O Escorpião Escarlate

Capítulo Anterior – No capítulo anterior Milo leva o francês ao homem que fez os seus escorpiões e o artesão descobre que seus escorpiões foram roubados. O grego come algo que não lhe faz bem e fica doente. Kamus leva-o para casa e cuida dele, mas o Escorpiniano tenta matar o policial.

..."Kamus," – começou a refletir "você é um policial, ele é um bandido. Policial, lei; bandido, crime. São água e óleo. Não se misturam. Entendeu ?"

O investigador tratou de esquecer isso e demonstrar que a presença do outro não o afetava tanto assim.

No banheiro o grego estava sério. Prometeu a si mesmo que seduziria o Aquariano e que na próxima oportunidade não seria tão mole. Deixaria seus desejos de lado e puxaria o gatilho sem piedade.

O Escorpião Escarlate – Capítulo VII – Novas pistas

-oOo-

Manhã de sexta-feira. Apartamento do francês.

- Bom dia. – a empregada os cumprimentou assim que entraram na cozinha e se assustou em ver o belo jovem da noite anterior algemado.

- Bom dia. – o Escorpiniano respondeu – Não precisa ficar nervosa. Essas algemas são arte do Kamus, mas eu não mordo não. – piscou e sorriu encantadoramente para a empregada.

- Bom dia Nicolle. Não se preocupe. Você está segura. Por favor coloque o café na mesa da copa.

- Sim senhor. – acatou a ordem e começou a preparar o café.

Os dois sentaram-se na mesa da copa. O policial estava atento ao outro. Depois de ter acordado com o grego tão perto, Kamus estava desconfiado.

- Bem, – a senhora disse ao criminoso - desculpe a liberdade, mas como o senhor estava ruim do estômago, eu fiz chá e algumas torradas.

- Obrigado pela preocupação, Nicolle. Foi muita gentileza sua. – disse com um sorriso encantador – Humm... que cheiro bom. É bolo de chocolate ?

- Bolo de chocolate ? – o francês perguntou incrédulo. COMO o grego podia pensar em chocolate estando ruim do estômago ?

- Não senhor. – a empregada respondeu - Mas mesmo se fosse, acho que não seria bom para o senhor comer chocolate. É muito pesado.

- Tudo bem, eu fico na vontade. Vou aceitar as torradas. – disse ainda sorrindo.

Os dois tomaram o café e a empregada preparou, a pedido do patrão, um pote com sopa e outro com salada de frutas para o almoço do grego.

-oOo-

IPF. Manhã de sexta-feira.

- Bom dia. – o francês cumprimentou a todos.

- Bom d... Nossa ! – o preso se espantou – O que aconteceu, Aioria ? – questionou olhando para o queixo levemente vermelho do outro.

- Um pequeno acidente. – respondeu - Kamus, posso falar com você ?

- Venha. – disse ao Leonino - Mu, enquanto isso prepare o equipamento para o Milo poder ouvir as entrevistas.

-o-

- E então ? Como foi ? – o francês perguntou a Aioria em sua sala particular.

- Prendemos a raposa , mas quase tomei um tiro.

- Por quê ? Ele estava armado ?

- Ele não, mas a Hilda me contou que o cão de guarda sim. Felizmente ele só apontou a arma. A equipe policial chegou antes dele tentar atirar.

- Ótimo. Estou devendo uma para a Hilda. – deu uma pausa - Humm... você apanhou ?

- A raposa tem um soco forte. Bate sem dó. Eu não gostaria de brigar com ele novamente.

- Não será necessário.

- Você vai interrogá-lo ?

- Agora na hora do almoço. Eu adoraria mantê-lo na prisão, mas como não temos provas suficientes, o máximo que consigo é segurá-lo para um depoimento. – deu uma pausa – Como ele já foi intimado anteriormente e não acatou a ordem, é mais fácil convencer o delegado a fazê-lo esperar.

- Você acha mesmo que isso é suficiente para mantê-lo na cadeia ? E se ele tentar um habeas corpus ?

- Ele recebeu outra intimação. Como não compareceu à primeira, terá que prestar esclarecimentos HOJE.

- E se o advogado dele insistir e tentar tirá-lo de lá antes de você falar com ele ?

- Se algum verme fizer isso, eu apelo para o Dohko. Há outros meios de se manter alguém preso (1).

-o-

Quando os dois saíram Mu fez sinal positivo. Com tudo pronto, o Escorpiniano começou a ouvir as entrevista de Seiya e Cassius. Enquanto isso Kamus trabalhava em um outro caso e pensava como conduziria a entrevista do sueco.

Depois que o ladrão ouviu as entrevistas, o Aquariano ativou o vídeo de restauração e o presidiário começou a assisti-lo.

- Como eu faço para voltar o vídeo e parar ? – o preso perguntou.

- Aqui. – mostrou-lhe - Por quê ? – questionou.

- Este menino. – disse voltando o vídeo e dando uma pausa – Ele não me é estranho...

Enquanto Milo ainda pensava, Kamus não perdeu tempo. Abriu um arquivo com a foto de todos os envolvidos e mostrou ao grego.

- Este. – apontou para a foto do Jabu – Conheço este menino. Espere, não foi esse que eu vi na gravação.

O policial passou mais fotos.

- É esse. – apontou Seiya – Eu conheço este garoto. Humm... De onde ? – fechou os olhos para lembrar – Ah ! Esses dois garotos estavam juntos... Onde foi que eu vi ? – em sua mente passaram várias imagens – LEMBREI. Vi este garoto desenhando. – apontou a foto do japonês – Desenhando, desenhando... – forçou a mente – Onde ? Era... em uma mesinha. Tinha sombra. Sobra de um guarda-sol. Humm... ele desenhava... não sei.

- Como assim você não sabe ?

- Não lembro onde vi este menino. Vi várias vezes, mas não lembro onde.

- E este outro ? – perguntou sobre Jabu.

- Também já vi, mas não lembro onde.

- Na lanchonete onde você trabalhava ? – sugeriu.

- Não. A lanchonete era fechada. Não tinha guarda-sol. Ele estava desenhando do lado de uma moça que tinha um saco cheio de saquinhos dentro. SAQUINHOS DE BRINCOS. Ele desenhava AO LADO DE UMA BANCA DE BIJUTERIA.

- Em uma feira de artesanato. – o francês deduziu.

- ISSO KAMUS ! - os belos olhos azuis do grego brilharam – Mais especificamente NA FEIRA EM QUE FOMOS ONTEM.

- Ótimo. Muito bem Milo. – o investigador o incentivou - E este outro garoto ? – apontou para Jabu.

- Eu não sei, acho que ficava com o outro quando... – parou de falar e arregalou os olhos. – ... ELE FICAVA NA BANCA DOS ESCORPIÕES.

- Na banca do Senhor Sòlon ? – Aioria perguntou surpreso, chegando perto dos dois - Tem certeza ?

- Absoluta. O garoto tem um nome bem pequeno. Saul. Não. Eu ouvi a gravação. Jabu. Esse é o nome do garoto.

- Parece que estamos chegando mais perto. – Mu observou.

- Precisamos voltar na feira. – o francês replicou olhando no relógio.

- A feira só abre às duas da tarde. – Marin lembrou o chefe.

- Então neste período de espera será que eu posso comentar o que descobri na casa da família de Camaleão ? – o indiano perguntou.

- Claro. Diga. – Kamus autorizou-lhe.

- A garota reconheceu todos os convidados, mas uma coisa chamou a atenção. Antes de sondar se ela mesma sumiu com o escaravelho por birra, a menina identificou um velho conhecido nosso. Ele fazia parte da banda que tocou na festa. Era o vocalista. Segundo a garota ele é irmão de um outro rapaz que faz faculdade na mesma universidade que ela (2).

- Quem ? – o francês quis saber.

- Ikki Amamiya.

- Que interessante.

- Quer mais ? – o Virginiano perguntou - A banda chegou cedo na casa e a garota pegou o jovem no banheiro social, no segundo andar da casa. Há três banheiros no piso térreo. Não havia necessidade dele usar o banheiro que fica próximo do quarto dos pais da moça.

- Será que ele queria furtar alguma coisa ? – Aioria questionou.

- Será que ele já não furtou ? – Milo mais afirmou que perguntou – Um escaravelho, talvez.

- Temos que saber se estes três rapazes têm algum tipo de relacionamento. Tudo indica que o cerco está se fechando sobre eles. – Mu comentou.

- O garoto ! – o Aquariano exclamou de repente - Milo tem razão. Eu vi uma foto do Jabu na casa do senhor Sòlon. Talvez o garoto seja filho dele.

- Então será que foi ele quem roubou os escorpiões ? – Marin questionou.

- Para ele seria fácil. – Escorpiniano afirmou.

- Precisamos saber quando o senhor Sòlon deu falta dos escorpiões. – o loiro observou.

- Eu preciso conversar novamente com estes três. – Kamus salientou - Talvez pressionando um pouco, eles deixem escapar alguma coisa - Marin, peça à Fleur uma intimação em caráter de urgência. Quero estes meninos na minha frente no máximo na segunda-feira.

-oOo-

Na hora do almoço Kamus foi até a delegacia e pegou o depoimento do Afrodite. Voltou para a IPF e deixou a gravação com a Marin, avisando-a que se tratava do depoimento "do traficante". A policial já sabia que era um código para não revelar ao ladrão que aquele depoimento era do sueco.

-oOo-

Casa do Pisciano. Próximo à hora do almoço.

Afrodite chegou em casa e abriu a porta devagar. Rezava para que ele não estivesse em casa, mas suas preces não foram atendidas. O italiano estava sentado em uma cadeira bem de frente para a porta.

- Tranque a porta. – o outro disse ao belo jovem de cabelos azuis claros.

- Bom dia, Amore Mio. – replicou sorrindo e obedecendo-o.

- Por que você só chegou agora ? – o Canceriano perguntou secamente.

- Eu... – começou a falar com medo - ... eu só consegui sair agora.

- Isso eu já sei. Tentar pagar a sua fiança ONTEM À NOITE e me disseram que você só poderia ser liberado depois de prestar depoimento. Que intimação foi essa que você não obedeceu ?

- Era... era sobre os crimes do novo Escorpião Escarlate. – preferiu falar a verdade. Teve medo de mentir.

- Você está envolvido com aquele cara de novo ? – perguntou agressivo e se levantando.

- NÃO ! Eu juro ! – disse em tom suplicante e encostando-se na parede, com medo – Não precisa ficar com receio. Eu já encontrei com ele e disse para não me procurar mais porque eu estou com a pessoa que eu amo. – encolheu-se mais ainda com a proximidade do outro.

- Humm... – replicou mais calmo - ... então você encontrou com ele e disse que me amava ? – perguntou sorridente.

- Claro que disse. – respondeu sorrindo – Você sabe que eu te... – o tapa que levou o derrubou no chão e o fez se calar na hora.

O italiano olhou para a figura caída e não teve pena. Aproximou-se, pegou-o pelos cabelos e o arrastou até o quarto.

- Você foi um menino muito mau, Afrodite. – disse enquanto trazia o outro pelos cabelos – Tudo começou quando você me chifrou com o Misty. Ah, pena que eu não bati o suficiente para matar o desgraçado. A polícia SEMPRE chega na hora em que não deve...

O sueco começou a chorar. A cabeça doía por causa dos cabelos e sabia que aquilo não era nem um décimo do que o namorado ainda seria agressivo.

- ...depois você fugiu de casa para fxxxx com o grego e só voltou para mim porque ele foi preso. E agora... – disse levantando o outro pelos cabelos – VOCÊ ME DIZ QUE SE ENCONTROU COM ELE NAS MINHAS COSTAS ? – gritou e jogou o outro contra os pés da cama violentamente.

O Pisciano sentiu uma dor insuportável quando seu braço bateu contra a madeira que sustentava a cama. O jovem chorou mais ainda, porém o Canceriano não era piedoso. Pegou-o novamente pelos cabelos, deu-lhe um soco no estômago e em seguida o empurrou para a cama.

- Por que você gosta TANTO de apanhar, Amore Mio ? – o italiano perguntou puxando o sueco para si e quase rasgando sua roupa para desnudá-lo.

Afrodite chorava mais ainda, mas sabia que merecia tudo aquilo.

-oooo-

Máscara da Morte nunca foi doce como Milo, mas sempre tratou o namorado bem até o dia em que o pegou o Pisciano na cama com Misty, um outro garoto de programas. Depois deste fatídico dia, o Canceriano se transformou na própria encarnação do mal e passou a espancar o sueco, além de usar violência na intimidade.

Sem agüentar mais, Afrodite fugiu e Carlo di Angelis (3) foi preso.

O Pisciano estava um dia na rua, trabalhando, quando um anjo apareceu em sua vida. Milo era doce, carinhoso, engraçado, um verdadeiro sonho. Além de pagar para ficar com o sueco, ainda compreendia que ele quisesse trabalhar.

Mas como tudo que é bom dura pouco, o Escorpiniano foi preso e o sonho acabou.

Afrodite ficou sem saber o que fazer. Parecia ter perdido o rumo da vida, até que Máscara da Morte reapareceu. O italiano disse que o amava e que o perdoava de tudo. Apesar de adorar a companhia do grego, era mesmo do Canceriano que o sueco gostava e como sentimento é uma coisa difícil de se controlar, voltou para o ex-.

Tudo estava mais ou menos bem, com o italiano mais controlado e algumas vezes menos violento, até que o Escorpiniano ligou, dias atrás dizendo que não estava na cadeia e queria relembrar os velhos tempos. Afrodite entrou em pânico. Tinha visto o estado de Misty quando foi levado para o hospital. O belo corpo do garoto de programa estava coberto de sangue. Só não morreu por um verdadeiro milagre. O sueco temeu pelo grego. Ficou com receio que o italiano também quisesse matá-lo quando soubesse que ele estava em liberdade. Só tinha UMA coisa a ser feita: afastar o Escorpiniano.

Doeu-lhe no coração pedir para Milo esquecê-lo, mas era melhor assim. Amava mesmo o Canceriano, mas principalmente, queria manter o belo anjo grego o mais longe possível das violências do namorado.

-oooo-

- Acredite Dido, eu te amo, te amo muito – disse baixando a própria calça e subindo sobre o outro – mas preciso te ensinar a ser bonzinho. - deu uma pausa – Você sabe como eu odeio te machucar... Ah, Amore Mio, – falou enquanto agarrava o sueco com força – eu tenho certeza que isso vai doer bem mais em mim que em você.

-oOo-

Na feira de artesanato...

- Senhor Sòlon ? Será que podemos falar em particular ?

- Policial Kamus. – replicou surpreso pela visita - Claro. – disse e pediu para a esposa tomar conta da banca.

O grego, o investigador e o artesão foram até uma creperia. Milo ficou mudo durante a conversa.

- Senhor Sòlon, é extremamente importante que responda sinceramente o que vou lhe perguntar. O senhor mora sozinho com sua esposa ?

- Não senhor. Meu sobrinho mora junto conosco.

- O rapaz que trabalha em uma loja agora ?

- Isso. Ele trabalha em uma loja de restauração.

- Acha que ele pode ter escondido os escorpiões por brincadeira ?

- Não... – demorou a responder - ...se bem que... tem uns dois meses o meu sobrinho me perguntou onde eu guardava os escorpiões. – disse afinal.

- E para que ele queria isso ? Ele disse ?

- Disse que era para mostrar para um outro garoto que trabalha com ele. Um japonesinho que desenhava na feira antigamente. O menino tem um cavalo alado tatuado no braço e atende pelo apelido de Pégasus. – deu uma pausa – Eu sei que ele tem a mesma idade do meu sobrinho e é natural que sejam amigos, mas eu não gosto dessa amizade. – deu uma pausa – Foi o Seiya quem indicou o Jabu para trabalhar na restauradora, mas eu mesmo já vi várias vezes ele jogando isso na cara do meu sobrinho, como se ele tivesse que "pagar" o favor de ter o emprego. – deu uma pausa – Não é que eu o considere má companhia, mas... não sei. Acho o menino muito... sei lá. Acho que ele gosta de aparecer. Gosta de ser mais que os outros.

- O senhor acha que ele pode ter ficado com os escorpiões ?

- Não sei. Ele já pegou uma nota de cinqüenta e jurou que tinha recebido cinco euros do cliente. Isso não se faz.

- O senhor o viu pegando a nota ?

- Não. Ele ficava há uns oito ou nove espaços depois de mim, mas as histórias correm.

- Humm... senhor Sòlon, eu gostaria de te avisar que vou convocar o seu sobrinho para depor na segunda ou na terça-feira.

- O meu sobrinho está encrencado, policial ?

- Não senhor. Quero apenas que ele conte o que sabe e se lembra de ter guardado os escorpiões em outro lugar ou até se o tal Pégasus, ficou com algum como lembrança. Apenas gostaria que o senhor não comentasse nada do que conversamos aqui, com ninguém, até o dia do depoimento. Eu também pretendo chamar o tal japonesinho, e se o garoto estiver mesmo encrencado, não quero dar tempo para ele arrumar uma desculpa e nem para intimidar o seu sobrinho. – explicou – Esse garoto pode ser perigoso. Não sabemos ainda com quem estamos lidando.

- Ok. Muito bem pensado policial. Pode deixar, não falarei nada. Nem para a Lucille. – deu uma pausa - Você também vai me chamar para depor ?

- É bem provável. O senhor se incomodaria ?

- Claro que não. Sabe que quero sempre colaborar com a polícia francesa.

- Ótimo senhor Sòlon, ótimo.

-oOo-

De volta à IPF...

- Interessante. – Shaka comentou - Então tudo indica que o Seiya também tinha conhecimento de onde estavam os escorpiões.

- Mais interessante é essa história do "favor" que o sobrinho deve para o desenhista. – Mu observou.

- Parece que agora ficou ainda mais fácil explicar. – Milo se intrometeu – Qualquer coisa, se o tal Seiya for interrogado, ele pode dizer que tem as digitais dele no escorpião porque pegou para ver se era mesmo do senhor Sòlon.

- Você acha que ele faria isso ? – Aioria questionou.

- Eu faria. É meio álibi. – o Escorpiniano respondeu.

O francês fazia outras deduções em sua mente. A conversa que teve com o artesão foi realmente interessante. O homem parecia mesmo ser uma pessoa honesta, mas o investigador já estava escolado. Kamus estava preparando muito bem o terreno onde pisaria.

- Os mandados já foram expedidos ? – o chefe perguntou.

- Já. Mas infelizmente só puderam ser expedidos para terça-feira.

- Tudo bem. Parece que as coisas estão ficando mais claras agora.

- Humpf. Esse tempo todo para dizer que o Seiya é culpado ? Isso eu já vi no primeiro dia. – o ladrão comentou menosprezando o trabalho da IPF.

- Vou te indicar para o posto de Superintendente, Milo. – o Aquariano replicou de imediato - Com esta sua mente avantajada, logo será comandante da IPF. Ah ! – deu uma pausa – Por um breve momento eu me esqueci que você não está aqui porque é um perito ou coisa assim. Você só está aqui porque é a mente criminosa atrás da última aparição do Escorpião Escarlate. Pena que agora você esteja enjaulado, não ? – o francês não poupou as palavras.

O presidiário cerrou os olhos.

- Coloque-se no seu lugar. – Kamus disse ameaçadoramente – Ajude e será recompensado, mas não queira me desafiar ou questionar o trabalho da IPF. Se você fosse bom mesmo não estaria atrás das grades.

- Obrigado por me lembrar disso policial. – disse com o sangue fervendo.

- Disponha. Farei sempre que necessário.

O ódio de Milo aumentou. Se pudesse teria pulado sobre o investigador e quebrado seu pescoço. "Calma garoto" - a mente do ladrão o alertou. Realmente o grego não podia agir assim. Tinha que ser doce. Tinha que ser agradável. Precisava conquistar o outro e seduzí-lo. Seduzí-lo... e matá-lo.

-oOo-

Ruas francesas. Final da tarde.

O semáforo fechou e Kamus parou o carro.

- Esta aqui é a rua da delegacia em que você vai ficar. – disse e percebeu que o outro estava entristecido – O que foi ? O estômago está doendo ?

- Não. – deu uma pausa – Apenas me incomoda um pouco ter que voltar para trás das grades.

- É bom se acostumar. Ainda faltam mais de dois anos para uma condicional.

"Obrigado, policial. Eu precisava mesmo que você me lembrasse disso" - pensou irritado e não respondeu ao comentário.

- Você pode me fazer um favor ? – o Escorpiniano perguntou assim que pararam na frente da delegacia – Eu queria uma revista para ler.

- Qual ?

- Uma que tenha muitas páginas. Já que vou passar a noite SOZINHO, eu queria pelo menos me distrair. – disse em tom melancólico.

O investigador não se deixou levar pelo sentimentalismo. Desceu e comprou uma revista em uma banca de jornal próxima. Voltou, abriu a porta do carro, ajudou o ladrão a descer, pois estava algemado, e entregou-lhe a revista.

– Kamus, antes de entrar, eu queria agradecer por me deixar dormir na sua casa. Vou sonhar com a sua cama por uns bons anos. – comentou sorrindo.

O francês continuava mudo.

"Droga Kamus. NADA te sensibiliza não ? O que você quer ? Que eu me jogue na frente de um carro para você ter alguma consideração por mim ?"

- Vamos entrar. – o policial disse pegando em seu braço.

- Espera. – pediu para ganhar tempo – Se você quiser podemos aproveitar a noite de hoje para repassar todo o caso.

- Tenho outras coisas para fazer.

- Outros casos ? – disse rapidamente - Posso te ajudar em outros casos. Eu tenho o raciocínio bem rápido e poderia...

- Milo, desista. – interrompeu-o - Você não vai conseguir me convencer. Eu não vou te levar para a minha casa.

O sorriso no rosto do ladrão se desfez.

- Bem que eu achei que eu não conseguiria. – disse tristemente e baixou o olhar – Vou ter que passar a noite no banco gelado e sozinho.

A confissão não surpreendeu o investigador. Esperava que grego assumisse, como última tentativa, que jogava para tentar ganhá-lo.

- Se me lembro bem, Milo, ontem você disse que ADORARIA ficar longe de mim por tanto tempo. – disse em tom sarcástico - Pois bem. Aqui está a sua oportunidade. Faça bom proveito.

"Inferno !" - o preso pensou enquanto observava o outro com ódio enquanto era conduzido para o interior da delegacia.

O policial identificou-se e entregou um ofício à recepcionista.

"Sim, muito bonito. Certamente eu gostaria de te possuir, francesinho. Quanto a me apaixonar por você ? Só se eu estivesse LOUCO. – pensou irritado – Claro que eu não vejo a hora de voltar a ficar sozinho com você. Sim. Eu quero transar com você. Se bem que eu teria que colocar um esparadrapo na sua boca para você parar de me ofender ou então manter sua boca ocupada com outra coisa" - pensou malicioso - "Mas depois que eu aliviasse em você," - voltou a ficar sério - "seria um prazer ENORME quebrar seu lindo pescocinho." - pensou sem remorso algum.

- Kamus, no domingo acabam os cinco dias e eu tenho que voltar para a Clairvaux. Posso ir no cemitério ver minha mãe ? – pediu.

- Eu te levo no domingo pela manhã.

Não queria ir com o francês. Sabia que não ia conseguir controlar suas emoções e não queria chorar de jeito nenhum na frente daquele cubo de gelo em forma de gente. Não estava a fim de ouvir mais um "Se você tivesse andado dentro da lei teria visto sua mãe uma última vez."

- Eu não posso ir com a Marin ou com o Shaka ?

- Não. Não pode.

- Não é que eu me incomode em ir com você, mas acho que me sentiria mais à vontade...

- Será que eu estou falando em russo ? Está tão difícil assim para você entender ? Você não está aqui a passeio. Não posso tirar o Shaka ou a Marin da folga deles para que te acompanhem. Você prefere não ir ?

- Tudo bem. – o grego respirou fundo - Vou com você. – respondeu sem olhar nos olhos do Aquariano e aborrecido com o jeito que o outro falou. Se tivesse uma metralhadora descarregaria um pente de balas naquele miserável sem piedade alguma.

-oOo-

Apartamento do investigador. Pouco mais de uma hora e meia depois.

O francês passou rapidamente em casa, trocou-se e foi até a academia do prédio. Gostava de correr na esteira para tirar o stress, mas desde que o grego chegou não conseguira mais fazer isso. Depois de descarregar as energias suando, entrou em casa e foi direto para o chuveiro. Saiu do banho, secou os cabelos e dirigiu-se até a cozinha preparar o seu jantar. Nicolle, a empregada, tinha deixado um bilhete na geladeira.

"Senhor Kamus,

Deixei a sopa do senhor Milo separada. Fiz um outro tipo de sopa caso ele prefira. Sei que bolo não faz bem para quem está ruim do estômago, mas como ele comentou que queria bolo de chocolate, eu fiz um sem recheio. Deixei a cobertura na geladeira, mas não é para deixar ele comer.

Se o senhor achar que bolo é muito pesado para a saúde dele, dê a ele a salada de frutas. Deixei na geladeira em um pote azul escrito Senhor Milo.

Bom final de semana senhor Kamus. Diga ao senhor Milo que desejo melhoras.

Nicolle"

O francês leu novamente o bilhete. Com exceção da cobertura do bolo, todo o resto a empregada tinha feito para o preso.

- Mas que droga, Milo. Menos de cinco frases trocadas com a minha empregada e já a seduziu ?

Amassou o bilhete e jogou fora, mas depois ficou pensando sobre o estado de saúde do grego e arrependeu-se um pouco em deixá-lo na prisão.

- Que bobagem, Kamus, ele já estava melhor. – disse para si mesmo.

Sua mente voltou a atormentá-lo. O Escorpiniano ainda não estava cem por cento recuperado. Será que deveria ter trazido o ladrão para casa ? E se ele não pudesse comer o jantar da delegacia ?

- Que fique com fome. – disse aborrecido com seus próprios pensamentos.

-o-

O francês foi para o escritório para ler os outros três casos que tinha sobre sua responsabilidade além do caso do Novo Escorpião Escarlate. Seu telefone tocou quando já eram mais de onze horas da noite.

- Sim ?

- Kamus ? Você estava dormindo ? É a Hilda. Tenho novidades.

- Não Hilda. Estou lendo alguns casos. Não vou dormir agora. Pode falar.

- "O cão" mordeu "a raposa".

- O que aconteceu ?

- O policial à paisana que está vigiando "a raposa" relatou que o Afrodite deu entrada no hospital. Ele estava acompanhado do cafetão e parecia ter sido atropelado por um trem, mas disse que caiu da escada. O garoto tinha escoriações por todo corpo, exceto no rosto, um braço quebrado e sinais de violência sexual.

Machucados pelo corpo, exceto no rosto, eram a marca registrada do espancamento praticado por cafetões que surravam seus "protegidos", mas não estragavam "a vitrine do produto". Kamus suspirou. Odiava violência doméstica, mas só poderia prender o italiano se o sueco o denunciasse e não se acobertasse sua violência dizendo que caiu da escada.

Enquanto segurava o telefone, pensava belo jovem que encontrara na cadeia na hora do almoço. Era fácil dizer porque o grego se encantara. A beleza do Pisciano era tão arrebatadora que poderia até hipnotizar um admirador. "Belo, mas infeliz" – refletiu e recordou-se da posição altiva do sueco no inicio da conversa e assustada no decorrer da mesma. Apesar de socar o Leonino e se fazer de forte naquele depoimento, no fundo Afrodite era frágil.

Agora o investigador penalizava-se ao ouvir as palavras da policial. Aquele belo jovem não merecia apanhar. Deveria ser tratado bem e não daquela forma. Não. Mudou de idéia. Se o garoto apanhava é porque escolheu isso. Não era só porque era belo e frágil que merecia uma vida sem percalços. Não o conhecia o suficiente para dizer se merecia ou não o que aconteceu, mas "quem planta, colhe", não ?

- Ok. Obrigado Hilda. – e desligou.

-o-

Kamus continuou com seus casos e depois parou para reler o caso do Escorpião e anotar algumas dúvidas que precisava esclarecer com o grego.

- Só espero que você não queira me sacanear e se negue a responder minhas perguntas porque eu não te trouxe para a minha casa. Humpf ! Faça isso e te devolvo para a Clairvaux NA HORA.

O Aquariano tentou continuar a ler, mas depois de pensar no ladrão, a imagem dele tomando banho no primeiro dia encheu sua mente. Quando conseguiu se livrar destes pensamentos, a imagem do grego dormindo em sua cama veio atormentá-lo. Respirou fundo e foi até a sala para tentar esvaziar a cabeça. Passou por todos os canais da TV, mas não havia nada interessante. Pensou novamente no Escorpiniano. Fechou os olhos para esquecê-lo e a imagem foi substituída pelo Capricorniano, sentado na poltrona, fingindo que lia uma revista enquanto olhava para o francês e sorria.

- Arre Kamus ! Pára de pensar nestes dois o tempo todo ! Vá tomar um banho gelado ou vá até uma casa de massagem.

Não fez nem um, nem outro. Foi até o quarto, deitou-se e apagou a luz.

Dez minutos depois se levantou decidido. Não dava para viver mais com os hormônios à flor da pele. Arrumou-se e saiu.

-oOo-

Nas ruas francesas...

O Aquariano parou o carro próximo a uma discreta casa de massagem. Pensou novamente no grego adormecido e parecia se sentir tocando seus cachos e passeando suavemente a mão em seu rosto um tanto febril. Respirou fundo. Não teve coragem de entrar. Sabia que seu problema não era simplesmente a fome do corpo.

- Ótimo. E agora ? O que vai fazer policial ? – perguntou a si mesmo – Vai entrar com um pedido de revisão de pena enquanto se responsabiliza pela condicional do ladrãozinho ? Kamus, Kamus, olhe lá com que cabeça você anda pensando. E depois, você sabe que ele está fingindo. Ele não gosta de você. Se ele deitar com você, será apenas sexo. É só isso que você quer ? – perguntou-se e recomeçou a dirigir.

Estranhamente para o presidiário poderia até abrir uma exceção. "Uma noite com o Escorpião Escarlate." – pensou e por incrível que parecesse, a idéia nem lhe soou tão ruim assim – "UMA noite. Uma ÚNICA noite. Apenas UMA e depois nunca mais... Só sexo. Nada de envolvimento."

Quando deu por si já estava na rua da delegacia em que deixara o Escorpiniano. Diminuiu a velocidade e olhou para o prédio. Da rua não era possível ver a área reservada às celas. Achou melhor desistir e voltar para casa. Também era melhor esquecer o preso. Jamais se envolveria com ele, então não era bom ficar alimentando o desejo na mente. Não ficaria bem para um futuro Superintendente sair para transar com um presidiário.

Balançou a cabeça negativamente, para tirar os pensamentos da cabeça e voltou a acelerar. Não tinha mais nada para fazer nas ruas francesas.

-o-

Ao chegar em casa tirou a roupa e se deitou. Seu corpo pegava fogo. Pedia por carinho. Fechou os olhos. Sua mão deslizou por seu peito nu e o fez suspirar. Se tivesse uma outra mão fazendo isso... uma mão grega... Seus dedos tocaram suavemente seus mamilos e os circundaram. Sentiu-se arrepiado ao se lembrar das preliminares que tinha com o Capricorniano. Shura parecia saber todos os pontos de prazer do corpo do francês.

Sua mão deslizou por sua cintura e tocou sua perna. Sentiu um calor por dentro imaginando o Escorpiniano completamente nu, tal como no banho, ali consigo. Esqueceu-se de quem era e do que queria para a sua carreira e, como almejar o cargo de Superintendente não tornaria sua masturbação mais prazerosa, preferiu deixar-se levar pelo desejo de ser possuído pelo grego. Imaginou aqueles lábios sedutores, o corpo másculo, o olhar dilacerante e a explosão de charme se tornando viva e presente através de suas mãos hábeis.

E já que era para liberar os hormônios, por que não fantasiar ? Gemeu. O que não podia fazer em realidade, tornou-se possível em seus devaneios: seus pensamentos libidinosos movimentavam suas mãos e o faziam se imaginar não apenas com o grego, mas também com o Capricorniano. Os três juntos, unidos apenas pelo prazer.

-o-

Kamus dirigiu-se para o banho arrependido. O remorso nem foi tanto pela masturbação, mas pelo que se imaginou fazendo com o ladrão e o ex- ao mesmo tempo. Sentiu-se um pouco envergonhado e demorou um pouco para dormir, mas mesmo depois de adormecer, a culpa veio visitar-lhe o sono e teve um pesadelo. Sonhou que o ex- o estuprava por tê-lo pego se masturbando. Shura ainda dizia que tinha abandonado o francês por causa disso e que o Aquariano só prestava para sexo. Kamus ficara em prantos pela revelação. Milo surgira de repente no sonho e se revelava seu grande salvador. O preso também o acusava de dar prazer ao próprio corpo, mas compreendia o porquê da masturbação do Aquariano e o defendia da agressividade do espanhol.

O policial acordou assustado.

Levantou-se e suspirou. Certamente o pesadelo tinha sido decorrente de sua culpa da noite anterior misturado ao sentimento que teve pelo sueco.

- Arre, Kamus, quando é que você vai parar de pensar nestes dois ?

-oOo-

Delegacia. Início da tarde.

Kamus chegou na delegacia por volta da uma e meia da tarde. Queria aproveitar o tempo que restava antes do boliche para esclarecer algumas coisas com o ladrão.

- E então ? – perguntou ao carcereiro de plantão – Ele deu muito trabalho ?

- Nenhum trabalho, investigador.

- Ele comeu ?

- Muito pouco. Disse que não estava bom do estômago. O plantonista da noite comprou uma salada de frutas para ele e ele também comeu três pãezinhos sem manteiga. Um ontem à noite, um hoje pela manhã e outro na hora do almoço.

- Você pode trazê-lo até aqui ? – pediu.

O carcereiro saiu deixando o policial sozinho e imaginando como Milo teria convencido o plantonista noturno a comprar salada de frutas para ele.

- Boa tarde, Kamus.

- Boa tarde Milo.

- Que bom que você veio me buscar. A revista já acabou. – e estendeu as mãos para ser algemado.

-oOo-

Apartamento do policial. Sábado à tarde.

O policial tinha servido sopa ao presidiário. Era bom que o outro se alimentasse corretamente. Milo parecia um mel de tão doce que estava. Respondeu a tudo que o outro quis saber, inclusive sobre seu relacionamento com Afrodite.

Ainda estavam no escritório quando o telefone tocou.

- Alô ?

- Kamye ?

O policial gelou e engoliu seco.

- Oi Shura. Tudo bem ? – disse tentando controlar o timbre de voz para que não saísse muito tremido.

- Acabei de chegar. Estou aqui no Aeroporto. Como você está ? Eu estava morrendo de saudades da França e de você.

Sorriu com o comentário. O grego que só olhava, ficou aborrecido. Kamus só sorria quando era para debochar de si. Era a primeira vez que via um sorriso sincero, e pelo jeito de felicidade, vindo do outro.

- Estou bem. Eu também estava com saudades. – respondeu baixinho - Quer vir aqui para casa ? – perguntou de repente - Posso ir te pegar agora. – disse e se arrependeu em seguida. Não eram mais namorados. Era óbvio que o espanhol estava com o Sagitariano e não iria para a casa do francês.

- Obrigado Kamye, mas o Aioria já está aqui e faz questão que eu e o Aioros fiquemos na casa dele.

- Ok. Então nos encontramos mais tarde no boliche. – disse rapidamente para mudar de assunto.

- Ok. Até mais. Beijo. – disse com naturalidade que fazia quando eram namorados e desligou.

O Aquariano estava estático, ainda com o fone na mão.

- Beijo ? – perguntou olhando para o telefone.

"Kamus, não é um beijo de verdade. É só um modo figurado de dizer. É só um cumprimento." - refletiu.

- Seu ex-namorado te mandou um beijo ? – perguntou pois já tinha ouvido Marin comentar que o ex- do francês chegaria no sábado.

- Mandou. – respondeu sem pensar.

- Ele disse que estava com saudade de você ?

- Estamos separados, Milo.

- Mas o beijo você queria. – afirmou acusador.

- Milo, chega.

- Qual o problema ? Por que eu não posso perguntar nada ? – explodiu - Só tenho que responder, responder, responder. Cxxxxxx !

O policial percebeu que o outro estava irritado.

- O que aconteceu com a sua disponibilidade ? Fugiu pela porta enquanto eu estava ao telefone ?

- Vai ver que fugiu enquanto você estava se arreganhando de sorrisos no telefone.

- Mais respeito comigo.

- Foi a primeira vez que te vi sorrindo de verdade. – replicou aborrecido.

- Não tenho que ficar sorrindo para você.

- ÓTIMO. Então não sorria. Vá sorrir para o seu ex-namoradinho. Quem sabe ele não te abandona de novo ?

Se Kamus não achasse que o grego queria apenas seduzí-lo para ter uma noite de sexo, acharia que o outro estava com ciúme.

- Você está com ciúme ? – arriscou perguntar.

- Vai se fxxxx, Kamus. Tá se achando tão gostoso assim só porque deu um sorriso ? Vá para a pxxx qxx pxxxx. – e se levantou.

- Aonde você vai ?

- No banheiro. Ah ! Desculpa. AO banheiro. Será que eu posso ou você vai ficar aí delirando com o seu ex- idiota e vai esquecer de mim ?

O policial ficou mudo com a repentina explosão de agressividade do outro. Apenas fez sinal para que ele saísse.

"Mxxxx" - o grego pensou enquanto se dirigia ao banheiro.

-o-

Milo ficou arredio e irritadiço o resto da tarde. Kamus voltou a levá-lo para a delegacia.

- Você quer que eu compre outra revista ?

- Não precisa se preocupar comigo. – respondeu aborrecido – Gaste seu tempo para pensar no seu ex-. Quem sabe vocês até não voltam ? – replicou em tom de deboche.

Desta vez o criminoso não fez nenhuma cena para tentar dormir na casa do francês.

-oOo-

Sábado à noite.

Kamus foi o primeiro a chegar no boliche. Shura era sempre pontual. O problema era o Aioros. O grego SEMPRE chegava atrasado.

"Como será que está este problema para o relacionamento dos dois ?" – se perguntou.

Mu e Shaka chegaram em seguida e se aproximaram para cumprimentar o chefe.

- Nossa Kamus, se eu não fosse tão bem comprometido, juro que hoje arriscaria uns olhares para você.

O Aquariano sorriu com o comentário do Tibetano.

Realmente o francês estava muito bonito. Trajava uma calça jeans escura, uma camisa social branca e segurava um blazer preto. O indiano cutucou o namorado na hora. Como Mu dava um furo destes ? Era ÓBVIO que o Aquariano estava vestido para matar. Só esperava que não desse rolo com o Aioros. O Sagitariano era muito legal, mas era MUITO ciumento.

Aioria, Marin, Shura e Aioros chegaram e começavam a se aproximar.

- Desculpa. – o Tibetano pediu baixinho para o namorado - Não foi para te ofender. O Kamus tem ficado muito sozinho ultimamente e como ele está tão bonito, achei que ele se sentiria bem com um elogio.

- Não achei que você quis me ofender, mas se liga, não é Mu ? Por que você acha que ele está vestido assim ?

- Por causa do Shura ?

- Óbvio.

- Tomara que não dê rolo.

- E aí galera ? – Aioria chegou junto dos três e os cumprimentou.

Marin também falou com os outros policiais. Shura cumprimentou a todos, mas deu um forte abraço no Aquariano.

- Quanto tempo, Kamye.

- Pois é. Mais de seis meses.

- E como você está ? Pelo jeito seu bom gosto não mudou. – replicou olhando o francês de cima a baixo e aprovando.

O Aquariano sorriu.

- Oi Kamus. – Aioros se meteu na conversa dos dois. – Mi Amor, vamos entrar ? – perguntou ao espanhol.

- Claro Mi Amor. – respondeu docemente ao namorado.

O grupo pegou duas pistas. Em uma ficou Shaka, Mu, Aioria e Marin. Na outra ficou o francês e o casal de namorados.

- Nossa Kamus. Pensei que você ia trazer alguém. – o Sagitariano alfinetou – Você não está namorando ?

- No momento tenho outras preocupações. Meu trabalho tem me tomado muito tempo.

- Mas nem uma escapadinha ? – o grego insistiu.

- Oros, o Kamus é muito reservado. Eu precisei comer ele com os olhos por cinco meses antes do primeiro beijo.

- Seis meses. – o Aquariano corrigiu.

- Ok. Desculpe senhor "eu-não-sou-fácil" – Shura brincou.

O Sagitariano sorriu com a brincadeira, mas logo fechou a cara. Estava se desfazendo em ciúme.

Acertaram as jogadas e começaram. O espanhol pegou uma bola e se aproximou da pista.

- Você ainda gosta do Shura ? – o grego perguntou na lata, aproveitando que estavam sozinhos.

- Nosso tempo já acabou.

- E se ele quisesse voltar ? Você aceitaria ?

- Sua vez Oros. – o Capricorniano se aproximou - Acho que vou ganhar esta partida.

O Sagitariano se levantou com pouca vontade. Não queria deixar os dois sozinhos, mas não tinha jeito. Kamus observava o grego. Aioros era uma excelente pessoa, às vezes era um pouco infantil, mas uma excelente pessoa.

Mal ficaram sozinhos novamente e o Sagitariano repetiu a pergunta.

- Você voltaria para o Shura, Kamus ?

- Enquanto ele estivesse com você, jamais.

O grego pareceu ficar satisfeito com a resposta. Levantou-se para jogar.

- Você gosta muito dele, não é ? – o francês perguntou ao Capricorniano que acabava de se sentar.

- Ele me entende. Acho que vamos ficar juntos por muito tempo.

Kamus sabia que Shura jamais trairia o grego. Levantou-se desolado, pegou e jogou a bola. Não adiantava insistir. Os bons tempos com o espanhol não voltariam mais a acontecer. Afinal, tudo tinha acabado por sua própria culpa.

-oOo-

Mais tarde, no apartamento do francês...

O Aquariano chegou em casa e foi direto para a suíte. Olhou-se no espelho. Via um homem bonito e bem vestido, mas de olhar vazio e amargo.

- Chega. – disse e saiu de casa decidido.

-oOo-

Já era a terceira casa de massagem que entrava. Não costumava ser uma pessoa pouco flexível, mas daquela condição não abriria mão. O miché OBRIGATORIAMENTE deveria lembrar fisicamente o ladrão.

Esta situação já estava insustentável. Depois do que o espanhol havia lhe dito no boliche, sua mente passou a pensar com força no preso. Precisava tirá-lo da mente o mais rápido possível.

Passou os olhos pelas fotos no álbum. Parou em um belo rapaz. Cabelos loiros cacheados, olhos azuis, pele bronzeada e sorriso maroto. Italiano. Tudo bem, desde que não fosse espanhol, serviria qualquer um.

Como o belo garoto de programa disse que teria o nome que o francês quisesse, o Aquariano chamou-o de Milo o tempo todo. Pediu também para o jovem não ser gentil consigo. Queria sentir-se como se estivesse junto com o grego e se o outro fosse grosseiro, certamente perderia o encanto por ele.

Ao menos era isso que esperava.

-oOo-

Próximo Capítulo – Kamus vai com o grego no cemitério. Milo sofre muito. Confuso com seus sentimentos, o francês tenta diminuir a dor do Escorpiniano. O ladrão também tem um momento de instabilidade emocional. Os dois começam a descobrir que estão sentindo algo que não deveriam, e cada qual tenta reverter esta situação mostrando a si próprio que um longo caminho os afasta.

-oOo-

Notas da autora – Explicações

( 1 ) Não sou formada e nem estudante da área de Direito. Respeito muito a área e gostaria que me desculpassem pelo pouco conhecimento que tenho. Espero não ter ofendido ninguém com esta conversa entre o Aioria e o Kamus. (socorro ! rsrs)

( 2 ) Nesta fic, a Saori tem 17 anos. O Seiya, o Jabu, o Hyoga, o Shun, a June e o Shiryu, 18. O Ikki tem 20 anos. Não estou me baseando na diferença de idade padrão entre os dourados e bronzeados, já que nesta fic o Milo tem 23 e o Kamus 24 anos.

( 3 ) Como explicado anteriormente, este é o nome que a Pipe deu ao Máscara da Morte.

-oOo-

Notas da autora – Agradecimentos

Milhões de beijos a todos que acompanham, principalmente a quem escreveu: Ana Paula; Guilherme; Ilia; Perséfone-San; Srta Nina; Dana Norram; Margarida; Patin; Megara-20; Shakinha; Lininha; Ophiuchus no Shaina; Nana Pizani; Litha-Shan.

-oOo-

Nota da autora – contato

Podem me contatar, brigar, criticar (fiquem à vontade), reclamar, dar dicas ou só escrever para bater papo no erika(ponto)patty(arroba)gmail(ponto)com ou via review neste site. Prometo que respondo todos os e-mails e reviews.

Bela Patty .

- Fevereiro / 2006 –