O Escorpião Escarlate
Capítulo Anterior – No capítulo anterior Shura veio para a França e Aioros armou um barraco no coquetel da empresa, fazendo com que o Aquariano percebesse que deveria esquecer o espanhol. Milo recordou-se de Afrodite e jurou vingança contra o tratamento frio que recebeu do francês por causa da presença do Capricorniano. Três suspeitos em potenciais foram chamados para depor.
-oOo-
...Jabu bateu na porta e entrou.
- Licença ?
- Sente-se Jabu. Deve se lembrar de mim. Sou o investigador Kamus. Como de praxe, vou gravar nossa conversa. Faz alguma objeção ?
- Bom dia investigador Kamus. Não faço objeção nenhuma. Pode gravar. – deu uma pequena pausa – Eu... estou encrencado ? – perguntou timidamente.
- Você é quem vai me dizer. – replicou olhando bem para o garoto.
-oOo-
O Escorpião Escarlate – Capítulo X – Dúvida cruel
ATENÇÃO: Este capítulo contém trechos com conteúdo erótico. Verifique a permissão de idade do site antes de prosseguir.
O menino não sustentou o olhar com o policial encarando-o e olhou para baixo.
- Diga Jabu, - o francês retomou a conversa - por que não me disse que o seu tio fez os escorpiões de metal para o Escorpião Escarlate ?
- Não senhor Kamus. – apressou-se em dizer – Meu tio NÃO FEZ escorpiões PARA o Escorpião Escarlate. FOI O Escorpião Escarlate QUEM comprou os escorpiões do meu tio. Meu tio é uma pessoa muito honesta, senhor Kamus, ele não faria uma coi...
- Ok Jabu. Não estamos falando do seu tio. Eu perguntei porquê VOCÊ não me disse.
- Eu... - o garoto demorou a responder - fiquei com medo.
- Medo ?
- Medo de acharem que tinha sido eu, por causa dos escorpiões do meu tio.
- Como tinha tanta certeza que o escorpião era do seu tio ? Foi você quem colocou ele lá ? – sugeriu.
- NÃO, senhor Kamus. – respondeu prontamente – Eu não coloquei. Eu só... achei que era e o Seiya me disse que era.
- Então você está me dizendo que o Seiya sabia sobre os escorpiões desde o começo ?
- Eu... não posso acusar o Seiya disso, senhor Kamus. É que... é que... – suspirou – Sim. O Seiya sabia que meu tio fazia escorpiões. Acho até que foi por isso que ele pegou o escorpião da gaveta.
- Está tentando justificar alguma coisa, Jabu ?
O menino ficou mudo.
- Jabu, não tente me enganar. Eu não sou bobo.
- Desculpa investigador. Eu não quero te enganar. Eu só estou um pouco nervoso. Eu... não contei para o meu tio que eu vinha aqui. Ele é como um pai para mim e eu não quero envergonhá-lo.
- Então colabore. Conte como foi que o Seiya tomou conhecimento dos escorpiões antes do crime na restauradora.
- Ele foi um dia em casa jogar videogame. No jogo nós caçávamos e matávamos assassinos e ladrões – explicou – aí eu comentei com o Seiya que foi o meu tio quem tinha feito os escorpiões do famoso ladrão Escorpião Escarlate. O meu tio já tinha dito para não contar para ninguém, por isso quando eu disse para ele que tinha falado para o Seiya, ele ficou muito chateado. Ele disse que eu era um tolo e que eu só queria aparecer. Eu sei que não era para ter contado isso para um estranho. Eu sei que muita gente da feira de artesanato desconfiou que tinha sido o meu tio quem tinha feito os escorpiões. Teve até uma vez que o Seiya desenhou um escorpião e veio mostrar para o meu tio. E eu sei que ele ficou muito bravo porque no dia seguinte...
- Jabu, eu sou uma pessoa muito ocupada. Não tenho tempo para longas histórias. Quero que me conte sobre o dia em que você estava com o Seiya na sua casa jogando videogame. Ele quis ver os escorpiões ou foi você quem mostrou para ele ? De quem partiu a idéia ?
- Fui eu. – respondeu melancólico – Fui eu que mostrei.
- E ele tocou em algum escorpião ?
- Depois que a gente acabou o jogo, que eu acabei ganhando, – gabou-se – a gente foi até a sala e eu peguei a caixa no quartinho. Ficamos algum tempo ali na sala até que a vizinha me ligou. Ela é uma senhora idosa e às vezes a torneira da pia dela desencaixa e ela pede para arrumar. Eu pedi para o Seiya colocar a caixa no lugar enquanto eu ia ver a torneira dela. Aí quando eu entrei na casa da Dona Ilka, ela falou que tinha demorado um pouco para fechar o registro e ela estava nervosa porque o gato dela se molhou e ela queria enxugar o gato, mas o gato é muito bravo e eu tive que pegar...
- E quando você voltou ? – perguntou com pouca paciência – A caixa já estava guardada ?
- Já. Quando eu voltei para casa ele já estava no quarto jogando videogame de novo.
- E você tentou ver se os escorpiões estavam mesmo na caixa ?
- Bem, eu fui até o quartinho ver se a caixa estava no lugar certo. O meu tio é uma pessoa muito organizada e odeia que façam bagunça nas coisas dele.
- E você abriu a caixa ?
- Não. Só vi que estava no lugar certo.
- E você retirou os escorpiões de lá e colocou em algum outro lugar ?
- Não senhor Kamus. Depois daquele dia eu não mexi mais na caixa. Depois da bronca do meu tio, eu fiquei muito chateado.
- Seu tio foi ver a caixa depois disso ?
- Depois que eu contei que tinha mostrado para o Seiya, ele foi até o quartinho pegou a caixa e colocou em uma prateleira mais alta. Disse que não queria ver aqueles escorpiões nunca mais na vida dele.
- Então ele não abriu a caixa ? Que sorte, não ?
- Como ?
- Sabe o que é mais engraçado Jabu ? – questionou ignorando a pergunta do garoto – Seu depoimento não bate. Que tal começar a falar a verdade ?
- Senhor Kamus, por favor, - suplicou em tom choroso - eu fui até o armário para ter certeza que a caixa estava no lugar. Meu tio é mesmo muito organizado com as coisas dele, mas ele não abriu a caixa. Eu juro.
- E neste dia você percebeu se o Seiya saiu da sua casa com algum volume ? – questionou ignorando novamente o jovem.
- Não senhor. Ele estava de mochila, mas não notei nada diferente.
- E depois deste dia você voltou a abrir a caixa ?
- Não senhor. Eu não queria irritar o meu tio. Ele sempre disse que não queria que ninguém soubesse que foi ele quem fez os escorpiões porque tinha medo de ser preso e depois da bobagem que eu fiz, achei melhor nem mexer mais com este assunto.
- Certo. – deu uma pequena pausa - E quanto tempo faz isso ?
- Foi agora. Acho que tem pouco mais de um mês. Acho que uma semana ou duas antes do crime da restauradora.
O policial ficou algum um tempo quieto.
- Senhor Kamus ? – questionou em tom de súplica - O meu tio é inocente. Eu juro para o senhor. Ele escondeu os escorpiões em casa, mas ele não praticou crime nenhum. Se alguém errou nesta história toda fui eu, contando para um estranho sobre os escorpiões e escondendo da polícia que eu sabia quem poderia ter feito o escorpião que foi encontrado na gaveta. – deu uma pausa – Eu tenho pouco tempo de restauradora, senhor Kamus. Meu tio ficou muito contente que eu comecei a trabalhar lá, pois eu comecei a ajudar em casa. Eu fiquei com medo. Eu não queria perder o emprego e não queria que o meu tio fosse suspeito de nada. Seria uma grande vergonha para ele se o senhor Tatsumi me demitisse porque antes de começar a trabalhar na restauradora eu dei muito trabalho para o meu tio. Eu fui um adolescente muito complicado e o meu tio foi um pai para mim. Eu sei que se eu...
- Eu já entendi. – respondeu cortando o menino e sem paciência para outra longa história.
- Ou eu ou o meu tio vamos ser presos por esconder isso da polícia ? – perguntou olhando para baixo.
O francês não se comoveu.
- Onde está o quadro ? – perguntou secamente.
O menino ficou estático.
- Quadro ? – perguntou – O quadro roubado ?
- Exatamente. Onde está ?
- Senhor Kamus, não fui em quem o roubei. Eu não toquei neste quadro e nem era eu quem estava trabalhando nele. – disse em tom ofendido.
- Eu não sou idiota, Jabu. Fale. Eu sei que você sabe muito mais do que está me dizendo.
O garoto voltou a ficar mudo.
- Então prefere não me falar sobre o quadro ?
- Eu não tenho o que te falar, policial, eu juro. – disse em tom de súplica.
- Se você prefere jogar assim, que seja. – disse com frieza - Estou de olho em você menino e não vou ser bonzinho. – levantou-se – Tem certeza que não tem mais nada a dizer ?
- Não senhor. – replicou baixando o olhar – Mas... se eu lembrar de alguma coisa... eu falo.
- Jabu, você sabe que quem protege um criminoso também é cúmplice, não sabe ?
- Vou me lembrar disso. Obrigado senhor Kamus. Um bom dia para o senhor. – e retirou-se.
O Aquariano pegou o telefone e ligou para a policial. Pediu para Marin trazer Seiya para depor.
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- Licença ? Bom dia, policial.
- Bom dia Seiya. Creio que se lembre de mim. Investigador Kamus. Você sabe por que está aqui ?
- Lembro sim, investigador, mas não faço idéia porque estou aqui.
- Você está aqui porque mentiu no seu primeiro depoimento.
- Não policial. – arrumou-se na cadeira – Eu não...
- Cuidado com o que vai falar. – disse cortando o outro - Você sabe que as conversas são gravadas. Quer que eu mostre onde você mentiu ? – perguntou ameaçadoramente.
- Não senhor. – respondeu bem tenso.
- Quero a verdade. Como foi a primeira vez que teve contato com os escorpiões de metal ? – questionou olhando-o friamente.
- Eu... fui até a casa do Jabu jogar videogame e ele comentou que o foi o tio dele quem fez os escorpiões do ladrão Escorpião Escarlate. Eu não acreditei, ainda mais porque eu pesquisei depois na internet e vi que o Escorpião Escarlate não tinha dito quem fez os escorpiões.
A informação não passou despercebida pelo policial.
- E aí você pediu para ele te mostrar os escorpiões.
- Não. Foi ele quem insistiu para eu ver.
- E você pegou os escorpiões na mão ?
- Ele colocou um na minha mão, mas eu não queria pegar naquilo. – disse com nojo.
- E então você guardou a caixa ?
- Não. A vizinha ligou e o Jabu foi até lá ver a torneira dela, mas disse que eu não precisava ir com ele. Ele disse que a velha era muito chata. Aí quando eu fiquei sozinho eu tampei a caixa e deixei na sala. Fui até o banheiro, lavei a mão e depois voltei para o quarto para jogar.
- Então você não recolocou a caixa no lugar em momento algum.
- Não.
"O Jabu disse que ele guardou a caixa, ele diz que não guardou. Quem está dizendo a verdade ?"
- E você pegou algum escorpião como lembrança ?
O menino ficou mudo.
- Pegou ou não pegou ?
O menino continuava mudo.
- Eu já sei a resposta Seiya, então se você mentir, você estará MUITO encrencado.
- Eu peguei um só, eu juro, mas não foi roubado. Eu ia devolver. Eu só peguei para tentar achar na internet se era mesmo igual ao do Escorpião Escarlate. Eu achei que o Jabu estava tirando sarro de mim e eu queria sacanear com ele, só isso. – disse em tom suplicante.
Kamus não se comoveu.
- Onde está o escorpião ?
- Joguei fora. – disse baixando o olhar – Depois que a polícia disse que era um crime, eu fiquei com medo de me envolver.
- Não tente me enrolar, Seiya. Eu posso te colocar atrás das grades, onde você vai ter um longo tempo para pensar nas verdades que deveria ter dito.
- Investigador, é verdade. Por favor, não me mande para a cadeia.
- Então me dê um bom motivo para isso.
- Eu estou falando a verdade.
- Ah, está ? Então me diga a verdade: por que no dia do crime você pegou o escorpião com a mão ?
- Eu queria saber se era mesmo do senhor Sòlon. – respondeu em tom suplicante – No começo eu achei que era brincadeira do Jabu, mas depois que ninguém achou o quadro, eu vi que não era brincadeira.
- Quer dizer então que você pegou o escorpião e viu que era do senhor Sòlon. Por que você não disse isso para a polícia ? Por que não disse que sabia quem tinha feito o escorpião ? Por que deixou que as suspeitas caíssem sobre você ?
- Porque... eu não podia acusar o senhor Sòlon.
- E por quê ?
- Fiquei com medo da reação da minha irmã.
- Sua irmã tem um caso com o senhor Sòlon ?
- NÃO policial ! – apressou-se em dizer – Minha irmã é uma moça direita. Ela é solteira. – deu uma pausa – Eu... fiquei com medo porque ela tem muito respeito por ele por causa da época das... das... por causa de um negócio que aconteceu.
- O que aconteceu ?
- Eu...
- DIGA ! Você está me fazendo perder a paciência, moleque !
- Senhor Kamus, se eu contar eu posso perder o meu emprego...
- Se não contar pode perder a liberdade.
- Ok. – suspirou - No início do ano passado eu e o Jabu nos envolvemos com uma turma da pesada. Acabamos experimentando algumas drogas e ficamos mal. – deu uma pausa - O senhor Sòlon arrumou uma clínica para internar o Jabu e a Seika, minha irmã, pediu para ele me arrumar uma vaga. Ele arrumou em outra clínica e foi muito bom para mim. Eu saí umas três semanas antes do Jabu e consegui emprego na restauradora. Para agradecer arrumei uma vaga para o Jabu. – deu uma pausa – Por favor policial, o senhor Tatsumi não sabe disso. Se o Jabu perder o emprego ele pode trabalhar com o tio dele na feira ou com a tia fazendo bolos para vender, mas se eu for demitido... a minha irmã é garçonete. Também ganha pouco.
O Aquariano estava aborrecido. Agora tinha certeza que o artesão mentira. Não era o sobrinho que tinha uma dívida com o Pégasus, mas o japonês que tinha uma dívida com o senhor Sòlon. Pelo menos agora sabia o verdadeiro motivo do Seiya ser uma má companhia. "Que droga !" – pensou irritado – "Por que TODO MUNDO mente ?"
- Diga onde está o quadro e sua pena poderá ser amenizada.
- Investigador Kamus, eu não sei.
- Ok garoto. – disse em tom ameaçador – Vou te dar dez segundo para me dizer onde está o quadro ou vou considerar que você não quer cooperar.
- Investigador, eu juro, eu não sei onde está o quadro. Não fui eu que roubei.
- Essa é a sua última palavra ?
– Eu juro. Não fui eu. – replicou em tom humilde
- Ok. Então não posso fazer mais nada por você. – disse secamente – Pode sair. Vou ficar de olho em você e ao mínimo deslize, eu te pego.
O menino ficou assustado. Levantou-se e saiu com pressa.
- O que achou Shaka ? – perguntou olhando para a câmera depois que o outro saiu.
Momentos depois o loiro entrava na sala.
- Em primeiro lugar, achei ótima a sua atuação. Parabéns. – disse sorrindo – Agora, se a situação não fosse complexa, ia parecer uma piada. Foram três depoimentos no mínimo estranhos e com umas mentiras bem interessantes, eu diria.
- Dois destes garotos têm muita personalidade. – o francês comentou.
- Isso é o que preocupa. Eu tenho a impressão que estamos mesmo na pista certa. Ainda mais porque ficou evidente que o senhor Sòlon também mentiu, afinal o tal Pégasus arrumou um emprego para o sobrinho dele para pagar um favor e não para ficar jogando na cara do Jabu.
- Sabe Shaka, eu acredito que nesta cadeira, – apontou onde os três jovens sentaram – sentou uma pessoa muito inteligente. Uma pessoa muito esperta, manipuladora e que não dá para descuidar. Eu tenho CERTEZA que um destes três meninos tinha motivos e mentiu muito mais que o senhor Sòlon.
O indiano pegou um papel e escreveu duas letras nele.
- É desta pessoa que eu desconfio.
- Tenho o mesmo raciocínio que você. – o francês concordou sorrindo – Mas vamos ficar de olhos abertos. Acho que em breve teremos outro crime.
- Você acha que essa pessoa está sozinha ?
- Não. A investigação está sendo atrapalhada pelo excesso de mentira e falta de comprometimento dos depoentes, mas é um trabalho de amador. Essa pessoa – apontou para o papel - não deve estar fazendo isso sozinha. Acho que essa pessoa está com mais alguém. Talvez, com esta outra pessoa. – e escreveu outras duas letras na folha.
- Eu já acho que esta outra pessoa, – escreveu outras duas letras – é a cabeça e esta outra, – apontou para as duas primeiras letras que tinha escrito – é o executor.
- Bem, - Kamus comentou rasgando o papel – vamos esperar. Acho que muito em breve saberemos a resposta.
- Também pode ser que estejamos enganados e que nos surpreendamos muito.
- Elementar, meu caro Shaka. – brincou com o subordinado (1) – A mente criminosa é SEMPRE surpreendente.
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Mesmo dia do depoimento. Período da tarde...
- Alô ? – o jovem atendeu logo no primeiro toque do telefone.
- E aí ? Como foi a conversa com a polícia ? – perguntou em tom de deboche.
- Eu já disse para você tomar cuidado quando me ligar. – respondeu secamente e em um sussurro – Não podem saber que estamos juntos nessa.
- Calma. – a voz do outro lado riu. – Estamos quase lá. Vai ser hoje. Está tudo pronto ?
- Claro. – deu uma pausa - Você não vai esquecer de tudo o que combinamos, não é ?
- Claro que não. – respondeu em tom irritado.
- E se a polícia perceber a jogada ?
- Se você não fez bobagem no depoimento, tudo vai dar certo neste terceiro crime. E depois, não se preocupe, nas histórias policiais o culpado é sempre o mordomo. – disse e riu da própria piada.
- Eu estou falando sério. Estamos arriscando demais. Eu me fiz de meia vítima no depoimento, mas o policial não engoliu o que eu disse. Ele acha que estou mentindo. Isso está muito arriscado. A polícia pode desconfiar e eu posso ser preso e...
- Você NÃO pode ser preso agora. Eu preciso desta grana. Nós... precisamos.
- A gente deveria ter roubado um banco.
- Não seja idiota. Não é só pela grana que estamos fazendo isso. – deu uma pausa – Eu também quero sentir o sabor da vingança. – disse e sorriu – Eu vou mostrar para ELE do que sou capaz. ELE não devia ter brincado comigo desse jeito.
- E você não pensa sobre o que a gente vai fazer com a grana ? O que este dinheiro vai pagar ?
- CHEGA ! Não adianta mais pensar nisso. A decisão já está tomada e vamos mesmo pagar para que ele seja morto. Ele TEM que morrer e não vou mais derramar UMA lágrima por isso. A opção é simples: ele ou eu. Claro que escolho eu. Infelizmente assim é a vida. Gente nasce e morre todo dia.
- Tudo poderia ter sido diferente. – replicou calmamente.
- Claro que poderia. Eu poderia pegar uma faca agora e estripar os meus inimigos. – disse em tom de insanidade - Ver os olhos de medo deles enquanto imploram perdão. – deu uma pequena pausa – Eu TE JURO. Juro que este sangue inocente NÃO será derramado em vão. – disse com raiva.
- Às vezes até EU tenho medo de você.
- Não precisa. Basta se comportar direitinho que você NUNCA vai sentir o meu ódio.
- Você não deveria odiar tanto assim. Isso não faz bem para o...
- Não deveria ? NÃO DEVERIA ? – perguntou em profunda irritação – ELES me fizeram e me fazem sofrer. ELES me jogaram na pior de todas as prisões. Eu fui APENAS uma marionete enquanto servia o Mestre. Mas agora, eu vou mostrar que eu TAMBÉM SEI ser Mestre. – deu uma pequena pausa - Eu vou matar, mas ELES vão me pagar. EU JURO. – disse com a voz carregada de ódio.
-oOo-
No carro. Terça-feira à noite, a caminho da delegacia...
- Milo ? – o francês o chamou – Está tudo bem ? Eu quase não ouvi a sua voz o dia todo.
- Estou um pouco chateado. Só isso. – respondeu e voltou a ficar mudo.
- Por quê ?
- Tive um pesadelo esta noite, - mentiu – e volto para a Clairvaux na sexta sem ter conseguido meus dez dias de sol. – replicou - Não saí uma só vez para comer na hora do almoço.
- Milo, quantas vezes eu tenho que te explicar que você não está aqui a passeio ? Você vai ficar exatamente dez dias fora da Clairvaux, o que você está reclamando ?
- Desculpa. – pediu humildemente – Tem toda razão. É bobagem minha. Ao menos teve sol do domingo e... ah ! Esquece. Eu é quem estou meio amargo mesmo. – deu uma pequena pausa - Mas hoje vou dormir em uma cama mais macia e prometo que amanhã estou melhor.
- Em uma cama mais macia ? – perguntou sem entender.
- Vou pedir um colchonete extra. – explicou.
- Ah, claro. – replicou um tanto sarcástico – E você acha MESMO que o carcereiro vai te dar um colchonete extra.
- Vou negociar com ele.
-Você NÃO VAI jogar pôquer com ele. Eu NÃO vou deixar. Isso infringe a lei de segurança da carceragem e...
- Não precisa fazer nada, Kamus. – disse cortando o policial - Eu não vou jogar pôquer. Eu disse que vou negociar. – deu uma pequena pausa - E não precisa se preocupar. Não vou trocar por nada que você me deu. – deu outra pausa - Na verdade eu gostei da sua dica da última vez. Vou mesmo trocar pela única coisa que tenho (2). Inclusive, se não me engano o carcereiro da noite está sem namorada. – continuou a falar pois tinha que convencer o investigador a não deixá-lo ir para cadeia. - Acho que ele vai aceitar a minha oferta numa boa.
- Pensei que você tinha dito que você não era tão fácil.
- A ocasião faz o ladrão, policial. – replicou e suspirou – Estou cansado e irritado. Preciso dormir melhor hoje. Não quero ter pesadelos.
Os dois ficaram algum tempo em silêncio.
"Droga Kamus !" – o preso pensou – "É para você me convidar para dormir na sua casa !" – ficou tenso – "Ele não caiu. E agora, o que eu faço ?"
- Você... – o francês começou com cuidado – ...quer dormir na minha casa ? Assim a gente conversa sobre os depoimentos.
- Se eu quero ? É CLARO que eu quero. – respondeu docemente – Tenho certeza que vou dormir muito melhor.
- Mas hoje você vai usar algemas para dormir.
- Tudo o que você quiser, policial. – replicou sorrindo enquanto em seus olhos o ódio apenas aumentava.
-oOo-
Apartamento do investigador...
Os dois chegaram no apartamento e o francês seguiu o ritual do primeiro dia. Algemou o preso na banheira e foi tomar banho. Depois o soltou para que ele tomasse um banho também. Jantaram e passaram para o escritório.
Kamus não o algemou, mas ficou longe do criminoso e com a arma à mão. Os dois começaram a ouvir os depoimentos, mas Milo estava desatento. Sua mente estava cheia de ódio. Queria vingança a qualquer custo. Olhou para o francês. Desejava-o e o seduziria. Seduziria, aproveitaria e abandonaria. Queria descartar o Aquariano da forma que mais o machucasse. Só assim sua vingança seria completa.
O ladrão levantou-se em um rompante e saiu da sala.
- O que aconteceu ? – o policial perguntou vindo atrás do outro.
- Sabe Kamus, eu estava pensando. Você mudou muito depois que o seu ex- chegou.
- Sem essa Milo, vamos voltar para o escritório.
- Estou falando sério.
- Ok.
- Ah, agora eu estou vendo. Você está com medo. – o grego alfinetou.
- Medo de quê ?
- Da verdade.
- Humpf ! Por favor, me poupe. – disse e entrou novamente no escritório.
- Não fuja de mim, Kamus Cartelié. Você esta com medo.
- Medo de quê ? – o policial disse com firmeza, mas se sentiu pouco à vontade. Sabia que era um jogo. Não podia cair na armadilha.
- De admitir que não conseguiu resistir ao seu ex- e desejou o tempo todo que ele te beijasse, principalmente na frente do novo namorado.
- Milo, pare com isso.
- Humm... logo vi. – o grego cerrou os olhos e começou a se aproximar perigosamente - Já sei o que você quer.
Kamus apontou-lhe o revólver.
- Quer atirar ? Atire. Faça este favor para nós dois. – e continuou a avançar lentamente, cerrando os olhos, tirando a camiseta e deixando-a cair no chão – Atira. Atira bem aqui no meu peito. Atira bem no coração para arrancar o ciúme que eu senti em te ver com aquele espanhol-metido-a-besta.
- Ciúme ? Por que você sentiria ciúme de mim ? – questionou a voz um pouco tremida enquanto dava alguns passos para trás.
- Enquanto você estava naquele coquetel, desejando aquele imbecil, eu fiquei naquela delegacia, SOZINHO, pensando em você. O Shura é um idiota. – deu um sorriso sedutor - COMO ele conseguiu deixar um monumento destes – olhou-o de cima a baixo – escapar ?
- Milo, se afaste. Eu não quero atirar. – deu mais alguns passos para trás.
- Não. Você não quer. – agora já estava assustadoramente perto – Você quer o mesmo que eu. – disse sedutoramente e continuou a avançar.
A mente do francês trabalhava a mil, parte pedindo para ele atirar e parte dizendo para ceder. Um calor percorreu o seu corpo.
- Kamus, chega de mentira. – disse suavemente - Deixa essa pose de certinho de lado. – estava colado no revólver – Você quer... eu quero... estamos sozinhos... qual o problema ? – disse com a voz rouca e olhando para os lábios do investigador.
O Aquariano foi tomado pela luxúria. Desejou o outro intensamente.
- Deixa eu te mostrar como sei ser carinhoso. – pediu docemente, olhando nos olhos do policial, colocando a mão na arma e afastando-a do seu peito.
O coração do francês batia loucamente. Sua boca secou e as pernas ficaram um pouco moles. Milo passou a mão em volta do corpo do outro e o abraçou.
– Eu quero te provar. – disse sussurrando e beijando o pescoço branquinho do outro.
Kamus fechou os olhos, estremeceu e suspirou de leve. Era exatamente o que queria.
O Escorpiniano foi direcionando seus beijos suaves do pescoço para o rosto, até que alcançou os lábios do investigador. Beijava suavemente, apenas com selinhos, aumentando a vontade do Aquariano que abria gradativamente a boca. O criminoso colou nos lábios do francês o invadiu lentamente. Passou a língua morna pelos dentes do policial e aprofundou o beijo aproveitando todo o interior da boca do outro. Kamus começou a corresponder. O beijo era muito melhor do que esperava e o investigador gemeu dentro da boca do presidiário.
Aquele gemido alterou os sentidos do ladrão.
"Não Kâ, não faz isso que eu enlouqueço" - pensou e começou a empurrar o outro em direção ao sofá que ficava no escritório. - "Você não pode me seduzir, meu francesinho. EU é que tenho que te seduzir. Vou te seduzir, te fazer meu e te abandonar."
Kamus se deixou levar e deitar no sofá, sem dar ouvidos para sua mente que o bombardeava com suplicas para parar e ser profissional.
"Vou te levar para a cama, vou te usar, vou abusar de você e depois que você dormir, eu vou embora."
O beijo ficou mais intenso. Ambos estavam muito excitados. O policial deixou a arma cair no chão e abraçou o Escorpiniano, passeando a mão pelas costas do outro e pelo bumbum, causando ainda mais desejo no presidiário.
- Humm... – disse se deliciando com o beijo e com a ousadia do francês – Se eu soubesse que o seu beijo era assim tão gostoso, eu teria te beijado antes.
- Mas quem disse que eu ia deixar você me beijar ? – perguntou com um sorriso levemente sarcástico.
- Humm... está me desafiando, francesinho ? Está se fazendo de difícil ?
- Acha que é só chegar e pegar ?
O sorriso do grego se desfez. O policial também ficou sério. Milo sentiu um calor subindo pelo corpo.
- Não Kâ. – disse suavemente e passou delicadamente a mão no rosto do investigador – Com você jamais seria assim. – replicou fitando-o com seus belos olhos azuis. – Eu não te quero só por uma noite.
Depois do comentário o Aquariano engoliu seco e seu coração começou a bater muito mais rápido.
"KAMUS ! PARE ! Ele é um presidiário. Você é um policial. Pegue sua arma AGORA ! Não avance mais. Tire esta vontade da cabeça. Você NÃO está apaixonado. NÃO ESTÁ."
O grego abaixou-se lentamente. O francês fechou os olhos e beijou com desejo, sem considerar uma única palavra do que sua mente lhe dizia.
Depois de algum tempo o investigador interrompeu o beijo, empurrou um pouco o outro e se levantou.
- Desculpa Milo. Não dá para continuar. Não podemos. – replicou pegando a arma e se afastando.
O outro veio felinamente ao seu encontro.
- Agora que eu te provei, eu quero tudo. – e avançou sobre a boca do outro, empurrando-o, até que pararam na parede.
- Milo, não. – disse sem muita convicção, oferecendo o pescoço ao outro e deixando o grego retirar sua camiseta.
Quando o Escorpiniano viu as sardinhas espalhadas pelo ombro e um pouco pelo peito do francês, sorriu. Kamus era realmente lindo. Seria fácil.
O grego beijou-lhe as sardas com desejo. O policial amoleceu com as ações do outro. Milo continuou a beijá-lo, subindo pelo pescoço e lambendo-o, enquanto deslizava a mão para dentro do short do investigador e iniciava alguns movimentos cheios de malícia. O Aquariano gemeu imediatamente. O ladrão ficou ainda mais excitado. Adorava os gemidos do francês.
Milo deslizou a mão para o bumbum do outro e gemeu em seu ouvido. O policial gemeu ainda mais. O Escorpiniano beijava e lambia o pescoço cheiroso do policial e descendo um pouquinho, deu-lhe uma mordida de leve no ombro. Kamus arrepiou-se completamente, deu um grito abafado e sentiu suas pernas amolecerem e perderem a sustentação do corpo. O revólver acabou indo para o chão, mas o preso foi rápido e amparou o Aquariano. Apertou-o na parede e beijou-o sem piedade. O francês se rendeu e correspondeu em igual intensidade, explorando a boca do grego e passando a mão por suas costas, descendo até o bumbum e apertando.
Imediatamente o criminoso parou de beijar o outro e ficou sério. Estava muito excitado. Segurou o Aquariano pela cintura, o levantou.
- Passa as pernas em volta de mim. – pediu com volúpia e o francês obedeceu.
Milo desencostou o outro da parede e o levou, ainda beijando-o, em direção ao quarto. Estavam próximos da cama quando o Escorpiniano jogou um pouco o corpo do policial para trás e beijou seu peito e suas sardas, mordiscando de leve seu mamilo. Kamus gemeu alto. O preso caiu com o outro na enorme cama.
- Kamus, não geme assim que você me enlouquece. – e mordiscou-o novamente.
O francês gemeu mais ainda e arqueou as costas, oferecendo-se. O grego estava extremamente excitado. Retirou o short e a cueca-boxer do investigador lentamente, descobrindo o desejo do outro. Mordeu os lábios. Agora queria o policial para si de qualquer jeito.
"Humm... meu francesinho lindo. Lindo e gostoso. Gostoso e miserável. Miserável e desgraçado" – puxou o Aquariano e o beijou com fúria - "Eu vou abusar de você. Vou abusar completamente." – pensou "E ainda vou te deixar um bilhete agradecendo pelo sexo. Ou você acha que vale para mim mais do que isso ?" – pensava enquanto tocava o outro com malícia.
- Hummm... Milo... – gemeu.
O ladrão sentiu o próprio corpo estremecer. Aquele corpo branquinho, macio, cheiroso e cheio de sardinhas embaixo de si, era mesmo de enlouquecer.
- Kâ, como você é lindo. – disse-lhe sinceramente.
O policial sorriu e se deixou ser beijado.
"Milo, você está LOUCO ? É para SEDUZIR o policial, e NÃO para SE APAIXONAR por ele. TIRE esse olhar bobo do rosto. Tudo bem que o sorriso dele é lindo, mas não vá se deixar iludir. Em primeiro lugar você precisa fugir e depois, lembre-se que ele te desprezou e pisou em você"
O presidiário voltou a se concentrar no que precisava fazer e começou a escorregar os lábios pelo pescoço e peito do francês. Seus belos cachos azulados derramavam-se em cascata pelo peitoral e abdômen do Aquariano, enquanto descia, aos beijos, para a área mais sensível do corpo do outro.
O Escorpiniano levantou um pouco o pescoço e passou a mão no rosto para retirar os cachos que caiam e atrapalhavam sua visão, quando seus olhos acabaram se desviando, em um breve instante, até o criado mudo ao lado da cama. Lá estava seu objeto de desejo: a chave-cartão. Ela estava ali. COMPLETAMENTE disponível. Oferecida quase em uma bandeja. O criminoso sorriu. Sabia o código. Seria bem mais fácil do que imaginava.
Milo deu um beijo abaixo do umbigo do Aquariano e desceu a mão para tocar-lhe o sexo mas com malícia. Kamus gemeu alto. A respiração do preso parou na hora.
Não. Não podia fazer isso. Não podia machucar seu francesinho deste jeito. O investigador o tinha tratado mal quando estava com Shura, mas ali, naquela cama, ele era o SEU francesinho, não era ? "NÃO" – sua mente gritou. Ele não era o SEU francesinho. Milo deveria ser frio. Impiedoso. Deveria machucar o outro e fazê-lo sofrer. "Devo mesmo ?" – perguntou-se. Sua mente era um poço de dúvida. Precisava sair dali e pensar, mas o Aquariano começou a se movimentar libidinosamente sob a mão do criminoso.
"Kâ, por Deus, me diz como eu posso PENSAR com você se esfregando deste jeito em mim ?"
O ladrão gemeu e o policial contra-atacou. Virou-se por cima do grego e subiu em seu corpo. Como um bom amante, beijou-lhe a extensão do peito suavemente. Depois, sedutoramente, contornou os lábios do Escorpiniano de leve com a língua enquanto deslizava o próprio corpo nu pelo corpo moreno do outro. Milo arqueou as costas e puxou o ar entre os dentes, de tanto prazer.
- Kamus, não faz isso. Assim eu morro. – pegou-o com firmeza e virou-o na cama, voltando a subir sobre ele, mais excitado ainda.
- Prefere que eu fique parado ? – perguntou sorrindo.
"Por Deus, Kâ, como você é lindo."
- Não, meu francesinho. Gosto de você assim.
Trocaram sorrisos.
- Então me beija. – o Aquariano pediu em tom de súplica.
O pedido destruiu o grego. Beijou-o ardentemente, mas por dentro se sentia um monstro. O francês já estava completamente entregue e provavelmente apaixonado. Era óbvio. Era só olhar para ele.
Pelo jeito o policial sairia bem machucado daquela relação. Milo parou de beijá-lo.
- Por favor, Mon Ange (Meu Anjo), me beija. – pediu de olhos fechados.
"Mon Ange ?" - Milo pensou - "Não Kamus, não me chama assim. De Anjo eu não tenho nada".
- Kâ, por favor não fala assim comigo. – pediu suplicante – Assim eu vou me apaixonar perdidamente por você. – replicou com sinceridade.
- Hummm... – ronronou – Eu derreto quando você me chama de francesinho e de Kâ. – disse sem se preocupar com a sua mente que o bombardeava a todo segundo, lembrando-o que era um policial e o outro um presidiário.
- Derrete ? – perguntou baixinho.
- Derreto. – respondeu no mesmo tom, fechou os olhos e fez biquinho para receber outro beijo.
Milo estremeceu. Se ouvisse mais uma dessas, sua vingança cairia por terra e perderia sua liberdade. Precisava continuar com seu plano.
"Kamus, eu preciso te abandonar e você não está colaborando" - pensou – "Será que dá para você parar de ser tão doce e gostoso na cama ?"
- Tive uma idéia. – o grego disse sorrindo e passando os dedos pelo peito do investigador, evitando o beijo. Já estava muito difícil resistir aos encantos do policial e sabia que se o beijasse mais uma vez, talvez nem conseguisse mais. – Você tem gelo em casa, não ?
- Gelo ? Acho que sim. – deu uma pequena pausa – Mas para que você quer isso, Mon Ange ? – perguntou com um sorriso malicioso.
Sorriu forçadamente. "Kamus, não me chama assim, eu preciso fugir. Dá para você parar de me deixar confuso ? É para eu te abandonar e não para me apaixonar por você."
- Você vai ver, meu francesinho. – respondeu sedutoramente – Vou pegar na geladeira.
Em um golpe de mestre, o grego passou a mão no criado-mudo e pegou o cartão.
- Milo ?
O presidiário gelou e engoliu seco. Voltou-se para o outro.
- Sim ?
- Não demore. – o Aquariano replicou sorrindo.
O presidiário sentiu a alma gelar ao ver aquele belo sorriso. Virou-se rapidamente. Se olhasse novamente para o SEU francesinho, não resistiria e abandonaria de vez o seu plano, entregando-se aos apelos do outro.
Saiu do quarto com a respiração descontrolada. Foi até o escritório, pegou sua camiseta e vestiu. Não podia sair na rua só de short. Foi até a cozinha, abriu a geladeira e retirou o gelo. Sua mente estava a mil. Não tinha mais certeza de nada.
"O que machucaria mais o meu francesinho ? Ser abandonado agora ou depois do ato ?" – pensou e suspirou "Certamente depois"
Suspirou novamente. Estava a um passo da liberdade, mas já não sabia se queria mesmo se vingar. Só sabia que se sentiria MUITO PIOR experimentando o outro por completo e abandonando-o. Também sabia que machucaria seu francesinho elevado ao infinito se o abandonasse DEPOIS que ele se entregasse. Ao menos agora só haviam trocado alguns beijos.
Parou em frente à porta da cozinha. Não sabia se esta tinha o mesmo código da sala, porém achou melhor não arriscar. Foi até a sala, colocou o cartão na fechadura e digitou os números. A porta fez um barulho e se abriu. O grego entrou no elevador e apertou o térreo.
-o-
Tudo foi tão rápido que Kamus só percebeu o que estava acontecendo instantes depois de ouvir o barulho da porta.
- Milo ? – o investigador chamou.
Silêncio.
- Milo ? – chamou novamente.
Sentou-se na cama. Seus olhos arderam imediatamente.
Dor... Dor... DOR.
Uma lágrima correu solitária por seu rosto. Kamus se sentia um objeto. Usado e descartado. Sujo e desprezível. Desprezível e enganado.
Enganado... e sozinho.
A dor por ter sido usado pelo ladrão doeu mais que o abandono de Shura. Levantou-se, pegou seu distintivo, sua arma reserva no criado mudo, vestiu rapidamente uma calça, uma camiseta e voou escada abaixo.
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Próximo Capítulo: Kamus se lembra do dia em que foi abandonado pelo espanhol. Após de perseguir o Escorpiniano, o francês o encontra e puxa o gatilho. O Aquariano sofre imensamente por ter sido usado pelo ladrão. O terceiro crime acontece e uma informação importante aliada a um depoimento, reforçam as suspeitas dos policiais.
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Notas da autora – Explicações
( 1 ) Tal qual Sherlock Holmes falava com seu ajudante, o Senhor Watson.
( 2 ) O corpo do grego. No capítulo VIII - Irresistível, Kamus pensou que o Escorpiniano tinha trocado o iPod pelo próprio corpo.
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Notas da autora – Agradecimentos
Fico muito feliz com as reviews e o carinho de todos que acompanham. Mando beijos especiais aos que escreveram: Litha-chan; Margarida; Guilherme; Shakinha; Patin; Ophiuchus no Shaina; Anjo de Andrômeda; Lininha; Camis; Greice Heck; Cardosinha; Giselle; Kaliope; Nanda
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Nota da autora – contato
Podem me contatar, brigar, criticar (fiquem completamente à vontade), reclamar, dar dicas ou só escrever para bater papo no erika(ponto)patty(arroba)gmail(ponto)com (não tem o BR) ou via review neste site. Prometo que respondo todos os e-mails e reviews.
Bela Patty .
- Março / 2006 –
