Capítulo 2 – Recepção( muiii) calorosa

- Tsc, tsc, tsc... TUFO!!!!!

Já era a quinta vez que ele pronunciava aquilo. E, pra variar, o resultado era o mesmo.

Negativo.

Mas isso era culpa dele, totalmente. Acreditou piamente que seu pai iria mesmo fazer aquilo... por que?

Era simples, ele podia ter se mudado para um alojamento, uma república estudantil, mas não, ele acreditou em seu pai, confiou na palavra dele.

Era algo bem simples. Seu pai havia lhe prometido que iria reformar a antiga casa em Bayville. Certo, uma vez que moravam em outra cidade, era um pouco difícil averiguar o serviço. A alternativa seria formar um contrato com alguma firma local de pintura.

Claro que seria melhor ainda se ele fosse até o local vez ou outra para verificar a qualidade do serviço, mas...

Certo, não estava tão ruim quanto ele pensava. Ou melhor, não estava tão ruim quanto estava da vez em que se mudaram.

Destruída, era bom se lembrar.

Era doloroso se lembrar daquilo, daqueles eventos que mudaram sua vida por completo, mas...

Ao menos ele tinha algo mais para agradecer, mas não a seu pai, e sim a Tânia. Fora ela quem convenceu seu pai a permitir que ele fosse estudar na cidade de Bayville - se bem que ele sabia que seu pai estava grato por tê-lo longe - e a mesma o convenceu a providenciar um estabelecimento para ele.

tudo por que ela recebeu uma correspondência especial.

Nem ele mesmo acreditava naquilo. Não esperava receber uma correspondência de seu tio, depois de tanto tempo.

Quanto tempo havia se passado? Meses? Anos? Isso não importava, e sim o fato de que ele poderia ajudá-lo. Tânia sabia mais do que ninguém o quanto ele estava triste com sua situação atual, e fora a quem lhe dera mais força até então.

Mas que seu pai poderia ter contratado uma firma melhorzinha, isso podia. A pintura nova da casa não era lá grande coisa. Mentira, era a pior possível. A cor do lado de fora - marrom - nem era tão bonita assim, parecia ter sido pintada com tinta da pior qualidade possível, a grama estava mal cortada - dava a impressão de que os contratados só a cortavam uma vez na vida e outra na morte - fora outros detalhes.

Definitivamente seu pai contratou a pior possível e pagou o plano mais barato, pois quando ele adentrou no recinto, percebeu que ainda teria muitas surpresas.

A casa estava... destruída.

Certo, estava exagerando. Mas as janelas rachadas, o assoalho quebrado, a tinta das paredes descascando... era uma sorte os móveis estarem ainda cobertos, do contrário...

Por via das dúvidas, ele retirou um dos cobertores, comprovando que os móveis estavam em bom estado. Ao menos, uma noticia boa.

Mas longe de ser a ideal.

Isso por que, de todas as coisas, ele teve a pior das noticias em seguida: a total falta de energia.

Sem... energia. eletricidade não-presente, nada, zero...

Ah, como ele amava seu pai...

Se não o conhecesse, podia jurar que aquilo era proposital.

Se bem que, na altura do campeonato, não duvidava de mais nada.

***

- Hmmm.... curioso.

Era a hora do jantar, o momento que muitos aguardavam depois de um dia de estudos e treinos, coisa que era a rotina de cada um ali.

De seu assento, Xavier observava seus pupilos, sua esperança para a humanidade, para o futuro. Confiava em cada um deles, passaram por muitas coisas juntos, de modo que, quando ele simplesmente "soltava" algum comentário ao acaso, era mais suficiente para deixá-los curiosos.

- O que é curioso, Charles? – Logan, o qual estava sentado de frente para ele, erguia suas narinas. Seu olfato era tão apurado que ele podia sentir os estados emocionais das pessoas, e com certeza Charles estava alterado. Mas não alegre ou triste, longe disso. Ele parecia mais... surpreso. Como se algo que não fosse acontecer, tivesse acontecido.

- Hoje a tarde, enquanto os demais treinavam na sala de perigo, Cérebro me notificou acerca da presença de um mutante, Logan.

- Um mutante, professor? – Scott, sempre atento a tudo, parava de comer – não era um de nós? Talvez um dos novos recrutas, ou a turma do Lance, quem sabe? – e falava, enquanto Kitty, de rabo de olho, olhava feio para ele.

- Não, Scott... fiz uma varredura no último local aonde o detectei e constatei que se trata de um novo mutante, mas sua mente é diferente de qualquer outra dos arredores. Imagino que tenha vindo de outra cidade.

- Então o que estamos esperando? – Spike pisava em seu inseparável skate, o qual estava debaixo da mesa – vamos até ele.

- As coisas nem sempre funcionam de forma tão simples quanto imagina, querido – Ororo colocava seu talher sobre a mesa – não podemos nos precipitar quanto a isso.

- Tempestade está certa – Charles retomava o rumo da conversa – Aparecer lá agora pode causar mais estragos do que ajudar.

- Por que toda essa preocupação? É só mais um mutante – falava Vampira, não dando muita atenção a conversa. – até parece que estamos em temporada de caça para ver quem captura mais.

- Professor, o senhor não acha meio estranho um mutante ter surgido do nada vindo de outra cidade? – Jean entrava na conversa.

- É justamente isso, Jean. O que me preocupa é que não recebi pedido algum para adentrar na escola.

- Acha que ele pode representar problemas?

- Isso eu não sei responder, Jean. Seria muito precipitado da minha parte e, além do mais, é curioso saber onde ele esta.

- Aonde, Charles?

- Não pude averiguar totalmente, mas ele não está sozinho – Wolverine começava a juntar as peças do quebra-cabeça, mas antes que pudesse finalizar o raciocínio, Charles o interrompe – está na mesma rua aonde moram Lance e os outros.

O resto do jantar seguiu com comentários vindo de todos os alunos presentes. Aquilo os pegou de surpresa, quem era aquele sujeito? Tinha alguma relação com a Irmandade dos Mutantes? Era perigoso?

Por sua vez, Charles estava em total silêncio. Em horas como essa, ele desejava mais do que tudo que Hank estivesse ali, uma vez que ele sempre tivera facilidade para lidar com adolescentes, bem mais do que ele.

- Deixa-me ver se eu entendi direito, Charles – Logan dava um sorriso – Temos um mutante novo na cidade, o qual você nem imagina de onde veio, e com base no que você acabou de nos contar, não está registrado na Bayville?

- Eu não disse isso, Logan. Só disse que é uma surpresa a sua presença aqui.

- Talvez alguém que estava viajando? – perguntava Scott;

- Quanto a isso eu não sei, mas segundo Cérebro, o padrão mutagenético dele é similar a outro mutante das redondezas, mas não soube especificar mais devido a uma estranha interferência que impediu-o de realizar uma análise mais a fundo a respeito desse novo mutante.

- Que tipo de interferência, Charles? – perguntava Ororo, com uma sobrancelha erguida.

- Uma interferência... magnética. – e cruzava os braços, fitando o olhar assustado de todos os seus pupilos diante daquelas suas palavras. Estava evitando dizer aquilo, sabia o efeito que tal palavra teria em suas mentes.

Só esperava poder lidar com aquilo, como sempre.

***

- Uááá'!!!! – Ele seguia o caminho da escola, bocejando. Sabia que não devia ter ficado acordado até tarde, mas como era teimoso...

Não que fosse uma opção sua, claro. Esperava chegar e tirar um cochilo, mas passou a tarde e o resto do dia arrumando a casa, varrendo o chão, tirando o pó, ajeitando as coisas.

Perdeu as contas do número de vezes em que chamou seu pai de pão-duro – e ainda assim, estava sendo gentil – e o fato de Ter tido que lavar praticamente a casa toda não ajudava em nada.

Acabou indo dormir tarde, pois tinha aula no dia seguinte – esperava que seu pai tenha ao menos feito sua matrícula – e tinha que acordar mais cedo para procurar algum lugar para comer, pois descobriu que a dispensa estava vazia. Natural, mas podia jurar que seu pai havia comentado sobre haver comida para ele quando chegasse.

Mas o pior foram os vizinhos, aquele vizinhos...

Mas afinal, qual era o problema daquela gente? Por acaso ninguém dormia, não? A cada dez minutos podia ouvir o som de algo explodindo – estariam eles dando uma festa? – o que contribuiu para que ele perdesse o sono. E o pior, só conseguiu retomá-lo depois de muitas tentativas.

A primeira coisa que pensou – depois de acordar correndo para não se atrasar – foi em tomar satisfações, mas lembrou-se de que era novo ali, e com certeza discutir com os vizinhos logo de manhã não era uma boa idéia.

Ele continua caminhando, até que vai passando em frente aquela casa que lhe chamou a atenção devido ao seu estado. Parecia uma velha casa abandonada, mas ao olhar com atenção, era uma questão de falta de conservação, mesmo.

- Lance, tô indo na frente por que tenho prova hoje, valeu? – ele observava enquanto uma moça loira de cabelos curtos, , de calça jeans que lhe dava um belo realce nas pernas, saia de dentro da casa.

- Espera um pouco!!! – Lucas apenas ouve uma voz vindo de dentro da casa – nem pense em pegar o meu jipe, Tabitha!!!

- Ah, relaxa, Lance. Toma, pega isso aqui – e a mesma gera uma de suas pequenas esferas explosivas, jogando-a para dentro da casa e batendo a porta na cara de Lance.

Atônito, ele observava tudo. Aquilo... aquela coisa que a garota fez surgir, ela... será que...?

Independente de quais eram as perguntas que se formulavam em sua mente, ele é totalmente interrompido pelo barulho. Muito mais do que isso, era como se uma bomba tivesse detonado dentro da casa, de modo que ele podia ouvir alguns gritos dali de dentro.

Ele olha para a casa, depois para a garota que entrava no jipe,. Para a casa, para o jipe, casa, jipe...

- TUFO!!! Você é uma mutante!!! – Ele arregalava os olhos enquanto compartilhava com o mundo sua mais nova descoberta.

- Hmmm? – Tabitha olhava para trás, dando-se conta de que tinha uma platéia.- Ah, olá. Deseja alguma coisa?

- Eu... como você fez aquilo? – seus olhos ainda estavam arregalados para ela – CARAMBA!!!

- Você quer descobrir? – ela dava um sorriso maroto para ele, ao passo que gerava uma pequena esfera brilhante e jogava contra ele.

Para a surpresa dela, ele não saiu da frente, pelo contrário, agarrou a esfera e ficou fitando-a. Estranho, geralmente as pessoas corriam.

- Hmm... pra isso aqui explodir, então... – ele olhava para a casa – não vejo fogo, deve ser uma forma pura de energia – e continuava olhando para a casa e tirando suas conclusões – a porta está meio solta, as janelas caídas, alguns itens do lado de fora... devem ter sido jogadas para fora pelo impacto da explosão, então...

- Tabitha, você me paga!!! – um cambaleante Lance sai de dentro da casa, respirando pesadamente, bem a tempo de ver um sujeito vestindo uma jaqueta cinza e segurando uma das esferas de Tabitha.

SEGURANDO!!!

Não que fosse o maior dos samaritanos, mas Tabitha já havia passado da conta e merecia uma lição. Já estava cheio dessa mania que ela tinha de ficar explodindo coisas e....

- Ei, essa coisa vai explodir, largar isso e...

- Curioso... explodir, não é? Deve gerar uma onda de impacto a partir do centro, a qual se propaga por todas as direções e vai perdendo sua potência. Impacto. Hmmm... cinético. É isso, essa coisa é uma esfera de energia cinética e... – ele arregala os olhos quando a esfera começa a pulsar – o que houve? – ele olha para o lado, de onde Tabitha ria, enquanto que Lance se jogava no chão, prevendo o pior.

No entanto, para a surpresa dos dois, algo diferente aconteceu. Ao invés de simplesmente explodir como nas outras vezes, a esfera continuou pulsando, até aumentar um pouco de tamanho e, em seguida, começar a diminuir gradativamente, até que some por completo, como se nunca tivesse sido conjurada.

Claro que, para Tabitha, a única coisa que ela conseguiu perceber foi que a esfera não explodiu, algo que Lance não demorou para notar.

- Pena... conter energia de impacto não é fácil, pelo visto. Ela é instável demais para ser contida. Talvez se – ele olha para o lado, percebendo que dois pares de olhos curiosos o fitavam – eu... – suando forte, ele dá um passo para trás – acho que já vou indo – e começava a correr dali, deixando os dois de queixo caído.

- Esse sujeito – Lance se erguia com um sorriso no rosto – quem é esse cara? – e olhava sorridente para Tabitha – É, acho que dançou a sua bomba!

- Não conte com isso – a mesma apontava seus dedos para Lance e, no instante seguinte, várias bombas explosivas voavam contra ele – tem muito mais de onde essas vieram – e iniciava uma pequena seqüência de micro-explosões.

Em verdade estava curiosa em saber o que foi que acabara de acontecer, mas outra hora. Podia pensar a respeito do assunto no intervalo das aulas, fora que Lance estaria bastante dolorido para pensar em qualquer outra coisa.

***

Definitivamente ele estava perdido. Não, perdido não, fora de seu lugar de origem. E pra piorar, nada estava acontecendo como ele esperava.

Em primeiro lugar, falhou miseravelmente em localizar seu tio. Esperava encontrá-lo com certa facilidade – afinal, como não encontrar um sujeito daqueles? – mas aparentemente ele não estava na escola, o que , por si só, era uma pena. Seu tio, um famoso cientista geneticista era o principal motivo dele Ter se mudado para aquela cidade. Era verdade que fazia muito tempo desde que se encontraram pela última vez, mas ao longo dos anos leu vários livros dele acerca de seleção natural das espécies, evolução e outros títulos.

Paciência, pensava. Teria outra chance para fazer isso. Já era chato ser o garoto novo da escola - e bota chato nisso. Era óbvio que iriam tirar sarro da sua cara por ser novo ali, isso era algo costumeiro. – mas ainda por cima Ter seu material surrupiado, isso era o cumulo.

Sim, surrupiado e, pra piorar, o mesmo sequer tinha idéia de como isso aconteceu. Aconteceu tão rápido que ele nem sequer se tocou. Em um segundo estava na sua mão, e no outro, não estava. Como era possível, disso não sabia, apesar de ter uma idéia. E tal coisa veio quando ele se tocou de que sentiu um vento passar bem perto dele.

E agora lá estava ele na sala do diretor, o qual lia atentamente seu histórico escolar. Céus, por favor, não deixem ele ler a parte do incêndio! Tudo menos isso, tudo menos isso!

- Qual o motivo de sua mudança, senhor Lucas? – ele perguntava amigavelmente, o que o deixa sem ação por alguns segundos.

- Hã, eu... vim visitar um parente e... e...– grande, idiota! Gagueje, vamos! Mostre a ele que está com problemas! – meu tio me disse que esse colégio era excelente e...

- Nosso colégio É excelente, senhor Lucas. Seu tio é um dos mais renomados professores que temos. Na verdade, ele também é um renomado cientista. – E, naquele momento, o diretor Kelly percebeu que aquele rapaz estava um tanto quanto perdido e nem ao menos sabia o que acabou acontecendo ao seu tio. Podia terminar tudo ali de uma vez por todas, mas não achava meios para interromper a conversa e explicar o que estava acontecendo. Que ele descobrisse por conta própria, pensava.

- Eu sei, li todos os livros dele – e falava com um sorriso – adorei o "Seleção Natural" e... hã, desculpe.

- Terá tempo para isso, senhor Lucas. Vejo que passou por alguns problemas do lugar de onde veio, mas não se preocupe, aqui todos somos bastante hospitaleiros, até mesmo com os que se julgam "diferentes"- e fixava bem os olhos dele, obrigando-o a engolir a saliva – bem, você pode ir para sua sala.

- C-certo – e se erguia – com sua licença...

- Ah, sim. Como eu pude me esquecer? – ela dava um sorriso furtivo – Nossa escola incentiva atividades extracurriculares, caso o senhor se interesse...

- É? Puxa, que legal! Tinha disso também lá de onde eu vim, ia ser tão bom se fosse sempre assim!

- Compreendo. Não se preocupe, aproveite o intervalo para conhecer as dependências da escola, senhor McCoy.

- Tudo bem. Com sua licença – e fechava a porta, caminhando até sua sala.

- Tsc, tsc – ele balançava a cabeça. Sobrinho de McCoy? Francamente... já faziam semanas desde que ele sumiu – e se revelou como uma verdadeira Fera – E ele fora obrigado a substitui-lo.

Mas sabia que algo acontecia naquela escola. Algo grande.

E esse garoto... seria ele igual ao McCoy? Hmm...

De qualquer forma, tinha que providenciar o que ele fosse colocado a par do que acontece na escola.

Mas... quem enviar? Era um aluno em fase de adaptação, geralmente é nessa época que ocorre o maior índice de rejeição por parte dos outros alunos.

Mas chega de pensar nisso. Tinha trabalho a fazer, na verdade, MUITO trabalho a fazer.

***

Até que o diretor não era má pessoa, ele pensava. Claro que o mesmo parecia estar congelando-o com o olhar, mas até ai, já recebeu coisas piores.

Mas... algo o deixava curioso. Na verdade, o estava deixando cada vez mais agitado: haviam outros??

Em verdade seu tio o convidou pois seria um local aonde ele teria uma educação melhor, sem se preocupar com seus poderes, mas...

E o que o diretor quis dizer com "diferentes"? Aquilo tinha a maior cara de indireta, será que... não, impossível. Era verdade que se expôs um pouco no começo do dia, mas era uma justificativa aceitável.

***

- Ei, Kitty.

- O que foi, Kurt?

- Onde está aquele mutante que o professor disse que estava vindo para cá? Já rodei a escola toda e não encontrei ninguém novo!!!

- Ah, eu sei lá! Eu tô mais é preocupada com a prova de Álgebra!

- Hoje tem prova? – Kurt dava um daqueles olhares clássicos do tipo "isso é sério"? – hoje tem prova?

- Tá brincando, né? Claro que hoje tem prova!

- Argh!!!! Eu não acredito!

- Kurt, não brinca!!! Eu sou péssima em Álgebra!

- Acha que eu estou brincando? Eu me esqueci que hoje tinha prova!

- Ai, e agora, o que vamos fazer?

- Aham – o professor rabiscava a palavra "PROVA" em letras garrafais no quadro – vejo que todos estão preparados, espero que tenham revisado e bem a matéria. Mas, antes, gostaria de comunicar-lhes de que temos um novo aluno – um murmúrio seguiu pela sala, ao passo que Kurt mandava um olhar para Kitty.

- Acho que é o cara, Kitty. O que será que ele sabe fazer? – murmurava para ela.

- Kurt! A gente nem sabe se ele é um mutante que nem a gente! O professor pediu pra gente recebê-lo, não para ficar testando-o!

- Muito prazer. Meu nome é McCoy. Lucas McCoy. – um rapaz de olhos castanhos e cabelos negros como a mais profunda noite adentra na sala e para bem na frente, cumprimentando-os. Usava uma calça jeans azul-marinho, uma jaqueta cinza e sem estar carregando material algum.

- Lucas veio de outra cidade, portanto espero que todos aqui sejam hospitaleiros com ele. Lucas, você chegou em ótima hora, iremos Ter agora uma prova de Álgebra.

- Álgebra?

- Exato. Vejamos, onde posso te colocar – ele varria a sala com seus olhos – ali, bem do lado de Kurt e na frente de Pryde.

- Conveniente, não acha? – Kurt piscava para Kitty – acho que o poder dele é a Sorte, sabe.

- Dá pra parar?

- Mas por que? Se bem que eu achava que ele fosse mais novo, que nem aqueles pirralhos que o professor Hank anda treinando, sabe.

- Olha quem fala, eles são só dois ou três anos mais novos do que nós, e alguns tem a nossa idade!

- Ah, mas são do time secundário, eu sou do time principal!

- Nem vou te responder, Kurt! Olá, meu nome é Kitty Pryde, mas você pode me chamar de Kitty.

- Olá, Kitty. Pode me chamar de Lucas, então.

- Uoi, gente fina! – Kurt esticava seu braço – qualquer dúvida, pode perguntar para o Kurt aqui que ele resolve numa boa, tá ligado?

- Hã... certo, então. Prova de Álgebra, é?

- O professor é um chato – falava Kurt – espero que isso não te chateie, bela forma de começar na escola, não é?

- É... tem uma caneta e um lápis para me emprestar?

Aquele definitivamente não era um bom começo, pensava Kurt. Que espécie de professor sádico era aquele que dava uma prova de boas vindas?

Lucas... McCoy? Sobrinho do professor Hank? hm... estava curioso para saber o que ele fazia, ou melhor, MUITO curioso. Pensando bem, por que o professor Hank não disse nada a respeito disso? Melhor ainda, por que o professor Xavier os deixou em alerta? Será que aquele cara resolveu passar ali só para uma visita?

Não era a toa que Cérebro notou uma semelhança genética, mas... e a presença magnética? Não conseguia entender o que Magneto estava planejando daquela vez, não tão rapidamente. Será que aquele aluno novo...

De qualquer forma, já tinha seus próprios problemas. E a julgar pela cara de Kitty, os seus pensamentos deviam eqüivaler aos dela. Realmente Álgebra nunca fora o forte dela - não que ele fosse o "bambambam" nessa matéria, mas sempre soube se segurar, de modo que ela estava contando com ele. Tinha que pensar em algo, alguém para lhe dar cola, mas quem ? Não tinha ninguém disponível, e todas as possíveis fontes de informação estavam sendo avidamente encaradas pelo professor. Céus, um milagre!!!!!!

Para Kitty, aquilo era um inferno. E o pior, o burro do Kurt não estudou!!!! Era agora que iriam levar uma bomba! Droga, por que não tinha telepatia como a Jean? Resolveria as coisas tão facilmente e... e...

Ela olha para frente, vendo o braço de Lucas fazendo de tudo, menos ficar parado, o que significava que ele estava escrevendo, e muito.

Em outras palavras, ele sabia a matéria.

Hmm... por que não? Seria uma ótima forma de fazer amizade. Claro que se sentia mal, mas... fazer o que, não é?

Mas que estava um tanto quanto envergonhada, estava. Afinal, mal o conhecia, e já ia pedindo cola? Aquilo levava tempo, confiança, convivência, não podia ir simplesmente e...

- Valeu!!!! - ela ouvia Kurt falando bem baixo ao ver Lucas jogando para o mesmo uma borracha com alguns rabiscos.

ela não conseguia acreditar como Kurt podia ser tão cara de pau.

- Kurt!

- Shhh!!! é proibido colar, Kitty!

- E o que você fez?

- Apenas compartilhamento de informação, nada demais. Valeu, Lucas. No intervalo a gente conversa melhor, por que esse professor é linha dura - e dava uma risada. Menos de dois minutos depois, ele olha para o lado, percebendo que o novo aluno estava encostado na cadeira, olhando para o teto. - o que foi? Tem alguma questão que você não entendeu?

- Hã? Ah, não. tá tudo bem.

- Alguma duvida? - perguntava Kitty, perguntando de onde tirou aquilo, como se Álgebra fosse sua especialidade.

- Não.

- Alguma questão que não esta conseguindo fazer?

- Não, sem problema. Já terminei.

- JÁ TERMINOU?!?!?

- Aham - o professor se aproxima - senhorita Pryde, poderia nos fazer o favor de não fazer barulho? O que ele vai pensar de nós? Alguma dúvida, senhor McCoy?

- Não, senhor. Eu... eu já terminei a prova.

- Já, é? Deixe-me ver. Hmmm... - o professor analisa atentamente a prova durante longos e penosos minutos - perfeito. Vejo que o nível do seu colégio anterior em nada devia a Bayville. Ou será que isso é de família?

- Hã... - ele ficava levemente vermelho. a última coisa que queria era receber fama de cdf - não estava tão fácil assim, professor...

- Mas todas as questões estão certas. Excelente - e olhava as respostas - muito bom, mesmo.

A essa altura ele já estava quase explodindo de tão envergonhado que estava. Tinham avisado-o acerca disso, para não dar bandeira, e ele cometeu o pior dos erros de cara, se mostrou demais.

Céus, alguma coisa, alguém, qualquer um... ele precisava de ajuda! Se continuasse ali, iriam perder horas e horas daquele professor falando o quão ele era parecido com seu tio - apesar deles só terem se encontrado da última vez há muito tempo atrás - e ele não estava com paciência para receber termos pejorativos como "coco, cabeça, cérebro"...

***

Pra variar, já não tinha mais o que fazer. Não tinha saco para ouvir o professor ficar revisando a matéria para a prova da semana seguinte, de modo que resolveu fugir da sala par andar um pouco.

Como sempre, suas costas ainda doíam. Aquela seqüência de explosões que Thabita lançou contra ele foi mortal e tremendamente covarde – não que ele tivesse alguma honra, mas... – de modo que ele ainda sofria.

Mas isso não resolvia o problema principal: estava sem a menor idéia do que fazer.

Hmm... talvez se fosse visitar Kitty...

Decidido, Lance vai andando até a sala de Kitty, pensando no que diria, até que, da entrada da porta, ele ouve um nome que lhe soa familiar.

Poderia até Ter passado direto, se ele não tivesse visto, dentro da sala, uma figura muito, mas muito familiar.

Aquele cara!!!

Quem era ele? Sabia que era um mutante, mas quem era ele?

Pensando bem, tinha certeza de que era o sujeito que vira entrando na outra casa velha da rua, a que sofreu algumas reformas...

Se era assim, então ainda não fazia parte do instituto Xavier, ou seja, não era nenhum "filhinho de papai", ainda.

Mas isso nem de longe era o mais importante. A grande questão era que estava um tanto curioso para conhecê-lo e, a julgar pelo modo que falava, com certeza estava implorando para que alguém lhe tirasse da situação na qual se meteu.

- Com licença, professor - um rapaz de cabelo castanho que ia até a altura dos ombros, vestindo uma jaqueta cortada, chega na porta da sala.

- hmm? O que deseja, senhor Alvers? Estamos no meio de uma prova!

- O diretor pediu que viesse falar com o novo aluno.

- Já? O diretor está ficando cada vez mais rápido! - e falava bem baixo, próximo ao rapaz.

- Kitty, olha lá, é o Lance!

- Eu já vi! Droga, o que ele tá aprontando?

- Bom, ele estuda aqui, não é?

- Kurt, não é hora pra piadas! O que você acha que ele veio fazer aqui?

- Não sou telepata! - o professor sinaliza para Lucas, o qual junta suas "coisas" e se ergue, caminhando até a porta. Alguns segundos depois ele sai da sala, acompanhado do rapaz que chegara - mas posso prever o futuro...

- Caramba! Era só o que faltava!

- Eu disse que teríamos problemas! Tinha certeza!

- Não brinca! Aposto que foi a Mística quem mandou o Lance aqui! Mas que droga!

- Senhorita Pryde, importa-se de compartilhar conosco suas palavras? - o professor estava do seu lado, e ela se perguntava desde quando - afinal, ninguém aqui quer fazer a prova em silêncio, não é mesmo?

Aquilo não iria prestar. Tinha que fazer alguma coisa, mas sair dali antes de terminar aquele teste dificílimo estava fora de questão.

Ela mandava um olhara furtivo para Kurt, o qual dava com os ombros, indicando que não tinha a menor idéia do que fazer.

Grande, era só o que faltava. Um novo mutante na escola, caindo direto nos braços da Mística. Dava pra piorar a situação?

E isso sem contar a interferência do dia anterior...

***

- E ai, Beleza? Eu sou o Lance. Lance Alvers.

- Hã... oi. Meu nome é Lucas.

- Só Lucas?

- eu... desculpe, é que... acho que já tive problemas o suficiente por um dia com meu nome.

- Ih, sem grilo! Te salvei de uma, heim!

- Pô, valeu! sua cidade é bem hospitaleira, sabia?

- Esse lugar aqui é bem legal, de vez em quando tem uns babacas que enchem o saco, mas a gente sempre dá um jeito neles.

- "Babacas"?

-É, uns metidinhos que freqüentam a escola, você vai ver. Mas mudando de assunto, o que te trás aqui?

- Eu... eu ... recebi uma proposta do meu tio para estudar aqui.

- Ah, sei. Bayville é um lugar muito legal, é só saber aproveitar. O que aconteceu com o resto do seu material? Ficou no armário?

- Hã, eu... eu....

- O que houve?

- Eu... o perdi.

- Perdeu? Não esquenta, a gente encontra ele.

- Mas, bem... olha, você vai me achar maluco, mas... tipo, eu estava caminhando pelos corredores quando ele sumiu das minhas mãos, simplesmente.

- Sumiu? - Lance o olhava de lado. Ai tinha coisa.

- É. Em um momento eu o estava segurando, no outro ele sumiu!

- Deve ser uma brincadeira de alguém, depois a gente dá um jeito nisso - e pensava em uma certa pessoa que tinha esse hábito de sumir com as coisas dos outros.- faltam dez minutos para o intervalo, vamos dar uma volta que depois eu te apresento uns amigos meus, você vai gostar deles.

Caminharam pelos corredores da escola, até que, pouco tempo depois, estavam do lado de fora.

- Olha , esse aqui é o campo de futebol. Você gosta?

- Eu pratiquei um pouco na minha antiga escola, mas gostava mesmo era de natação.

- Ih, sem grilo, a gente tem aula de educação física na piscina. Vem, ainda tem muito pra te mostrar, a gente ainda tem alguns minutos.

***

Na sala de aula....

Kitty não estava acreditando. Àquela altura do campeonato, o pobre coitado do sobrinho do professor Henry já devia estar sendo abduzido pela Mística! E o pior, ela não sabia a resposta da quarta questão!!!

Kurt, por outro lado, parecia estar super-relaxado. Como era possível? Se ela soubesse que, assim como ela, ele estava em pleno desespero por não saber a resposta da questão, e que resolveu tentar relaxar para não perder a cabeça, o entenderia.

Mas e agora? Como iriam dizer para o professor McCoy que seu sobrinho estava sofrendo um processo de lobotomização?

Alguns minutos depois o sinal toca, de modo que a turma sai da sala, mas a expressão deles, diferente da expressão de alguém entusiasmado com o intervalo, era a pura revelação do desespero. Com o professor podia ser tão cruel?

- Kurt, procura o Scott e a Jean! A gente tem que achar aqueles dois, e rápido! Avisa pra todo mundo que o mutante novo é sobrinho do professor Hank!!!

- Ah, não grila, Kitty! Que mal o lance pode fazer pra ele? Ok, não precisa ficar brava, não está mais aqui quem falou!!!

***

- E então, McCoy....

- Pode me chamar de Lucas, Alvers.

- Só se você me chamar de Lance.

- Feito.

- Bonita jaqueta a sua, não está sentindo calor?

- Ah, Não. Está até fresquinho por aqui.

- Venha, temos uma lanchonete ótima por aqui, aproveito e te apresento aos meus amigos.

- No duro? Pô, que legal! Falando sério, eu tava com medo de ficar meio deslocado na escola, sabe.

- Não grila com isso! A gente aqui sabe tratar bem os amigos. Em especial os unidos. Você é um amigo, não é?

- Claro – respondia meio que sem pensar, não entendendo o que Lance realmente queria dizer.

- Beleza! Olha lá, é ali que a gente se senta!

- Ei, conheço aquele sujeito!

***

Muito bem, agora tinha que pensar exatamente na solução do problema. Tinha muita sorte de não ser da mesma sala de Kurt e Kitty, mas seu professor era igualmente sádico, e o dever de casa não podia acumular, ainda mais que a aula seguinte lhe traria dores de cabeça pelo resto do dia.

Claro que ajudaria e muito se Fred Dukes não comesse como um porco na mesa ao lado, fazendo um barulho infernal. Por acaso ele não conseguia Ter um mínimo de modos?

- Fred, dá pra mastigar de boca fechada? – ela aumentava o tom de voz, irritada com o barulho.

- Nhoc – ele mastigava – vem aqui me fazer calar a boca!

- Ora, seu...

- Vai com calma, Fred – Lance se aproximava – quer passar uma má impressão para o nosso novo amigo?

- Amigo? Onde? – Fred olhava para todos os lados, não encontrando o novo "amigo".

- Ele é meio tonto as vezes – Lance murmurava para Lucas, o qual compreendia. Na verdade, já vira Fred correr como um desesperado pela rua no dia anterior, logo imaginava algo assim a seu respeito.

- Muito prazer, meu nome é Lucas.

- Esse é o novo amigo, Lance? – Fred estica sua mão e aperta a mão dele, quase esmagando-a devido sua imensa força – muito prazer, eu sou Fred.

- Ahhhhhh!!!! – Fred diminui a força do aperto – eu... meu nome é Lucas!

- Ah, muito prazer, se é amigo do Lance, então é meu amigo também!

De onde estava, vampira se calou, tentando ignorar o falatório, mas sem deixar de sentir uma ponta de curiosidade a respeito de quem seria aquele "novo amigo", de lance.

- Desculpe, geralmente meus amigos não reclamam quando eu aperto as mãos deles!

- Geralmente não deixamos ele apertar nossas mãos - murmurava Lance - já tive alguns dedos quebrados por causa dele! Que tal largar a mão dele agora, Fred?

- Ah, tá! - e largava Lucas, o qual massageava sua mão. céus, como doía!!!

- Ai, cuida do cara que eu vou buscar alguma coisa pra gente comer, tá falado?

- Pode deixar, ninguém vai fazer mal a ele!

- Hã - Lucas entendia cada vez menos a situação. Mas até que estava gostando da hospitalidade que estava recebendo ali. Tá certo que Lance tinha um jeitão de rebelde e Fred parecia um tanto quanto desmiolado, mas até ai, não era nenhum crime ter uma personalidade própria. E sinceramente, estava gostando.

Hmm... será que teria chance de conversar novamente com aquela garota que estava na cadeira atrás dele? Parecia ser uma pessoa legal, fora que tinha uma voz tão bonita...

Mas forças misteriosas o obrigam a virar o pescoço para a direita. Até o fim de seus dias se perguntaria o que viria a ser aquilo, mas o fato é que ele virou o pescoço, olhando para a mesa que estava do seu lado.

Usava uma saia preta e um top escuro também, e parecia usar alguma outra roupa que lembrava uma malha por cima do corpo, uma malha verde.

dali mesmo ficava hipnotizado pelo seu rosto, liso e suave, com uma tonalidade branca cativante, e seus olhos, duas jóias do Nilo, enfeitiçando-o.

- O que está olhando? - ele é tirado bruscamente de seu mundo de ilusões quando ouve aquela voz retirando-o do transe.

A voz de vampira.

- Hã? O que ? Eu... desculpe, eu...

- Tá tirando um sarro com a minha cara, é? - e se erguia, andando a mesa aonde ele estava e dando um soco nela - o que foi?

- Eu, desculpe, eu... não queria te ofender, eu...

- Se manda daqui, vampira! - Fred com seu tamanho extra - largo olha feio para ela - você e seus amiguinhos não vão fazer mais ninguém de palhaço!

- Hunf! Amiguinhos, é? Era só o que me faltava. Estava curioso por causa da minha pele, não é? Ela é branca assim mesmo, quer olhar mais de perto? - e aproximava seu rosto.

- Bem... tá bom - e se erguia um pouco, de modo que as faces de ambos ficam bem próximas, quase coladas.

Quase.

O que, por si só, foi mais do que suficiente para fazer vampira corar e dar um passo pra trás, totalmente sem ação diante da reação dele.

Para sua surpresa, ele dá um passo em sua direção, ficando ainda mais próximo, ainda deixando-a sem reação . Fazia muito tempo desde que tocou em alguém pela última vez, e sentir a respiração dele perto de si era uma tortura.

Alguma coisa tinha que acontecer, qualquer coisa. Não queria tocá-lo, sabia o que iria acontecer, sabia que...

- Ei! Se afasta dele, vampira! - ela nunca ficou tão feliz com a chegada de Lance - Lucas, sai de perto dela, se não quiser se machucar!

- Eu e que não quero estar perto de você, seu imbecil! - e voscirava para Lance, pegando seu material escolar e saindo dali a passos largos.

- Escuta... quem é aquela garota?

- Ah, ela é a Vampira, cuidado com ela, senão você vai se dar mal.

- vampira? É esse o nome dela?

- Ah, isso ninguém sabe. Mas cuidado, se tocar nela, você apaga.

- Eu não entendi...

- Eu acho que você entendeu sim, Lucas...

- Como?

- Nada, não - e mudava de assunto - ai, fica a vontade - e colocava uma bandeja com alguns doces na mesa.

- Hã? Puxa, cara, valeu! Quanto eu te devo?

- Ih, sem grilo!

- Ah, mas eu faço questão e... - o mesmo mete a mão no bolso, até que ... - meu...meu dinheiro! Ele sumiu!!!!

- Sumiu?

- Tenho certeza de que estava aqui!!!

- Será que não foi o Pietro? - Fred conseguia o milagre de formular frase com a boca cheia?

- Quem é Pietro?

- Um amigo nosso, mas deixa pra lá. O que você vai fazer depois da aula?

- Eu estava pensando em caminhar até em casa, mas primeiro vou ter que procurar meu material que sumiu.

- E ai, meu Brother - Lucas arregala os olhos quando olha para frente e percebe que um rapaz franzino de cabelo prateado estava sentado ao lado de Fred - o que cê conta de novo?

- Fala, Pietro. Esse aqui é o Lucas, novo aluno da escola.

- Ih, é o bicho, carne nova no pedaço! E ai, cara, gostando daqui?

- De onde você surgiu? - o mesmo ainda estava com os olhos arregalados depois da aparição dele - eu juro que você não estava ai há menos de um segundo atrás!!!

***

- Olha ele lá! - Kitty apontava para o meio do salão, aonde teve o desprazer de ver quase toda a Irmandade dos Mutantes cercando o novato - Vamos tirá-lo de lá e...

- Calma, Kitty - Jean tocava em seu ombro - o que você vai fazer? chegar lá e dizer que ele está cercado de mutantes malignos, por acaso?

- Mas a gente sabe que foi Darkholme que mandou o Lance falar com ele! E você sabe que eles vão aprontar!

- Sim, eu sei... mas ele não sabe. E não podemos ir simplesmente chegando e tirar ele dali.

- Olha lá, o Todd também chegou! O professor McCoy vai nos matar!

- Não seja exagerada, pelo que me lembro, o Lance tentou com você e não deu certo, e a Mística também tentou com a vampira.

- Mesmo assim, eu... que? O que o Kurt esta fazendo?

***

- E ai, gente fina? Beleza? - Kurt se sentava ao lado de Pietro, dando um tapinha no seu ombro.

- Se manda, Kurt! - Pietro voscirava para Kurt.

- O que é isso, isso lá é jeito de tratar um amigo? E depois, eu só vim dar as boas para ele - e apertava a mão de Lucas - beleza, Lucas? Que que cê tá achando da escola? Valeu pela ajuda na prova, heim!

- Se manda daqui, Kurt! – Fred imitava Pietro.

- Calma, calma. Bem, Lucas, não tive tempo de me apresentar, o meu nome é Kurt. Kurt Wagner, ao seu dispor.

- De nada.

- Não se assuste com o professor - Lucas percebia o olhar penetrante que tanto Fred quanto Pietro tinham em relação a Kurt - que ele é assim mesmo. E ai, tá gostando? quer perguntar alguma coisa?

- Sim - ele olhava para trás, aonde via a moça de antes sentada em uma cadeira mais distante - por que vocês chamam aquela garota de vampira?

- É uma longa história, e o Kurt já está de saída - Lance, Pietro, Fred e um recém-chegado Todd estavam de pé ao redor de Kurt, olhando-o de cara feia - se manda!

De seu canto, Lucas se encolheu um pouco. Pelo visto devia haver algum tipo de rivalidade/inimizade entre eles, e pelo visto não era recente.

- Que que tá acontecendo aqui, Kurt? - um sujeito alto de ôculos vermelhos se aproximava, encarando os demais - algum problema?

- Ninguém te chamou, Summers - voscirava Lance.

- É mesmo? Pois não gosto do tom de voz que você dirige aos meus amigos. Oi, você deve ser o aluno novo, muito prazer, Scott Summers.

- Hã... prazer - mas o que diabos estava acontecendo ali?

- Tudo bem ai, Scott? - Spike se aproximava, recebendo um olhar Mortal de Pietro.

Aquilo estava prestes a virar um campo de guerra, pensava, e definitivamente ele já tinha problemas demais para ter que se preocupar com uma ida até a diretoria por brigas no primeiro dia de aula.

- Hã... pessoal, eu... eu vou aqui no banheiro e... tipo, eu já volto, não precisam se preocupar, podem resolver suas diferenças sem mim - e levantava, afastando-se um pouco do local.

- Viu só o que você fez, Summers? Agora ele está com medo de você!

- Eu o assustei? Olha quem fala, aposto que foi a Mística quem mandou você cuidar dele, não foi?

- Isso não é da sua conta, Summers! - e dava um passo para frente, de modo que, no momento seguinte, ambos estavam se encarando mais ainda.

Do outro lado, Jean e Kitty vêem Lucas sair da mesa e vão atrás dele, aproveitando o momento até que param de segui-lo quando ele entra no banheiro masculino.

- Droga! Cadê o Kurt quando a gente mais precisa dele?!?!?

***

- Nossa! Era só o que me faltava, meu pai iria adorar se soubesse que eu arrumei briga no meu primeiro dia de aula.

Mas que estava sendo bastante incomum, isso estava.

Uma rápida idéia se passou pela sua cabeça. Será que eles eram... talvez. Nunca tinha ouvido falar de uma recepção tão calorosa assim, mesmo para pessoas que acabaram de se mudar. Na verdade, a não ser que estivesse imaginando coisas, podia jurar que estava sendo disputado... mas, por que?

Mas aquela garota, a loira... aquilo que ela fez foi incomum. Aquela bola explosiva dela... parecia dinamite!

E quanto a Lance? Mediante a situação, era provável que ele possuía algo de incomum, mas...

E, pelo visto, seu tio não estava ali, do contrário já teria ido recepcioná-lo.

Na verdade, tinha que agradecer a Tânia por Ter convencido seu pai a deixá-lo ir para Bayville. "Vai ser bom para ele", ela havia dito. "Ele pode vir a aprender muito com o tio, que é um cientista muito respeitado na comunidade cientifica internacional", ela também havia dito.

Como se seu pai não tivesse adorado a idéia de tê-lo longe...

Tânia... muito do que era hoje, ele tinha que agradecer a ela. Se não fosse pela mesma, talvez ele nem sequer estivesse por ali para contar história.

Fazia tempo, muito tempo desde que ele e seu tio se encontraram pela última vez. Será que ele ainda era tão alto quanto antes?

Ele retira uma fotografia que carregava no bolso, aonde um homem alto e corpulento carregava um garotinho na carcunda. É, realmente fazia muito tempo. Muito tempo, mesmo. Será que seu tio poderia ajudá-lo? Afinal, se era um geneticista tão famoso, talvez pudesse ajudá-lo a resolver seus problemas.

Saindo do banheiro, o mesmo caminha um pouco pelo salão, percebendo que tanto o "grupo" de Lance quanto os amigos de Kurt ainda estavam se encarando. Ele mesmo cogita a hipótese de ir até lá e pedir que eles parem com a discussão, mas se toca de que não os conhece bem o suficiente para pedir tal coisa.

Claro, o fato de uma pessoa em especial Ter chamado sua atenção teve bastante influência em sua decisão.

- Olha, ele saiu! Jean, ele saiu!

- Sabe, vendo as coisas desse modo – Vampira continuava lendo seu livro – está mais parecendo que isso é uma caçada e ele, um prêmio. Acho que ele vai se sentir um pouco incomodado de todo mundo ficar atrás dele, sabia?

- Queria ver você ficar falando isso há um tempo atrás, vampira.

- Isso aconteceu comigo, se esqueceu? E era bastante incômoda a idéia de todo mundo querer me dizer o que fazer.

- Eu acho que entendi o que você quer dizer, vampira – Jean tomava um pouco de suco antes de continuar – tem razão, acho que estamos forçando muito a barra pra cima dele. Estamos pensando apenas nas amizades que ele irá fazer, e nem ao menos nos preocupamos em saber como ele está se sentindo – e olhava para o outro lado do refeitório.

- Belo exemplo nós acabamos dando – e falava, apontando – Scott e Lance quase se arrebentando, não é?

- Vocês são muito chatas – Kitty se debruçava por cima da mesa, olhando o vazio – a gente só precisava bater um papo com ele, levá-lo até o professor Xavier e fim de papo, seria tão simples se ele viesse até nós pra gente conversar e...

- Oi? Posso me sentar com vocês?

- Hã – Kitty não conseguia acreditar na força de suas palavras – hã... claro – ele dá a volta, ficando de frente para Vampira.

- Olá, meu nome é Lucas.

- Muito prazer, meu nome é Jean . Jean Grey – e aperta a mão dele, ato imitado por Kitty, no entanto a mesma segura a mão de Lucas por alguns instantes, observando-as.

- Hã....? O que foi? Tem algo errado com a minha mão?

- Não, eu... só achei que fossem maiores...

- Como?

- Aham! – Jean dava uma cotovelada de leve em Kitty – desculpe, ela é meio curiosa as vezes, sabe.

- Ah, tá. Posso te perguntar uma coisa?

- Claro, o que quer saber?

- Não, não é pra você, é pra ela – e olhava para Vampira, a qual, pela primeira vez desde que ele se sentou, ergueu seu rosto e tentou não corar, o que já era bem difícil devido a tonalidade de sua pele.

- O que você quer? – ela falava bem rispidamente.

- Desculpe, eu não queria causar uma má impressão.

- Ah, claro. O que foi, veio conferir se a minha pele era dessa cor mesmo?

- Não, vim pedir desculpas.

- Sei, acredito.

- É sério, juro. Eu não queria tirar sarro da sua cara, apenas fiquei impressionado quando te vi, o seu corte de cabelo e a cor da sua pele, parecia uma pérola, sabe.

- J-jura? – Vampira realmente corou pela primeira vez em meses, ainda mais quando percebia uma risadinha vinda de Jean.

- Eu vou deixar vocês conversarem em paz. – Jean se ergue, puxando Kitty dali – Vem, Kitty.

- O que? Heim? Como é?

- Anda, vamos ver como os menino estão. –e continuava puxando-a dali.

- Sua amiga é bastante curiosa, sabia?

- A Kitty? Ah, sim, eu... bom... desculpe, eu acabei não me apresentando. Me chamam de Vampira, e o que você queria perguntar, mesmo?

- Hã... deixa pra lá. Já me apresentei, mas acho que você não prestou muita atenção, de qualquer forma, meu nome é McCoy. Lucas McCoy.

- McCoy? Você é parente do professor Hank, digo, Henry?

- Bom... sou sobrinho dele, minha mãe era irmã dele.

- Ahhhh... agora entendi o por que de Kitty ficar olhando para as suas mãos.

- É? Por que?

- Ué, você não sabe?

- Bem... não, poderia me explicar?

- O professor Hank, ele... as mãos e os pés dele são maiores do que a maioria das pessoas, sabe.

- E daí? Existe muita gente de pé grande.

- Não como o professor... e então, Lucas? Gostando da escola?

- O pessoal daqui é bastante amigável, como o Lance.

- Lance?

- É, por que?

- Tome cuidado. Muita gente aqui não é o que parece.

- Jura?

- É... fique atento, e com o tempo você irá perceber quem são os seus verdadeiros amigos.

- Hmm... tudo bem, obrigado pelo conselho. Espero que possamos conversar novamente.

- A vontade, pode me procurar quando quiser conversar. – e dava um sorriso para ele.

- Tá. O que é isso?

- O que? – ela retirava um pouco de comida do seu ombro – Ah, isso é do Fred, aquele idiota não consegue comer de boca fechada.

- É, percebi. E ainda caiu um pouco na sua testa, deixa eu limpar.

Nada mal, ele pensava. Em meio a toda àquela correria do primeiro dia de aula, acabou conseguindo puxar assunto com aquela gatinha e aberto uma brecha para o futuro. Até que o dia não estava sendo tão ruim, bem diferente do que ele imaginava que iria acontecer.

E... por que ela estava de olhos arregalados?

Continua...