O Escorpião Escarlate
Capítulo Anterior – No capítulo anterior Milo leva um grande fora de Afrodite e conta a sua história a Marin, que solidária à dor do ladrão acaba revelando algumas particularidades do francês. Kamus também trata o Escorpiniano friamente para que o outro passe a odiá-lo e se afaste.
...realmente Milo respirava sedução. Sua simples presença já era perturbadora. O francês sabia que qualquer tipo de sentimento para com o grego deveria ser exterminado então a única solução que via para isso era maltratar o preso. Sabia que assim Milo passaria a ter raiva dele e deixaria de ser tão terrivelmente encantador. Kamus precisava ser duro. Qualquer forma de aproximação com o outro seria um desastre então era melhor manterem distância. Estavam em lados opostos da lei. Esta mistura certamente não teria futuro.
Balançou a cabeça em desaprovação a seus pensamentos. "Futuro ?" pensou "Futuro é uma palavra que jamais poderá ser utilizada para nós dois, mesmo porque não existe e nunca existirá nós dois".
- Ok, Milo. – o francês disse para si mesmo – Tenho que fazer o meu papel. Preciso que você me odeie e vou me esforçar para isso.
Respirou fundo e abriu a porta.
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O Escorpião Escarlate – Capítulo VI – Verdadeiras Intenções
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No carro a caminho da feira de artesanato...
Kamus e Milo seguiam até a famosa feira de artesanato próxima à Torre Eiffel para encontrar o senhor que fez os escorpiões utilizados pelo ladrão. O preso estava mudo, mas sua irritação era visível.
O Aquariano estacionou o carro, deu a volta, abriu a porta e tentou ajudar o Escorpiniano a descer já que este estava algemado, mas o criminoso simplesmente puxou o braço, dispensando a ajuda.
- Não sou um inválido. – disse rispidamente e desceu do carro.
O francês não se intimidou. Fechou a porta, travou o carro e deu alguns passos. Parou, virou-se para trás e olhou sem emoção alguma para o grego que continuava parado no mesmo lugar esperando que o policial o soltasse. Kamus mantinha o ar superior e não dava indício algum que o soltaria o outro.
- Eu vou andar por aí algemado ?
- Você perdeu a pouca confiança que tinha conquistado.
O presidiário suspirou aborrecido. Ainda tentou não chamar a atenção para si, mas era quase impossível.
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Os dois começaram a andar pelos corredores da feira ao ar livre até que o ladrão parou em frente a uma grande banca de bijuteria.
- Era aqui. – Milo replicou um tanto tenso. Tinha certeza que a feira de artesanato que costumava comprar os escorpiões era a da Torre. Sabia da expectativa do investigador em encontrar o artesão. Kamus o tinha tirado da Clairvaux só por causa disso. Se o criminoso não achasse o homem que fez os escorpiões estaria em sérios apuros.
- E onde está agora ? – perguntou secamente.
- Não sei. – respondeu ao policial olhando para os lados, procurando o homem dos escorpiões.
- Com licença, - o francês questionou educadamente uma das senhoras que tomavam conta da banca de bijuterias – tinha algum outro artesão que trabalhava neste espaço ?
- Um que fazia insetos de metal, como abelhas e escorpiões ?
- INSETOS ? – o grego perguntou abismado.
- Esse mesmo. – Kamus respondeu, ciente que comparar um escorpião a um inseto era mesmo um absurdo.
- Ele está no box 83.
- Obrigado.
- Escorpião, um inseto ? Quanta ignorância ! Humpf !
O francês sorriu internamente com a indignação do outro.
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O box 83 era metade do espaço da banca de bijuteria. Um senhor lia um jornal e vários insetos de metal estavam expostos.
- Boa tarde. – o Aquariano cumprimentou o senhor.
Milo abaixou-se para ver os insetos mais de perto.
- Boa tarde.
- Eu sou o investigador Kamus da Inteligência Policial – mostrou o distintivo – e gostaria de conversar com o senhor sobre os escorpiões de metal que o senhor faz.
O grego levantou o rosto. Quando o homem olhou para ele e fez a associação com o que o outro tinha dito, ficou branco.
- Eu só vendi para ele. – apontou para o Escorpiniano – Não participei de nenhum crime.
- Pode ficar calmo senhor...
- Sòlon. – respondeu nervosamente.
- Pode ficar tranqüilo senhor Sòlon. Não estou dizendo que o senhor participou de crime algum e nem estou querendo incriminá-lo. Estamos apenas levantando alguns dados.
- Eu serei preso ?
- Não senhor.
- Você vai interditar a minha banca ?
- Não senhor. Preciso apenas que responda algumas perguntas de praxe.
- Que tipo de perguntas ?
- O senhor é francês ?
- Sim. Nasci aqui na França. – respondeu ainda assustado.
- Bem senhor Sòlon, como o senhor deve saber o trabalho de investigação é muito complexo e por isso a Policia Francesa conta com a ajuda dos cidadãos. Saiba que cada informação dada é tratada cuidadosamente, pois pode significar mais um criminoso na cadeia. Creio que o senhor é uma pessoa bastante disposta a colaborar com a polícia e com o bem estar da população francesa, não estou certo ? – Kamus disse com total conhecimento de que a eloqüência tinha um grande poder de persuasão.
- Claro policial. Quero sempre colaborar com a lei. O que você precisa saber ? – replicou mais disponível.
- O senhor reconhece este rapaz ? – apontou para o grego.
- Sim. Reconheci quando ele saiu no jornal. Ele é o Escorpião Escarlate. Usava meus escorpiões para roubar.
- Como pode afirmar que o Escorpião Escarlate usava os seus escorpiões ?
- Por que este menino aí é o Escorpião Escarlate. – apontou para o grego - Isso eu tenho certeza. E sei que eram os meus escorpiões porque ele veio aqui várias vezes. Primeiro só para analisar o meu trabalho e depois para comprar. Na primeira vez ele levou cinco e depois voltou mais umas três vezes para comprar. Nunca vi ninguém comprar tanto escorpião. – falou para o policial – As pessoas preferem as formigas ou abelhas, símbolo do trabalho e não um escorpião, símbolo do perigo.
- Pode me dizer se este escorpião foi feito pelo senhor ? – perguntou entregando-lhe um escorpião de metal.
- É meu. Com certeza.
- Como pode ter tanta certeza ?
- Na barriga dele tem a letra S de Sòlon, meu nome, e perto da última pata esquerda tem um E de Eliatier, meu sobrenome.
- Duas letras. Um S e um E. – o francês comentou pensativo
- S de Scorpion e E de Écarlate. Escorpião Escarlate em francês. Por isso não podia ser Escorpião Vermelho. – o grego respondeu.
- Muitas pessoas ainda compram seus escorpiões ? – o Aquariano perguntou ignorando o que o ladrão falou e deixando-o muito irritado.
- Não senhor. Depois que ele – apontou para o preso – apareceu no jornal, peguei todas as peças e deixei em casa. Sabia que o escorpião era meu e não queria o meu nome associado ao crime, não senhor.
- E o senhor se lembra de ter vendido vários escorpiões para alguma outra pessoa, naquele período ou depois ?
- Não senhor. Como eu disse as pessoas preferem as formigas.
- O senhor ainda tem estes escorpiões ?
- Tenho sim. Estão na minha casa. Se você quiser posso ligar para a minha mulher e pedir para que ela receba vocês.
- Se o senhor puder fazer este favor.
- Se o meu sobrinho estivesse aqui eu pediria para ele tomar conta da banca enquanto eu ligo, mas agora o moleque está trabalhando em uma loja grande e não quer mais saber daqui. Sabe como é esta juventude.
- Pode ligar do meu celular. – o Aquariano ofereceu.
- Obrigado policial.
O senhor ligou e ficou esperando.
- Lucille ? Vai um policial até aí... Calma, ele só quer ver umas peças. Pegue as caixas verdes que estão no quartinho e mostre para ele... É. Só isso.
Desligou.
- Ela está esperando vocês. Esse aqui é o endereço. – escreveu em um papel e entregou a Kamus.
- Obrigado senhor Sòlon. A sociedade e a polícia francesa estão orgulhosas do senhor e da sua colaboração.
- Sempre que quiser policial. – replicou sorridente.
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Os dois voltavam para o carro.
- Parece que estamos no caminho certo.
- Eu quero batata frita. – e ladrão falou e apontou para um carrinho de batatas fritas, lotado, que estava bem próximo a eles.
- Milo, estes carrinhos usam óleo de um dia para o outro. Você não está acostumado a comer comidas assim tão gordurosas. Você pode passar mal. É melhor não comer.
- Mas eu QUERO batata frita.
- Esquece. – disse rispidamente - Você NÃO VAI comer batata frita.
- QUE MXXXX ! Não posso fazer PXXXX nenhuma ! Não posso falar com ninguém; tenho que dormir no chão da cadeia sem colchonete; TUDO o que eu falo sem autorização você ignora, mesmo quando é sobre as letras do escorpião; não posso comer o que eu quero... QUE PXXXX ! Só falta agora me proibir de ir no banheiro.
- Não é ir NO banheiro, é ir AO banheiro e não vou te proibir disso.
- Vá para a pxxxx qxx pxxxx com esse seu jeitinho perfeitinho de falar. – disse profundamente irritado - Eu falo errado o quanto EU QUISER. Que inferno! E o que é ? Agora vai querer controlar a minha língua também ? Que mxxxx ! – deu uma pequena pausa - Quero voltar para a cadeia. É melhor ficar na solitária que ter que te aturar.
O Aquariano sabia que o grego estava descontrolado por causa da conversa com o ex-namorado, mas aquilo também já era demais.
- Ok. É comer gordura em forma de batata o que você quer ? Então você vai comer, mas NÃO VAI comer no carro. Não quero o carro cheirando a gordura. E tem mais uma coisa: mesmo que você esteja À BEIRA DA MORTE, eu NÃO VOU te levar para a minha casa. Meu apartamento NÃO É albergue. – disse irritado – Você vai dormir NA CADEIA e se passar mal, vai passar mal SOZINHO !
- SOZINHO ? ÓTIMO. Vou ADORAR ficar longe de você por tantas horas. – replicou – E apesar de você ser bonito, agora eu já entendi porque o seu namorado te largou, – deu uma pequena pausa para que o outro prestasse atenção – e se você quer saber, eu TAMBÉM faria O MESMO. Você é INSUPORTÁVEL. NINGUÉM TE AGÜENTA. – respondeu desaforadamente.
Kamus teve que se controlar muito para não bater naquele insolente. Arrastou o grego até o carrinho e o viu pedir duas porções de batata pingando óleo escuro. Elas ainda eram colocadas dentro de um cone de jornal (1) o que lhe imputava um aspecto ainda mais degradante. O preso comeu as batatas e depois os dois seguiram até a casa do homem dos escorpiões.
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Enquanto isso, na IPF...
- Não Aioria. Acho que está pouco convincente, você tem que ser mais sensual. Um garoto de programas não é assim tão travado.
- Mas eu nunca fui garoto de programa.
- Ok, mas se a gente quer pegar o Afrodite, é bom você estar muito bem preparado para fingir que é um.
- Se o Kamus conversou com você, por que EU tenho que ser o garoto de programas ? – perguntou ao indiano.
- Não reclama. Vai, Aioria, começa de novo. Eu sou um cliente e você vai arrumar a confusão. Finja que o Mu é o Afrodite.
O telefone tocou e Marin atendeu.
- Droga, porque eu não posso ser o cliente ? Não quero usar roupinha colada de viado. – o grego reclamou.
- Viado ? Isso é pessoal ? – o loiro perguntou fingindo estar bravo.
- Desculpe, você é o cliente e não quis te ofender... – replicou sorrindo - ...Ok, senhor cliente, ao menos você vai ser bonzinho comigo e vai rolar um carinho antes, não é ? – o Leonino questionou brincando também, vendo que a garota não ouvia pois estava ao telefone.
- Ei, vocês dois. – Mu reclamou – Eu estou aqui. Será que dá para me respeitarem ? – e fingiu estar aborrecido.
A garota desligou.
- Não se preocupe, Ucho, você sabe que eu só tenho olhos para você. – o indiano replicou.
- O que é Ucho ? – a policial perguntou.
- Diminutivo de Fofucho. – Aioria respondeu – Diga Marin, eu posso com isso ?
Os quatro caíram na risada.
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Na casa do artesão...
O policial e o ladrão foram bem recebidos pela esposa do senhor Sòlon, porém não encontraram a caixa com os escorpiões. A senhora ligou para a central da feira e passaram para o marido. Combinaram que ela ficaria na banca e ele acompanharia os policiais.
Voltaram para a feira e fizeram a troca.
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- A Lucille é uma boa esposa, mas é meio desorganizada. – o senhor comentou com os dois enquanto procurava a caixa. – Pronto. Aqui está.
Na frente da caixa estava escrito Lagarto / Escorpião. O senhor abriu a caixa e deitou seu conteúdo no chão. Vários lagartos de metal caíram sobre o tapete, mas não havia nenhum escorpião.
O senhor retirou todas as caixas e todo o conteúdo foi retirado. Nenhum escorpião foi encontrado.
- Policial. – disse com o rosto alterado. – Eu fui roubado.
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Inteligência Policial. Quinta-feira. Final da tarde...
Assim que o Aquariano chegou, o indiano comentou com o chefe que já estava tudo pronto para a operação noturna, mas foi bem discreto para que o Escorpiniano não desconfiasse de nada. Milo e o francês contaram aos demais o ocorrido na casa do senhor Sòlon.
- Roubado ? – Aioria perguntou. – Você acha que ele pode estar mentindo Kamus ?
- Pela cara de desespero ao revirar todas as caixas é pouco provável, mas creio que nossa lista de suspeitos está aumentando.
O ladrão que estava quieto saiu correndo da sala. O Aquariano correu atrás dele. Milo foi direto para o banheiro e fechou a porta. O francês ouviu o grego passando mal.
- Droga ! Eu sabia.
O Escorpiniano saiu depois de algum tempo completamente pálido.
- Eu não disse para você não comer a batata ?
Nem deu tempo de ouvir a bronca. Milo voltou para o banheiro. Kamus chamou o Ariano que ia embora com o namorado.
- Mu, arruma um antiácido. O moleque já está dando trabalho.
- Acho que tem na caixinha de remédios. Vou pegar.
O grego saiu tremendo. Mu trouxe o antiácido e antes que Milo pudesse alcançar o copo, o corpo fraquejou. Rapidamente segurou na parede.
- Senta aqui. – Kamus falou ajudando-o. – Achou que a sua pressão caiu.
O jovem tremia e estava todo arrepiado.
- Você está com frio ?
O Escorpiniano confirmou assim que entregou o copo vazio ao tibetano.
"Droga" o francês pensou.
Milo se levantou rapidamente e voltou para o banheiro, mas não conseguiu chegar a tempo, sujando o chão.
- Acho que é melhor você levar ele ao médico. – Mu observou.
- Que remédio, não é ? – o Aquariano replicou aborrecido.
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No Hospital...
- Não precisa entrar comigo. – disse com dificuldade enquanto segurava o estômago que doía incessantemente – Não sou criança.
- Mas tem atitude de criança, e você é um presidiário, não pode entrar sozinho.
O francês ouviu um gemido baixinho. O grego se encolheu e depois correu para o banheiro. Quando saiu de lá tinha perdido a cor e tremia.
- Vem cá.
O Escorpiniano se deixou ser conduzido até o sofá. A doença tinha amolecido seu corpo. Jogou-se para trás, encostando a cabeça na parede. Kamus virou-se para ver uma garota que passava e sentiu um choque percorrer o corpo. O preso tinha se encostado nele. O Aquariano se afastou um pouco.
- Por favor policial. – uma recepcionista chamou o investigador – O doutor vai atendê-los.
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O médico examinou o grego.
- Ele vai precisar ficar aqui ? – o investigador perguntou.
- Não. – deu uma pausa enquanto escrevia a receita – Mas sugiro apenas comidas leves, nada de frituras ou gordura. Muito líquido. Uma boa noite de sono também deve ajudá-lo. Se a dor ficar muito intensa, ele deve tomar este remédio de 12 em 12 horas. Tem um componente bem forte, então os reflexos ficarão mais lentos e ele sentirá muita sonolência. Seria bom um dia inteiro de repouso, se possível. Vou receitar este outro remédio para o estômago e esta injeção para o enjôo. – disse entregando a prescrição ao policial - Agora, cuidado com o que come mocinho. – repreendeu o preso.
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Kamus saiu do hospital aborrecido. Não podia deixar o ladrão no estado em que estava dormir sozinho na cadeia. Precisava dele para ajudar na elucidação do crime. O Escorpiniano doente era uma grande perda.
"Droga" – pensou ao fazer o retorno e se dirigir para a sua casa.
No meio do caminho o francês ainda teve que parar o carro duas vezes pois o presidiário estava se sentindo muito mal. Felizmente era alarme falso, mas o criminoso reclamava o tempo todo de dor.
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Apartamento do Aquariano...
Muito aborrecido, o policial abriu a porta de casa se lembrando que era quinta-feira e Nicolle, a empregada, estaria em casa naquela noite.
- Boa noite senhor Kamus. Boa noite. – a jovem senhora disse ao grego.
- Boa noite Nicolle. Este é o Milo. Ele não está se sentindo muito bem. Você pode fazer uma sopa bem leve e trazer um copo com água ?
- Claro. – e entrou na cozinha.
Com a empregada em casa, Kamus ainda tinha mais um problema: o grego teria que dormir no quarto de hóspedes.
"Droga !" – pensava enquanto levava o ladrão para o quarto de hóspedes e o ajudava a se despir para entrar no banho.
A empregada bateu na porta e entregou-lhe a água. O francês deu dois comprimidos para o preso; um para a dor e outro para o estômago. O grego tomou sofregamente. O Aquariano ainda ajudou o outro a terminar de se despir e levou-o até a suíte.
O criminoso entrou na banheira com dificuldade. Sua barriga doía muito e parecia que seu estômago ia sair pela boca. Começou a se ensaboar tão rápido quando a dor insuportável deixava, mas apesar de ter tomado a injeção o enjôo não passava e tinha a impressão que a dor aumentava a cada minuto.
Enquanto o francês se abaixou em frente ao armário para pegar uma toalha, Milo sentiu uma forte fisgada e dobrou o corpo. Queria falar, mas a voz quase não saia. Chamava, mas Kamus não ouvia. Ajoelhou-se dentro da banheira tamanha era a dor. Em um ato desesperado jogou o shampoo para fora, fazendo barulho, e voltou a dobrar o corpo.
O Aquariano olhou para trás e não viu o grego. Levantou-se rapidamente, fechou o chuveiro e ajudou o Escorpiniano.
- Kamus, está doendo muito. – queixou-se quase inaudível.
- O quê ? – perguntou sem entender o que o outro disse.
- Dói. – respondeu um pouco mais alto.
- Milo, não posso fazer nada. Você já tomou o remédio para a dor. Logo deve fazer efeito. Ao menos a injeção já está fazendo. Você não vomitou nenhuma vez desde que saímos do médico. – comentou.
- Mas dói muito. – reclamou - Estou com frio. – disse baixinho.
O Aquariano abriu novamente o chuveiro e ajudou o outro a terminar o banho. Depois enrolou o ladrão em uma toalha e secou seus cabelos com o secador.
- Como você está se sentindo ? – perguntou ao ladrão.
- Dói. Frio. – disse tremendo.
"Droga !" pensou novamente.
Era fato. O grego não ia se recuperar tão rápido. Se deixasse o preso sozinho no quarto, ele poderia passar mal e não teria ninguém para socorrê-lo. Se levasse o Escorpiniano para seu quarto... "NUNCA !" – pensou inicialmente, mas o médico tinha receitado uma boa noite de sono. Poderia até levá-lo para o seu quarto e montar um colchonete no chão, porém com a dor que o outro sentia, talvez dormir no chão não garantisse uma boa noite de sono. Kamus precisava do ladrão inteiro no outro dia para que as investigações prosseguissem.
- QUE INFERNO ! – praguejou e levou o presidiário para seu quarto.
O Aquariano ajudou o outro a se vestir. Os movimentos do grego já estavam mais lentos. "Parece que finalmente o remédio está fazendo efeito" - o policial refletiu aliviado.
- Kamus ? – disse lentamente.
- O que é ? – perguntou um pouco ríspido.
- Estou com sede. – disse baixinho.
O investigador o deitou em sua cama, cobriu-o e foi buscar a água desejando afogar o Escorpiniano dentro daquele copo. Ajudou o outro a se levantar e a beber a água.
- Kamus, esse travesseiro é de pena de ganso ? – perguntou encolhido debaixo do edredom.
- É. – respondeu achando a pergunta completamente despropositada.
- Eu sabia. – disse em estado de letargia e adormeceu em seguida pela mistura da ação da injeção e do remédio.
O Aquariano ficou olhando durante algum tempo para a figura adormecida. O grego era mesmo muito bonito. Kamus sorriu de leve. Se Milo não fosse um criminoso, poderia se dizer que um Anjo dormia em sua cama.
Aproximou-se, retirou delicadamente os fios de cabelos que caiam na face do presidiário e fez um carinho em seu rosto. "Mon Ange (2)" – pensou e sorriu. Em seguida tocou delicadamente um cacho azul caído sobre o travesseiro e contornou-o com os dedos. Puxou a mão bruscamente.
"Você está precisando de um banho frio, meu amigo." disse para si mesmo.
Achou por bem ficar perto do grego, para ouvi-lo caso ele chamasse. Foi rapidamente até o escritório. Voltou. Sentou-se do seu lado da grande cama e ligando a luz individual, apagou a luz do quarto. Ligou seu notebook e começou a trabalhar em seus outros casos.
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Enquanto isso, próximo a uma lanchonete...
Aioria trajava uma calça preta colada e uma camisa branca com dois botões abertos quando desceu de um carro com os vidros escuros. Olhou para o garoto que estava parado com o pé encostado em um poste. O estranho vestia calça preta, camisa azul clara e tinha um rosto andrógino.
O Leonino não se intimidou. Aproximou-se e ficou próximo a um muro. O sueco olhou-o de cima a baixo e cerrou os olhos.
- Este ponto já tem dono. – disse desencostando do poste e se aproximando.
Aioria sorriu sedutor.
- Não quero pegar o seu ponto. Só estou esperando um amigo.
- Que tipo de amigo ? – questionou irritado.
- Já disse que só estou esperando um amigo.
- Você está mentindo. – o Pisciano replicou.
Um belo carro de vidros escuros parou perto dos dois.
- Viu ? Acho que o meu amigo já chegou.
O grego foi até lá andando com sensualidade. Afrodite cerrou mais ainda os olhos. Queria esganar o Leonino.
Marin abriu um pouquinho o vidro. Usava peruca curta, bigode e um colete para esconder os seios.
- E aí ? – perguntou baixinho.
- Ele já quis brigar comigo. – respondeu no mesmo tom.
- Ótimo. O Shaka está trocando de carro. Os atiradores estão posicionados. Boa sorte.
- Valeu.
O Leonino voltou para onde estava.
- Não era o seu amigo ? – perguntou debochado.
- Me enganei. Carros muito parecidos, sabe ? Mas acho que ele chega daqui a pouco.
- Esse amigo não existe. O que você quer é ficar no MEU ponto. – replicou irritado.
- Eu já falei que estou esperando um amigo, então SÓ vou embora QUANDO ELE CHEGAR. – deu uma pequena pausa - O que é fofa ? Está com medo de perder seus clientes ? Não se garante não ?
- Tá se achando não é ? – o sueco replicou – Pois eu DUVIDO que alguém prefira você. Eu sou MUITO melhor.
- Só se for...
Um outro carro parou. Shaka abriu o vidro do carro.
- Ei garoto de branco. – chamou o grego, interrompendo a discussão – Você fxxx com dois ?
- Por quanto ? – perguntou se aproximando.
Afrodite ficou irado.
- Quanto você cobra ? – o Virginiano perguntou.
- O que você quer ? – questionou um pouco alto para o sueco escutar.
- Serviço completo. Eu e o meu amigo aqui. – e apontou para um outro policial à paisana que estava ao volante – Os dois em você. – disse vagarosamente, como se saboreasse as palavras.
- Quanto tempo ?
- Duas horas.
- Duas horas ? Os dois ? Só em mim ? Humm... – ficou um pouco pensativo – Seiscentos. – O Pisciano arregalou os olhos quando ouviu o grego falando. O novato estava pedindo alto demais.
- Pago no máximo duzentos. – disse olhando o suposto miché de cima a baixo.
- DUZENTOS ? Enfia os duzentos no rabo. – disse e se afastou.
- SE NÃO QUER FXXXX, ENTÃO NÃO SE OFERECE, SUA VADIA DO CXXXXXX. – o loiro xingou alto, para que o Pisciano escutasse e ficasse bravo por saber que o outro estava espantando seus clientes.
- VAI SUA BICHA REGULADA METIDA A RICA. – gritou para o carro – Só "dou" por MUITA grana.
- Seu viado desgraçado. – Afrodite disse se aproximando – Eu já disse que esse ponto é MEU.
- Vai se fxxxx. Os carros estão parando por MINHA causa. Vai dar o rabo em outro lugar.
O sueco partiu para cima do grego e lhe deu um soco. Aioria devolveu o soco e depois se jogou sobre o garoto de programa, derrubando-o.
De cima de um prédio, assim que o Pisciano agrediu o grego, a policial Hilda apertou um botão no aparelho transmissor. Imediatamente em resposta à transmissão da policial, um carro de policia virou a esquina, se aproximando.
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Máscara da Morte, que estava de longe, viu o namorado brigando com o outro e sacou um revólver.
- Seu verme. – o Canceriano xingou o grego entre os dentes - Vou te ensinar a não mexer com o meu Amorzinho. – e destravou a arma.
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- Sujeito armado. – um atirador posicionado no alto do prédio comentou com a investigadora.
- Se ele mirar contra o policial, atire. – a garota deu a ordem.
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O carro da polícia ligou a sirene. Quando Carlo di Angelis viu o carro chegando rapidamente, guardou o revólver e correu. O Pisciano se levantou e também ia correr, mas Aioria foi mais rápido e se jogou em cima dele. Os dois recomeçaram a brigar.
A polícia chegou e Mu deu ordem de prisão aos dois. Outros policiais conseguiram alcançar o italiano e o prenderam também.
- Vou arrebentar a sua cara. – o sueco ameaçou o Leonino.
- Você bate que nem menina. Devia se vestir de drag. – Aioria respondeu sarcástico.
Os dois tentaram se pegar de novo e os policiais os separaram.
Afrodite foi levado para uma delegacia e foi preso. Máscara da Morte foi levado para outra delegacia e também ficou detido.
O Leonino, dentro do carro, olhava no espelho o estrago que o outro tinha feito. O sueco acertara um soco direto no queixo do policial.
- Cara, o viadinho bate igual homem. – comentou.
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De volta ao apartamento do francês...
Nicolle trouxe o jantar no quarto, mas Milo não acordou. Kamus achou melhor comer perto do Escorpiniano. Levou o prato para a mesinha de leitura enquanto observava o ladrão dormindo.
Terminado o jantar, o francês aproveitou para refazer o curativo do pulso do preso e o algemou. Estas algemas eram mais folgadas e não o machucariam, mas mesmo doente, o investigador não podia confiar.
O Aquariano trancou a porta do quarto. Foi até a suíte e tomou um banho rápido. Voltou para o quarto e observou seu hóspede. O presidiário nem se mexia. Voltou a se sentar ao seu lado para trabalhar.
De tempos em tempos o policial media o pulso do grego e a tomava sua temperatura. O preso estava um pouco febril. Kamus tocava com suavidade no rosto do Escorpiniano, para sentir-lhe a febre. Milo parecia estar sedado, pois nenhuma vez deu indícios que acordaria.
Como o francês estava decidido a não dormir na mesma cama que o outro, arrumou um colchonete para si ao lado da cama. Antes de deitar colocou o despertador para a hora do próximo remédio de enjôo. Não queria que sua testemunha ficasse indisponível no dia seguinte.
Antes de apagar definitivamente a luz do quarto, observou mais uma vez sua companhia. O corpo bronzeado movia-se com serenidade. O policial tomou-lhe novamente o pulso. Normal. A temperatura ainda estava alta, mas em níveis mais aceitáveis. Kamus tocou com suavidade o rosto do outro e escorregou a mão delicadamente até um dos cachos do grego. Em seguida diminuiu a luz, deixando apenas uma claridade suave, deitou-se no colchonete, certificou-se que sua arma estava travada e debaixo do travesseiro, e adormeceu.
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O Aquariano acordou de madrugada com o despertador. Pegou a água e o remédio e levantou o Escorpiniano que ainda estava amolecido de sono. Milo tomou o comprimido, mas nem abriu os olhos. O francês deitou-o suavemente no travesseiro e tirou sua temperatura. Já estava normal. Passou suavemente a mão no rosto do grego para tirar os cabelos grudados pelo suor. Deixou o edredom apenas sobre a metade do corpo do outro. Abaixou novamente a claridade e voltou a adormecer.
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Já era manhã quando Milo abriu os olhos e olhou em volta. Ainda não estava na prisão. Sorriu. Mexeu-se um pouco. A cama do francês era deliciosa. Olhou para o lado. O policial não tinha dormido na cama. Levantou o corpo ainda dolorido e viu o Aquariano no chão. Aproximou-se um pouco mais se arrastando vagarosamente pelo lençol.
Olhou para o investigador. A luz suave destacava a beleza do outro. Sorriu. Assim, adormecido, o policial parecia bem menos rude, chegando a beirar a docilidade.
Kamus vestia apenas um short e devia ter passado calor pois estava completamente descoberto.
"Muito bonito." – o grego pensou percorrendo o corpo do outro com os olhos – "Pena que tenha um gênio do cão." - o Escorpiniano refletiu – "Se bem que eu tenho certeza que conseguiria te adoçar se eu te mostrasse o que eu sei fazer entre quatro paredes." - pensou malicioso – "Humm..." – passeou novamente os olhos sobre o outro – "...esse seu jeitinho de bravo, fingindo que não está olhando para mim... hummm" gemeu de leve "Assim você me excita ainda mais" - pensou com volúpia – "Ah, Kamus, por que você tem que ser assim tão gostoso ?" - perguntou-se – "Gostoso e fingido. Eu sei que você também me quer, mas você é muito orgulhoso para admitir, não é ?" – sorriu novamente - "Finge que me odeia, mas na verdade gosta de mim. Claro que gosta. Se não gostasse, o que eu estaria fazendo na sua cama e você no chão ?" – refletiu com um sorriso – "Humm..." – pensou felinamente – "...belos olhos, belo corpo, bela voz..."
O grego sentiu uma enorme vontade de beijar o outro e possuí-lo. Queria-o para si. Queria sentir o calor de seu corpo; queria ouvir o francês gemendo e gritando seu nome. Começou a se imaginar com o Aquariano e sentiu-se levemente excitado.
"Muito discreto, muito recatado, você deve ser um vulcão na cama, não é francesinho ?"
"O QUE É ISSO MILO ? ESTÁ LOUCO ?" sua mente gritou "Desejando o pitbull ? Já esqueceu que tem que fugir e matar o di Angelis ? Já esqueceu do Afrodite ? Trocou mesmo a sua flor preciosa por este espinho aí ?"
O ladrão ficou algum tempo parado apenas olhando para o outro.
"Tudo bem que ele é um BELO pedaço de carne, mas não se envolva. Você sabe tem que fugir. E também sabe que talvez tenha que..."
Milo escorregou mais ainda pelo lençol, se aproximando mais.
"Matar ?" – questionou-se – "Matar o francesinho ?"
Sua mente ficou muda por algum tempo, mas logo voltou a envenená-lo. "Milo, você sabe que se você fugir e ele estiver vivo, ele vai atrás de você."
O grego observou melhor o belo adormecido.
"Matar ? Matar o policial ? Matar o MEU francesinho ? Não. Não posso. Não tenho coragem." – pensou.
"Milo," – sua mente voltou a atormentá-lo "em primeiro lugar, ele não é o SEU francesinho. Isso que você está sentindo é puro desejo e não significa NADA. Em segundo lugar, você QUER OU NÃO QUER ficar com o Afrodite ? QUER OU NÃO QUER o seu Peixinho de volta ? Você realmente sente amor pelo Dido ou é só da boca para fora ?" sua consciência o provocou.
O Escorpiniano olhou para o policial. Não queria assassinar o Aquariano, mas se realmente queria o sueco de volta...
Suspirou de leve. Já tinha percebido o objeto metálico que despontava debaixo do travesseiro do francês. Era um revólver. Seria fácil. Era só pegar a arma e apertar o gatilho. Simples. Como fugiria ? Bastava pegar a chave-cartão que provavelmente estava no criado mudo. Já havia descoberto o código da porta então não teria problema. Lembrou-se da empregada. Teria que matá-la também, mas quem mata um, mata dois.
Deslizou mais ainda pela cama e se aproximou bastante. Sua mente travava uma grande batalha interna para decidir se deveria ou não matar. Deu um leve suspiro para colocar os pensamentos em ordem.
Depois de alguns segundos, chegou a um veredicto. Seu Peixinho o esperava lá fora e era óbvio que um relacionamento com Kamus jamais daria certo. Tudo bem que o outro era um belo corpo, mas trocar o amor pelo desejo era uma grande bobagem.
Estendeu a mão até arma. Como estava algemado, com a outra mão segurava a corrente para não fazer barulho. Já estava no meio do caminho quando sua mente o deteve. "Milo, você teria mesmo coragem de matar o policial que te tirou da cadeia, tratou dos seus machucados, te vestiu, cuidou de você enquanto você esteve doente e te deu até a própria cama ?" – ficou alguns instantes imóvel – "Mas ele só fez isso porque precisa de mim para resolver os crimes" – sua mente novamente o envenenou e sua mão continuou a se aproximar do revólver – "Ele ainda secou seus cabelos com o secador porque você disse que estava sentido frio." – parou novamente – "Ora, ele é interesseiro. Faria isso por qualquer um." – seus dedos quase tocavam o travesseiro - "É mesmo ? E o que me diz de alguém que fica monitorando o tempo todo a sua pressão e temperatura ? Vai dizer que você não sentiu o policial pegando seu pulso e acariciando de leve seu rosto ? Diga. Vai mentir para quem, grego ?"
Sua mão parou. Seus dedos já alcançavam a arma, mas sentia-se intimamente entristecido em ter que matar o outro.
Voltou um pouco a mão em direção ao rosto do policial e com suavidade retirou alguns fios de cabelo que estavam em desalinho, passando carinhosamente os dedos nos cabelos azulados do Aquariano.
"Me desculpa. Eu não queria te machucar, eu juro, mas eu não tenho escolha" – pensou enquanto acariciava o cabelo do outro e se decidia por matá-lo.
Suas mãos voltaram a se direcionar para o revólver.
A arma já estava a seu alcance. Milo ia pegá-la, mas soltou a corrente. Com o barulho Kamus acordou imediatamente e, por reflexo, puxou a arma debaixo do travesseiro e em questão de milésimos de segundos apontou-a para o grego.
O presidiário rapidamente puxou as mãos e sentou-se na cama, ficando paralisado, enquanto olhava assustado para o outro que lhe apontava um revólver.
- O que você estava fazendo ? – o investigador perguntou com a respiração alterada.
- Nada. – respondeu voltando a sentir dor no estômago e ainda em choque por ter uma arma apontada para si.
- RESPONDA ! – ordenou destravando o revólver e preparando-se para atirar.
- Nada. Eu... só queria tocar em você.
- POR QUÊ ? – perguntou se ajoelhando e mirando melhor.
- Me deu vontade... só isso. – respondeu ainda assustado.
- MENTIRA !
O grego arrumou a sua posição para parar a dor. Kamus preparou-se para apertar o gatilho. Milo deitou-se novamente e segurou o estômago.
- Quer atirar, atire. Se você acha que é crime tocar em você, vá em frente. – replicou se encolhendo um pouco.
Kamus ficou algum tempo mudo.
- E você ? Como está se sentindo ? – perguntou sem baixar a arma.
- Com você apontando este treco para mim ? PÉSSIMO. – disse irritado.
O investigador saiu da posição de alerta e travou novamente o revólver, baixando-o em seguida.
- Eu poderia ter atirado. – disse ao preso.
- E você acha que eu não sei ? – perguntou aborrecido.
- Me diz de verdade, o que você pretendia ?
- Primeiro queria te matar, mas depois não resisti. Eu precisava te tocar.
- Pare com estas cantadas baratas para cima de mim. Isso não cola. Sou viado mesmo, ok, mas não vai ser comigo que você vai aliviar enquanto estiver fora da prisão. – disse se levantando e acendendo a luz.
"Ok Kamus. Eu te disse a verdade, mas se você prefere acreditar que é uma mentira..."
- Nossa policial ! – disse em tom debochado - Que palavreado mais baixo para um lorde inglês: aliviar. – e riu em seguida.
O investigador ficou levemente aborrecido, tanto pela risada do outro quanto pela comparação com um inglês. Era francês e um bom francês detestava ingleses.
- Faltam dez minutos para o relógio tocar – observou - Levante-se. Vá tomar um banho. – disse secamente.
"Pronto. Já começou a ficar bravo."
- Estou fedendo ? – perguntou infantilmente enquanto estendia as mãos para que o outro o soltasse.
O Aquariano suspirou e abriu as algemas.
- Não. Você não está fedendo, mas está suado por causa da febre.
- Se não estou fedendo, então estou cheirando bem ? – perguntou sedutoramente.
- Explica para mim, Milo, por que você tem TANTO prazer em falar bobagens só para me deixar irritado ?
O preso se levantou.
- Porque você fica ainda mais lindo quando fica bravo. – respondeu saindo do quarto e entrando na suíte sorrindo.
A observação desconcertou o policial. Sua mente logo fez mil conjecturas, mas o francês descartou todas. O grego não era uma pessoa para se apaixonar. Era um criminoso que voltaria para a cadeia e ficaria lá por no mínimo um terço do tempo da pena.
"Kamus," – começou a refletir "você é um policial, ele é um bandido. Policial, lei; bandido, crime. São água e óleo. Não se misturam. Entendeu ?"
O investigador tratou de esquecer isso e demonstrar que a presença do outro não o afetava tanto assim.
No banheiro o grego estava sério. Prometeu a si mesmo que seduziria o Aquariano e que na próxima oportunidade não seria tão mole. Deixaria seus desejos de lado e puxaria o gatilho sem piedade.
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Próximo Capítulo – Milo faz uma grande descoberta e o número de suspeitos em potencial diminui. Novas pistas agitam o caso do Novo Escorpião Escarlate. Kamus continua brigando com seus sentimentos e tudo piora ainda mais com a chegada do Capricorniano, levando o francês a tomar uma atitude drástica.
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Notas da autora – Explicações
( 1 ) Em vários países da Europa, principalmente na Holanda, esta prática é muito comum. (Argh ! No jornal ?)
( 2 ) Meu Anjo, em francês.
Notas da autora – Agradecimentos
Milhões de beijos a todos que acompanham, principalmente a quem escreveu: Neme, Litha-Chan, Dana Norram, Hakesh, Perséfone, Lininha, Srta Nina, Nana Pizani, Ana Paula, Anjo Setsuna, Ophiuchus No Shaina, Margarida e Fernando. Bilhões de beijos e continuem a escrever.
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Nota da autora – contato
Podem me contatar, brigar, criticar (é sério), reclamar, dar dicas ou só escrever para bater papo no erika(ponto)patty(arroba)gmail(ponto)com ou via review neste site. Prometo que respondo todos os e-mails e reviews.
Bela Patty .
- Janeiro / 2006 –
