O Escorpião Escarlate
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Capítulo Anterior – No capítulo anterior ocorre um roubo em Paris . O ladrão deixa um escorpião vermelho na cena do crime. O investigador Kamus e sua equipe seguem as pistas e chegam até Milo Nekalaous, ladrão conhecido como O Escorpião Escarlate, que está preso em uma cadeia de segurança máxima.
- ...Policial Shaka falando, identificação IPF 378-43. Quero saber se vocês têm um prisioneiro chamado Milo Nekalaous. Quer que eu soletre o último nome ?
O Virginiano esperou um pouco até que a voz do outro lado respondeu.
- Isso mesmo. – e continuou ouvindo - Obrigado. – o indiano desligou. Olhou para os outros antes de responder - Ele está preso.
- Isso não faz sentido. – Kamus comentou pensativo.
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O Escorpião Escarlate – Capítulo I - Conhecendo o Escorpião
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Estrada para Clairvaux. Um dia depois da descoberta do 1º crime. Terça-feira
Kamus e Shaka seguiam de carro até o presídio onde o grego estava.
O indiano tinha pedido a Fleur, a secretária, que lhe enviasse documentos sobre o tratamento dado aos presos na Casa Central de Clairvaux. A menina tinha lhe entregue uma revista com um artigo sobre o assunto. Shaka tinha lido alguns parágrafos previamente. Apesar de parecer mais uma grande crítica política, as citações de Piotr Kropotkin, filósofo e anarquista russo, contra o sistema carcerário ainda eram bem coerentes e atuais (1).
- Posso começar a ler, Kamus ?
- Pode.
O Virginiano iniciou em voz alta. O francês ficou prestando atenção.
" Afastada de Paris, a Casa Central de Clairvaux possui uma imensa muralha circular, inclinada nas colinas, em uma longitude de 4 quilômetros. Acolhe cerca de 1400 detentos que se ocupam de diversas tarefas entre as fábricas de cama de ferro, trabalho com a seda, bordado, confecção, calçados, horta e tantas outras atividades.
Os presos passam a maior parte do dia nas oficinas, salvo uma hora de escola e 45 minutos de passeio, em fila, aos gritos de "um! dois!" dos carcereiros, distração que se denomina o arrastão das lingüiças. O Domingo se passa nos pátios, se é um bom dia, e nas oficinas quando o tempo não permite sair ao ar livre.
A Casa Central de Clairvaux estava organizada sob o sistema de silêncio absoluto, mantido à força de castigos. Hoje tal prática não é mais utilizada a não ser quando as conversações nas oficinas ou no pátio ficam demasiado calorosas.
Como as prisões centrais estão longe das grandes populações e são as grandes cidades as que precisam de um maior número de vagas, poucas mulheres e parentes dispõe de meios para fazer uma viagem à Clairvaux a fim de ter algumas curtas entrevistas com os presidiários. "
O texto ainda trazia algumas citações de Piotr Kropotkin, filósofo e anarquista russo, e Shaka continuou a ler.
" Um detento não é um homem capaz de ter um sentimento pelo respeito humano. E se cede ao desejo de comunicar uma impressão ou um pensamento a um companheiro, cometerá uma infração de disciplina. E por mais dócil que seja, terminará por cometer esta infração.
Antes de entrar na prisão poderia causar-lhe repugnância mentir ou enganar uma pessoa; mas na prisão aprenderá a mentir e a enganar até chegar o dia em que a mentira e o engano se tornarão para ele uma segunda natureza.
E se ainda há suficiente dignidade para irritar-se ao receber um insulto, se é suficientemente honrado para rebelar-se contra as pequenas intrigas; a prisão será um inferno para ele. Será sobrecarregado de trabalho, se é que não se lhe envie a apodrecer em uma cela.
A menor das infrações na disciplina lhe fará objeto dos mais duros castigos. Será um insubordinado e um castigo trará outro. O conduzirão à loucura por meio da perseguição, e deve se considerar feliz se sai da prisão de outro modo que não no caixão."
E o artigo terminava com um acontecimento terrível, ocorrido tempos atrás na prisão de Clairvaux.
" Na Clairvaux é possível ver qual é a sorte daquele que não é submisso. Um certo homem apodrecia em sua cela por um castigo. Cansado de tal vida, bateu em um vigilante. Recomendaram-lhe que continuasse na Clairvaux, então, se suicidou. E não tendo arma alguma para fazê-lo, se matou comendo seus próprios excrementos..."
- Que horror ! Nem vou ler mais. É de dar arrepios. – o indiano reclamou fechando a revista.
- Não se impressione, Shaka. Ninguém vai para a cadeia por ser uma boa pessoa.
- Tudo bem Kamus, mas deveria ter limites para este tipo de abuso. Essa cadeia é uma vergonha para a França.
- Ok, meu amigo. Eu concordo. De nada adianta um sistema carcerário ser tão desumano e penoso. Violência só gera mais violência.
- Uma casa de detenção deveria ser uma casa de reabilitação, mas sinceramente, Kamus, quem se reabilita na lei do silêncio absoluto ? Quem se reabilita tendo como diversão 45 minutos de passeio EM FILA ÚNICA pelas áreas da prisão sob os gritos de "um, dois" ? Quem se reabilita ficando longe de parentes e amigos ? Quem se reabilita sobrecarregado de trabalho e sabendo que se um comportamento for considerado indisciplinar, na ótica dos agentes penitenciários, você vai definhar em uma cela ?
- Você ainda esqueceu dos abomináveis almoços. Um litro de água para cada cenoura, batata e tomate apodrecidos. Oh, pobres detentos, tanto para fazer e tão pouco em troca ! – falou em tom teatral – Faça-me o favor, Shaka. – brigou com o outro - Estamos falando da Clairvaux ! Você sabe muito bem que os presos que entram lá têm um alto grau de periculosidade ou uma grande dívida com a sociedade. Se continuarmos a dar todas as regalias aos criminosos, como será uma casa de reabilitação ? Uma colônia de férias ? Um resort ?
- Ok. Eu sei da sua dificuldade em aceitar métodos mais suaves para a reintrodução de um criminoso na sociedade.
- Shaka, isso é utopia. Veja as estatísticas. Mais de 75 dos presos voltam a cometer delitos, estejam eles nas grandes prisões ou nas cadeias de segurança mínima.
- E os 25 restantes Kamus ? E os que conseguiram se manter íntegros ao passar pelo sistema penitenciário ? O que faremos com eles ? Vamos juntar todos e fazer uma grande fogueira ?
- Não seria uma má idéia. – disse sem remorso algum - Por serem ex-detentos não conseguirão um emprego decente e viverão sempre à margem da sociedade. Você sabe muito bem o destino deles. Alguns se tornam mendigos, outros se suicidam. Me responda: isso é vida ?
- Isso é justo ?
- De que lado você está, Shaka ?
- Do lado da justiça.
- A mesma justiça que aplicou uma pena de apenas dez anos nos assassinos dos meus pais, ao invés de 30, porque eles falaram que estavam "apenas defendendo" o pai deles que ia ser julgado pelo meu pai ? É esta justiça ? A justiça que deixa que pessoas honestas tenham uma bomba instalada em seu carro enquanto assassinos riem das nossas caras pois sabem que para conseguir uma condicional basta cumprir dois terços da pena ? A justiça que diminui a pena dos criminosos porque eles arrumam um motivo esdrúxulo para o crime que cometeram ?
- Ainda bem que você não é juiz.
- Mas meus pais eram. E julgavam certo. Se eu fosse juiz, defenderia a pena de morte. Nada de aplicar a pena máxima. Para mim bandido bom é bandido morto.
- Kamus, as coisas não são assim e você sabe bem, mas não vou mais discutir com você porque a gente diverge neste assunto. Vamos falar do nosso preso. Milo Nekalaous.
- Pode começar. – disse em tom suave.
Shaka olhou para o francês. Apesar da discussão entre os dois sabia que o Aquariano nunca ficava bravo de verdade. Kamus era muito enérgico ao defender suas idéias, mas costumava ao menos ouvir o que as outras pessoas tinham a dizer. O investigador era uma boa pessoa e um bom líder. Infelizmente marcado profundamente pela vida, mas um excelente policial.
- O Aioria pegou a ficha dele e completou com outras informações.
- E o que ele conseguiu ? – o Aquariano perguntou.
- 22 anos. Pai francês e mãe grega. Nascido na Grécia. Por causa da dupla nacionalidade não foi deportado. Réu primário. Cumpre pena há um ano e cinco meses. Fez uma devassa na França roubando, durante quatro meses, uma série de objetos de artes e jóias.
- Eu me lembro que começamos a investigá-lo na época. Qual foi mesmo a pena que ele pegou ?
- Onze anos e oito meses.
- ONZE ANOS ? Isso é que é juiz bom. – Kamus afirmou sorrindo.
- Acho muito. O garoto não tentou roubar a Monalisa.
A Monalisa, pintada por Leonardo Da Vinci, era um quadro de grande valor sentimental para os franceses. O que o Virginiano queria dizer é que quase doze anos era uma pena muito alta para os crimes que tinha visto na ficha do grego.
- Ok Shaka, eu também achei a pena alta demais. Tem certeza que na ficha dele não tem nenhum assassinato, tentativa de homicídio ou agressão violenta ?
- Constam apenas duas agressões. Uma a um médico e outra a um policial.
- Aí está a resposta. O que ele fez com o policial ?
- A mãe morreu no hospital e ele agrediu um dos médicos da equipe que a operou. Um policial à paisana que acompanhava a cirurgia de um parente tentou contê-lo e acabou apanhando também. Aí os seguranças do hospital o seguraram e o policial o algemou.
- Humm... – Kamus ficou pensativo – Irmãos ?
- Nenhum parente conhecido.
- Visitas ?
- Ficha de visitas completamente vazia.
- Que informações temos da família ?
- Poucas. O Escorpião não costuma falar muito deste assunto, mas o que o psicólogo da prisão conseguiu está aqui na ficha. A mãe e o garoto moravam na Grécia e eram pobres. O pai o reconhecia como filho e aparecia de vez em quando, mas os abandonou definitivamente depois que o menino fez sete anos. A mãe começou a sofrer de uma doença rara durante a adolescência do grego. Ela foi internada aqui na França para realizar uma cirurgia. Uma cirurgia MUITO cara.
- Cara ? Quanto ?
- Bem Kamus, pelo jeito o Escorpião usou o dinheiro dos roubos para pagar todo o processo cirúrgico. Como estava com dinheiro sobrando foi em um dos hospitais mais conceituados e contratou equipe exclusiva com os melhores médicos, medicamentos de última geração, preparação cirúrgica, aparelhagem automatizada, enfermeiro e médico 24 horas, UTI sem limites, internação, acompanhamento pós-cirúrgico e quarto com serviços. Tudo isso totalizou a pequena bagatela de 190 mil euros.
O francês assobiou.
- Agora já sabemos porque nosso amigo limpou as galerias de arte em tão pouco tempo.
- Sim. Ele precisava de dinheiro. – o indiano afirmou.
- Shaka, você sabe minha opinião. Há outras formas muito mais nobres de se conseguir dinheiro. Já imaginou se todos os filhos de pais doentes virassem ladrões ?
- Concordo plenamente. – deu uma pausa - Tem mais.
- O quê ? – perguntou desviando de um maluco na estrada.
- O hospital desconfiou do rapaz. – contou ao francês - Ele fez a transferência de todo o valor de uma única vez, de conta não identificada, vinda do banco suíço que fica no centro. Pensa só: estrangeiro, novo, cheio da grana, sem precisar de comprovação para a origem do dinheiro... só podia ser ladrão de banco.
- Foi o que pensaram ?
- Exato. Chamaram a Interpol. (2)
- Eu me lembro que o delegado do terceiro Distrito Policial me ligou para dizer que ELE tinha ajudado a Interpol a prender o Escorpião Escarlate.
- Ele tomou uma advertência por escrito.
- Sério ?
- Ele tinha que ter ligado para NÓS e não resolver o caso sozinho.
- Shaka, não somos semi-deuses. Também devemos dar crédito a outros policiais que resolvem os crimes.
- Tudo bem, mas ligar para tirar sarro ?
- Ele é um idiota, só isso. – deu uma pausa antes de continuar – Tinha alguém acompanhando o grego ?
- As câmeras do hospital não captaram bem e as recepcionistas não conseguiram informar corretamente. Ou havia uma moça ou um rapaz andrógino junto dele. Todos afirmaram que ele ou ela era muito bonita e tinha uma pintinha característica no rosto.
- Também foi presa ?
- Não. Assim que o reforço policial chegou, ela fugiu.
- Nunca foi visitar o Escorpião na cadeia ?
- Não. E também não voltou para o apartamento do grego. Quando o policial o prendeu no hospital, disse que o garoto estava drogado e pediu para a polícia vasculhar o apartamento dele.
- E ele estava drogado ?
- Não. O exame deu negativo.
- Você sabe bem o que o policial queria, Shaka. Depois de apanhar, o negócio era arrumar um motivo para jogar o moleque atrás das grades.
- Tenho certeza. Só que ele atirou no que viu e acertou o que não viu. Quando a polícia chegou no endereço que o grego deu no hospital encontrou dinheiro e alguns objetos de arte.
- Nada da garota ?
- Nada. A Interpol destacou dois seguranças para montar guarda, mas ela não apareceu.
- Na certa ela percebeu a movimentação e fugiu. – o francês observou.
- É bem possível, pois o enterro da mãe do grego foi feito sem que NINGUÉM reclamasse o corpo. Como não havia testemunhas ou "gente para chorar o morto" falando de uma forma mais popular, a mulher foi enterrada pela prefeitura, sem velório.
- E não foi permitido ao Escorpião ver a mãe uma última vez ? – perguntou estranhando o enterro tão rápido.
- Não. O jovem não estava colaborando muito nas respostas dos investigadores e acabou sendo impedido de se despedir dela.
- Então é bom tomarmos cuidado. Isso pode ter deixado seqüelas no garoto. Ele pode ser do tipo maníaco depressivo.
- Não é não Kamus. Pela ficha da prisão é bem humorado e falante.
- Falante ? Humm... é exatamente o tipo que eu gosto.
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Estavam se aproximando do presídio quando o telefone acoplado ao carro tocou. O Aquariano abriu o canal de áudio.
- Kamus falando.
- É o Aioria. Oi Shaka.
- Fala aí.
- Tudo certo na Clairvaux. Depois do último incidente com a testemunha, é melhor mesmo que o interrogatório seja realizado na sala transparente.
- Perfeito, Aioria. – e desligou.
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Meses atrás a equipe do Aquariano estava investigando um caso complexo de falsificação de dinheiro. As provas acabaram apontando o envolvimento de um traficante de drogas. Seu irmão mais novo estava preso na Clairvaux por assassinato, e Kamus e Aioria foram até o presídio interrogar o detento.
Por norma da cadeia interrogaram-no na sala de identificação que tem uma parede falsa onde os agentes penitenciários vêem e escutam tudo, mas não são nem vistos nem ouvidos. Esta prática é utilizada para que haja uma ação dos guardas se acharem que o criminoso não está colaborando.
O resultado havia sido desastroso.
Apesar dos insistentes protestos de Kamus e Aioria, que pediam para que eles parassem com a agressão, os agentes penitenciários quebraram o braço do rapaz para abrigá-lo a falar. Para piorar, assim que os investigadores deixaram a cadeia o preso foi torturado e jogado na solitária. Três semanas depois o francês precisou falar novamente com o detento, mas ficou sabendo que o garoto se suicidara.
O mais estranho era o suicida apresentar um traumatismo craniano violento.
- Ninguém se suicida se jogando na parede para quebrar a própria cabeça. – Mu dissera com propriedade.
Levando em consideração o histórico de tratamento dado aos presos na Clairvaux, o assunto foi abafado e não foi divulgado pela imprensa.
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Desta vez seria diferente. Kamus não queria perder a testemunha. Enviara um ofício solicitando privacidade de interrogatório. A administração concordou em utilizarem outra sala, mas teria que ser a sala com paredes de vidro. Assim o agente penitenciário ficaria do lado de fora, mas de olho na conversa e se necessário ou solicitado poderia intervir.
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Presídio de Clairvaux. 8:50am
Os dois chegaram no presídio e receberam a autorização de entrada. Kamus avançou até o pátio de estacionamento, parou o carro e saiu. Dois guardas escoltaram os investigadores até a administração
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Enquanto os policiais conversavam com o diretor, na marcenaria da prisão, Milo levantava uma pesada porta de armário. O grego estava com o cronograma atrasado.
Os prazos, sempre curtos, eram fixados na parede para lembrar aos presos as datas de entrega. Um móvel errado, fora de especificação ou a perda do prazo significava ficar na oficina no domingo ou trabalhar nos horários de refeição até a conclusão do mesmo.
Como estava atrasado, o Escorpiniano tinha acordado e ido direto para a oficina, entrando às seis da manhã.
Às seis e meia pediu autorização ao guarda que supervisionava os prazos para ir até o refeitório e pegar um pão e um copo de água, mas não foi liberado. Como o refeitório fechava às sete, não teve tempo de acabar o trabalho para conseguir tomar café.
Agora precisava enviar o armário para a selagem até meio-dia ou ficaria sem almoço.
Só se esforçava pela dor da fome, porque se fosse para pensar no almoço, sentiria náuseas. Todos os alimentos eram de segunda categoria ou oriundos de doação. Infelizmente as almas bondosas que doavam só o faziam quando o alimento já estava com o prazo de validade vencido ou por vencer. Quando a doação era fresca, era resto, como o carregamento mensal de cabeças de galinha recebidos de uma avícola. Feitos com arroz, como uma espécie de canja, deixava todo mundo enjoado já na primeira colherada, mas era melhor isso que não comer nada.
O grego pegou um papel com as medidas da gaveta. Com a trena na mão marcou a madeira com um lápis e separou. Pegou outra madeira e mediu com cuidado. Esta seria a parte da frente da gaveta e precisava fazer o corte com perfeição.
Aproximou-se da mesa com a serra. Retirou a camisa e amarou no rosto tampando o nariz e a boca. Cerrou os olhos e ligou a ferramenta. Óculos de proteção para os olhos e máscara para evitar que o pó da serragem entrasse no pulmão era só para os dias que tinha inspeção externa; e ai do preso que mencionasse isso; ia direto para a solitária. Para se protegerem no dia a dia do pó usavam suas próprias camisas de uniforme e cerravam os olhos para evitarem farpas.
Já tinha começado a cortar a madeira quando foi interrompido por um outro detento e desligou a ferramenta.
- Número 14.978. Milo Nekalaous. – o guarda que tinha entrado anunciou novamente.
- Sou eu.
- Vista-se logo. Visita para você.
O grego sacudiu a camisa para tirar o pó e recolocou-a. Em seguida foi puxado para ser algemado.
- Visita a esta hora, grego ? – Jack, um detento de idade e amigo do Escorpiniano perguntou.
- Deve ser meu agente. Talvez eu volte para Hollywood mais cedo. – brincou ainda se fingindo de um ator fazendo laboratório para atuar como presidiário.
- Chega de falatório. – o agente empurrou-o.
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"Será que ele veio me visitar ?" pensou nervoso "Estou todo desarrumado e cheio de serragem".
Desde sua prisão o namorado não tinha mais dado notícias.
Tirou a touca que usava na cabeça quando estava trabalhando e os belos cachos azulados (3) caíram sobre seu ombro. Arrumou um pouco o cabelo e bateu a serragem da roupa o melhor que pode já que estava com as mãos presas.
Apesar da saudade, Milo não gostava da idéia dele estar ali. Nas revistas os policiais sempre acabavam se aproveitando.
Quando o agente penitenciário passou direto pelo parlatório (4), o grego o chamou.
- É ali que a gente recebe as visitas. – e apontou para a sala.
- Quer saber mais que eu moleque ? – o agente de quase dois metros perguntou batendo a mão de leve no cinto.
Milo olhou para o cinto do guarda e viu o cassetete e o aparelho de choque. Baixou a cabeça para responder.
- Não senhor.
O agente parou e abriu a porta do interrogatório.
- Entra.
- Mas está vazia.
- Não me aborrece garoto. – e tirou o cassetete do cinto.
O ladrão entrou prontamente na sala. Tinha apenas uma mesa e três cadeiras no lugar. Milo olhou para trás. O agente estava na porta e fazia cara de mau. Pensou em perguntar se podia sentar, mas ao perceber o cassetete em punho, achou melhor não abusar da sorte.
Poucos instantes depois entraram dois desconhecidos na sala. Um jovem loiro e um belo jovem de cabelos azuis escuros.
- Obrigado. Continuamos sozinhos. Se precisar, avisamos. – o jovem de cabelos escuros falou para o agente, que saiu e fechou a porta.
O loiro se aproximou do grego.
- Sente-se por favor.
O outro passou por Milo e o Escorpiniano não pode deixar de sentir um perfume gostoso.
"Deve ser caro" pensou.
- Bom dia, senhor Milo Nekalaous. – o belo de cabelos azuis começou.
- Nêkalús. – o grego corrigiu-o. - Se escreve Nekalaous, mas se lê Nêkalús. Esqueça o senhor. Pode me chamar apenas de Milo. – sorriu encantadoramente.
- Ok. Milo. – retribuiu o sorriso - Eu sou o investigador Kamus, da IPF – mostrou sua identificação - e este é o investigador Shaka.
- Kamus Cartelié. Escreve-se Cartelié, mas se lê Carteliê, não ? – o Escorpiniano perguntou olhando a identificação.
- Exatamente. – respondeu.
- Meu pai era francês. – explicou - Ele me ensinou a escrever alguma coisa.
- Seu pai era francês e tinha sobrenome grego ?
- Nekalaous é da minha mãe. Eles nunca oficializaram o casamento.
- Entendo.
- Aceita um cigarro ? – o indiano ofereceu para mudar de assunto e deixar o preso mais à vontade.
Milo olhou para o maço, pegou-o e guardou dentro da calça.
- Você não quer que eu acenda ? – o loiro perguntou mostrando um isqueiro.
- Não. Eu não fumo. – o presidiário respondeu com um belo sorriso.
Shaka olhou rapidamente para Kamus. Sabia que cigarro era como dinheiro dentro da prisão. O francês não retribuiu o olhar pois não tirava os olhos do grego.
- Bem, vou te fazer algumas perguntas bem simples Milo, - o Aquariano começou - e quero apenas que você responda.
Escorpiniano olhou fixamente para o belo rosto do investigador.
Kamus colocou um pequeno escorpião sobre a mesa, mas o preso nem se deu o trabalho de observá-lo. Continuava a olhar nos olhos do francês.
- Quero que me responda se reconhece este objeto.
- Desculpe investigador Kamus. A luz aqui na prisão é muito fraca. Sinto não poder ajudá-lo. – e não arriscou sequer uma mínima olhada no pequeno escorpião, continuando apenas a fitar o Aquariano.
O francês olhou de soslaio para Shaka. O indiano, que estava só observando, arriscou-se a perguntar.
- Você quer mudar para uma sala que tenha a luz mais forte ?
- Não investigador Shaka. – replicou voltando seus belos olhos azuis para o loiro – A luz na prisão é SEMPRE insuficiente. Sinto muito.
Kamus se levantou e aproximou-se do preso. Pegou a mão do grego e colocou o objeto nela.
- Pode me dizer se já viu um desses ?
O detento nem olhou para sua mão.
- Sinto muito investig...
- CHEGA DESSA BABOSEIRA ! – Kamus gritou e bateu na mesa.
Shaka fez sinal ao guarda que estava lá fora para mostrar que estava tudo sobre controle.
- Você vai me dizer AGORA o que quero saber ou o agente que está lá fora vai entrar aqui e me ajudar a interrogá-lo. – disse firmemente.
- Já te contaram que sou marceneiro ?
A pergunta fora de contexto desconcertou o francês.
- E o que isso tem a ver com o que eu estou te perguntando ?
- Eu fui colocado na marcenaria pois tenho alergia a umidade. – falava sem tirar os olhos do Aquariano – O guarda que está lá fora acabou de vir da lavanderia, que é um lugar muito, MUITO úmido. Se ele entrar, posso ter uma crise alérgica BEM forte e não será possível ajudar.
- Ok garoto, o que você quer ? – Kamus perguntou.
- Sol faz bem para a minha alergia. – respondeu.
- Os presos são proibidos de tomar banho de sol durante a semana. – Shaka comentou com o outro investigador – O "arrastão das lingüiças" ocorre internamente.
- Então você quer tomar banho de sol durante a semana ?
O grego sorriu encantadoramente.
- Na verdade eu quero dez dias de sol, policial.
- Dez dias ? – o francês andou pela sala – Você tem mesmo muita coragem. Se banho de sol é proibido para todos, imagino que os outros presos desenvolverão um certo ciúme ao vê-lo tomando sol no pátio.
- Ora investigador, não quero aborrecer meus companheiros. O que os olhos não vêem o coração não sente. Não vou tomar sol no pátio. Vou tomar sol lá fora, no mundo superior.
- O QUÊ ? – gritou.
Kamus ficou tão bravo que se não fosse uma pessoa controlada teria quebrado o pescoço daquele insolente com um só golpe. Ele e Shaka sabiam muito bem que "mundo superior" era o termo para o mundo FORA da prisão. Isso significava que o grego queria SAIR da prisão.
- O que te faz pensar que você está em posição de exigir isso ? – o loiro perguntou
- Vocês querem respostas, não querem ?
- E o que me impede de trazer o guarda que está lá fora e dizer que você não está cooperando ? – o francês questionou-o
- Bem investigador, é incrível como minha alergia piora com a presença do cassetete e do aparelho de choque. Posso até perder a fala.
- Você não acha que vou concordar com um pedido absurdo desses, não é ? – o Aquariano mais afirmou que perguntou.
- Estas são as minhas condições, investigador. Dez dias de sol.
- Você está louco.
- Tudo bem, investigador Kamus, sou uma pessoa paciente. - Milo colocou o escorpião sobre a mesa, mas seus olhos continuavam sobre o belo francês - Espero vocês voltarem daqui a algum tempo com a minha liberação.
- Como você pode ter tanta certeza que eu vou voltar e que não vou simplesmente desistir de você ? – o Aquariano perguntou bem próximo do rosto do ladrão.
Milo observou melhor o francês. Seus olhos de um azul profundo, apesar de sérios, eram cativantes. Os cabelos lisos e escuros contrastavam em perfeição com a pele alva do policial. O perfume delicioso que saia do corpo do investigador dava sinal de ser caro e chegava às narinas do grego como um antídoto à penúria daquela prisão.
Kamus era bem bonito, mas o verdadeiro objetivo do Escorpiniano estava do lado de fora. Com lábios doces, cabelos azuis claros, uma pintinha sexy no rosto e um agradável perfume de rosas, Afrodite era um nome perfeito para seu namorado. Dono de uma beleza ímpar, o sueco ainda era encantadoramente fascinante.
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Desde que fora preso, Milo não o vira mais. Estavam juntos no hospital aguardando a cirurgia da mãe do grego, mas assim que a polícia chegou, o namorado fugiu. O belo jovem nascido sob o signo de Peixes tinha sido preso algumas vezes e não queria mais ter que saciar os desejos carnais dos guardas para ser libertado. Podia ser um garoto de programas, mas tinha seus princípios.
O Escorpiniano tinha saudades do sueco e queria saber como ele estava. Durante todo o tempo em que ficou preso Afrodite nunca foi visitá-lo, mas Milo não ficava triste com isso. Sabia que as revistas dos policiais eram muitas vezes humilhantes e não queria aquelas mãos imundas tocando aquela preciosidade.
Só esperava que o Pisciano não tivesse voltado para a vida anterior. Pouco tempo depois que se conheceram o grego tinha tirado o jovem das ruas. Agora, não queria sequer imaginar que outras mãos, que não as suas, pudessem estar despindo SUA beldade.
Na verdade seu receio não era apenas esse. Quando trouxe Afrodite para casa, o sueco foi bem franco em dizer que ainda amava o ex-namorado.
Segundo as descrições do Pisciano, seu ex- assemelhava-se em muito à personalidade da grande maioria dos criminosos da Clairvaux. Italiano, era chamado de Máscara da Morte por seus métodos pouco ortodoxos como segurança particular.
Mas Milo não queria ser daquele jeito.
O sueco lhe dissera certa vez que o que mais admirava no Escorpiniano era o jeito ao mesmo tempo sedutor e infantil, coisa que seu ex- não tinha. Afrodite dizia que Milo parecia uma criança e, que dominado pela emoção, seria capaz das coisas mais insanas possíveis, mas sua bondade interior sempre se sobressaia por não ter maldade no coração.
Claro que às vezes o grego se fingia de mau e ficava um pouco arrogante, mas era tudo para assustar um adversário. Bem-humorado, esperto e sedutor de primeira, sabia jogar muito bem o jogo da vida.
Na época o grego sorrira com os elogios e agora lutava a cada dia para preservá-los. Fazia de tudo para que a cadeia afetasse sua personalidade o mínimo possível. Não podia perder as características que seu Peixinho tanto admirava.
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Olhou para o investigador à sua frente, pensou que talvez o francês não acreditasse que ele pudesse ajudá-lo. Se era isso que Kamus achava, estava certíssimo. Milo não podia mesmo ajudá-lo. O grego criou uma suposição sobre a visita dos investigadores, mas não sabia se era coerente. Achava que algum roubo fora cometido e o tal escorpião deixado no lugar do crime, assim como costumava fazer em sua época de roubos. Que outro motivo traria dois policiais da Inteligência Policial Francesa de Paris até ali ?
Mas se Milo queria mesmo sair da cadeia e ver o namorado teria que ser esperto. Precisava fingir que sabia tudo sobre este suposto crime e o mais difícil: precisava convencer os policiais disso.
Depois, ficar dez dias fora nem era TÃO absurdo assim. Era tempo suficiente para matar saudade do namorado e, de quebra, ganhar algum respeito naquele antro chamado prisão.
Fitou profundamente os belos olhos azuis do francês antes de responder a pergunta.
- Bem investigador, se quer desistir de mim, vá em frente. Tenho certeza que voltará em até duas semanas, quando o próximo destes – apontou para o escorpião sem olhar para ele – aparecer em sua mesa.
- Você está arriscando o pescoço brincando desse jeito comigo, moleque. – falou desafiadoramente.
- Cada um joga com as armas que tem, policial.
Milo sabia que estava brincando com o perigo. Se sua suposição estivesse certa poderia até sair da cadeia, mas se tivesse errada, Kamus não fazia o tipo indulgente. Provavelmente o investigador pediria aos guardas para darem "um pequeno corretivo" no ladrãozinho.
- Ok Milo, você está dispensado.
- Até a próxima policial. Investigador Shaka - disse virando-se para o loiro – obrigado pelos cigarros.
O francês fez um sinal e o guarda abriu a porta. Antes que Milo saísse, Kamus chamou o agente e cochichou para que o preso não ouvisse.
- Esse garoto é uma boa testemunha. – disse ao guarda - Devo voltar mais vezes. Cuide para que ele não se envolva em nenhuma briga com os detentos e perca a vontade de falar.
- Pode deixar investigador. – falou e saindo, escoltou o preso de volta a seus afazeres.
Era necessário dizer isso ao agente. Kamus não queria descobrir na manhã seguinte que Milo tinha "se suicidado" enquanto apresentava um belo traumatismo na cabeça.
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No caminho de volta para Paris...
- O que você achou do perfil psicológico dele, Shaka ?
- O garoto tem personalidade. Foi ele quem conduziu o interrogatório.
- Também senti isso.
- Não tenho certeza, Kamus, mas ele pode estar blefando sobre o conhecimento que diz ter.
- Também achei, mas vamos esperar enquanto continuamos nossos outros trabalhos. Segundo ele em até duas semanas teremos outro roubo. Vamos ver... mas se eu tiver que voltar aqui, mudarei de tática. Ele não vai dominar mais nada. – afirmou.
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15 depois da visita na Clairvaux. Segunda-feira.
O telefone tocou na IPF.
- Aioria falando.
O Leonino fez uma cara estranha enquanto ouvia. Quando desligou, olhou para Mu.
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Assim que Kamus chegou, o grego contou a novidade.
- Outro escorpião foi encontrado.
- Quando ?
- Quase agora.
- Quando foi o crime ?
- Provavelmente em uma festa à fantasia no final de semana na casa de um grande empresário. A empregada entrou hoje no escritório para limpar e descobriu o que um escaravelho egípcio estimado em 20 mil euros foi roubado. Um pequeno escorpião vermelho foi encontrado no lugar da peça. Sob o mesmo tinha um bilhete escrito "Escorpião Escarlate".
Kamus suspirou profundamente. A sorte tinha sorrido para Milo
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Próximo Capítulo – Kamus e Aioria vão novamente à Clairvaux tentar arrancar do ladrão as informações que precisam. Milo e o francês travam uma luta psicológica.
Nota da autora – Explicações
(1) – O texto que está em itálico é verídico e foi extraído do site http / brasil . indymedia . org / pt / blue / 2002 / 07 / 30365 . shtml – que deve ser digitado sem os espaços. Apenas foram alteradas algumas palavras para melhor compreensão do texto.
(2) – A InterPol é a organização Internacional de Polícia onde as polícias do mundo todo cooperam entre si para a prisão de criminosos fora de seu país de origem.
(3) – Ok. Eu sei que os presos não podem ter cabelos compridos, mas se no presídio feminino é permitido, vocês não acham que eu teria CORAGEM de deixar que tosasse os lindos cachinhos do Escorpiãozinho, não é ? XD
(4) - Parlatório é o local onde os presos encontram suas visitas. Podem se ver através de um grosso vidro e falam-se através de telefones instalados em cada lado do vidro.
Nota da autora - Retorno
Depois de um longo período de pausa (isso é que dá colocar Speedy em casa. Agora todo mundo quer usar e eu não consigo mais tocar no micro rsrs) EU VOLTEI ! Obrigada pelos mil e-mails de apoio enquanto estive hibernando rsrs. Beijos a todos.
Nota da autora - Agradecimentos
Gostaria de agradecer a todos que estão acompanhando a história, principalmente as que mandaram e-mails.
Ana Paula – Enviou vários e-mails de apoio para que eu continue a escrever e está MUITO curiosa sobre o que vem por aí. (Bela Patty) - Obrigada por seu carinho, suas dicas e sua amizade. Curiosa, hein ? hihihihi. Agora vc já sabe que o amor da vida do Escorpião é o Peixinho. Mas o Kamus também tem um grande amor... aguarde... Agora, para estes dois ficarem juntos... xiii ! rsrs
Anjo Setsuna - Ficou surpresa por saber que eu era contra UAs, mas adorou a idéia e aguarda com ansiedade o próximo cap. (Bela Patty) - Era contra e me dei mal rsrsrs. Ao menos agora acho que me libertei. (também já estava na hora, não é ? rsrs)
Calíope - Adorou a fic, elogiou bastante e ficou orgulhosa de saber que a Santuário Times me incentivou a escrever um UA. Também achou o Kamus muito sexy como investigador. (Bela Patty) - Obrigada pelos elogios e agradeço mais uma vez. A Santuário Times foi a fic que faltava para que eu me libertasse. O Kamus é sempre tudo de bom, não ? Agora você já viu como o Milucho é danado.
Cardosinha - Adora atmosferas de mistério e com Milo & Kamus então... Comentou que eu esqueci de dizer que além de ladrão o Milo é ninja ! (Bela Patty) - Também adoro mistérios e nesta fic terá bastante. Estou mesmo cheia de idéias. Ah, o Milucho não é ninja não. Desta vez não foi ele. Em breve começam as pistas para chegar ao novo Escorpião Escarlate...
Ilia-Chan - Ficou com pena do Milucho por ele estar preso na Clairvaux e está louca para ver Kamus e Milo em ação. Também achou que o Kamye ficou muito charmoso como investigador e não acreditava que eu era contra UA. (Bela Patty) - A coisa vai ficar pesada entre o Milo e o Kamye no próximo cap, vc vai ver. Realmente tadinho do Milucho. Clairvaux ? Ninguém merece ! Eu escrevendo UA ? Só espero que dê certo rsrs.
Kitsune Youko - Tirou um sarrinho básico de mim, mas amou a fic. Aguarda o próximo cap. (Bela Patty) - Pois é. Eu era contra e paguei a língua. Bem feito para mim. rsrs. Mil obrigadas pelo incentivo. .
Megara - Gostou muito da história e não vê a hora da continuação. (Bela Patty) - Esse Milucho vai aprontar muitas mesmo para o Sr. Homem de Gelo rsrs. Aguarde...
Nana Pizani - Adora UAs envolvendo os cavaleiros e ficou encantada com a história. Está doida pra ver Milo em ação e dando muito trabalho ao francês carrancudo! rs (Bela Patty) - Obrigada pelo elogio. Aqui está Milucho gato, lindo, e maravilhoso dando trabalho para o Aquariano. Francês carrancudo ? Aguarde o próximo cap. e você vai ver.
Neme - Leu e gostou bastante da fic apesar de não gostar muito de UA. Mas vai continuar acompanhando. (Bela Patty) - É. Eu sei. Eu também não gostava muito. rsrsrs.
Shakinha - Gostou e achou muito legal. Principalmente porque tem yaoi Milo e Kamus, Mu e Shaka... (Bela Patty) – Certamente. O Mu & Shaka ficarão bem juntinhos. Obrigada pelo incentivo.
Sinistra Negra - Disse bem feito por eu ter me rendido aos UAs e gostou da fic. (Bela Patty) - T.T snif ! Eu mereço. Que bom que vc gostou. Se bem que vc já estava bem informada, não é ? rsrs.
Nota da autora – contato
Como sempre podem me contatar, brigar, criticar, dar dicas ou só escrever para bater papo no erika(ponto)patty(arroba)gmail(ponto)com ou via review neste site.
Bela Patty .
- Setembro / 2005 -
