No capítulo anterior...

Ginny consegue novos aliados e Draco começa a receber ordens.


Capítulo 5 – No amor e na guerra

Era quarta-feira à noite, Ginny e Hermione estavam trabalhando numa pesquisa para a reportagem especial de fim de ano, que seria publicada em alguns dias. Não era surpresa nenhuma a sabe-tudo se oferecer para ajudar a ruiva, na verdade, isso era corriqueiro.

"Sabe, o Harry está uma fera com você. Além de amaldiçoar o seu noivado, ele diz que você e o Malfoy fizeram alguma coisa para a coruja dele." - Ela olhava curiosa para a repórter.

"Já dei um jeito nele no Natal. Por quê?Ele quer outra azaração?" - A ruiva sequer levantou os olhos do pergaminho em que escrevia.

"Nãããão... Ele só comentou que Edwirges está um pouco estranha... Bem... Ele precisou ir para Katamandu, disse que era um caso urgentíssimo, mas quando ele voltar, vai querer ter uma conversa séria com você." - Hermione não conseguia identificar nenhuma emoção no rosto da outra.

"Harry está trabalhando demais, na maioria das vezes, nem ele sabe o que está falando!" - Ginny procurava algumas anotações em meio à confusão de papéis e quase não dava atenção ao que a cunhada dizia.

"Mione, o ministro vai primeiro ao Baile Beneficente ou ao Asilo de Guerra?"

"Primeiro ele irá ao asilo, depois, ao baile. Será maravilhoso! O melhor baile de Reveillon já visto. Você vai, não vai?" - Hermione trabalhava no Ministério junto com o marido.

"É claro que vou, será a oportunidade perfeita de sair, pela primeira vez no mundo bruxo, em público com o Malfoy." - O sorriso da ruiva devia ser proibido por lei! Ela estava planejando alguma coisa.

"Ginny, será que você não judiou muito do albino? Quer dizer, não que ele seja decente, mas você tá pegando pesado!"

"Pois você não viu nada ainda. O reveillon será um divisor de águas!" - Os olhos da repórter refletiam um brilho intenso, que poderia ser atribuído aos seus pensamentos, mas Hermione preferia pensar que se tratava do reflexo das chamas da lareira.

"Eu estava pensando, esse negócio do Malfoy ser magicamente obrigado a me obedecer, o que acontece se ele se recusar?"

"Por que você quer saber?" - Apesar do questionamento, a ruiva podia ver a curiosidade explícita no rosto da cunhada.

"Não sei... É só uma suposição, uma coisa que eu estava pensando." - Ginny se equilibrava nos pés traseiros da cadeira com pernas cruzadas sobre a quina da mesa, parecia muito compenetrada.

"Bem, tenho um livro que trata do assunto, vou buscar! - A ruiva não teve tempo nem de responder e a outra já tinha sumido pela lareira.

Passados dez minutos, ela já estava de volta, com o nariz metido no livro.

"Bem, aqui diz que tudo depende das palavras usadas para fazer o encantamento, você sabe as palavras exatas?"

"Não, mas posso descobrir!" - A ruiva pegou um pouco de pó de flú e jogou na lareira.


Draco estava trabalhando em seu escritório, lendo alguns relatórios, quando ouviu:

"Malfoy! Queriiiiido, onde você está?" - Era a ruiva novamente. Nos últimos dias, ela tinha feito isso regularmente, enfiava a cabeça na lareira, dava uma ordem e ia embora. O pior é que a criatura sempre tinha um sorrisinho sarcástico nos lábios. Na primeira vez, tinha ordenado que ele nãoencontrasse com nenhuma mulher. Depois, ordenou que deveria fazer uma reverência quando encontrasse um Weasley. O cúmulo foi quando estipulou que ele só poderia chamá-la de "Ginny", admitindo-se a variação de "Ginny querida", definitivamente a mulher era insana e o pior, estava conseguindo diluir o restinho de bom senso que ainda lhe restava.

"Venha até aqui." - Pronto. A mulher dera mais uma ordem. E ele não tinha opção, precisava segui-la.

Ao chegar a sala, via pó de flú, ele percebeu a presença da sabe-tudo. Fez uma reverência para Ginny, como era obrigado e ignorou a outra.

"Malfoy, você precisa curvar-se perante à Mione, ela é uma Weasley também!" - Todos estavam desconfortáveis, exceto a ruiva, que parecia muito feliz consigo mesma. Enquanto a outra murmurava desconcertada que isso não era necessário, Draco fez uma exagerada reverência, se bem que não tirou os olhos da repórter.

"Feliz?" - Perguntou entre os dentes.

"Muito" - Respondeu a ruiva.

"O que deseja?" - Draco tentava manter a calma e mostrar-se impassível.

"Sabe de uma coisa? Acho que eu nunca vou me cansar de ouvir você me dizer essa frase!" - E tentando imitar a voz dele, repetiu:

"O que você deseja?" - Já com sua voz normal, sarcástica e brincalhona completou:

"Malfoy querido, desejo tantas coisas..." - Deliciou-se com o fato de ser a responsável pelo belo tom rosado nas bochechas do loiro... Novamente! Deu uma piscadela para Hermione, que fez de conta que não viu e afundou o rosto escarlate no livro, e dirigiu-se ao moço:

"Preciso que me diga uma coisa, quais foram as palavras usadas para fazer o encantamento?"

"Maldição você quer dizer?" - Apesar da tentativa de irritar a ruiva, Draco demonstrava uma certa reserva em discutir o assunto.

"Chame como quiser, quais foram as condições da promessa?" - Ginny não cairia no jogo de palavras, estava preparada. Tinha um objetivo e iria alcançá-lo.

"Por que você quer saber?" - Até a cunhada olhou para o loiro, ele estava na defensiva.

"Por que eu desejo." - Direta ao ponto. A ruiva não deu nenhuma chance para que ele escapasse. Ele fixou seu olhar nela, como quem quer descobrir a verdade que está além das palavras. Ela retribuiu o olhar intenso e nenhum dos dois conseguiu desviar o olhar. Para Ginny, os olhos dele eram as portas que levavam ao mar, como se caísse de um despenhadeiro em meio ao oceano cinzento, revolto, agitado... Apesar do exterior frio que ele apresentava ao mundo, ela já tinha descoberto, nesses poucos dias de convivência, que Malfoy não era tão indiferente quanto ele queria que os outros acreditassem. Seus olhos diziam muito. Como que percebendo a linha de pensamento da ruiva, ele foi o primeiro a desviar o olhar.

"E então? Vai falar ou não vai?" - Ela não daria sossego. Draco suspirou e colocou a mão em um dos bolsos das vestes e tirou um galeão. Colocou-o na palma da mão esquerda estendida, voltou a fixar seu olhar na ruiva e respondeu:

"Não." - A moeda desapareceu de sua mão. Mione que estava esquecida num canto da sala arregalou os olhos. Ginny não falou nada, só parecia compenetrada.

"Você... Você prometeu a sua fortuna, não foi?" - A sabe-tudo estava impressionada. Nunca tinha visto os efeitos desse tipo de promessa. O Malfoy estava perdido.

Ele ignorou-a por completo, seu olhar estava fixo na ruiva, que lhe estendeu a mão e pediu:

"Suas moedas, Malfoy." - Sem titubear, ele entregou-lhe um grande saco feito de couro de dragão, cheio de moedas. Ela escolheu uma moeda e disse:

"Beije a Hermione!"

"Não." - Respondeu o loiro, sem hesitarou demonstrar qualquer emoção. A moeda sumiu da mão da ruiva. Em meia hora o saco de moedas estava vazio, para a contrariedade de Draco e da sabe-tudo também, ela havia sido a cobaia na maioria das ordens.


No dia 30 de dezembro, Ginny recebeu a visita da sua mãe. Estava na sua espreguiçadeira preferida, com um grande copo de chocolate quente e com muitas guloseimas deitadas no seu estomago. Lia uma revista de quadribol.

"Olá meu bem? Porque está sozinha, cadê o seu noivo?" - Molly Weasley não gostou de ver a filha arquear as sobrancelhas, mas sentou-se confortavelmente no sofá.

"Ele está trabalhando." - E assim, voltou à matéria que estava lendo.

"Mas minha filha, esse moço só trabalha? Ele não comemora o Natal, não pára de trabalhar para comemorar o ano novo também? Isso não é bom!" - Ela olhou espantada para a sua mãe, não era ela que detestava o Malfoy? Agora estava defendendo-o. Mas não precisou verbalizar essas considerações, como toda mãe que se prese, Molly Weasley sabia o que a filha pensava e adiantou-se:

"Sei que não fui muito favorável à idéia inicialmente, mas agora já aceitei o fato. Além do mais, o moço está sozinho no mundo. A sua companhia irá despertar nele o desejo de ser um homem melhor." - Ginny não ousou fazer um comentário, se a mãe soubesse o estava fazendo com o Malfoy, ficaria sem bolo de aniversário até o fim da vida. Mas sua mãe não percebeu seu olhar divertido e continuou:

"Como ele estava? Depois da ceia do Natal? - Seu rosto era só preocupação.

"Como assim? Eu só o vi ontem."

"O quê? Você não entregou nem o presente de natal?" - Um alarme soou na cabeça da ruiva, para sua mãe, eles formavam um casal apaixonado. E casais apaixonados, invariavelmente, trocam presentes na época do natal. Rápido, pense numa resposta! E a resposta veio:

"Mãe. Eu te disse que ele não gosta de Natal, não disse? Para ele isso é muito traumático, então achei que se agisse naturalmente, como se fosse um dia qualquer, ele superaria melhor esta época do ano."

"Pois pensou errado! Ele precisa conhecer o outro lado das festas! O outro lado da vida, o verdadeiro espírito do Natal!" - De onde a sua mãe tirava essas idéias? Mas não teve tempo de retrucar, a matriarca continuava tentando validar sua lógica:

"Tenho certeza que ele precisa de mimos e presentes. E é claro que você deve providenciar um com a maior urgência possível. Mas o que dar para um homem que tem tudo? - Molly Weasley estava olhando pela janela do apartamento e tamborilando os dedos no queixo, parecia estar perdida em seus pensamentos.

"Já sei! Para um homem solitário, é o presente perfeito! Um animalzinho de estimação!" - Isso foi o suficiente para Ginny cair da espreguiçadeira, levando consigo os doces e o copo.

"Ginny querida, o quê está fazendo no chão? Levante-se. Precisamos ir às compras!"


Draco estava lendo o jornal, com uma xícara de café fumegante em uma das mãos quando Ginny Weasley saiu como um raio de sua lareira. Por pouco não derramou o líquido sobre suas vestes.

"Malfoy, precisamos ir para a minha casa, mamãe quer vê-lo." - Ele achou curioso o fato da mulher corajosa, destemida e inteligente, mostrar-se tão assustada.

"Agora?" - Interessante, ela olhava para a lareira como se uma mortalha fosse sair de lá à qualquer momento.

"Não, no próximo século, é claro que é agora Malfoy! E lembre-se, seja cortês, educado e não fale asneiras. Para todos os efeitos, nós somos um casal perfeito!" - ela tirou a xícara das mãos do loiro, inspirou e arrastou-o pela lareira.

Do outro lado, Molly aguardava a chegada dos dois. Exibia um sorriso encantador. Apesar do nervosismo, queria conhecer o homem que tinha conseguido conquistar o coração da sua filhinha. Assim que viu o loiro, soube que gostaria dele. O moço soltou a mão de sua filha, fez uma mesura e beijou-lhe a mão direita:

"É um prazer conhecê-la, Srª Weasley." - Ginny não acreditou no rubor que sua mãe ostentava, sem pudor algum. Mas sua indignação não durou muito, logo sua mãe dirigiu-se à ela.

"Querida, vá buscar alguns refrescos."

"Mamãe, posso conjurar..." - Mas foi interrompida pela mãe, que agora direcionava um daqueles olhares que não admitiam contestações. A ruiva saiu da sala, tentando captar a atenção do loiro. Mas ele só olhava para a matriarca. Já no corredor, ela ouviu sua mãe convidá-lo para sentar-se no sofá.

A ruiva estava desesperada, fazia quatro minutos que havia saído da sala e já não agüentava mais. Mas tinha medo que sua mãe achasse que o tempo não era suficiente e a humilhasse perto do Malfoy. Foi até a mesa novamente e tentou ajeitar a tolha na bandeja com os refrescos, como estava nervosa, puxou a toalha com uma força maior que a pretendida e derrubou a jarra e um dos copos. Durante os próximos minutos, cuidou de reparar o estrago na bandeja. Quando confirmou no relógio que já havia passado dez minutos, achou seguro voltar.

A jarra e os copos quase foram ao chão novamente quando chegou à sala. Sua mãe tinha um enorme álbum de fotos nas mãos e amontoava uma quantidade enorme no colo do rapaz.

"E esta aqui é a Ginny com dois aninhos, ela não era linda! Toda peladinha na praia?" - Se essa era a sua aliada, ela não queria nem imaginar o que faria a sua inimiga. Pelo olhar sarcástico que o loiro lhe dirigia, ele pensava a mesma coisa.


No próximo capítulo...

A sorte começa a pender para o lado do loiro e veremos o primeiro beijo de Draco e Ginny!


Milhões de beijos pra Rafinha M. Potter, a melhor beta do mundo! Eu amo os seus comentários, não sei o que eu faria sem vc! Obrigada por tudo.

Bjs especiais para Helo, miaka, Miss.H.Granger, licca-weasley-malfoy, PatyAnjinha Malfoy Potter, Lika Slytherin, Fini Felton,CT, Mione G. Potter RJ, Nah, Rita e Lou Malfoy.

Espero que vcs gostem deste cap. Continuo aguardando sugestões!

Brigadinha pelos reviews, eles fazem o meu dia melhor! ;-) Eu me divirto muito com as idéias e sugestões...