então já sei o que podemos fazer! – exclamou ela, empolgada, com aquele brilho no olhar que as vezes Draco até tinha medo.

- O que você está tramando, ruiva? – e então ele sentiu-se estranhamente cúmplice de algo, de alguém. O apelido saíra antes mesmo que ele pudesse pensar, fora algo completamente impulsivo, inesperado.

Gina olhou-o com ternura e sorriu.

- Gostei de como você me chamou. – e dizendo isso tirou a varinha do bolso e com um aceno de varinha uma música suave e animada na medida certa começou a tocar no ambiente. – Venha, vamos aprender a dançar, Sr. Malfoy!

N/A: Música Lay your hands de Simon Webbe

- Você só pode estar brincando.

- Não mesmo. – riu-se ela, divertida. – Um homem é do tamanho de suas realizações e acredite no que eu digo, dançar é uma realização muito importante na vida de um homem.

- Hum...Bom argumento, Srta. Weasley. – gracejou ele, aceitando a mão que ela lhe oferecia.

- Cutucar no ego sempre dá certo. – provocou-o.

Draco apertou-a mais contra o corpo e olhou-a nos olhos, carinhosamente. Sorriu e deixou-se levar pelas pequeninas mãos de Gina que tentavam-lhe guiar para fazer os passos corretamente.

'Esse é o dia mais feliz da minha vida...' foi o último pensamento que lhe veio em mente antes de se entregar completamente a música.

--

Então, aí está mais um cap.

Ginny Malfoy: tadinha da Gina, ela não é descarada... ahuahaiuaiah Na verdade, inspirei o personagem dela no filme Elizabethtown, o papel interpretado pela Kate Durst. heheehh Beeeijos! E obrigada pelo review.

É isso, então. Comentem people!

beeeijos!