Capítulo Anterior - No capítulo anterior o Aquariano envia um pedido de desculpas ao preso e ao se encontrarem, confessa-se gostando do ladrão. Kamus e Shaka trocam informações e o francês consegue desvendar os crimes.
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...- Será uma grande surpresa para a família quando a garota aparecer grávida. - o francês comentou.
- Sempre uso camisinha. Não há este perigo. - disse com total segurança.
Kamus deu um leve sorriso. O garoto ficou nervoso.
- Como sabe o que rolou lá dentro ? - Ikki questionou um tanto tenso.
- Não sabia. - sorriu - Você acabou de confirmar.
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O Escorpião Escarlate - Capítulo XV - A revelação
Fênix estava paralisado. Mil coisas passavam por sua cabeça, mas nenhuma parecia ser boa o suficiente para convencer o homem que estava diante de si.
- Eu usei camisinha, eu JURO. - disse em uma quase-súplica.
- Tudo bem. Acredito em você. - replicou em tom ameno.
- Vejo que não acredita, mas eu usei. De verdade. E não sou ladrão. Não sou mesmo. Não roubei nada. JURO !
- Você me parece tenso, Ikki. - disse isso apenas para deixar o outro ainda mais nervoso - Responda-me uma pergunta, e não tente me enrolar pois já sei a resposta. Por que o aparelho apresentou defeito ?
O jovem engoliu seco e ficou mudo durante algum tempo. Suspirou. Não dava mais para esconder.
- Ok. - disse resignado - Eu passava grande parte do tempo vendo sites pornôs. Fazia os testes por amostragem. Este foi um dos aparelhos não-testados.
- E por que omitiu esta informação desde o começo ?
- Se eu fosse descoberto, seria demitido. Como eu não havia roubado nada, não pensei que esta omissão fosse assim tão grave.
- Não pensou que esta omissão fosse GRAVE ? - indagou duramente - Você atrapalhou minhas investigações, garoto, e ISSO, é MUITO grave.
O rapaz engoliu seco. O olhar repreensivo do Aquariano o deixava ainda mais angustiado.
- Seu chefe me ligou esta semana. Disse que você foi demitido por ficar na internet ao invés de trabalhar. Muito bem, Ikki, emperrou a justiça e agora está na rua. - deu uma pequena pausa - Que será pior ? Ficar desempregado... ou preso ?
O garoto arregalou os olhos.
- Pr...eso ? - falou com dificuldade - Eu serei preso ? Não, policial, por favor. Eu não sou ladrão.
- Não estou dizendo que é, mas se estivesse em meu lugar, o que faria ? - questionou sem emoção alguma - Você trabalhou arduamente por mais de um mês. Um jovem que poderia ter falado a verdade, mentiu VERGONHOSAMENTE para encobrir o próprio desvio de personalidade. - o olhar do francês era mais gelado que um iceberg. Fênix ficou com medo.
- Desculpe. - pediu humildemente - Sei que não fui correto em meu serviço e nem em meus depoimentos, mas se eu puder fazer alguma coisa, qualquer coisa para me redimir de tud...
- Como um policial comprometido, - Kamus continuou a falar, interrompendo o rapaz - você deixou o descanso de lado e utilizou os SEUS finais de semana para mergulhar em detalhes e deduções que descobriu serem falsas. Por conta disso, também não conseguiu avaliar outros casos de suma importância. O que faria, Ikki ? Deixaria o delinqüente sair ileso ou aplicaria um corretivo ? Lembre-se que você trabalha em favor da sociedade e ela cobra que as pessoas de bem sejam amparadas e as más punidas.
A pressão psicológica a que o investigador o estava obrigando era demais para si. Ficou angustiado. Começou a suar.
- Policial, por favor. Eu posso fazer trabalhos para a comunidade, pagar alguma coisa para o meu chefe ou para você e...
- PAGAR ? Está querendo me subornar, moleque ? - seus olhos faiscavam quando fez a pergunta.
- NÃO ! Não estou querendo te subornar ! - disse rapidamente - Por favor, policial ! - suplicou - Só estou querendo dizer que se eu tiver que pagar alguma coisa, um laudo, uma perícia, trabalhar de graça, visitar instituições carentes, fazer ações comunitárias, qualquer coisa, estou disposto a isso.
- É mesmo uma pena, Ikki. - disse com total frieza.
- UMA PENA ? - desesperou-se - Não policial, por favor. Eu faço QUALQUER coisa, mas por favor, não me prenda.
Fênix baixou a cabeça e colocou a mão no rosto. Quando retirou a mão, tinha os olhos marejados.
- Me perdoe policial. - suplicou - Eu não queria causar todo este estrago. Eu juro !
O Aquariano demorou a responder. Seu olhar sobre o jovem era de puro desprezo.
Talvez o método utilizado com Fênix fosse muito duro, mas Kamus conhecia bem a psicologia criminosa. Precisava humilhar o garoto à sua frente. Precisava fazê-lo sentir-se culpado. Precisava mostrar que seu erro tomara grandes proporções. Isso evitaria que se metesse em coisas piores no futuro.
- Não. - disse afinal - DESTA VEZ - grifou bem as palavras - você não será preso. Mas espero que tenha aprendido a lição. Da próxima vez, e espero que não haja uma próxima, não serei tão compreensivo. - deu uma pausa - Saia. Está dispensado.
- Estou... dispensado ? - questionou em um misto de alívio e nervoso - Obrigado policial. Muito obrigado. - levantou-se e pegou a mão do francês - Garanto que não haverá próxima vez. Vou seguir os conselhos do meu irmão mais novo e criar juízo.
- Para o seu bem, espero que sim, Ikki.
Shaka, que acompanhava o depoimento da sala de gravação, ligou para o chefe assim que Fênix saiu.
- Quem disse que as pessoas não mudam ? Ainda mais na frente de Kamus Cartelié. - o loiro brincou.
O Aquariano sorriu e desligou. Ligou para a Marin. Deu instruções para o próximo depoimento e pediu para deixar o depoente entrar.
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- Boa tarde Jabu.
- Boa tarde policial.
- Reconhece este quadro ? - perguntou mostrando-lhe uma foto. Era um quadro de uma criança com um gato no colo.
- Deve ser um dos que já foram para a Restauradora.
- Sim. De fato é um dos quadros que já foram para a Restauradora. - deu uma pequena pausa - Não se trata de uma pintura famosa, entretanto tem um grande valor sentimental. Você sabe por quê ? - vendo a negativa do menino, continuou - A garotinha retratada neste quadro já faleceu, mas sua mãe, uma senhora de oitenta e dois anos, o preserva até hoje. - deu uma pausa - É uma história muito bonita, mas a melhor das histórias é a relação que este quadro tem com o novo Escorpião Escarlate.
O jovem ficou mudo.
- Liguei para o senhor Tatsumi e pedi que levantasse no computador em quais gavetas estavam originalmente as peças entregues durante a semana do primeiro crime. - o francês deu um leve sorriso - Você gostaria de me contar onde estava este quadro ?
Jabu permanecia calado.
- Seria uma surpresa dizer que a gaveta que guardava esta tela estava EXATAMENTE acima do quadro roubado ? - deu uma pausa e o garoto ficou visivelmente tenso - Será que você consegue adivinhar o quê minha equipe encontrou ao desmontar a tela da garotinha ?
O rapaz nem se movia.
- Não quer tentar, Jabu ? - questionou sarcástico - Que tal se eu disser que encontraram o quadro desaparecido de Gustave Moureau ? Seria ainda mais fantástico dizer que você foi o responsável por montar o quadro da menina com o gato ?
Silêncio.
- Eu não conseguia imaginar como uma tela poderia ter desaparecido sob a gravação de uma câmera. Eu e minha equipe analisamos as fitas de vídeo, porém só restavam as gravações da tarde do dia 21 de julho para frente. Imaginamos que o sumiço se tinha dado em 24 de junho, segunda-feira, porém descobri que o quadro da senhora foi montado na sexta-feira, dia 21. Revendo a gravação, posso dizer que ficou perfeito. Você é visto de costas, abrindo uma gaveta e puxando a tela de uma criança com um gato no colo. Havia uma pequena sombra embaixo, mas nada muito aparente. Parabéns. Foi mesmo um belo truque para enganar a câmera. Quem desconfiaria que as duas gavetas foram abertas ao mesmo tempo e as telas da senhora e de Gustave Moureau foram retiradas juntas ? De fato, muito interessante, mas fiquei curioso. Diga-me, quando o escorpião foi colocado ? Pouco antes de fechar as gavetas ou assim que as duas telas foram retiradas ?
- Senhor Kamus, o senhor está enganado. Acho que não...
- Cuidado com que vai dizer. Pense muito bem antes de falar. Se colaborar, pegará um bom tempo de cadeia, mas se não colaborar, pegará um tempo ENORME. - deu uma pausa - Só depende de você.
O menino baixou o olhar.
- Sabe Jabu, durante os depoimentos e investigações eu me senti tentado a desconfiar do Seiya. Você foi visitar sua vizinha em uma hora muito propícia, deixando o Pégasus sozinho com os escorpiões. Seria uma excelente oportunidade para ele roubar os objetos de metal. Eu teria acreditado em você, se não fosse UM detalhe que descobrimos: no final do ano passado sua vizinha recebia uma conta telefônica muito alta e resolveu cortar custos. Pagou um pacote e, desde janeiro, só recebe ligações. Você não acha estranho que ela te ligue para dizer que a torneira está quebrada e o gato se molhou, se não é possível fazer chamadas pelo aparelho que ela possui em casa ?
O jovem estava paralisado.
De repente o telefone da sala tocou.
- Você pode atender, por favor, Jabu ?
Levantou-se. Pegou o fone com receio.
- Alô ?
- Alô. Aqui é o Kamus.
O menino virou-se e olhou para o policial. O investigador falava em um celular.
- Realmente, Jabu. - disse desligando - Viu como é fácil fazer o telefone que está na sala começar a tocar ? Aposto que foi assim que você fez no dia em que o Seiya foi até sua casa e você mostrou os escorpiões a ele. Você programou o seu celular para o número de sua residência. Com o aparelho no bolso, como o meu está agora, bastou apertar uma tecla. Segundos depois o telefone de sua casa tocou. Bastou ir até lá, atender e fingir que falava com a vizinha. - deu uma pequena pausa e sorriu debochado - Errei ?
O garoto ficou mais tenso.
- O que você quer ? - perguntou temeroso.
- A verdade. - disse em tom sério.
O menino ficou algum tempo calado.
- Você já tem a verdade. Foi exatamente assim que aconteceu o primeiro crime. O escorpião estava dentro da minha calça e foi colocado na hora em que abri a gaveta. Eu não me movi de onde estava pois se me afastasse a câmera captaria duas gavetas abertas. Eu usava luvas. Minhas digitais não ficariam no escorpião e ninguém percebeu o quadro um pouco mais grosso. - deu uma pausa - Como descobriu ?
- Tenho uma funcionária que faz excelentes deduções. (1) - respondeu - Agora me diga Jabu, por que cometeu o primeiro crime ?
- Eu precisava de dinheiro.
- Dinheiro ? Mas você apenas escondeu o quadro. Como conseguiria dinheiro desta forma ?
O jovem demorou um pouco a responder.
- Eu estava... treinando. Meu objetivo era roubar a jóia daquela garota rica. Eu REALMENTE precisava de dinheiro.
- Dinheiro ? Para quê ?
- Ora policial, você conheceu o meu tio. Ele não ganha muito vendendo artesanato e minha tia faz bolos para vender. Eu queria dinheiro. Toda pessoa na minha idade precisa de dinheiro.
- Vou repetir a pergunta, Jabu. Para QUÊ você precisava de dinheiro ?
- Eu já disse policial. Eu precisava de dinheiro. Eu... - deu uma pausa - ...tenho uma grande dívida de drogas. Por isso roubei a jóia da garota.
- Então confessa que cometeu outro crime ?
- Confesso. Confesso que cometi os três crimes.
- Os três ? Que interessante.
- Bom, o quadro, o senhor já sabe como foi. No caso do escaravelho, eu estava fantasiado. Fui fantasiado de fantasma. Ninguém me reconheceu. - disse sem olhar para o Aquariano - No caso da jóia, eu roubei o colar antes. O colar que a riquinha estava usando era falso.
- Claro. Você passou pela segurança do condomínio sem ser reconhecido, entrou fantasiado e escondeu o escaravelho. No caso da jóia, você roubou-a antes e a Saori utilizava um colar falso na hora do crime. É isso ?
- Exatamente.
- Passar por uma segurança tão rígida ? Tudo bem. Posso até aceitar, mas fazer um colar, ainda que falso, desaparecer e surgir um escorpião vermelho em seu lugar ? Ah, esta é a melhor. - riu - Você deveria tentar a vida como ilusionista. - replicou com sarcasmo - Aliás, já que você é tão bom assim, por que não faz um truque com a pirâmide do Louvre ? Substitua-a pela Estátua da Liberdade. Talvez os americanos se aborreçam, mas os franceses certamente não se importarão. (2)
O garoto estava paralisado.
- Jabu, Jabu. - suspirou - Tenho mais o que fazer a dar crédito às suas invenções. - deu uma pequena pausa - Agora você não me deixa alternativa. Preciso chamar alguém para me falar à verdade. - pegou o telefone e ligou - Marin ? Peça para a garota que está na sala quatro entrar.
O jovem gelou. Abriu a boca para falar alguma coisa, mas desistiu.
A maçaneta foi girada e logo ela entrou. Estava muito abatida. Olhou, tanto para o rapaz quanto para o policial, com um olhar de arrogância.
- Por favor senhorita Saori, sente-se.
A menina obedeceu.
- O Jabu já me contou como foi o primeiro roubo. Por que não me conta como foram os outros dois ?
- Desculpe policial, - a jovem sorriu - acho que está confundindo alguma coisa. Eu sou uma vítima e não... - interrompeu seu relato quando o Aquariano colocou três papéis sobre a mesa.
- Sabe o que são estes papéis, senhorita Saori ? - como a garota não respondia, continuou - Este primeiro é um empréstimo no banco. Valor de sessenta e cinco mil euros. Foram depositados na conta corrente da senhorita June. - deu uma pequena pausa - O proprietário do título é o Jabu, mas a senhorita aparece como avalista. - a garota não exibia emoção alguma - Este segundo papel chegou hoje pela manhã. É uma demonstração dos serviços REAIS executados em uma jóia. Toda a estrutura de ouro foi polida e o fecho trocado. Quarenta e cinco mil euros. Serviço caro, mas valor pequeno para calar o dono da joalheria, afinal, seria péssimo se ele contasse que não fez um novo colar. - a menina continuava impassível - Já este terceiro papel é de uma clínica japonesa. Consta aqui um procedimento médico realizado. O nome da paciente é Saori Kido e o procedimento foi um...
- ABORTO ! - gritou. Sua face estava transfigurada. Lágrimas caíam, mas seus olhos estavam cheios de ódio. - É isso o que fazem naquela clínica maldita. - deu uma pausa - Sabe como funciona um aborto, policial ? Sabe... o que fazem com o bebê ? Sabe o que fizeram... com o meu filhinho ? - perguntou e começou a chorar.
Na concepção do Aquariano, aborto era um direito feminino, porém todas as mulheres deveriam ser orientadas, conhecer o modo pelo qual o feto seria retirado e, então, optar por fazer ou não o procedimento.
- O QUÊ você queria que eu fizesse, policial ? - parou de chorar e indagou completamente agressiva - Você SABE o que é viver como uma marionete, fazendo APENAS o que te mandam fazer ? Saori, faça isso; Saori, faça aquilo; Saori, vá a este lugar; Saori, jante com estas pessoas; Saori, case-se com aquela outra; QUE MXXXX ! - exaltou-se.
Sim. Kamus sabia o que era isso. Vivia em função do que seus tios, Dohko e a sociedade pensariam de si. Sentia-se um morto-vivo. Uma pessoa completamente desprovida de vontade própria. Sempre tentava se superar profissionalmente para mostrar à sua tia, a Dohko e a todos os que conheceram seu pai - e que não paravam de usá-lo como comparação - que o filho do juiz Cartelié também era capaz.
- Se você quer saber, policial, aquele velho decrépito e fxxxx dx uma pxxx além de me manipular, ainda deu um jeito de me privar de dinheiro enquanto dorme esperando que a ciência o salve se sua doença. - disse com total sarcasmo - Se eu pudesse, eu o deixaria APODRECER !
- Odeia seu avô tanto assim ?
- Imagine-se em meu lugar. Imagine se fosse obrigado a se casar com alguém que você não gosta SÓ por causa de dinheiro. Um casamento "arranjado" para satisfazer o ego de duas famílias hipócritas. - deu uma pequena pausa - Diga o que faria, policial.
- Certamente não esconderia um escaravelho de vinte mil e nem simularia o roubo de uma jóia da família. - respondeu.
- E se você estivesse apaixonado por outra pessoa ? - a jovem questionou olhando com tristeza para Jabu - E se esta pessoa fosse pobre e você não tivesse o direito de amá-la ?
Apaixonar-se por uma pessoa pobre ? Não ter o direito de amá-la ? Claro. Kamus sabia MUITO bem o que era isso.
- E se tivesse que abandonar quem você gosta para se casar com uma pessoa vazia ? Uma pessoa que não é capaz de dizer UMA palavra de carinho se não trouxer benefício próprio ? E se você fosse mulher e engravidasse do homem que ama, mas fosse obrigada a... matar o próprio filho ? - perguntou recomeçando a chorar - E se tivesse que assassinar o fruto do seu amor SÓ para que seu futuro marido não desconfiasse e aceitasse juntar as riquezas da família dele com as da sua ? E se fosse obrigado a matar seu próprio filho... SÓ para sua família ficar feliz com o novo status adquirido ? Matar. Matar SÓ PARA SATISFAZER ESTA PXXXX DE SOCIEDADE ! - parou de falar. Não agüentou e chorou copiosamente.
Jabu levantou-se e foi sentar-se ao seu lado para abraçá-la. Kamus pediu para Marin trazer uma água. A garota bebeu com sofreguidão.
Estava difícil. O francês tentava não se envolver. Passava pelo mesmo que Saori. Também era obrigado a matar. Matar o amor que nutria pelo grego por causa da sociedade.
Respirou fundo. Tinha um dever como investigador. Acima de TUDO, a justiça precisava ser feita.
- Senhorita Saori, compreendo a situação amarga a qual foi obrigada a passar, mas não posso bloquear a justiça. Necessito de informações sobre...
- JUSTIÇA ? - a menina perguntou, debochada, entre lágrimas - É justiça o meu avô estar congelado e me obrigar a casar com quem não quero ? É justiça ter que abortar um inocente por que o nascimento dele seria um escândalo ? - voltou a chorar.
Jabu abraçou-a com mais força. Os soluços sacudiam a jovem.
"Não. Nada disso é justiça." - o investigador refletiu - "Mas, já aprendi que não existe justiça no mundo." - pensou no Escorpiniano e na falta que ele fazia.
- Ela já sofreu demais, policial. - o menino falou - Deixe-me tomar o lugar dela. Eu assumo todos os crimes. Eu também mostro o jardim onde enterrei os escorpiões e retirava quando era necessário.
- Então finalmente estão confessando os crimes ?
- Eu não disse que cometi crime algum. Não falo nada sem meu advog... - a menina emudeceu quando viu uma foto ser jogada sobre a mesa. Mostrava a jovem segurando a porta do escritório na casa da família de Camaleão.
- Sejamos razoáveis, senhorita Saori. Sei que cometeu os outros dois crimes e é possível ver claramente que acessou o escritório. - disse com convicção - Além do mais, a fantasia tinha luvas. Fácil não deixar vestígios.
A garota não emitia um som.
- Você e o Jabu precisavam do dinheiro para o aborto. Você já estava grávida há semanas. Logo começaria a aparecer. O dinheiro foi lavado na conta corrente da senhorita June. Fico apenas em dúvida se ela sabia ou não de todas as armações.
- Não falaremos mais nada. EXIJO um advogado !
- Senhorita Saori, não a estou impedindo de ver seu advogado. Estou apenas ajudando-a. Se declarar agora a sua culpa, poderei pleitear um prisma diferente de avaliação por ser uma ré confessa. - deu uma pausa - Mas é obvio que terá direito e acesso a um advogado. Inclusive estou certo que procurará os melhores, afinal, não deseja ver o nome de seu avô na lama, não é ? - o Aquariano era muito inteligente. Sabia que esta frase causaria uma revolução na mente da jovem. Saori odiava o avô. Se a verdade o prejudicasse, era isso que o francês teria.
- No dia da festa eu me fantasiei de bat girl. Antes de sair do quarto abri meu cinto de utilidades, certificando-me que o escorpião estava lá dentro.
- SAORI ! NÃO ! - Jabu gritou, desesperado, para a namorada calar-se.
Kamus sorriu. Enquanto passava as fotos antes de entrar na sala de depoimentos percebeu o cinto de utilidades da garota e ficou imaginando o que se escondia em seu interior. (3)
- Cheguei na festa por volta das vinte e duas horas. Fingi beber e estar um pouco tonta por causa do álcool. Apesar de freqüentar a casa da June, perguntei a uma outra menina onde era o banheiro. Fui na direção indicada e, instantes depois, entrei no escritório. Escondi o escaravelho e coloquei o escorpião e o bilhete em seu lugar. Eu usava luvas portanto não houve digitais. Saindo do cômodo, fui ao banheiro. Tempos depois vi uma pessoa sair do escritório. Esperei, mas ela não desconfiou de nada.
- Certamente sua amiga June fazia coisa mais interessante para não prestar atenção a um escorpião vermelho sobre um bilhete.
A jovem ficou muda. Não queria falar do relacionamento de Ikki e da loira. Não tinha certeza se o francês sabia de tudo o que rolara lá dentro. Preferiu evitar o assunto. Sua intenção era jogar o nome Kido na lama e não o de Camaleão.
- Sobre o colar, - continuou - quando subi abri minha gaveta de peças íntimas e retirei-o da caixinha. Escondi-o junto a meu corpo. O escorpião já estava dentro da gaveta. Foi só pegá-lo com um lencinho. Também não houve digitais.
- Correu um grande risco. Havia uma pessoa observando-a. Um passo em falso e teria sido descoberta.
- Não policial. Não havia risco. Eu ensaiei muito. Sabia que o Seiya me observava. Ele ficava lá a cada quinze dias. Eu só precisava agir normalmente. O que eu queria era tirar as suspeitas sobre mim e, de quebra, colocá-lo como possível suspeito.
- Então, sabia que o Pégasus estava lá ? - indagou surpreso.
- Sim. Depois que eu gritasse, só esperava que alguém o visse sair correndo. - deu uma pequena pausa - Felizmente minha vizinha fofoqueira serviu de alguma coisa. Ela veio me contar uma história absurda sobre procurar seus gatos e ver um garoto descer a árvore. Eu não sou tonta, policial. Ela tem dois gatos castrados. Gatos castrados não ficam subindo em árvores ou saindo o tempo todo de casa. O fato é: ela SABIA que eu experimentava o vestido e estava me espionando. - deu uma pausa - Depois que eu gritei, ela chegou em instantes. Pediu para que eu guardasse a faca com a qual eu ameaçava os criados e contou-me sobre um garoto descer da árvore e sair correndo. Eu a repreendi. Disse que ela inventara aquela história apenas para tirar minha atenção dos criados. - deu outra pausa - Tenho certeza que ela veio te procurar, não ? Senhora Agatha (4). Ela ADORA uma fofoca.
- Sim, veio. - o investigador sorriu, lembrando-se do jeito da mulher. Em seguida ficou um pouco sério e pensativo - Tenho uma dúvida. No dia do crime a senhorita foi levada para o hospital. Como conseguiu esconder a jóia de quem a examinava ?
- A jóia não estava mais comigo. Quando fui até a cozinha pegar a faca para ameaçar os criados, escondi-a em uma gaveta, detrás do suporte de talheres.
Kamus arregalou os olhos. A garota era mesmo bem inteligente. Pena que sua mente estava voltada para o crime.
- Senhorita Saori, confessou há pouco que tentou incriminar o Seiya. O Jabu fez o mesmo, fingindo inclusive um telefonema da vizinha. Por quê ?
- Não havia motivo algum, policial. - o jovem tomou a narrativa - Eu sugeri incriminá-lo. Precisávamos de um bode expiatório. Infelizmente foi o Seiya. EU SEI. - disse rapidamente - Sei que é horrível levar os poemas de outra pessoa para uma menina e se apaixonar por ela, mas quem segura o coração, policial ? Pode ser moralmente errado, mas é amor. - o Aquariano novamente pensou em Milo. - Foi errado tentar culpá-lo, mas não tinha outra pessoa com tantas possibilidades de ser culpado como ele. ELE ficou sozinho com os escorpiões, ELE era o montador do quadro do Gustave Moureau, ELE deveria tocar bateria no dia da festa à fantasia, ELE era obcecado pela Saori e a observava de uma árvore a cada quinze dias. Sem contar que possuía um passado negro e suas atitudes eram completamente repreensíveis. Quase ninguém gostava dele. - deu uma pausa e baixou a cabeça - Eu sei. Isso foi um ato terrível, mas infelizmente não dava mais para esperarmos.
- Minha gravidez já estava avançada. Eu precisava fazer o... fazer aquilo. Sei que no Japão este tipo de procedimento não é proibido e como eu teria que ir até lá para supostamente solicitar uma nova jóia, ficaria mais fácil. Precisávamos logo do dinheiro e se o roubo ocorresse antes do meu aniversário, quando o colar seria imprescindível, o seguro não demoraria a pagar.
- E você ainda teria a opinião pública a seu favor, correto ?
- Exatamente. Imagine só que ruim para a seguradora se "privasse a neta de ter seu querido avô no dia de seu noivado". Péssima propaganda.
- Então o empréstimo foi só fachada ?
- Não policial. Ele aconteceu de fato e o Jabu até já o quitou com o dinheiro que o seguro me deu. O problema era a June. Ela sabia que eu estava grávida, mas não sabia de quem. Eu disse que era de um cara rico e ele ia pagar o meu abo... pagar o que eu fiz. Só pedi para o dinheiro cair na conta dela, ou alguém poderia desconfiar, já que a mesada que aquele decrépito deixou não é suficiente para nada. - deu uma pausa - A June é muito boazinha, mas é muito ingênua. Achou uma grande coincidência irmos para o Japão realizar o procedimento e ser justamente lá o lugar onde eu conseguiria uma nova jóia. - deu outra pausa - Como eu pedi que ela não contasse sobre o outro motivo da viagem para ninguém, não houve desconfianças. Para todos os efeitos, minha ida ao Japão era por causa do colar.
- Então a senhorita June ajudou-a a lavar o dinheiro cedendo sua conta ? Imaginei mesmo que a loira estivesse envolvida já que apareceu logo depois do suposto sumiço da jóia. - o Aquariano comentou.
- Não policial. A June não sabe de nada. Ela não sabe que estou com o Jabu, ou que escondi o escaravelho dos pais dela, ou que roubei o colar da minha família, ou que a jóia não foi refeita. No dia do crime, ela estava atrasada. Era para estar lá na hora da prova do vestido, para testemunhar que eu havia ficado longe do colar por algum tempo, mas acabou chegando tarde. Você sabe como é mulher quando fica indecisa entre colocar uma ou outra roupa, não ?
- Espera mesmo que eu acredite nisso ?
- É a verdade, policial. Tudo o que te falei é a verdade. - deu uma pequena pausa - O primeiro crime foi cometido apenas para iniciar a série. Tínhamos que fazer todos acreditarem que o Escorpião Escarlate voltara. O Jabu me contou a história e eu planejei tudo. O quadro e o escaravelho não eram importantes. O que importava era o seguro do colar. Tanto que nenhum dos objetos roubados foi de fato roubado. Todos foram escondidos. O quadro foi colocado junto a outro. O escaravelho foi escondido dentro de um dragão, a jóia foi levada para ser polida. O que importava era o dinheiro que o seguro pagaria e eu poderia gastá-lo sem dar explicações para ninguém. Todos pensariam que era para fazer outro colar. Ninguém desconfiaria que seria dividido para pagar o empréstimo, pagar o silêncio do joalheiro e ainda me sobraria uns trocados. Apenas eu e o Jabu estamos nessa. Fizemos tudo isso e tentamos incriminar outra pessoa . - deu uma pausa - Mas a June não tem nada a ver com isso.
- Como passou com a jóia pelo detector do aeroporto ? - indagou curioso.
- Simples. Sou uma pessoa rica e conhecida. Fui até o balcão de embarque, declarei que levava várias jóias comigo e gostaria de uma segurança especial para as mesmas. A nécessaire com o colar, e tantas outras peças de ouro, foi escoltada pela própria polícia francesa.
Kamus apertou os lábios. O policiamento francês ainda tinha muito a melhorar.
- Pode me prender. - a garota declarou - Obstrui as investigações, escondi dois objetos de arte, causei um rombo na empresa de seguros, usei minha amiga para lavagem de dinheiro, roubei minha própria família, subornei um joalheiro e tentei, deliberadamente, jogar a culpa em outra pessoa. Mas principalmente, pode me prender porque sou UMA ASSASSINA. Nem cento e vinte e nove mil euros, nem cento e vinte e nove milhões de euros, trarão meu filho de volta. Eu o matei, policial. Matei o meu filho. Matei... o meu filhinho. - disse e novamente caiu no pranto. Jabu aconchegou-a e acariciava seus cabelos.
- A Saori me ligou do Japão e disse que no dia seguinte, antes do meio da manhã, o nosso filho estaria morto (5). Você não faz idéia do que senti, policial. A mulher que eu amava me ligando para dizer a hora do assassinato do meu filho. Tem coisa pior ?
O Aquariano não respondeu. Os dois continuaram abraçados por alguns minutos.
- Senhorita Saori, eu sinto muito por tudo o que passou, mas deve pagar pelos seus crimes.
A menina perdeu o olhar. Depois de algum tempo, encarou o investigador.
- Como descobriu tudo ? Como sabia que eu estava grávida ?
- Só tive certeza quando vi o papel com o procedimento, mas uma foto me chamou a atenção.
Kamus colocou uma foto sobre a mesa. Era a de número 47 do fotolog da Patty (6). Saori aparecia olhando para um lado e June, com a feição preocupada, olhava a barriga da amiga e colocava a mão em sua própria.
A jovem chorou ao ver a foto.
- Ela é muito minha amiga, policial. Estava preocupada comigo. Disse para eu não tirar o bebê. Sugeriu que eu fugisse e tivesse a criança. Disse que depois do casamento, eu poderia falar que não me sentiria bem sendo mãe e que preferia adotar uma criança. Assim eu poderia adotar o meu filho. - as lágrimas voltaram a cair - Ela gosta tanto de mim que sugeriu um absurdo: disse que me ajudaria a simular meu próprio seqüestro. Disse que depois de nove meses eu poderia voltar. Pobrezinha. Não sabe que eu a usei. Não sabe que eu roubei a jóia e que o japonês não tinha as pedras já prontas quando fomos lá. Também não sabe que fui EU quem escondeu o escaravelho. - chorou mais ainda.
- Ela sabe que o Jabu era o pai da criança ? - já ouvira Saori dizer que não, mas queria pegá-la em uma contradição.
- Não. Eu não tive coragem de contar quem era. O Julian é muito desconfiado. Uma vez fez um grande interrogatório com a June. Eu não queria colocá-la em uma situação delicada. - enxugou as lágrimas - Estou pronta. Eu QUERO ir para a cadeia, policial. - disse decididamente.
- SAORI ! - Jabu disse surpreso.
- Sim. Eu QUERO. Quero RIR da cara do Julian e do meu avô ao verem que seus nomes ficarão ETERNAMENTE manchados por MINHA CAUSA. - disse e deu uma risada insana.
Kamus teve pena da menina. Ela realmente não era feliz. Viu o olhar entristecido de Jabu ao observar a loucura da amada. De fato não estava sendo fácil para os dois, mas eram criminosos, deveriam pagar por seus erros.
- Policial, posso me despedir da minha amiga antes de ser algemada ? - Saori suplicou.
O Aquariano não era burro. Apesar de não ter desconfianças da jovem de Camaleão, saiu com Jabu da sala e pediu para June entrar. Estava gravando tudo.
Mas Saori não mentira. A loira chorou ao ouvir a história completa da boca da amiga e a interrompia de vez em quando para dizer "Não é verdade, não pode ser". Terminou abraçando a outra e prometendo que a visitaria sempre que possível na cadeia.
Tão logo as prisões foram realizadas, o investigador encontrou-se com Shaka.
- Que história triste, Kamus.
- Muito.
- Esta menina não sabe o que é felicidade. Levantei seu passado. Foi abandonada com meses de vida. O senhor Kido passava no parque e levantou a tampa da lixeira para jogar um papel. Encontrou-a lá dentro. Ficou com ela por pena e, infelizmente, não se intimidava em dizer isso para a pequena.
- Ele falava que a tinha adotado por pena ?
- Ele era um homem de negócios. Não tinha muito jeito com crianças. Muito dinheiro e pouco amor.
Os olhos do francês quiseram marejar. Muito dinheiro e pouco amor. Parecia uma descrição dos tios. Sua vida lembrava uma réplica da vida da garota. Os tios também costumavam dizer que o pegaram, depois do acidente com seus pais, por pena. Isso era terrível. Destruía a auto-estima de qualquer um. Respirou fundo. Ao menos passara por tudo isso e não tinha voltado sua mente para o crime ou a vingança.
- Kamye ? Tudo bem ?
- Claro Shaka.
O loiro percebeu o que estava acontecendo. Sabia da trajetória do chefe. Obviamente ele pensava nos tios.
- Eu quase não consegui me segurar quando você fez a piadinha da pirâmide do Louvre (2). - brincou para aliviar o clima.
- Gosta dela ? - questionou sorrindo - Fique com ela. - deu uma pequena pausa - O que a Índia teria para trocar ?
- Nem pense no Taj-Mahal (7)
- Que tal trocar por um elefante ? - os dois riram.
-oOo-
Segunda-feira pela manhã. IPF
O Aquariano chegara no trabalho muito cedo. Antes das seis e meia já estava avaliando seus casos. Eram onze horas quando saiu de sua sala.
- Marin, preciso ir até a Clairvaux. Se alguém me ligar, peça para retornar após as dezesseis horas.
- Pode deixar.
Kamus passara o final da semana imerso em pensamentos. Tentava repensar seu romance com o grego. Dois anos era muito tempo. Não tinha o direito de pegar o coração do Escorpiniano para si. E se conhecesse outra pessoa ? Seria uma decepção para o preso sair e descobrir o francês gostando de outro.
Precisava dar um jeito nisso.
-oOo-
Clairvaux. Uma hora e meia depois.
- NÚMERO 14.978 ! MILO NEKALAOUS !
O presidiário aproximou-se do guarda.
- Sim senhor ?
- Visita para você.
Perto da hora do almoço ? Em uma segunda-feira ? Claro. Tinha esperanças de ser o investigador, mas desta vez foi mais comedido. Preferiu ir com calma a se decepcionar.
Os dois pararam no parlatório (8)
- Cabine cinco. - o agente penitenciário indicou.
O ladrão dirigiu-se até lá. O tempo parou quando o viu. Desta vez vestia um belo terno cinza, mas isso pouco importava. Kamus ficava lindo sempre.
O francês pegou o telefone. O grego fez o mesmo.
- Boa tarde, Milo.
- Boa tarde, Kamus.
- Eu... trouxe todas as suas roupas. Deixei com a área de pertences pessoais. - deu uma pausa - Inclusive as que você comprou com a Marin.
Claro que o investigador poderia ter feito isso no domingo, mas queria que soasse como algo oficial. Era uma autoridade. Não queria que parecesse uma visita.
O Escorpiniano sentiu o coração apertar. O Aquariano estava devolvendo suas roupas. Estava tirando de sua casa tudo o que lembrava o presidiário.
- Obrigado. - disse com tristeza. Milo sabia que aquilo era definitivamente o ponto final.
- Como você está ?
Os belos olhos azuis marejaram. O ladrão não conseguiu responder.
- Pegamos o novo Escorpião Escarlate. O Jabu e a Saori estavam juntos nessa.
O grego forçou um sorriso, mas logo voltou a ficar melancólico.
- Isso é o fim ? - perguntou afinal.
Kamus não respondeu. Encostou sua mão no vidro que os separava. O criminoso colocou sua mão de encontro à mão do policial. Mesmo com a camada fria entre ambos, era possível sentir o significado desta ação. Seus corações estavam pesados.
O francês tirou a mão e baixou os olhos.
- Ainda faltam dois anos.
- É muito tempo para você ? - o preso questionou.
- Infelizmente sim. - disse ainda olhando para baixo.
- UM MINUTO. - o guarda gritou, alertando-os que o tempo estava para acabar.
- Você ainda vem me visitar algum dia ? - perguntou tirando a mão do vidro.
- Não. Tenho que parar de te machucar. Adeus, Milo. - disse olhando tristemente para o outro.
- Por favor não diga isso. - suplicou - Dói muito.
- Por isso mesmo preciso dizer. Tenho que parar de te dar falsas esperanças.
- Kâ !
- Adeus. - disse e se levantou.
O grego não conseguiu segurar duas lágrimas que correram por sua face. Afrodite não esperara dezesseis meses. Kamus mal esperara dez dias.
-o-
O investigador saiu da sala sem olhar para trás. Desta vez não choraria. Estava muito certo de suas atitudes. Deixava o coração do Escorpiniano livre. Dois anos eram muito tempo. Muitas coisas poderiam acontecer.
Entrou em seu carro e olhou o aparelho que tinha em mãos. Era um identificador GPS. Ligou-o. Um sinal vermelho começou a piscar.
Enquanto dirigia observava o pontinho mover-se. Parou o carro no acostamento. O pontinho parou. Sorriu. O chip de identificação estava escondido na bolsa de viagem que continha a roupa do grego. Depois de revistada, felizmente conseguiu deixá-la na Clairvaux sem que ninguém encontrasse o minúsculo objeto.
Em dois anos Milo sairia. O Aquariano teria o GPS para saber exatamente onde encontrá-lo. O francês tinha certeza de seu amor, mas obrigar o preso a uma falsa esperança era pedir demais. Sim. Dois anos era muito, mas se ao sair o ladrão quisesse arriscar um romance, ainda dava tempo de serem felizes.
-o- FIM -o-
Próxima Fic - Calma. Não me matem. A palavra "FIM" foi brincadeirinha. Tenho uma surpresa: haverá continuação ! Assim como o falso agente cinematográfico do Milucho prometeu, ele fará uma série. Isso mesmo. O Escorpião Escarlate vai virar uma série ! Segue o resumo da continuação e segunda temporada (9) de O Escorpião Escarlate.
O Escorpião Escarlate 2 - O investigador grego - Milo transforma-se em detetive, a trabalho da IPF, para descobrir quem está passando informações entre presídios. Conseguirão dois corações apaixonados vencer o tempo, a sociedade e engatar um romance ? Descubra.
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Notas da autora - Explicações
( 1 ) No Capítulo IV - Uma grande chance, Marin questiona se os objetos de arte liberados pela restauradora foram confirmados e avaliados por seus donos e insiste em uma reavaliação.
( 2 ) Os franceses não gostam da pirâmide de vidro construída na frente da entrada principal do Louvre. Acham que a mesma descaracterizou o belo e clássico prédio do museu.
( 3 ) Antes de começar os depoimentos, Kamus observava algumas fotos. Viu Saori vestida de bat-girl. O escorpião de metal só poderia estar escondido dentro do cinto de utilidades.
( 4 ) O nome Agatha não é uma coincidência. Salve a rainha das histórias policiais, Agatha Christie, que também me inspirou nesta fic.
( 5 ) No Capítulo XII - Conjecturas, Saori liga para Jabu e diz "Antes do meio da manhã ele será morto. Antes do meio da manhã ele não existirá mais, e nem eu"
( 6 ) Óia eu aqui de novo XD
( 7 ) O Taj-Mahal, de belíssima arquitetura, é confundido com um castelo, mas trata-se de um gigantesco mausoléu de mármore branco que o imperador Shah Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam. Por este motivo, é conhecido como a maior prova de amor do mundo.
( 8 ) Parlatório é o local onde os presos encontram suas visitas. Podem se ver através de um grosso vidro e falam-se através de telefones instalados em cada lado do vidro.
( 9 ) Segunda Temporada - qualquer semelhança com o título usado por qualquer seriado de TV por assinatura, é mero plágio HAHAHAHAHAHAHA. Afinal, nada se cria, tudo se copia. Já diziam os usuários de internet XD
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Nota da autora - Troféu Sherlock Holmes
Espero que não tenham ficado bravos comigo por causa dos Novos Escorpiões Escarlate. Eu até que dei umas diquinhas (bem pequenininhas) ao longo da história.
Bem, todos tiveram oportunidade de acompanhar as pistas (ok. Sei que foram poucas) e tentar formular uma suposição. Abri até um fórum para que todos pudessem partilhar suas suspeitas. Mas o Troféu Sherlock Holmes desta vez vai para uma garota que colocou seu chapéu, cachimbo e saiu com uma lupa sobre a fic: Srta Nina !
Pois é, a nova investigadora deu um show: disse que a Saori era a mandante e o Jabu executava os crimes. Disse que o menino gostava da riquinha e teve a sagacidade de perceber que Seiya, Ikki e June estavam apenas no lugar errado, na hora errada. Arriscou ainda mais suposições, mas tenho certeza que se estivesse na equipe do Kamus e pudesse acessar as informações corretas, descreveria exatamente os crimes. Parabéns Srta Nina e obrigada por participar. A todos os outros que pensaram no Jabu, na Saori ou nos dois juntos, parabéns também. Aos que sentiram uma timidez em revelar suas suspeitas ou não chegaram nos criminosos desta vez, não se preocupem. Logo haverá nova chance de lanças suas suposições.
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Nota da autora - Agradecimentos especiais - Troféu Influência de Ouro
Foram dois os livros que me influenciaram a escrever esta fic: O Código da Vinci (Dan Brown), pois só depois de lê-lo é que tive a idéia de um policial e um criminoso juntos e Os Crimes ABC (Agatha Christie), que me ajudou a pensar no enredo.
Mas mesmo assim, seria injusto dar o Troféu Influência de Ouro somente a autores conhecidos mundialmente e me esquecer da primeira influência, que aliás, também é bem conhecida rsrs.
(Ai, que vergonha ! Justo EU fazendo uma UA ?) Bem, tenho que confessar: tudo isso foi culpa da Calíope Amphora. Isso mesmo ! Se eu não tivesse lido Santuário Times, eu não teria coragem de começar uma UA. Beijões Calíope e obrigada pela força. Desejo-lhe muitas inspirações. Que você possa continuar este trabalho maravilhoso e incentivar muitos mais leitores e escritores.
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Nota da autora - Agradecimentos especiais - Troféu Dica de Ouro
Nossa, quantas dicas eu recebi. Foram muitas mesmo. Eu precisaria de umas três páginas só para agradecer a cada um. Muito obrigada a todos e espero que continuem XD.
Apesar de tantas dicas, eu não seria correta se não reconhecesse uma pessoa em especial. Ela me orientou, deu dicas maravilhosas, fez comentários preciosos e críticas muito construtivas. Tanta animação em me auxiliar, rendeu até um pedido especial: convidei-a para ser minha Beta-reader. É. O Troféu Dica de Ouro vai para Ana Paula ! Aninha, você é fantástica, sempre paciente e atenciosa (até em meus momentos de crise com a personalidade do Kamus rsrs). Se esta fic fez sucesso e as pessoas gostaram dela foi porque você me ajudou a fazê-la deste jeito tão especial. Obrigada por todo o carinho.
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Nota da autora - Agradecimentos especiais
Agradeço a todos que acompanharam a fic durante estes meses e escreveram reviews, deram dicas, se emocionaram, se aborreceram, riram e choraram junto com Milo e Kamus. Obrigada a todos os que participaram de alguma forma e aos que deixaram review no capítulo anterior: Laninha Dark Cat, Anjo Setsuna, Litha-chan, Athenas de Aries, Sinistra-Negra, Margarida, Shakinha, Babi-deathmask, Sah Rebelde, Kagura, Virgo-chan, Lady Yuuko, Ophiuchus no Shaina, XxLininhaxX, Camis, Nanda, Miki-Chan, Gigi (obrigada pelo comentário, mas como eu não tenho seu e-mail, infelizmente não pude respondê-lo), Srta Nina, Arashi Kaminari, Nana Pizani.
Agradeço também aos que participaram do Fórum (Ilía-Chan, Nana Pizani, Thyana, Anjo Setsuna, Margarida, Litha-Chan, Babi-DeathMask, Srta Nina) e aos que apenas o visitaram.
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Nota da autora - contato
Podem me contatar, brigar, criticar, reclamar, dar dicas ou só escrever para bater papo no erika(ponto)patty(arroba)gmail(ponto)com (não tem o BR) ou via review neste site. Muito obrigada por lerem.
Bela Patty .
- Junho / 2006 -
