O Escorpião Escarlate

Capítulo Anterior – No capítulo anterior, Kamus fica agitado ao imaginar que o grego poderia vender o corpo na delegacia. Milo vai até o cemitério com o francês e é consolado por ele. Os dois se aproximam mais e fazem considerações sobre um possível romance, mas logo descartam a possibilidade.

...o Aquariano sorriu levemente em resposta. Seu coração começou a bater mais rápido e o investigador se perdeu na beleza dos olhos azuis do grego. Sorriu mais ainda. Kamus sentiu seu coração aquecer e desejou que este momento durasse eternamente. Porém, como um balde de água fria, sua mente o recordou que eram lei e crime, água e óleo. Voltou a ficar sério. Seus olhos caíram sobre o prato de bolo.

- Se ontem você estava ruim do estômago e queria comer sopa na cadeia, por que comeu o bolo com cobertura ?

- Quem disse que eu queria comer sopa ? – replicou sorrindo.

O Escorpião Escarlate – Capítulo IX – Reviravolta

ATENÇÃO: Este capítulo contém trechos com conteúdo erótico. Verifique a permissão de idade do site antes de prosseguir.

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Manhã de segunda. A caminho da IPF...

Milo e Kamus seguiam de carro até a IPF. O Aquariano estava calado e preocupado. Já se convencera que desejava mesmo o grego e era exatamente por este motivo que precisava se distanciar do outro. Também prometera a si mesmo que não o levaria mais para casa. A proximidade do preso alterava sua razão e mexia com suas emoções. O melhor era mesmo fazer com que o criminoso o odiasse. Mas como ? No dia anterior a carência e a tristeza do ladrão o desarmou completamente. O belo olhar, o sorriso fascinante, a sensualidade do presidiário o envenenavam e o impediam de ser grosso. "Milo, que droga, por que você tem que ser assim ? Você não poderia ser só irritante e petulante, sem ser tão agradável, charmoso e gosto..." – suspirou com força. Tinha que tirar o grego da cabeça e não interiorizá-lo ainda mais.

- Kamus, está tudo bem ?

- Está, por quê ? – perguntou irritado.

- Nossa ! – sorriu – Quando foi que você tomou o suco de limão azedo que eu não vi, hein ? – brincou com o francês.

- Milo, não enche o meu saco. Ainda tenho uma semana inteira pela frente.

- Ok. – deu uma pausa – Eu volto para a Clairvaux esta semana ou você ainda vai me dar mais um final de semana por bom comportamento ?

- Sexta-feira. – suspirou aborrecido – Você volta na sexta. Isso SE colaborar com as investigações e SE não ficar me irritando como está agora.

- Sabe Kâ, você está muito tenso. Está com muito trabalho e está precisando relaxar. – deu uma pequena pausa - Eu conheço uma massagem ótima. Descansa o corpo todo. Posso fazer hoje à noite se você quiser. – disse com ar angelical – Garanto que você vai gostar.

"Garanto mesmo." – pensou – "Começo passeando a mão pelo seu corpo e termino com você de costas para mim e gemendo." – deu um sorriso malicioso.

- Hoje tenho o coquetel da empresa e... – parou de falar e se irritou. Por que tinha que arrumar desculpas para não fazer a massagem ? Tinha que se distanciar do grego e não alimentar esta aproximação - Milo, não me aborreça com essas suas bobagens.

- Ok, - deu uma pequena pausa - mas o convite fica de pé, quando você quiser...

O francês olhou-o friamente.

- Ok. Já entendi. Vou ficar quieto.

- Que absurdo. – o francês externou seu pensamento em voz alta.

"Era só o que me faltava," – pensava – "querer uma massagem do ladrãozinho. Humpf. Agora só me falta dizer que quero transar com ele".

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IPF. Sala da equipe do Aquariano...

- Bom dia. – os dois cumprimentaram Shaka e Mu assim que entraram - O Aioria já chegou ? – o chefe questionou.

- Buenos dias. – uma voz conhecida soou atrás do francês.

- Shura ! – virou-se sorrindo.

A simples menção do nome do outro com tanto entusiasmo fez o Escorpiniano antipatizar na hora com o espanhol. Até o momento Kamus estava azedo e só porque um imbecil que já foi seu namorado dizia um mero"Buenos dias" o investigador ficava todo alegrinho ? Isso era demais para o grego.

- Não se preocupe. – Shura disse ao sorridente Aquariano enquanto o abraçava - Agora que estou aqui, TODOS os crimes vão se resolver.

O Capricorniano foi até Mu e Shaka para cumprimentá-los também.

- Este é Milo Nekalaous. – o francês o apresentou – Ele é o Escorpião Escarlate.

Shura não deu a mão ao ladrão, apenas fez um aceno com a cabeça. O Escorpiniano fechou a cara e não respondeu. Ao invés disso olhou para o francês. O investigador ainda mantinha o sorriso no rosto. O ladrão ficou mais irritado ainda. "Droga Kamus. Por que você tem que ficar se rasgando em sorrisos para este idiota ? QUE SACO ! Fica todo besta só porque o cara é bonito, se veste bem e tem pose de gostosão ?" – se afastou aborrecido e sentou-se.

"Milo, fala sério, você está com ciúme do francesinho ?" – sua mente perguntou-lhe – "CIÚME, EU ? CLARO que não. Só quero proteger o que é meu. O francesinho é a minha passagem para a liberdade. Só isso." – refletiu tentando se convencer que realmente esta era a verdade.

- Bom dia ! – Aioria entrava na sala com o irmão e Marin.

- Bom dia. – Aioros deu um cumprimento geral e não gostou de ver o espanhol tão perto do Aquariano - Shura, vou até a sala do Saga. Você vem ?

- Agora não. Já que estou aqui quero relembrar os velhos tempos de parceria com o Kamus e ver se posso ajudar em alguma coisa. Fique um pouco por aqui você também. – sugeriu ao namorado.

- O Saga já está me esperando. – disse um tanto seco.

- Tudo bem. Daqui há uma ou duas horas eu passo por lá.

- Ok. – Aioros replicou sem muita vontade em deixar o namorado nas garras do francês e saiu.

- E então Homem de Gelo ? – o espanhol perguntou com um belo sorriso – Quais são os casos que tenho que "te ajudar" a resolver ? Ou vai me dizer que você não deixou nem UM probleminha para partilhar comigo ?

- Bem, acho que ainda sobrou alguma coisa para você. – o Aquariano replicou sorrindo - Vem cá. – e chamou o ex- para sua sala particular.

Kamus fechou a porta de vidro, mas não desceu a persiana. Sabia que não ficaria bem ficar fechado e em privacidade completa junto do outro.

Pela cara de irritação do presidiário, Aioros não era o único que se incomodava com aquela dupla.

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Milo foi completamente ignorado até o meio da manhã. Era como se ele nem estivesse ali. O ladrão pediu para Marin perguntar ao francês se era para ele fazer alguma coisa, mas o Aquariano apenas retrucou pelo telefone que era para o grego aguardar e caso precisasse, o chamaria.

Passava das dez da manhã quando o espanhol finalmente saiu da conversa animada com o ex- e fez menção de ir até a sala da equipe do Saga. Shura ainda se despedia quando Shaka atendeu um telefonema. O indiano ouviu atentamente e fez várias perguntas. Uma em especial chamou a atenção de todos.

- Entendi senhorita June. E onde estava o escaravelho ? – o loiro ouviu por mais algum tempo – Perfeito, mas ainda preciso de mais detalhes. A senhorita teria uma hora para me receber ? – parou para escutá-la – Ótimo. Ok. Então até as duas, senhorita June. – e desligou – Acharam o escaravelho. – o indiano anunciou.

- Viu como eu dou sorte para você ? – o espanhol, que ainda estava na sala, questionou sorrindo.

- Como nos velhos tempos. - o francês sorriu em resposta.

"Argh ! Se eu ouvir mais duas frases, acho que vou vomitar." - o ladrão pensou aborrecido - "Vai ser puxa-saco assim no inferno ! É sorrisinho para cá, sorrisinho para lá... Eu te dou sorte Homem de Gelo... Como nos velhos tempos." – pensou debochado - "Argh ! Que enjôo !"

- E então loiro, como foi que aconteceu ? – o Leonino perguntou curioso.

- O escaravelho estava dentro de um dragão chinês que também fica no escritório. – Shaka começou a explicar - A menina comentou que o pai havia desconfiado da empregada e a demitiu. Uma outra empregada começou esta semana e foi limpar o escritório. Quando tirou o dragão para limpar o armário, ouviu o barulho. Primeiro ela pensou que havia algo quebrado dentro dele e então o virou de boca para baixo. Foi quando o escaravelho caiu em sua mão.

- Bem, isso muda algumas coisas e confirmam outras. – o francês comentou – Shaka, avalie o escaravelho. Precisamos saber se há digitais nele.

- Será que o primeiro crime também não segue a mesma linha do segundo ? – o Escorpiniano que estava mudo até o momento, se intrometeu.

- Como assim ? - o Aquariano questionou com pouco interesse.

- Será que o quadro também não está escondido ? Talvez até na restauradora. – o presidiário arriscou.

- Kamus ? – o espanhol o chamou.

- Já vasculhamos a restauradora e não encontramos nada. – replicou inexpressivo e virou-se para o Capricorniano – Fala. – disse gentilmente.

O grego irritou-se com o comportamento do policial. Levantou-se e foi sentar no canto da sala.

- Eu preciso ir. – o espanhol disse ao ex-.

- Todos da equipe – o francês convocou – na minha sala, exceto você, Marin, pois vou pedir que fique vigiando o Milo. – virou-se para o espanhol - É mesmo uma pena que tenha que ir Shura, pois vamos nos reunir para fazer algumas deduções e seus conhecimentos seriam muito bem-vindos.

- Obrigado pelo convite, Kamye, mas preciso ir até a sala do Saga. Eu prometi ao Aioros. – deu uma pequena pausa - Depois eu volto, mas de qualquer forma, nos vermos hoje à noite no coquetel, não ?

A IPF tinha convocado todos os seus colaboradores para um coquetel em comemoração ao qüinquagésimo nono aniversário de fundação. Este era o motivo de Aioros e o espanhol, membros representantes da IPF em Londres, estarem em plena segunda-feira na França.

- Certamente, Shura. – respondeu com um leve sorriso.

O Sagitariano entrou na sala irritado. Apenas olhou para o Capricorniano, mas não disse nada.

- Oi, Mi Amor, - Shura o cumprimentou – Acabei de me despedir do pessoal. Vamos ? – perguntou e saiu da sala com um grego muito aborrecido.

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Na sala do francês...

- Bem, - Kamus começou - eu os chamei aqui para falarmos sobre minha conversa com o Afrodite. Creio que todos ouviram a gravação. Tenho novidades, mas antes de informá-las, gostaria de saber a impressão de todos.

- Ou ele é completamente inocente e não sabe mesmo de nada ou é um excelente mentiroso. – Mu arriscou primeiro.

- Bem, primeiro eu achei que ele estava mentindo dizendo não saber nada, - o grego começou – mas depois me pareceu que ele estava tentando protegendo alguém.

"Sim." – o francês refletiu para não atrapalhar a linha de raciocínio dos subordinados – "Ele queria mesmo proteger alguém. Queria proteger a si próprio"

- Concordo com o Aioria. – Shaka pronunciou-se – depois que o Kamus falou que, caso ele não colaborasse, as pessoas próximas a ele seriam chamadas para depor, o garoto pareceu ficar bem tenso.

- Bem, creio que todos aqui tendem a achar que ele pode não ser o novo Escorpião Escarlate, estou certo ? – o Homem de Gelo questionou.

Houve um pequeno burburinho, mas os outros três concordaram.

- A Hilda me ligou no sábado. – o francês começou – Disse que o Afrodite deu entrada em um hospital. O cafetão, que também é namorado dele, o acompanhava. O sueco apresentava escoriações por todo o corpo, EXCETO ROSTO, um braço quebrado e sinais de violência sexual. Disse que caiu da escada.

Houve um breve instante de silêncio na sala.

- O cafetão o espancou. – Aioria externou o pensamento de todos – Você acha que ele estava tentando poupar o italiano ?

- Acho que não, Aioria. – foi Shaka quem respondeu – Pelo jeito deve ter apanhado porque o namorado descobriu que ele havia, ainda que apenas sob a ótica da polícia, voltado a se envolver com o Milo.

- Então era a si próprio que tentava proteger. – Mu replicou, penalizado pela situação – Por isso ele não queria que o cafetão fosse chamado para depor.

- Bem, - o Leonino comentou também penalizado – pelo jeito estamos aqui discutindo sobre uma vítima e não sobre um culpado.

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Os quatro ficaram mais algum tempo na sala e quando saíram já era a hora do almoço.

- Eu posso descer para almoçar com você ? – o criminoso pediu se aproximando.

- HOJE ? NEM pensar. – o policial respondeu. No dia em que o espanhol estava lá é que não ia mesmo levar o grego junto para o almoço.

- Por favor, Kam...

- Milo, você tem dificuldades em entender francês ? – o Aquariano perguntou rispidamente.

O Escorpiniano suspirou e se sentou. "Droga. Ontem o Kamus estava um doce, hoje, por causa deste espanhol miserável, o meu francesinho já está azedo. Argh ! Shura, seu desgraçado ! QUE ÓDIO !"

-o-

Assim que Shaka voltou da casa da família de Camaleão, foi direto ao segundo andar e pediu um laudo sobre digitais encontradas no escaravelho. Enquanto aguardavam o resultado, o francês mandou Aioria levar o preso até a sala de preparação. Precisava conversar com a equipe sobre os espiões que vigiavam o sueco, o aparecimento do escaravelho e o depoimento dos três garotos no dia seguinte. Seria um trabalho policial e portanto não precisaria da presença do Escorpiniano. Milo ficou aborrecidíssimo, mas fingiu que estava tudo bem. Sentiu ódio do Aquariano e jurou a si mesmo que se vingaria pelo tratamento que estava recebendo.

O laudo ficou pronto, porém não trouxe muitas novidades. O escaravelho tinha apenas as digitais da empregada que o encontrou. A equipe do francês conversou até o final do dia sobre todos os assuntos e ajudou o chefe a traçar um norte para os depoimentos do dia seguinte. No final da reunião Kamus pediu a Shaka para deixar o criminoso na delegacia e buscá-lo no dia seguinte.

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Delegacia. Segunda-feira. Final da tarde...

Milo sentou-se no banco frio e perdeu o olhar. Sentia irritação, decepção e ódio. Ódio do francês. Tinha sido descartado e ignorado pelo Aquariano. Foi tratado como se não estivesse lá. Até quando falou algo importante sobre o caso do novo Escorpião Escarlate, percebeu o pouco interesse do investigador. "Tenho certeza que se fosse aquele babaca do Shura quem tivesse dito que o quadro ainda poderia estar na restauradora, você se atiraria aos pés dele e lamberia o chão que ele pisa." – refletiu aborrecido com a atitude do policial.

Suspirou. Talvez este fosse um castigo. Castigo por cobiçar o que jamais podia ter: Kamus. Não. Definitivamente o francês não era para si. O policial poderia até desejar o ladrão e observá-lo, mas eram tipos como o Shura que seriam os eleitos para namorá-lo. Sim. Certamente o investigador procurava alguém bem vestido, mesmo nível social e com bons modos para possuí-lo, e não um pé rapado como o grego.

"Milo," – sua mente o incitava – "eu NÃO acredito que você ainda pensa naquele idiota do Kamus. Você não vê que ele está rindo de você ? Para ele você não passa de um caipira. Acorda, Milo. Ele só quer se divertir. Só o que quer é tirar uma com a sua cara. Ele quer te deixar caidinho por ele só para ter o prazer de te desprezar, como fez hoje o dia todo. É assim que gente rica se diverte, pisando nos pobres."

Suspirou fortemente. Queria esquecer o policial. Era melhor pensar na sua florzinha preciosa. Sim. Afrodite. Sorriu. Seus pensamentos voltaram-se para o Pisciano. Como foi feliz ao lado do sueco. Suspirou novamente e sorriu sonhador ao se lembrar de um episódio durante o curto período de namoro.

-oooo-

Era uma quarta-feira, início da noite. Milo chegava da lanchonete e ouviu um barulho no banheiro. Afrodite ainda estava em casa. O grego sorriu e se aproximou devagar. Trazia um buquê de rosas brancas escondidos atrás das costas.

- Oi. – disse amorosamente parando na porta do banheiro - Trouxe um presente para você. – disse ainda escondendo as rosas atrás de si.

- Oi Mi. Agora estou atrasado. Quando eu voltar a gente se fala. – deu-lhe um selinho – Tchau.

- Dido, eu trouxe flores para você. – replicou desapontado – Rosas brancas.

- Oh, meu hambúrguer grego. – disse para brincar com o cheiro que o Escorpiniano apresentava – Você sabe que eu AMO rosas brancas. Muito obrigado. – deu um sorriso maravilhoso – Você sabe que eu também te adoro, não ? – deu-lhe outro selinho - Eu lavei o vaso azul. Está lá na área de serviço. Você coloca as flores para mim ? Estou atrasado. Beijinho. Até mais tarde.

- Dido, você não lembra que dia é hoje ?

- Claro que lembro. – respondeu piscando um olho - É quarta-feira. - e fechou a porta.

- Não é só isso. – disse baixinho, olhando para as flores depois que o outro saiu – Hoje faz dois meses que nos conhecemos.

O grego suspirou e foi até a área de serviço. Pegou o vaso, colocou água e deixou as flores dentro. Dirigiu-se para o banheiro e se despiu.

Enquanto tomava banho pensava no namorado.

Milo tinha muito ciúme do sueco. Odiava que ele saísse para fazer programas, mas não conseguia convencê-lo a largar esta vida. Ficava quase doente ao pensar que seu Peixinho se sujeitava a passar por mãos interesseiras apenas por dinheiro. E mais doente ainda por oferecer dinheiro para o outro ficar em casa e ele não aceitar. Ora, mas quem disse que Afrodite era o tipo de homem submisso ?

O grego sorriu. Adorava o jeitinho quase petulante do sueco ao argumentar. E quando o Pisciano se via vencido então ? Fazia biquinho, deitava-se na cama e abraçava o travesseiro, com cara de coitadinho. Ficava assim até o Escorpiniano não resistir mais à birra do outro e ceder.

Sorriu, mas logo seu sorriso se desfez. Dido não levava o relacionamento a sério. Se levasse, certamente teria se lembrado da data.

O grego desligou o chuveiro e jogou os cabelos para frente, penteando-os com os dedos. Jogou-os novamente para trás e começou a se secar. Estava terminando de se pentear quando ouviu um barulho. Sentiu o corpo gelar. Todos os seus roubos estavam trancados no guarda-roupa. Se fosse outro ladrão, perderia tudo. Saiu de uma vez e ficou boquiaberto com o que viu.

A luz do quarto estava desligada e quatro velas perfumadas estavam acesas. Na cama, almofadas e pétalas de rosas. Dois lugares para jantar estavam colocados na pequena mesa do kitnet e Afrodite saiu deslumbrante da cozinha, vestido com um robe azul escuro e, com um champanhe na mão.

- Feche a boca, cowboy. Esta é só a sobremesa. – o belo jovem de pintinha no rosto replicou passando maliciosamente a mão pelo corpo por cima do robe.

- Você não esqueceu ?

- Como eu poderia ? – perguntou se aproximando sedutoramente e entregando uma taça ao Escorpiniano.

Milo abriu o champanhe e brindaram. O grego pegou os copos e colocou-os de lado.

- Quero minha sobremesa AGORA. – e puxou o outro para junto de si, já completamente excitado.

- Mi. – o sueco riu – Assim a lasanha que está no forno vai esfriar.

- Adoro lasanha fria. – sussurrou no ouvido do Pisciano e lambeu seu pescoço.

- Hummm... – ronronou – Acho que a sobremesa quer ser servida AGORA.

- Agora ? – perguntou malicioso, enquanto enfiava a mão dentro do robe.

- A-GO-RA. – respondeu gemendo de leve e se abaixando para levantar a toalha do grego e passar a mão por seu corpo – Humm... – sentiu-lhe a rigidez pulsante – Estou vendo que você realmente quer A-GO-RA. – disse lentamente e abocanhou o outro com vontade.

- Hummm... – o grego gemeu e fechou os olhos, jogando a cabeça para trás. Afrodite era realmente profissional – Dido... – puxou o ar entre os dentes pelo prazer e afastando um pouco o outro, pegou-o no colo - Essa sobremesa está MUITO atrevida.

- Muito atrevida ? – perguntou mordendo o lábio inferior e abrindo o roupão, exibindo-se e passando a mão pelo próprio corpo.

- Demais. – disse com sensualidade, caindo na cama junto com o namorado.

O sueco riu. Milo pegou o gel na gaveta. Não gostava de machucar seu Peixinho. Ajeitou-se em cima do Pisciano e o beijou, deslizando os dedos para dentro do corpo do belo jovem de cabelos azuis claros, preparando-o e abusando de sua presa. Afrodite gemia e se oferecia sem pudor.

- Adoro esse seu cheirinho de rosas. – disse beijando a boca, o rosto e lambendo o pescoço do sueco enquanto o preparava.

A noite derramava sua sombra fria sobre as noites francesas, mas dentro daquele quarto o clima era fervente. Os dois amantes enroscavam seus corpos, tocavam-se, beijavam-se, experimentavam-se com ousadia e gemiam, buscando o máximo de sensações. Milo parou de se movimentar, obrigando o Pisciano a suplicar para ele continuar. O grego adorava ouvir o outro gemer e pedir mais. Retomou o ritmo, culminando em uma explosão de prazer. Afrodite derramou-se nas mãos do amante e caiu exausto na cama pelas exigências do outro. O Escorpiniano passou a mão em volta da cintura do belo jovem e o puxou mais para perto. Deu-lhe um selinho.

- Eu te amo, Dido.

- Promete que nunca vai me deixar. – o Peixinho pediu em tom infantil, brincando com um cacho do grego.

- Eu nunca, NUNCA, vou te deixar. – deu uma pausa - Eu te amo muito. – e o beijou.

- Eu... – hesitou um pouco e ficou sério – ...eu quero tanto te dizer isso.

- Eu prometo que vou te fazer esquecer dele (1) e vou te dar motivos para dizer que me ama. – disse sorrindo e acariciando o rosto do amante.

- Oh, Mi. Eu adoro esse seu jeitinho doce. – disse ternamente – Você já me conquistou e me marcou eternamente. É só pedir que leva.

- Então me dá um beijo ? – suplicou.

- Te dou tudo o que você quiser. – respondeu e abraçou o Escorpiniano para beijar-lhe apaixonadamente.

Um arrepio percorreu seu corpo do grego, trazendo-o à realidade.

-oooo-

Dois anos e meio. Esse seria o tempo que teria que esperar para sua liberdade, caso voltasse para a cadeia. Mas isso não era tudo. Quando saísse, estaria sozinho. Sua florzinha preciosa com cheirinho de rosas, não estaria lá. Nem ele, nem o policial pitbull. Cerrou os olhos. Sentiu raiva. Muita raiva.

"Eu deveria estar pensando em reconquistar meu Peixinho, mas me distraí com aquele idiota. Com aquele MALDITO francês." – refletiu irado – "Então você quer pisar em mim para se divertir, não é Kamus ? Quer mostrar aos outros que pode me ignorar, me desprezar e me descartar, não é ?" – pensou com ódio - "Pois bem Kamus. Se é assim que você quer, vou entrar no jogo. Vou te destruir. Vou ACABAR com você. Não. Não vou te matar. Vou fazer PIOR. Vou te conquistar, te seduzir e te experimentar. Sim. Quero te ver BEM excitado. Quero te ver perder a razão. Quero te ouvir gemendo e gritando o meu nome." – levantou-se e se aproximou das grades - "E aí francesinho, depois que eu te experimentar, depois que eu usar e abusar de você, eu vou te largar. Vou te largar e te abandonar. E aí você vai sentir na pele," - segurou a barra de ferro e apertou com força - "como é BOM ser desprezado."

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Coquetel da IPF. Segunda à noite.

O Aquariano chegou ao coquetel e logo visualizou o ex-, o Sagitariano, Aioria e Marin. O francês se juntou ao grupo. Meia-hora depois, Mu e Shaka chegaram. Aioros apenas observava os olhares e sorrisos que os ex-namorados trocavam ao conversar animadamente um com o outro. Enquanto os dois conversavam, o irmão de Aioria pegava várias das bebidas que passavam. Depois de algum tempo, se aborreceu com tanto assunto.

- E então Kamus ? – questionou um pouco alto - Você acha que tem competência para resolver o caso do Escorpião sozinho ou será que vou ter que deixar o Shura aqui com você ? - alfinetou.

Houve um breve momento de silêncio no pequeno grupo. A forma que o outro falou não foi nem um pouco elegante.

- Agradeço a oferta, Aioros, mas creio que o Shura tenha outras coisas para fazer na Inglaterra. – respondeu com cuidado para não ser ofensivo. Nitidamente o Sagitariano estava alterado e possivelmente bêbado.

- Sim Kamus. O Shura tem mesmo o que fazer na Inglaterra. Agora ele mora comigo. COMIGO. Você não foi homem o suficiente para segurá-lo. Agora não adianta mais.

- Aioros, eu não acho que...

- Diferente daquele dia na sua casa, - o grego continuou, interrompendo o francês – mesmo que você pague, o namorado ainda É MEU ! (2) Você teve e deixou fugir. Agora não adianta nem tentar comprar porque o MEU NAMORADO NÃO ESTÁ À VENDA ! – gritou.

O Aquariano ficou mudo e não respondeu. Outras pessoas olharam para o grupo.

- Mi Amor, acho que já chega, não ? – o espanhol perguntou-lhe.

- Diga Kamus. – o Sagitariano continuou - Diga aqui NA FRENTE DOS SEUS AMIGOS que você NÃO vai ficar tentando pegar o Shura de volta.

- Oros, já chega. – Aioria pediu.

- Diga que você tem DIGNIDADE SUFICIENTE para entender que ACABOU e que vai parar de ficar DANDO EM CIMA do MEU namorado.

- Aioros, por favor. – o Capricorniano pediu.

- DIGA KAMUS ! – gritou completamente embriagado - Diga que aceita o jogo e que sabe que o jogo acabou. Você perdeu. Comporte-se como um bom perdedor e ao menos deixe o Shura ser feliz. PÁRA DE SER SOMBRA DELE. Se ele te amasse ele estaria com VOCÊ e não COMIGO.

Fez-se silêncio entre o grupo e pessoas próximas.

- Amor, vamos para casa. – o espanhol sugeriu - O Kamus já sabe de tudo isso. – explicou ao namorado que estava visivelmente bêbado.

"Se ele te amasse ele estaria com VOCÊ e não COMIGO... Amor... o Kamus já sabe de tudo isso" – o Aquariano parecia ouvir repetidamente as últimas frases ditas por Aioros e Shura. Agora o francês acordava. O espanhol não o amava mais. Se amasse estaria com ele e não com Aioros. E era isso que Shura queria dizer com "O Kamus já sabe de tudo isso". Sim. O francês deveria saber que se o Capricorniano o amasse, era com ele que estaria e não com o grego. O Aquariano sentiu o coração doer. "Bem-feito !" - sua mente o recriminou – "Tentou dar em cima do outro e levou".

Era melhor ir embora. Estava fazendo um papel ridículo ali.

- Não Shura. – o francês replicou bem controlado – Fique. Aproveite a festa. – virou-se para o Sagitariano – Você está coberto de razão Aioros. O Shura está com você porque te ama... – deu uma pequena pausa – ...e eu sei que você fará de tudo para fazê-lo feliz. – Virou-se para os demais – Bem, já é hora de me recolher ou não aproveito o dia de trabalho amanhã. Boa noite a todos. – fez um cumprimento com a cabeça e foi embora.

-oOo-

Segunda à noite. Apartamento do investigador...

Kamus chegou em casa e suspirou profundamente. De certa forma havia procurado tudo o que ouviu, então só podia culpar a si próprio.

Fechou os olhos. Lembrou-se do whisky doze anos que guardara para uma ocasião especial. Esquecer o que acabou de ouvir era um bom motivo para abri-lo. Pensou melhor. Não. Isso era se rebaixar e o Homem de Gelo não conseguiu o respeito que tinha se rebaixando.

Entrou no escritório e ligou o notebook. No dia seguinte receberia Ikki, Jabu e Seiya para deporem. Era melhor estar bem preparado. Abriu um documento para cada e começou a bolar sua estratégia.

-oOo-

IPF. Terça-feira pela manhã.

Quando Milo chegou, o francês já estava trancado em sua sala. O Escorpiniano tinha percebido pelos monossílabos da equipe que o coquetel não tinha sido dos melhores. Isso era bom. Significava que o Aquariano estava muito mais carente e suscetível a seus ataques.

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Algum tempo depois o telefone na sala do francês tocou.

- IPF. Kamus falando. – atendeu-o.

- Kamye ? É o Shura. Desculpa por ontem. O Aioros acabou bebendo demais e falando bobagem. A gente acabou de chegar na Inglaterra e ele foi tomar um banho então eu queria...

- Shura, por favor... – pediu interrompendo-o – ...não me ligue nunca mais. – e desligou o telefone.

Tinha que voltar a segurar as rédeas dos seus sentimentos. Não voltaria a ser motivo de chacota de ninguém. Não mesmo.

Depois de algum tempo o telefone tocou novamente.

- Alô ? – disse mal humorado.

- Kamus ? O Ikki chegou.

- Obrigado Marin. Vou até lá falar com ele.

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O Aquariano combinara com Shaka que o depoimento seria na sala de identificação. Esta era uma sala com móveis simples porém de bom gosto, mas contava com um ítem especial: quatro câmeras fechavam toda a sala. De uma sala ao lado era possível acompanhar ao vivo o que acontecia e ainda dar closes em algum ponto da filmagem. O indiano ficaria na sala dos vídeos para ver a reação emocional dos intimados e discutiria com o francês depois.

Kamus entrou na sala e pediu para Fleur trazer o jovem técnico. Enquanto descia, ficou sabendo que Seiya também chegara. Pediu para Marin direcioná-lo para outra sala pois não queria que ele se encontrasse nem com Ikki, nem com Jabu.

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- Bom dia senhor Amamiya. – cumprimentou o outro – Creio que se lembre de mim. Investigador Kamus Cartelié. Eu fui um dos investigadores que pegou seu depoimento quando o aparelho que mantinha a temperatura do quadrou roubado apresentou defeito.

- Claro que me lembro investigador. – sentou-se – Lembro inclusive que vocês disseram que o meu laudo de "em funcionamento" estava incorreto pois eu afirmei que o aparelho estava em boas condições e vocês disseram que a perícia da IPF tinha reproduzido o erro na primeira tentativa, não ?

- Exatamente, senhor Amamiya.

O jovem deu um leve sorriso debochado.

- Creio que o motivo de você ter me chamado aqui não seja novamente o aparelho de controle, não ?

- Não. Não é. – respondeu com um leve sorriso. O garoto sabia que havia outro motivo.

- Hummm... então eu posso saber por que estou aqui ?

- Certamente, – mentiu. Esperaria um pouco para dizer o que trazia o outro ali - porém como da primeira vez, gostaria de avisá-lo que nossa conversa será gravada. – e colocou um gravador sobre a mesa – O senhor faz alguma objeção ?

- Não tenho nada a esconder.

- Ótimo. – deu uma pequena pausa – O senhor conhece a senhorita June de Camaleão ?

- Aquela vadia ?

- Deveria usar termos mais suaves, senhor Amamiya.

- Ok. Conheço sim.

- O senhor esteve na festa à fantasia dada na casa dela no dia cinco de agosto ?

- Sim. Eu e minha banda.

- É um grupo grande ?

- Bem... eu no vocal, o Shiryu no baixo, o Hyoga na guitarra, o Shun no teclado e o Seiya na bateria. Somos em cinco. Se bem que o Shun, o meu irmão, e o Hyoga não se apresentaram por serem "amiguinhos" daquela vagab... daquela menina, - consertou a tempo - e tive que arrumar alguém para cobrir a vaga.

- Fale um pouco sobre os outros integrantes. Eles chegaram cedo na festa ? – pediu sem deixar transparecer a surpresa em saber que Seiya também estava na festa. "COMO o Shaka não viu isso ?" – perguntava-se.

- Bem, o Shiryu chegou junto comigo. O Lenon, o Chris e o Jeff chegaram juntos, uns vinte minutos, meia-hora depois.

- Você havia mencionado um outro rapaz que não mencionou agora.

- Ah ! O Seiya ? É. Aquele Zé Mané ficou doente justo no dia e não foi. Ainda bem que o Chris, brother do Jeff, arranha uma batera.

- Humm... Bem, o senhor poderia descrever seus movimentos pela casa ?

- Humpf ! A vaca está me acusando de assédio sexual ? Foi ELA quem se ofereceu com aquela minissaia que mostrava a calcinha !

Interessante. Era melhor não dizer ao outro que não estava ali por causa da loira, mas era bom tirar esta história a limpo.

- E o senhor pode me contar sua versão ?

- Não tem "a minha versão". Só tem UMA versão. – disse um pouco aborrecido - Eu cheguei na casa e descarreguei o carro junto com o Shiryu. A June estava passando e perguntou se "os serviçais" não queriam beber um suco. Isso é bem típico dela. Ela vive me irritando e me rebaixando porque eu não fiz faculdade. Eu sou um bom técnico. Não preciso de um canudo para mostrar que sou bom. Aquela riquinha metida a besta é uma... – olhou para o policial e resolveu não continuar - ...bem, ela pediu para que eu fosse até a cozinha pegar o suco para mim e para o Shiryu. Enquanto eu tomava o meu, ela sentou no balcão, BEM DE FRENTE para mim, com uma mini-saia que era mais um cinto grande. – explicou - Quando mulher está de saia, costuma cruzar a perna, mas ela não fez questão disso. Ela ficou lá, olhando para mim e depois perguntou porquê eu olhava tanto para a calcinha dela. Pxxxx investigador, eu sou homem ! Era ÓBVIO que ela estava se oferecendo. Eu me aproximei e beijei a gata.

- Só isso ?

- Bem... eu... passei a mão na perna dela e subi um pouco, se é que me entende. – sorriu malicioso - Ela estava cada vez mais na minha, beijando e deixando rolar, quando uma empregada entrou na cozinha e a vadia me empurrou e me deu uma tapa na cara, se fazendo de vítima. Ela saiu da cozinha e eu saí também, levando o suco do Shiryu. Aí ela subiu as escadas, mas não tirava o olho. Eu não sou besta. Saquei o que ela queria. Era óbvio que os quartos ficavam lá em cima. A riquinha queria fxxxx numa cama macia. – olhou para o investigador – Desculpa pelo termo. – pediu - Bem, vi que ela queria e estava me chamando, então subi atrás dela e ela sumiu em uma das portas. A mesma empregada da cozinha apareceu e eu entrei em um banheiro. Depois achei melhor descer, antes que eu fosse acusado de assédio sexual, mas acho que a piranha foi mais rápida não ?

- Senhor Amamiya, é o último aviso que te dou sobre seu vocabulário.

- Ok. Desculpe. É que estou com vontade de MATAR aquela desgraçada oferecida.

- Deveria tomar cuidado com o que diz.

- Tem razão. Eu não posso dizer para você que quero "matar" alguém, mesmo que seja no sentido figurado, não é ?

- E o que aconteceu depois que o senhor desceu ? – questionou ignorando a pergunta do outro.

- Nada. Só encontrei o resto da banda e fiquei com a galera até começarmos a tocar.

- E o que o senhor foi fazer no escritório ? – perguntou jogando verde. Não tinha certeza se o outro tinha entrado no escritório ou não.

- Escritório ? Não entrei em escritório nenhum.

- Senhor Amamiya. Eu tenho meios de saber o que aconteceu de fato. Por que não me conta TODA a verdade ?

- OK ! – disse aborrecido – Eu abri a porta de dois quartos lá em cima e entrei em um deles, mas estava vazio. Eu queria mesmo transar com a loira. EU ESTAVA A FIM. Mas não toquei na menina a não ser na cozinha. Isso não faz de mim um tarado. E também não entrei nesta pxxxx de escritório. Pode ver nas câmeras de segurança. E SIM ! Eu fiquei excitado quando ela ficou dançando daquele jeito na minha frente. Que saco ! – disse irritado.

- Então afirma que não entrou no escritório.

- Estou dizendo que EU NÃO ENTREI !

- Essa é a sua última palavra sobre este assunto ?

- Pode apostar.

- Ok. Fale sobre os componentes de sua banda original. Como os conheceu ?

- Bom, – disse com cuidado, desconfiando da mudança de assunto - o Shun é meu irmão. O Hyoga é russo e ele é o nam... bem, ele e o meu irmão são nam... bem, ele fica mais tempo com o meu irmão do que eu gostaria. – disse rapidamente - Eles se conheceram há alguns anos no colégio. O Shiryu é chinês. É um cara legal. Eu o conheci na academia perto de casa. Já o Seiya eu não conhecia. Foi o Shiryu quem trouxe o moleque. Ele era desenhista em uma feira de artesanato e fez uns quinze exemplos de dragão para o Shiryu tatuar nas costas.

- O Seiya conhece a June ?

- Humm... acho que já viu a June várias vezes, mas não sei se fala com ela. Acho que não.

- Você acha que ele teria algum motivo para não querer ir à festa ?

- Para falar a verdade ele teria motivo para QUERER ir. Ele gosta de uma riquinha e a menina estaria lá.

- Mas mesmo assim ele não foi...

- É. Não foi.

- Você se lembra o nome da menina que ele tem interesse ?

- Samara, Saíra ou qualquer coisa assim.

- Senhor Amamiya, o senhor tem conhecimento que houve um roubo naquela noite ?

- Na casa da June ? Eu deveria saber ?

- É muito interessante ter sido o senhor quem avaliou mal o aparelho do quadro que foi roubado da restauradora e estar em uma festa EXATAMENTE no dia do roubo de uma peça. É mesmo muita coincidência o senhor estar ligado aos dois crimes do novo Escorpião Escarlate.

- Você está perdendo o seu tempo investigador. Eu não sou ladrão. E também não sou tarado. – acrescentou.

- Senhor Amamiya, devo avisá-lo que suas penas não serão leves. Então por que não começa a me contar a verdade agora ? Posso ao menos tentar amenizá-las com sua cooperação.

- Ora, investigador. – replicou rindo e enfrentando-o – No dia em que você descobrir que EU sou o ladrão, é porque vou mesmo merecer ficar um tempo atrás das grades.

- Estarei monitorando até os seus sonhos, senhor Amamiya.

- Só quero avisar que NEM VOCÊ e NEM aquela VADIA vão conseguir me colocar na cadeia. Eu repito que não sou ladrão e também não sou tarado. Aquela vaca loira queria tanto quanto eu. – disse e levantou-se – Mais alguma coisa, investigador ? – disse com um certo deboche.

- Não. – deu uma pausa - Seus podres não cheiram bem, senhor Amamiya. Deveria ser mais cuidadoso. Não costumo ser benevolente.

- Obrigado pelo aviso, investigador. Vou me lembrar disso. – e saiu.

O francês esperou o jovem sair e pegou o telefone.

- O que você achou Shaka ? – perguntou ao loiro que estava na outra sala.

- Muito interessante. Engraçado como as pessoas têm uma certa tendência a mentir, não ?

- Fique com os olhos abertos, Shaka. Acho que os dois próximos depoimentos não serão menos interessantes.

- Posso apostar meu distintivo que não.

Kamus desligou e ligou para a policial japonesa.

- Marin ? Veja com a Fleur se o Jabu já chegou e mande-o entrar.

-o-

Jabu bateu na porta e entrou.

- Licença ?

- Sente-se Jabu. Deve se lembrar de mim. Sou o investigador Kamus. Como de praxe, vou gravar nossa conversa. Faz alguma objeção ?

- Bom dia investigador Kamus. Não faço objeção nenhuma. Pode gravar. – deu uma pequena pausa – Eu... estou encrencado ? – perguntou timidamente.

- Você é quem vai me dizer. – replicou olhando bem para o garoto.

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Próximo Capítulo – Kamus toma o depoimento de Jabu e Seiya. Junto com Shaka, o investigador faz algumas deduções sobre os possíveis criminosos. Um dos suspeitos recebe uma ligação planejando um novo crime. O Escorpiniano arma uma jogada e o francês o convida para dormir em casa. Milo percebe a vulnerabilidade do outro e ataca.

ATENÇÃO: No próximo capítulo há trechos com conteúdo erótico - verifique a indicação de permissão de idade do site antes de prossegui

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Nota da autora – Explicações

( 1 ) Máscara da Morte.

( 2 ) História contada no capítulo III – As primeiras pistas

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Notas da autora – Agradecimentos

Obrigada por todas as reviews. Milhões de beijos a todos que acompanham, principalmente a quem escreveu: Litha-Chan; Xonikax Hiwatari ; Fallen Angel; Margarida; Lininha; Ophiuchus no Shaina; Camis; Anjo Setsuna; Guilherme; Persefone-San; Arashi Kaminari; Cardosinha; Nanda Paulêra; Shakinha; Nana Pizani

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Nota da autora – contato

Podem me contatar, brigar, criticar (fiquem à vontade), reclamar, dar dicas ou só escrever para bater papo no erika(ponto)patty(arroba)gmail(ponto)com ou via review neste site.

Bela Patty .

- Fevereiro / 2006 –