Disclaimer: Nenhum dos personagens me pertence, e eu não estou lucrando absolutamente nada com essa história a não ser a satisfação de escrevê-la.

Resumo: Camus é um cavaleiro diferente de todos os outros. Desprovido de sentimentos, anti-social e tão humorado quanto quem chupa limão todo dia de manhã. No entanto, uma nova missão confiada por Atena colocará o cavaleiro em contato com uma das culturas mais calorosas do mundo. Será que o calor do Brasil conseguirá derreter o gelo de Camus? E o que tem Milo a ver com isso tudo?

Atenção! Essa história é um yaoi. Se você não gosta do gênero, por favor, não leia.

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Cap 1 – Duas boas notícias

O cavaleiro de ouro, cabisbaixo, pensava em seu aprendiz. Fazia tempos que o garoto havia se tornado um cavaleiro de bronze, mas ainda detinha uma fraqueza. Uma fraqueza enorme: o garoto... sentia!

O grande apego que Hyoga sentia por sua mãe já falecida, e também por seus amigos, em especial por Shun – e esse era simplesmente um caso perdido, nunca vira pessoa mais sensível, não conseguia entender como o menino havia sobrevivido ao desafio e conseguido a armadura de bronze de Andrômeda – , certamente o colocaria em grande perigo, no futuro.

Camus sentia a necessidade enorme de ajudar o russo, livrá-lo de algo tão supérfluo quanto sentimentos. Afinal, o garoto detinha poder sobre o gelo, sobre as mais baixas temperaturas, assim como ele próprio. Deveria portanto ser como o mestre, e como o elemento que ambos controlavam: deveria ser frio como o gelo.

Dirigiu-se assim para a casa de Aquário, decidido a fazer tudo o que estivesse a seu alcance para livrar Hyoga de todo e qualquer sentimento. "Cavaleiros devem servir Atena, e nessa tarefa não há lugar para algo tão bobo quanto sentimentos. A vulnerabilidade que tais sentimentos denotam não podem jamais atrapalhar um cavaleiro de Atena!", o francês pensava.

Camus, no entanto, sacodiu a cabeça, como que para espantar aqueles pensamentos. Afinal, não era mais tempo para pensar em Hyoga. Camus, cavaleiro de outro da décima primeira casa, servidor fiel de Atena, era assim: frio, calculista, desprovido de sentimentos. A não ser um único: lealdade a sua deusa. E mesmo esse sentimento era encarado de uma maneira fria, fria como ele próprio: era sua tarefa, era sua profissão.

"Pensando em tarefa, cá está a próxima: reunião mensal na casa do mestre, e segundo rumores, a própria Atena estará lá. Que Zeus me proteja", pensou Camus, indo tomar banho.

Ainda orando em pensamento, ao pressentir que Saori Kido estaria presente na reunião mensal dos cavaleiros de ouro, Camus escolheu suas roupas para a ocasião, que pedia algo simples porém elegante. Tratava-se de trabalho, afinal. Assim, pegou do seu guarda-roupa uma camisa preta de mangas curtas, vestindo-a por dentro de uma calça cáqui nem larga, nem justa. Nos pés, optou por um mocassim preto, assim como o cinto que vestia. Os longos cabelos verdes da cor do mar, ainda molhados, exalavam um cheiro doce e sensual.

Assim vestido, Camus se dirigiu à casa do mestre, sem contudo parar de orar. "Que Zeus e todos os deuses me protejam. Por mais fiel que eu seja a Atena, agüentar as exigências nem sempre pertinentes de Saori acabam com meu humor", pensava o aquariano.

Subindo as escadas, o forte cheiro de rosas indicava a proximidade da casa de Afrodite de Peixes. Para Camus, o estilo "não convencional" de Afrodite era uma afronta, mas ainda assim simpatizava com o cavaleiro. Na verdade, Camus respeitava-o, e muito. Sabia que, além de extremamente belo, Afrodite era mortal. "Como uma rosa, bela mas cheia de espinhos, assim é Afrodite", pensou Camus ao ver o cavaleiro de Peixes aproximar-se dele.

– Hey, Camus, mas você tá um gato, hein? Tudo isso pra ver a deusinha, é?

Camus nada disse; apenas lançou a Afrodite um olhar gelado de reprovação.

– Ai, cruzes, Camus. Como você é mau humorado! Socorra-me Atena!– disse Afrodite, visivelmente chateado.

– Ih, Dite, liga não. Esse aí não tem jeito mesmo! –retrucou Shura, que vinha subindo junto com Mu, Shaka, Aledebaran, Aiolia e Milo, rumo também à casa do mestre.

Camus fechou ainda mais a cara. A reunião mensal dos dourados era realmente um suplício para ele. Se nos outros dias sua convivência com os cavaleiros resumia-se a calados treinos físicos na arena, na reunião era diferente. Sempre havia um ou outro que fazia uma piadinha, havia uma descontração no ambiente, o que acabava com seu humor. O que deveria levar duas horas acabava levando quatro, e aquilo desesperava Camus de um jeito inigualável.

Ainda olhando de forma ameaçadora para os companheiros, Camus apressou o passo em direção à casa do mestre, deixando os outros cavaleiros de ouro para trás. Afrodite foi o primeiro a se manifestar:

– Olha, não é por nada não, mas esse aí precisa é de uma boa noite de sexo! Cruzes! Alguém aí se habilita? O homem é um gato!

– Ai, Dite, você é um sacana mesmo! Só pensa nisso. Esse aí não tem jeito nem com reza braba... pode vir a mulher mais gostosa do mundo rebolar pra ele que o cara é capaz de enterrar a moça num esquife de gelo só pra não ser incomodado! – Aldebaran riu com gosto

Cabrón, tienes razón. Com esse aí, nem as rezas brabas do Shaka! – completou Shura.

– Primeiro, eu não faço reza brava, Shura. Segundo, a vida pessoal do Camus diz respeito a ele e a ele só. Terceiro, vamos indo que estamos atrasados! – retrucou Shaka, fingindo-se de irritado.

Nenhum deles, a não ser Mu, notou como o rosto de Milo se contraíra com aquela conversa, a expressão sempre leve do escorpiano tornando-se um tanto quanto pesarosa e pensativa, num misto paradoxal de ternura e pânico.

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Quando Shaka e os outros chegaram ao salão do mestre, depararam-se com Camus, impassível, já instalado em frente a Saga e a Atena. Saori trajava um vestido branco e rosa, estilo bolo de noiva bufante.

"Um atentado à elegância. Essa menina é um atentado ao bom gosto!", foi o primeiro pensamento de Camus ao cumprimentar sua deusa. Afinal, o cavaleiro da décima primeira casa vinha da França, terra do bom gosto e do requinte. A visão da menina só contribuía para aumentar ainda mais seu mal estar.

O restante dos cavaleiros chegou fazendo algazarra, cumprimentando Atena e Saga, sentando-se fazendo barulho, brincando uns com os outros. Milo ainda mantinha a expressão um tanto quanto pesada e pensativa, algo bem fora do comum para o cavaleiro da oitava casa.

– Meus caros, por favor, sua atenção – disse Saga. – A Excelentíssima Atena tem uma tarefa para vocês!

– É isso mesmo, caros. Minha presença aqui deve-se a uma nova tarefa que tenho para vocês.

"Ai caramba, ninguém merece!", pensa Afrodite, maldizendo os deuses pelo dia em que escolheu servir a Atena. "Acho que eu teria me dado melhor como um General Marina. Até porque, falem o que quiser, mas o Julian Solo é um gato. Eu não acharia nem um pouquinho ruim se ele me raptasse e --"

Nesse momento, entrou um esbaforido Máscara da Morte, praguejando mil e uma coisas em italiano.

– Esse cazzo desse Leão – disse Máscara apontando para Aiolia, que já não disfarçava mais as gargalhadas. – Pois saibam vocês que eu estava dormindo tranqüilamente, e vocês sabem, tenho o sono pesado...

– Sono pesado? Ninguém consegue te acordar, Câncer, credo! -- ponderou Aldebaran. – Pode vir Hades aqui e tomar o Santuário que se você estiver dormindo vai ser o último a saber!

– Ah, calaboca, oh, sulamericano, que a conversa ainda não chegou aí! ­– retrucou o italiano.

Todos, menos Camus, riem de soslaio, percebendo que dessa vez Aiolia realmente havia conseguido tirar Máscara da Morte do sério. Se bem que isso não era nenhum grande feito, tendo-se em conta o temperamento do canceriano. Se ainda fossem Mu ou Shaka...

– Pois bem, acreditem ou não, Aiolia teve o dom de me amarrar na cama. Já demorei algum tempo pra entender o que estava acontecendo e me desvencilhar. Mas, não contente, o Leãozinho aí ainda colocou um balde d'água em cima da minha porta, e eu fiquei encharcado. Ou seja, lá fui eu tomar banho. Por isso me atrasei!

Afrodite então levantou, dirigiu-se a Aiolia e tascou-lhe um beijo na testa. – Ai, benzinho, só você mesmo pra obrigar o Máscara a tomar banho. Tão bonitinho mas tãããããoooo sujinho, o Masquinha...

Ao virem Máscara da Morte vermelho feito um pimentão, as gargalhadas, que já estavam difíceis de segurar, explodiram.

Camus balança a cabeça, sendo o único a permanecer sério. Simplesmente não conseguia acreditar na infantilidade dos colegas. "Eles são cavaleiros de Atena, oras!", pensou. Mas ao olhar para Saori e ver que a menina também gargalhava, voltou a balançar a cabeça, em negação. O gesto é quase imperceptível, e todos pensaram que Camus permanecera impassível como de costume.

Do outro lado da sala, um certo cavaleiro, embora tenha achado graça da cara de pimentão de Máscara da Morte, ri mesmo é do gesto de desalento quase imperceptível de um certo francês...

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– Hã, hã – disse Atena, limpando a garganta e atraindo a atenção dos cavaleiros. – Continuando... cá estou eu para informar-lhes duas excelentes notícias! A primeira é que darei uma grande festa, agora no fim do ano, e todos vocês estão convidados. E antes que você me pergunte, Mestre Camus, a presença não é facultativa.

Todos riram, embora Camus tenha permanecido impassível como de praxe.

– Ih, gente, deixem o Homem de Gelo pra lá – disse Shura. – Gostei da primeira notícia, Srta. Saori, pero la outra es...?

– A outra é que tenho uma missão pra vocês, a ser realizada após a festa.

– Aaaaaaaaahhhhhhh -- todos exclamaram, a decepção encarnada em suas faces.

– Mas tem o lado bom, gente. A missão é auxiliar na instalação de uma filial da fundação no Brasil.

Aldebaran pulou de alegria, sendo saudado por todos os outros cavaleiros, exceto por Camus.

– Era só isso, Excelentíssima? ­– perguntou Camus.

– Sim, só isso.

– Estou dispensado?

– Sim, está.

Camus partiu para a décima primeira casa, e seus passos são seguidos pelo olhar ávido de um certo escorpião, que suspirando balança a cabeça em negação, como que para afastar pensamentos que teimam em se fazer presentes.

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N/A: Essa história foi inspirada em Santuário Times e em outras histórias de autoria de Calíope Amphora. Recomendo a leitura das mesmas, pois Calíope é uma excelente autora e só escreve material de qualidade.

Trata-se da minha primeira fic com os personagens de Cavaleiros do Zodíaco, e espero que apreciem.

Peço desculpas pelo capítulo pequeno e bobinho, a coisa melhora mais pra frente, garanto.

Por favor, me encantaria saber o que vocês pensam a respeito da fic.

Até a próxima!