No capítulo anterior...
Ginny faz planos e Draco (já sem alguns galeões) consegue compreender o perigo que está correndo.
Capítulo 4 – Tudo por um sorvete de chocolate, ou melhor, tudo para irritar o Draco!
Depois de algum tempo, com muito esforço, Ginny conseguiu despachar Harry para a casa de Ron e da cunhada Hermione. Isso bem a tempo de ver uma coruja entrando pela janela, imediatamente soube que era a resposta do Malfoy, só ele para ter uma coruja que parecia mais esnobe do que o próprio dono.
"Quer comer alguma coisa? Beber água?" – Mas a coruja já estava no ar e rapidamente saiu pela janela.
"Tão agradável! Foram feitos um para o outro." – Com um suspiro Ginny sentando-se e colocando as pernas cruzadas sobre o braço da poltrona. Um sorriso triunfante brincava em seus lábios, como seu noivo escrevia bem! No pedaço de pergaminho que ela deixou cair, enquanto ria muito, estava escrito: Sim senhora!
Ginny estava se arrumando no quarto de vestir, já tinha colocado e tirado umas vinte peças de roupas. E repetia o tempo todo:
"O que uma senhora deve usar?" Depois de experimentar os vestidos, decidiu que usaria calças jeans e camiseta. Não iria se arrumar toda só para dar ordens para o Malfoy.
"Do jeito que ele é metido, vai pensar que eu estou me arrumando pra ele! Aquele cabeça de ovo!" –pensou ter escutado alguém chamar o seu nome e apurou os ouvidos. Certamente alguém chamava o seu nome, ou melhor, gritava. Saiu em disparada e abriu a porta da frente. A cena fez seus lábios tremerem, Malfoy tentava escapar da Sra. Miller, que magicamente o segurava preso à parede. Mas seus esforços não estavam sendo muito eficientes. Assim que viu a ruiva, tentou pedir ajuda, mas essa foi a distração que a agressora precisava, e tascou-lhe um beijo na boca. Ginny não conseguiu mais esconder o riso, embora estivesse um pouco chocada, a sua vizinha nunca tinha chegado a medidas tão drásticas antes. O loiro parecia paralisado, seu rosto demonstrava um horror aparvalhado. Ginny pegou-o pelas vestes, e sem cerimônia, jogou-o para dentro do seu apartamento e fechou a porta.
Draco estava com um olhar tão abobado que ela ficou um pouco comovida:
"Er... Malfoy, eu... Bem... Vou buscar um copo de água! Fique aqui!" – Ele não emitiu resposta e a ruiva aproveitou a oportunidade para ir buscar água, não que precisasse, ela poderia conjurar um copo, mas parecia que o rapaz explodiria a qualquer momento. Depois de alguns minutos, com o copo nas mãos, voltou para a sala. Draco estava parado no mesmo lugar, mas o seu olhar estava diferente.
"Você!" – Ele apontava para ela e parecia ter perdido as palavras. Depois de alguns segundos ele fechou os olhos e levou uma mão até a testa. Ginny tomou a água do copo num só gole, sem perceber. Quando ele abriu os olhos, parecia ter achado todas as palavras perdidas, isso ela tinha certeza. O homem estava muito bravo.
"É tudo sua culpa Weasley! Desde que você apareceu na minha vida, tudo está fora do lugar! Eu não como direito, só tenho pesadelos, estou perdendo dinheiro, sem falar em velhas malucas que me agarram nos corredores. É tanta humilhação junta, que eu não consigo me decidir o que é pior!" – Que coisa interessante, não sabia que o loiro podia ficar tão corado assim. Seus olhos brilhavam tão diferente do olhar indiferente que ele sempre exibia... Ele era um homem bonito e... Definitivamente ela precisava dar um jeito nos seus hormônios, onde já se viu ficar pensando essas coisas do Malfoy!
"Weasley, você não está ouvindo uma palavra do que eu estou falando, não é? Seu olhar tá meio abobado!" – Na verdade, Draco não estava gostando do olhar dela, a ruiva parecia estar lhe medindo, calculando... Essa mulher era um perigo para ele e para a humanidade!
"Claro que eu estou te ouvindo Malfoy, você estava falando como sua vida mudou depois que a gente se reencontrou! Agora, sobre os seus casos amorosos com as minhas vizinhas, prefiro manter-me alheia." E com uma piscadela Ginny voltou para a cozinha, deixando Draco espumando de raiva na sala. Ao voltar, encontrou-o encostado no batente da janela, com os braços cruzados e com a face completamente impassível.
"Porque eu não pude aparatar aqui?" – Seu olhar estava perdido no parque que ficava em frente ao prédio da ruiva.
"Porque, não sei se você percebeu, fiquei noiva do inimigo mais antigo da minha família, tem muita gente tentando entrar neste apartamento, você não tem idéia do perigo que você está correndo. Mas não vamos perder tempo, por onde você vai começar? Hum..." –sentou-se no tapete e puxou a lista de afazeres, deitou-se de bruços e ficou mexendo com os pés enquanto corria a lista com uma pena que havia conjurado.
"Já sei, vamos fazer compras em Londres!" – Falou alegremente enquanto o loiro dava um show fazendo uma grande encenação ao limpar os ouvidos.
"Acho que não entendi direito, você quer que eu vá fazer compras junto com os trouxas às vésperas do Natal, é isso? Tá louca, Weasley?" – Ele não entendia o que se passava na cabeça daquela mulher.
"Não Malfoy, não estou. Você tem que realizar todos os meus desejos, e o que eu mais desejo é fazer compras em Londres, entendeu?" – O loiro ficou olhando para a moça, é claro que não entendia!
"Tudo bem, Weasley. Vou te explicar bem devagar: eu não posso fazer coisas como os trouxas, porque eu não sou trouxa, ok? Eu sou um bruxo, de uma família pura e de tradição, nunca faria nada que mudasse essa condição!" – A indignação do moço era quase ridícula.
"Malfoy, você vai questionar todas as minhas ordens? Você não será menos bruxo só por fazer compras na Harrods. Seja razoável!" – Ginny já estava se levantando e indo buscar os sapatos e o casaco. Draco continuava parado no mesmo lugar quando ela voltou com um casaco de oncinha e botas de salto alto.
"Vamos querido!" – Ela se dirigia para a porta do seu apartamento, pois ainda não poderia aparatar lá dentro. Draco, de má vontade, seguiu a ruiva. E assustou-se quando ela pegou-o pela cintura e aparatou.
"Quero um sorvete!" – Com muita má vontade, Draco dirigiu-se à fila do balcão que vendia sorvetes. Estava inconformado, a ruiva parecia estar vivendo o melhor dia de sua vida. Parecia não ver as crianças insuportáveis que se enroscavam pelas suas pernas, ou os adultos frenéticos que compravam compulsivamente, como se não fosse existir um amanhã. Não... A criatura não via nada disso, ela só grudava o nariz nas vitrines, experimentava tudo o que era oferecido para degustação e comprava quase tudo que era fofinho ou bonitinho. Já eram quase nove horas da noite e ela queria sorvete! Pois sorvete é o que ela teria! Quase quinze minutos depois, chegou a sua vez de pedir:
"Qual sabor você deseja?" – Perguntou a sorridente atendente, que vestia um ridículo gorro vermelho, na opinião do loiro.
"Quero de chocolate."
"Chocolate acabou, mas o Sr. Hudfer foi buscar mais. Daqui uns quinze minutos ele está de volta." – Sorridente, a moça tentou apanhar o dinheiro, mas Draco não estava colaborando:
"Por Merlim! Naquela placa está escrito que existem 88 sabores, e você quer justo o que não tem?" – De novo aquele olhar irritado, será que esse homem só reclamava?
"É, é esse sabor que eu quero!" – O sorriso da balconista foi desaparecendo, na medida em que o casalzinho, aparentemente feliz, se transformava.
"Pois eu não vou ficar aqui parado até que esse sorvete seja trazido!" – Mal terminou de pronunciar essas palavras e a moeda caiu de suas mãos e rolou até um bueiro na calçada.
"Bem feito, Malfoy! Isso é para você aprender a não me contradizer! Pague a moça pelo sorvete de chocolate, que nós esperaremos até chegar!" – Mas alguma coisa naquele rolar de moeda a incomodou. Tinha alguma coisa acontecendo, ela tinha certeza, mas não conseguia identificar...
Os quinze minutos já tinham se transformado em quarenta e cinco, até Ginny já estava quase mudando o sabor do sorvete, mas se fizesse isso, tiraria aquele vinco entre as sobrancelhasdo loiro. Esse era o preço, teria que sofrer para vê-lo sofrer mais ainda. Cruzou as pernas novamente e fingiu tirar um fiapinho sobre o ombro, quando percebeu que estava sendo observada, um moreno sentado do outro lado não tirava os olhos dela. Ele era muito bonito, talvez já estivesse na hora dela estreitar as relações entre mundo bruxo e mundo trouxa. Nesse momento, chegou o seu sorvete.
"Até que enfim! Pensei que esse sorvete não chegaria nunca!" – O loiro aproveitou mais essa oportunidade para reclamar, mas percebeu que ela estava com o olhar voltado para outro lugar, mais especificamente para outra pessoa. Quando localizou o trouxa que estava olhando para Ginny, encarou-o e aguardou até que seus olhares se cruzassem. O sorriso do moreno desfez-se em questão de segundos e o moço saiu tão apressado da sorveteria, que se ela não tivesse certeza de que ele era trouxa, poderia jurar que o moreno havia aparatado.
"Não acredito que você assustou o moço! Essa sua carranca vai causar pânico entre os trouxas!" – A ruiva estava inconformada, o trouxa era tão bonito
"Nada que uma terapia não resolva. Podemos ir agora?"
O natal havia passado, foi comemorado com a família na Toca. Não foi nada fácil. Para controlar os irmãos e conhecidos precisou lançar meia dúzia de feitiços, três dúzias de ameaças e algumas lutas reais. Apesar das brigas, o feriado foi positivo, conseguiu uma aliada: sua mãe.
A princípio, Molly Weasley estava tão inconformada como os demais, depois foi a fase do olhar "que decepção!". Mas na noite do dia 24, um milagre de Natal! Passava das dez horas da noite, todos estavam aprontando a árvore e os presentes na sala, Ginny foi até a cozinha para preparar um chocolate quente e escapar dos olhares recriminadores dos irmãos, estava olhando pela janela, vendo a neve cair. Pensava no loiro, sabia que ele estava sozinho na mansão.
Tinha proibido qualquer contato com uma mulher, essa tinha sido uma das primeiras ordens que ela tinha dado, logo depois do incidente da sorveteria. Mas também havia prometido que não se envolveria com outro homem, um preço alto a pagar, mas necessário. Malfoy preservava muito a sua imagem, estava sempre pensando no que os outros falariam. Sua mãe entrou para terminar de preparar a ceia e olhou-a de canto de olhos, a filha ofereceu ajuda, e sem olhá-la, aceitou. Depois de alguns minutos tentando conversar com a mãe, sem sucesso, Ginny fez o que qualquer mulher madura e inteligente faria: chorou.
"Quando eu mais preciso da minha mãe ela me abandona! Eu estou sozinha e triste por causa de uma escolha!" - Entre as lágrimas, olhou para a mãe para verificar se a chantagem emocional estava dando certo. Aparentemente estava, sua mãe largara a varinha e as batatas.
"Eu não te abandonei, filha. Foi você quem escolheu um Malfoy, você sabe do ódio secular entre as famílias, não sabe? Tantos moços para você escolher e você fica noiva daquele homem? O que eu e seu pai fizemos para merecer isso?" - Molly estava muito nervosa e decepcionada com a filha, então:
"Eu sei. Vocês mereceriam uma filha melhor. Eu sou uma vergonha pra vocês, sempre fui, não é? Desde pequena só entro em confusões. Vocês têm toda a razão, não deveriam nem olhar pra mim."- Desta vez Ginny nem levantou a cabeça, sabia que tinha dado certo, sua mãe estava negando veementemente suas afirmações, e continuou:
"Não podemos escolher quem iremos amar, bem como não podemos escolher nossa família... Eu... Eu... Eu não mando no meu coração, eu não escolhi esta dor, amar tanto a minha família e um homem que não tem mais ninguém no mundo." - A ruiva só pensava que devia ganhar um prêmio pela sua dramatização, definitivamente, Ginny Weasley tinha o dom da palavra. Sua mãe estava chorando e olhando carinhosamente para a filha. Cuidadosamente, ela pegou as mãos de Molly e olhou-a nos olhos e então desfechou o golpe final:
"Eu não mereço a família que tenho... Ele... Draco..." - mais um soluço - "Está sozinho na noite de Natal... Mãe... Ele não tem mais ninguém no mundo..." - Pronto o milagre estava feito, as duas se abraçaram e choraram juntas.
"Ah então foi isso!" - As duas olharam para a porta e viram Hermione com um dos sobrinhos no colo.
"Foi isso o quê?"
"Foi por isso que seu pai passou pela sala com os olhos vermelhos, depois que saiu daqui". - Molly começou a chorar novamente abraçada à filha, que através da mímica, fazia sinal para a cunhada de ter apanhado dois coelhos com uma só cajadada. Ficou feliz por saber que seu pai tinha assistido a sua melhor performance.
No próximo capítulo...
Não terá beijos, mas terá uma declaração de amor!
Beijos especiais para Rafinha M. Potter, que como sempre foi um amor e betou este cap.
E mais milhões de beijos para Carolilina Malfoy, milinha-potter, miaka, Lou Malfoy, Lanis, Helo, Miss.H.Granger, Fini Felton, licca-weasley-malfoy.
Deixem reviews! É bom saber o que o povo tá achandu da fic, ok? Podem deixar sugestões tb... O que vcs acham: já está na hora da sorte do loiro começar a mudar? Ou ele deve sofrer mais um pouco na mão da ruiva?
