She may be the beauty or the beast
Ela pode ser a bela ou a fera
May be the famine or the feast
Pode ser a fome ou o banquete
May turn each day
Pode transformar cada dia
Into a heaven or a hell
Em um céu ou num inferno


Já tinha se passado quase duas semanas desde o natal. Rony tinha passado a festa de reveillon sozinho em casa, pois não queria ir à casa de sua mãe devido a uma briga que tiveram alguns dias antes da festa. Ele também não queria ir à casa de Gina e Harry temendo encontrar Hermione.

Quanto ao acontecido no natal, ele a odiara por dois ou três dias, mas percebeu que no fundo não podia odiá-la, pois a amava, e já desejava até revê-la, como aconteceu no passado. Procurava encher sua mente com outras coisas ou outras mulheres, mas não adiantava ter a cama cheia e o coração sangrando.

Caminhava pelas ruas pensando em Mione, quando parou de repente na frente de uma livraria trouxa. Lembrou-se que nunca tinha lido "Romeo and Juliet". Saiu de lá com um pacote nas mãos e um sorriso no rosto e foi pra o seu apartamento. Lá, lera o livro todo numa noite só.

Um mês depois, porém, aconteceu algo que ele não esperava. Uma coruja arranhava o vidro de sua janela e ele correu para pegar a carta que ela carregava, agradecendo-lhe com um carinho nas penas da cabeça. Ao ler as palavras "Ao Sr. Ronald Weasley" no envelope, reconheceu a letra: era de Hermione. Pensou antes de abri-la, mas só resistiu por alguns segundos, a curiosidade era maior.

Querido Rony,

Não sei se depois de tudo eu ainda tenho o direito de chamá-lo de "Rony", mas é um risco que estou correndo, assim como enviar essa carta também o é.

Desde aquela festa que eu me arrependo de ter discutido com você, principalmente porque eu estava errada. Eu tinha em mente enviar essa carta, mas o meu orgulho não me deixou reconhecer pra você o meu erro.

Então esse é o objetivo dessa carta: te pedir perdão. Tanto pelo que aconteceu no natal quanto pelo que aconteceu anos atrás quando éramos jovens. Eu acho que devo explicações a você, e estaria disposta a dá-las se você quisesse.

Então, meu querido Rony, pelos anos de amizade que tivemos, pela guerra que lutamos juntos, por tudo o que passamos, você me perdoa?

Você foi meu primeiro e único amor e eu não conseguiria viver se descobrisse que você me odeia... mas Rony, eu preciso saber!

Por favor, responda essa carta!

Hermione J. Granger

Rony não conseguiu deixar de dar um sorriso abobado enquanto lia a carta. Pelo que conhecia Hermione, era realmente raro vê-la superar o orgulho e reconhecer seu erro! Resolveu pensar um pouco antes de responder, mas já sabia o que diria a ela: a perdoaria, claro! Ele nunca a odiara, mesmo tendo motivos para tanto. Ele foi dormir, depois de ler a carta pela terceira vez.


Hermione não dormira bem. Olhava constantemente para o poleiro vazio na gaiola de sua coruja. Ele já devia ter lido a carta, mas ainda não havia respondido. Ela se viu lembrando do passado, dos abraços e beijos dele. Há anos evitava pensar nele, agora o fazia constantemente e sentia-se bem com isso. Adormeceu com uma foto na mão, onde ela e Rony sorriam enquanto algumas folhas caíam, tirada no último verão que passaram em Hogwarts, o último verão que passaram juntos.

Ela acordou quando o sol já estava claro, com o arranhar de sua coruja na janela. Correu para pegá-la ansiosa em ler a resposta dele. Abriu um largo sorriso ao abrir o envelope e ver a carta, pois ela era tópica do Rony: curta e objetiva.

Mione,

Pode me chamar de Rony, ou como quiser.

Eu nunca te odiei. Você só me deu alegrias, então achava injusto te odiar. Sendo assim, claro que você está perdoada!

Nos encontraremos qualquer dia desses sem o palerma do seu namorado pra colocarmos os papos em dia, ok?

Com carinho,

Ronald B. Weasley

Ela sorriu mais ainda ao lê-la. Então ele ainda era tão perfeito quanto quando namoravam! E mantinha o senso de humor intacto também! Ela leu de novo e riu ao ver como ele falara do Tom. Na hora do nervosismo, esquecera de dizer a ele que tinha acabado o namoro um dia depois da festa, cansada de mentir para um trouxa.


Procurar coisas de bebês era muito difícil, especialmente para ele que era o homem mais indeciso do mundo! Estava em dúvida entre um vestidinho cor de rosa ou um conjuntinho azul, mas tinha razão em estar, pois Gina estava no segundo mês de gravidez e não sabia ainda o sexo do bebê. Além disso, ele tinha que comprar objetos trouxas, e achava todos sem graça!

- Qual o item mais "mágico" que vocês têm? - perguntou à vendedora

Ela sorriu com a pergunta, mas saiu para procurar o tal item. Voltou minutos depois com um móbile para berços com cinco fadinhas coloridas penduradas. As fadas que os trouxas imaginaram eram muito diferentes das reais, com cabelos loiros, olhos azuis e rosto angelical, mas elas se acendiam, deixando uma fraca luz no ambiente, que o lembrava das festas em Hogwarts, onde as fadinhas iluminavam e decoravam o ambiente. Ele pagou e embrulhou para presente, e ia sair da loja, se não visse o rosto dela cruzando o ambiente e sorrindo para ele.

Ela se aproximou e eles não trocaram nenhuma palavra, apenas se abraçaram longamente, mostrando a saudade que sentiram um do outro durante todo esse tempo.

- Então... - ele perguntou. - Já está esperando um filho daquele palerma?

- Não... - ela riu. - Na verdade, terminei com ele depois daquela festa. É chato mentir para um trouxa, sabia? - eles riram.

- Comprando presentes para o bebê da Gina e do Harry?

- Sim, estou! E vejo que você leu meus pensamentos!

Ele apenas sorriu e a ajudou a escolher duas roupinhas brancas. Resolveram sair de lá para um Café que tinha em frente. Ela arranhou a perna nuns ferros de uma construção vizinha, sangrou bastante, mas ela escondeu de Rony, pois não queria estragar o momento. Depois ela faria um feitiço e estaria ótima de novo.

Eles conversaram sobre tudo. Antigos sonhos e empregos, experiências engraçadas e relacionamentos mal-sucedidos, e o sol se pôs lá fora sem que eles percebessem.

- Uau, já anoiteceu! - Rony notou e riu. - Que tal um jantar no meu apartamento?

- Hum... - ela pensou. Tinha trabalhos a fazer em casa e aquele ferimento na perna estava latejando bastante agora, mas não conseguiria dizer não. - Ok! Onde você mora?

- Aqui perto, logo na esquina! - ele respondeu. - É um lugar pequeno, mal-localizado, mas é arrumadinho... além disso, sou um ótimo cozinheiro!

- Hum, agora me convenceu! - ela sorriu, levantando-se da cadeira. Ele pagou a conta e saíram caminhando para o apartamento dele.

Ela se sentia um pouco tonta e teve que disfarçar para não mancar ou para que Rony não visse sua calça suja de sangue. Preocupou-se com a dor que aumentava, mas deixou passar. Em casa, tomaria uma poção pra repor o sangue que perdera.

Era realmente pequeno o apartamento dele, mas parecia bem aconchegante.

- Agora fique aí sentada no sofá que eu vou preparar o jantar!

- Nada disso! - ela reclamou. - Não vou deixar você fazer todo o trabalho sozinho! Vou ajudá-lo!

- Claro que não, você é visita! - ele sorriu.

Ela responderia reclamando, mas a dor no ferimento foi tão grande e ela estava tão fraca que ela caiu no sofá.

- Mione, que foi? - ele correu até ela, preocupado.

- Não foi nada, Ron! - ela respondeu, com a mão na perna.

- Como não foi nada, você está sangrando...! - ele disse, ao ver a calça dela. - Você tinha me dito que não tinha tido nada quando arranhou a perna, Mione!

- Mas... mas eu nem tinha notado! - ela disse, desmaiando em seguida.

Rony não se lembrou de poções ou feitiços, então agarrou o corpo desfalecido dela e desceu as escadas correndo ("finalmente uma vantagem de se morar no 1º andar!"), colocou-a no seu velho carro e correu para o primeiro hospital que viu: um hospital trouxa.


- Ela precisa de uma transfusão! - o médico lhe explicou. - Perdeu um bocado de sangue com esse corte! Nós já o fechamos com pontos, mas ela está fraca e está precisando de sangue! Estamos procurando no banco de sangue um que seja compatível com o dela...

- Eu dou o meu sangue! - ele disse, sem saber o que falava. Apenas não queria que outro sangue corresse nas veias dela senão o dele. Também não sabia o que era "pontos", mas pelo nome ele achava que devia doer bastante.

- Sendo assim, temos que fazer um exame primeiro, rapaz! - o médico sorriu.

Ele foi levado a um pequeno laboratório de analisis e quase desmaiou quando a enfermeira colocou a agulha em sua veia. Não sabia que os tratamentos trouxas doíam tanto! Estava quase desistindo de doar seu sangue quando soube que o dele era igual ao dela. Isso deu novos ânimos e ele resolveu que enfrentaria aquela dor por ela.

A dor de doar sangue foi um pouco maior que quando foi fazer o exame, mas conseguiu agüentar até o fim. Quando ele se levantou na maca, sentia-se tonto.

- Você foi um rapaz forte! - ouviu a enfermeira dizer, e desmaiou.

Acordou logo depois, com a enfermeira colocando um algodão com éter perto de seu nariz. Ela sorriu pra ele.

- Há quanto tempo está em jejum?

- Não como nada desde o almoço!

- Oh, mas isso não é bom! - ela olhou o relógio, era quase dez da noite. - A sua amiga está num quarto, recebendo seu sangue, você devia ir comer algo no refeitório, depois poderá se juntar a ela!

- E quanto ao sangue que tiraram de mim?

- Não se preocupe! - ela sorriu. - Você já é adulto, seu corpo irá repor esse sangue, mas você precisa se alimentar direito para isso, ok?

Ele percebeu que estava faminto e foi ao refeitório.


Hermione acordou e olhou ao redor sem lembrar onde estava. Viu o soro no seu braço, o curativo na perna e Rony adormecido num sofá ao lado da cama dela e entendeu: estava num hospital por causa da perna.

- Rony? - ela chamou e ele levantou assustado.

- Mione! - ele correu para o pé da cama dela. - Como se sente?

- Bem... - ela sorriu.

- Você não devia ter escondido o corte, Mione! O médico disse que você perdeu muito sangue... ele deu até pontos! Não sei o que é pontos, mas acho que vai deixar cicatriz... - ele disse preocupado, ela sorriu.

- É um tipo de "costura"... - ela explicou. - Eles usam agulha e linha especiais e juntam a pele rasgada! Uma poção pode tirar a cicatriz, não se preocupe! - ela ia tirar o curativo para ver.

- Por favor, não me mostre! - ele disse, o rosto numa expressão que misturava dor e nojo. - Tem um grande risco de que eu desmaie de novo se você me mostrar!

- Você desmaiou hoje? - ela riu.

- Você não devia rir! - ele riu também. - Os trouxas não repõem o sangue com poções, sabia? Você precisava de sangue, o meu era igual ao seu, então eu fiz uma doação... e desmaiei depois!

- Então eu agradeço pelo seu sangue! - ela sorriu.

- Não precisa agradecer, eu faria tudo de novo!

- Ah, você acordou! - a enfermeira disse, entrando no quarto e quebrando o clima de timidez dos dois. - Foi um corte feio esse, hein? Você precisa de alguns antibióticos e de caminhar um pouco para recuperar as forças! Porque você e seu amigo não caminham pelo hospital? Ainda hoje você poderá sair daqui!

A enfermeira foi saindo e ela olhou para a roupa que estava vestindo. Usava uma camisola dela e um robe cor de rosa.

- Como arranjei isso? - perguntou a Rony, pegando nas roupas.

- Eu liguei pra Gina e ela trouxe. Ela e Harry estavam aqui, mas tiveram que correr para a Toca porque Lílian estava doente e minha mãe desesperada. Além disso, é madrugada já e eles precisavam dormir em casa! Mas ela e as enfermeiras que colocaram essa roupa em você... não se preocupe que eu não vi nada!

- Vamos caminhar então? - ela disse, sorrindo.

- Claro!

Ele deu o braço e ela passou o dela, entrelaçando-os. Eles caminhavam pelo hospital e subiram para o andar de pediatria. Pararam de frente ao berçário e ficaram olhando os bebês que dormiam tranqüilos.

Uma velha senhora os olhava também e, apontando um bebê gorducho e careca, falou com Rony.

- Esse é o meu neto, Andrew! - ela sorriu. - Qual deles é o filho de vocês?

Hermione já estava abrindo a boca para dizer que não tinham filhos, mas Rony, que já estava de olho num bebê ruivo e de olhos azuis, apontou pra ele.

- Aquele ali! - Hermione já ia brigar com ele pela mentira, mas ele continuou. - O nome dele é Romeo!

Ela manteve os olhos fechados pois estavam marejados de lágrimas com as lembranças do passado. Então ela sorriu e falou com a senhora.

- E esse pai dele desmaiou no parto!

- Ah... - a senhora riu. - Meu filho também! É por isso que as mulheres que têm os bebês, nós suportamos mais que eles as dores!

Depois a senhora elogiou o nome do bebê e foi saindo de perto deles.

- Pensei que você tinha esquecido!

- Como esqueceria? Foi o melhor momento da minha vida! Além disso, eu ainda pensava em ter um filho chamado Romeo! - ela riu ele continuou. - "Vou beijar esses lábios; É possível que algum veneno ainda se ache neles, para me dar alento e dar a morte".

- E você leu 'Romeo and Juliet'! - ela parecia feliz e maravilhada.

- Numa noite só! - ele sorriu. - Uma bela história de amor... Um gênio, o tal Shakespeare!

Hermione sorriu e ele a abraçou, limpando as lágrimas dos olhos dela.

- Eu nunca esqueci de você, Mione! - ele sussurrou no ouvido dela. – E nunca esquecerei!