A/N: Peço para por favor lerem os agradecimentos ao final.
ATENÇÃO: Esse capítulo contém cenas lemon. Se não gosta, não leia!
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Cap. 14 – Passado, presente e futuro.
Abriu os olhos e encarou o pequeno rádio-relógio que ficava em cima do criado-mudo. 4:45. "Merde!", pensou, encarando o teto. Inconscientemente, tentou com o braço sentir aquela presença já tão conhecida ao seu lado, mas só encontrou os lençóis amarrotados pela noite insone. Levantou – e essa era a palavra, pois não havia dormido absolutamente nada. Sentou-se na cama e curvou-se, passando as mãos pelos cabelos longos e lisos. Mas não era aquele toque que ele queria.
Respirou fundo e, a passos lentos, caminhou até o banheiro. Despiu-se da única peça que vestia – o indefectível short preto que lhe trazia ternas lembranças, já surrado por tanto tempo de uso. Ligou o chuveiro e deixou a água fria percorrer todo seu corpo, que aos poucos foi se recobrando da noite não dormida. Deixou-se ficar ali por um bom tempo. Em sua cabeça, as palavras da manhã anterior ainda ecoavam, martirizando-o. "Saia da minha casa, Camus, saia da minha vida! Não quero ver você nunca, nunca mais. Não te amo mais, vá embora! Acabou e é para sempre! Se possível, faça o favor de não se dirigir a mim nunca mais!"
Claro que tinham tido algumas brigas, mas nunca como aquela. Nunca daquele jeito tão forte, tão doído. Lembrou-se do último olhar de Milo. Os olhos rasos d'água do outro ao lhe dizer aquelas palavras que tanto machucaram. "Nunca devia ter me envolvido com você! Você foi a pior coisa que aconteceu em toda minha vida, e olha que até morrer eu já morri...", foi o que conseguiu dizer Camus. Com o orgulho ferido, passara o resto daquele dia e toda aquela noite pensando no amante. Foi capaz de lembrar de cada cena, de cada gesto, de cada carinho, de cada noite... e de cada briga.
Fazia algum tempo que a relação vinha se desgastando, as diferenças entre os dois sobressaindo-se de uma maneira que a cada dia se tornava mais forte. "Infantil!", ele dizia. "Insensível!", o outro respondia. Mas as diferenças acabavam sempre sendo resolvidas no lugar mais apropriado para isso: a cama. Entretanto, aquela briga foi diferente. Foi mais... intensa. Machucaram-se um ao outro. E o mais engraçado é que, por mais que Camus se esforçasse, não conseguia precisar o real motivo, o que tinha causado aquela tempestade toda.
Deixara a Casa de Escorpião decidido a nunca mais sequer olhar para Milo. Claro que essa decisão durou somente o tempo necessário para que Camus entendesse o que estava se passando. "Se possível, faça o favor de não se dirigir a mim nunca mais!". Nunca mais? Nunca mais? Nunca mais falar com ele, nunca mais abraçá-lo, nunca mais beijá-lo, nunca mais? Impossível! Chorou antes mesmo de chegar à Casa de Aquário.
Passou o dia inteiro trancado em casa, revirando antigas lembranças. Entre lágrimas e risos, pegou a velha foto de dentro da caixa em que guardava as memórias dos dois. "Camus, sempre o organizado... tem até caixinha pra guardar nossos melhores momentos!", costumava dizer Milo toda vez que os dois se metiam a vasculhar aquelas lembranças tão queridas. E aquela velha foto: os dois, nus, completamente envergonhados, presos pela Corrente de Andrômeda, em pleno acampamento no Brasil, cerca de um ano e pouco atrás. Virou a foto. "Nossas desventuras no Brasil: para Camus, uma lembrança de quando quebramos o gelo! Te amo!". A velha dedicatória saltou aos olhos do francês. "Também te amo, mon chère. Hoje e sempre!", murmurou, sozinho.
Agora, a água gelada continuava a cair sobre suas costas. "Lembranças... passado... passado? Não, isso não pode ser passado. Precisa ser passado, presente e futuro. Sempre!", dizia para si mesmo. Decidiu que ia terminar o banho e correr para a Casa de Escorpião, esclarecer as coisas com Milo. Pensou em mil coisas para dizer, em implorar de joelhos se fosse preciso. Mas não poderia terminar assim. Não mesmo.
Saiu do banheiro com uma toalha branca enrolada na cintura, secando os cabelos com outra. Pensava no que vestir, queria estar deslumbrante, irresistível para o amante. Ou ex amante. Ou melhor dizendo, para o amor de sua vida. Olhou rapidamente para o relógio novamente – 6:30. Abriu a porta do armário, cuidadosamente revirando todas as suas roupas, procurando aquela que fosse perfeita para a ocasião. "Humpf, ele deve estar dormindo ainda, o preguiçoso...", pensou. E então levou um baita susto. Como que por magia, a luz de seu quarto se acendeu. Mas não era a luz de sempre, era mais como uma penumbra. Como se alguém tivesse envolvido a lâmpada com algum tipo de papel escuro ou coisa que o valha.
Olhou pelo quarto e encontrou aquele que procurava encostado na parede, sorrindo daquele jeito cínico que o fazia bambear as pernas. Sorriu e ia dizer algo, mas um olhar do outro o fez desistir da idéia. Milo apontou a cama para Camus, dando a entender que ele se deitasse. O francês, meio sem saber se estava dormindo ou acordado, se aquilo era sonho ou realidade, obedeceu à muda ordem. Sentou-se em sua cama e percebeu que os lençóis haviam sido trocados: eram os lençóis de seda branca que o amante tanto apreciava. Percorreu com as mãos o tecido macio, desejando percorrer a pele do outro. Encarou Milo que ainda estava na mesma posição, com o mesmo sorriso.
Ao perceber que Camus havia se acomodado, sentado na cama com as costas apoiadas na parede atrás de si, Milo saiu daquela posição estática e virou-se para trás. Foi caminhando até o som e, sorrindo, apertou o play. Ainda de costas para Camus, começou a rebolar ao som da música dançante. O francês não se conteve e riu. À primeira estrofe, Milo virou-se para encarar Camus, fazendo um showzinho particular.
– I made it through the wilderness. Somehow I made it through... didn't know how lost I was until I found you! – Escorpião começou a cantar junto com a Madonna, apontando para Camus quando disseram "you". O francês não se agüentou e começou a rir ainda mais alto.
– I was beat incomplete! I'd been had, I was sad and blue... But you made me feel... yeah! you made me feel shiny and new! – continuou Milo, dançando sensualmente e fazendo carinha de menino safado, com o dedinho na boca. A essa altura Camus já gargalhava.
– Like a virgin... touched for the very first time... Like a viiiiiirgin, when your heart beats next to mine! – piscou Escorpião e começou a tirar a camiseta vermelha aos poucos, passando a mão pelo tórax trabalhado. Camus parou de rir por um momento quando Milo atirou-lhe a camiseta, expondo parte daquele corpo que – agora sabia! – lhe pertencia.
– Gonna give you all my love, boy – continuou Milo, aquele "boy" saindo da forma mais sensual que pôde. Camus suspirou. – My fear is fading fast, been saving it all for you, 'cause only love can last... – completou Escorpião, passando a língua pelos lábios. Aproximou-se um pouco mais da cama, e atirou um beijo para Camus. O francês, entrando na brincadeira, pegou o beijo no ar e colocou no coração, depois cheirando a camiseta que Milo lhe atirara.
– You're so fine, and you're mine! – Milo cantou, forçando bem aquele "mine". – Make me strong, yeah you make me bold... Oh your love thawed out, yeah your love thawed out, what was scared and coooooold... – continuou, ora fazendo-se de sensual, ora fazendo graça, arrancando suspiros e gargalhadas do francês sentado na cama.
– Like a virgin, hee! – prosseguiu o grego, dobrando os joelhos e se abraçando quando soltou aquele quase suspiro típico dessa música, o que fez Camus não se agüentar e gargalhar cada vez mais alto. – touched for the very first time... like a viiiiiiirgin, when your heart beats, next to miiiiiiiiine... oh oh oh... oh oh oh...
Quando começou o pequeno solo instrumental, Milo continuou a dançar sensualmente. No ritmo da música, livrou-se da calça larga de moletom, ficando apenas com o short apertado que usava nos treinos – e que Camus achava a peça de roupa mais sexy que Milo tinha. O francês soltou um longo suspiro ao encarar aquele grego, corpo moreno e másculo que se mexia sensualmente, short apertado revelando formas para lá de degustáveis, rosto delicado emoldurado por longos cabelos ondulados, tudo na penumbra provocada por Milo que envolvera a luz do quarto em papel celofane roxo, dando bem o clima da música e de todo aquele show montado para Camus. Ainda dançando, Milo foi se aproximando do amante, engatinhando por cima dele. Mas Camus não se atreveu a lhe tocar.
– You're so fine, and you're mine! I'll be yours, till the end of time... – cantou Milo no ouvido de Camus, fazendo o outro arrepiar todos os pêlos do corpo. O francês não resistiu e ia puxar Milo para um beijo, mas o escorpiano foi mais rápido e desviou-se, não deixando o outro tocá-lo. Arranhando o peito nu do francês, continuou. – 'cause you make me feel, yeah you make me feeeeeel, I've nothing to hiiiiiide!
Ficou de pé na cama, uma perna de cada lado de Camus. O francês lambeu os lábios com aquela visão, aquele a quem mais amava ali, em sua frente. Sem parar de dançar, Milo desceu e se sentou ao lado de Camus, cruzando a perna e fazendo cara de inocente. – Like a virgin, ooooh oooooh, like a virgin... feels so good inside... when you hold me, and your heart beats and you love me... – foi cantando e se aproximando de Camus, até que as duas bocas ficassem tão próximas que um podia sentir a respiração quente do outro.
– Oooooh oooooh ooooooh oooooh – levantou-se Milo antes do beijo, continuando a dançar, piscando e fazendo caras e bocas, arrancando mais umas gargalhadas do francês. – Oooooh baby... (1)
Felinamente, subiu no colo de Camus, ajoelhando-se de forma a deixar o amante entre suas pernas, sentando-se em seu colo. Colou sua boca no ouvido de Camus, que já lhe abraçava, percorrendo com seus dedos longos as costas firmes do doce cantor. – Can you hear my heart beat for the very first time? – completou, a última frase saindo num sussurro.
Olharam-se, e parecia que havia um mudo acordo entre os dois, como se nada precisasse ser dito. Ao menos não naquele momento. Camus com uma mão segurou o queixo de Milo, afastando umas mechas rebeldes do cabelo macio. Cheirou a pele do pescoço do outro, inebriando-se daquele perfume tão querido e tão presente em suas lembranças mais gostosas. Acariciando os longos cabelos azuis do amante, deu-lhe um beijo carinhoso, longo. As línguas se exploraram calma e tranqüilamente.
Separaram o beijo e se encararam mais uma vez. Os olhos de ambos brilhando, cintilantes, demonstrando sem palavras todo o sentimento que os unia e os uniria para sempre. Para sempre. Passado, presente e futuro. Mais uma vez Camus com uma das mãos acariciou o rosto do outro, pausadamente indo de encontro ao pescoço. Milo afundou-se ainda mais nele, espalhando beijinhos pelo pescoço alvo do francês. Beijaram-se mais uma vez, e agora o beijo era um pouco mais ávido, mais desejoso.
Escorpião passou as mãos pelos ombros e braços do francês, sentindo aquele corpo que era seu por direito. Afastando-se um pouco, tomou um dos mamilos do outro com a boca. Camus estremeceu ao sentir aquela língua quente fazendo voltas em um dos pontos mais sensíveis de seu corpo, e gemeu baixinho, relaxando um pouco mais; os músculos, antes tensos, soltando-se aos poucos. Aquário acariciava as costas do outro, percorrendo a espinha com o dedo, e com a outra mão apertando a lateral do corpo do grego com vontade.
Milo mexeu-se no colo do outro, sentindo a ereção já pulsante de seu amante. Sorriu lascivamente, e foi descendo seu rosto pelo peito de Camus, traçando um caminho de beijos, língua e saliva. A respiração de Camus aos poucos começou a ficar entrecortada, e ofegou ainda mais quando aquelas mãos de dedos ágeis de uma só vez puxaram a toalha que lhe cobria a cintura. Cobiçoso, Milo olhou para o membro do amante, sentindo também sua própria ereção crescer incômoda dentro do short apertado. Levantou-se um pouco e tirou o short como pôde, demonstrando uma incrível habilidade. Com aquele lindo sorriso cínico nos lábios, desceu e mordeu uma das coxas do francês, apertando a outra, arrancando um grito da boca do amante.
Beijou a ponta do membro do aquariano e o sentiu estremecer àquele toque. Internamente, Milo vibrava com a visão daquele corpo de homem bem definido, totalmente entregue a seus carinhos. Não mais se contendo, arrastou-se um pouco mais para trás, ficando sentado sobre as coxas de Camus. Dobrou o corpo e abocanhou a ereção do amante de uma vez.
Enquanto sugava em movimentos cada vez mais rápidos, Camus arfava e acariciava os cabelos de Milo, enlouquecendo com a boca que o envolvia e com a sensação gostosa de sentir o pênis do outro, duro, a roçar-lhe nas coxas. O grego continuou aquilo e quando percebeu que o aquariano ia explodir em sua boca, experientemente segurou a base do membro, impedindo o orgasmo, fazendo com que Camus gritasse mais uma vez.
Interrompeu a felação e lançou ao amante o olhar mais lascivo que pôde, o olhar que demonstrava todo o desejo que sentia. Sorriu mais uma vez daquele jeito que enlouquecia Camus, enquanto distribuía mais beijos pela pele quente e molhada de suor do amante. Encarando o francês nos olhos, arrastou-se por sobre ele, posicionando-se em seu colo. Desceu devagar, sentindo a dor e o prazer de ser preenchido aos poucos pelo aquariano, enquanto este lhe apertava as coxas na ânsia de possui-lo. Encaixando-se perfeitamente, prendeu a cintura de Camus com suas pernas, abraçando-o forte. E começou a cavalgar, primeiramente em movimentos lentos, mas apressando-se cada vez mais. Camus apertava Milo contra si, ajudando o trabalho do outro levantando seus quadris no ritmo imposto pelo grego. Milo, por sua vez, sentia a cabeça rodar, envolvido pela sensação de ter Camus dentro de si e de sentir seu pênis esfregando-se na barriga do amante. Aumentando cada vez mais o ritmo, Milo não agüentou mais e gozou, molhando-se a si e ao outro. Camus, logo em seguida, em uma grande arremetida, acabou também explodindo dentro do corpo do amante.
Algum tempo depois, Camus saiu com cuidado de dentro de Milo, mas Escorpião permaneceu sentado em seu colo, as pernas fortes do defensor da oitava casa a envolver-lhe o quadril. Aquário abraçava-lhe forte, no que era correspondido. Afundados um no outro, boca colada a ouvido, nariz sentindo o perfume do pescoço, pele deliciando-se com a maciez dos cabelos, permaneceram.
– Promete pra mim que nunca mais vai terminar comigo... – por fim conseguiu dizer Camus no ouvido do amante, baixinho, num sussurro. Queria disfarçar as lágrimas que teimavam em sair de seus olhos, mas não conseguiu, a voz saindo embargada.
– Promete que nunca mais vai me deixar terminar com você... – respondeu Milo, que por sua vez não fazia a menor questão de fingir que não estava chorando.
Eram mesmo diferentes. Mas naquele abraço ensejava-se justamente o amor pela diferença. Dizem que quando um homem ama outro homem, ele ama na verdade a si mesmo. Para os dois amantes abraçados ali, nada era mais falso do que aquilo. Eram como água e óleo: mas mesmo assim misturavam-se de forma perfeita, sendo por vezes impossível distinguir o que era um e o que era o outro. Amavam-se, e isso bastava. Sempre bastara. No passado, no presente e no futuro.
Sem se darem conta, adormeceram abraçados.
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– Oh Camuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuus! Camuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuus! – chamava Aiolia, caminhando pé ante pé pela sala da décima-primeira casa do Santuário.
– Uuuuuuu-huuuuuuuuu – completava Shura.
Três Cavaleiros de Ouro sorrateiramente se aproximaram do quarto, parando à porta fechada.
– E agora, Olia? A gente bate, a gente entra... que a gente faz? – perguntou Máscara da Morte, que até então permanecera quieto.
A resposta de Leão foi um barulho estrondoso e uma porta aberta, revelando um casal que adormecia abraçadinho.
– Oh, galerinha, vamo acordá! – foi dizendo Shura batendo palmas.
Relutantemente, Milo e Camus foram abrindo os olhos e se espreguiçando, tomando coragem para levantar e mais coragem ainda para perguntar aos amigos o que faziam ali.
– Não falei, Máscara? Ganhei! – comemorou o Cavaleiro de Capricórnio, batendo no ombro do italiano a seu lado. Com a cara amarrada, Câncer tirou umas notas do bolso e estendeu-as a Shura que, sorrindo, meteu-as no bolso.
– Mas não se pode mesmo ter paz nesse Santuário... – murmurou Milo, sentando-se na cama. Olhou para Camus que cobria os olhos com o lençol e sorriu. – Levanta, francês, com eles aqui não tem como dormir não... – completou. – Oh Shura, por que essa felicidade toda hein, posso saber? – disse, virando-se para o espanhol.
– Ganhei a aposta! – sorriu Shura.
– Que aposta? – perguntou Camus, dando-se por vencido e sentando também.
– Questo maledeto apostou que a briga de vocês durava entre 24 e 48 horas. Acertou na mosca! Porca miséria! – grunhiu Máscara da Morte, arrancando risos de Shura e Aiolia.
– Muito bonito, espanhol de mierda! Fica aí tomando conta da vida dos outros ao invés de ir pra casa cuidar da mulher e do filho, ora essa... – disse Milo fingindo-se de ofendido. – Mas já que estão aqui, a que devemos a honra da visita? – perguntou Escorpião.
– Eu queria entender porque eles acham que eu sou você e entram na minha casa sem bater, Milo... – resmungou Camus levantando-se enrolado em um lençol e pegando uma calça qualquer para vestir.
– Ah Gelado, fica na sua, vai? – disse Aiolia divertindo-se com a cara fechada do francês. – Viemos contar fofoca... – continuou com uma feição faceira.
– Vocês estão pegando a mania das suas mulheres... Tão parecendo a Marin, a Shina e o Dite... quando se juntam, sai de baixo... – o francês tornou a resmungar, atirando uma calça para o amante, que ria de suas atitudes zangadas.
Máscara da Morte grunhiu qualquer coisa inintelegível, arrancando risadas dos outros quatro cavaleiros.
– Mas o que tá pegando afinal? – perguntou Milo curioso.
– Ah, esqueci. Quando o Milo se junta com a mulherada então... aí sai de baixo meeeeeeesmo... – disse Camus atirando uma almofada em Escorpião, que lhe mostrou a língua, todos se divertindo com aquilo.
– Enfim... acreditem se quiser, depois do casamento da Saori e do Seiya, essa é a bomba do ano... – começou a contar Shura. – Saga recebeu uma carta do Kanon dizendo que vem pro Santuário pra visitar todo mundo e ta lá, surtado! – continuou o espanhol, divertindo-se.
– Valha-me Atena! Isso aqui vai pegar fogo... – atinou Camus. – Aliás, cadê o Deba?
– Está lá, cuidando do Saguinha – comentou Máscara da Morte. – O que acontece entre esses dois, hein? – perguntou curioso.
– Quem é que sabe? – Milo deu de ombros. – Oh Olia, e minha menina? Como está?
– Ah, está linda, Milo, cada vez maior... parece que eles comem fermento essas crianças, credo... – respondeu Leão. – O meninão do Shura tá enorme também!
– E posso saber por que os senhores não trouxeram os pequenos, hein? – perguntou Milo com as mãos na cintura.
– Ih, Milo, a Marin e a Shina agora andam com essas crianças penduradas para cima e para baixo e só falam de cocô de neném... – respondeu Shura. – Zeus me livre!
– Aliás, falando nesse assunto... tenho outra novidade... – começou Leão. – Marin está grávida de novo!
– Tá doido, hein, Leão, como trabalha hein? – comentou Máscara da Morte, espantado com a novidade.
– Ah mas eles estão certos, com toda essa viadagem espalhada pelo Santuário, se eles não povoarem isso aqui os Cavaleiros de Atena serão extintos... Porque se formos depender da cria da Saori de do Seiya... já imaginaram o filhote de cruz credo? – riu Milo. – Parabéns, Olia! – abraçaram-se os dois gregos, felicitando-se.
– Todos convidadíssimos pra um jantar de comemoração hoje lá em casa, certo? – disse Aiolia, já se levantando para sair junto de Máscara e Shura. – Camus, Milo... queremos vocês pra padrinhos... – completou. Milo, emocionado, abraçou o melhor amigo, sendo seguido por Camus, que sorria feliz.
Despediram-se e Milo ficou parado, pensativo.
– Camus, vamos adotar uma criança? – perguntou de supetão.
– Ai, Milo, me poupa, vá! – riu Camus.
– Estou falando sério... eu seria uma ótima mãe... – disse Escorpião fazendo bico.
– Milo... só você... – riu Aquário. – Seria uma ótima mãe de uma criança desequilibrada por ter dois pais... eu já estou pensando no coitado de nosso afilhado que terá dois padrinhos...
O grego não se agüentou e riu também. – O Hyoga não reclama... – disse, mostrando a língua pro outro, que gargalhou.
– Ah, Escorpião... – suspirou Camus, aproximando-se do outro e dando-lhe um beijo no rosto, ternamente.
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O jantar transcorreu tranqüilo, todos super envolvidos com as crianças que já davam os primeiros passos e balbuciavam as primeiras palavras pelo salão da Casa de Leão. E também com a barriguinha de Marin, que já despontava pequenina.
Saga passou o jantar inteiro agitado, sendo paparicado por Aldebaran: a vinda de Kanon o estava tirando do sério, pois nunca se dera bem com o irmão, embora desejasse sempre fazer as pazes com ele.
Shun e Hyoga exibiram contentes o cartão postal recebido de Ikki. Passaram de mão em mão o cartão, que mostrava nada mais e nada menos do que a Praia dos Ingleses, em Florianópolis. Atrás, podia-se ler os dizeres: "Shun e Hyoga, cá estou eu neste país maravilhoso, curtindo essa praia magnífica em companhia de alguém muito especial... espero que esteja tudo bem por aí. Mande abraços e notícias a todos. Com carinho, Ikki."
Mu e Shaka distribuíram os presentes que haviam trazido de sua longa viagem, em que percorreram juntos a Índia e o Tibet. Para Camus e Milo, o presente não poderia ter sido mais apropriado: uma edição ilustrada do Kama Sutra. Camus corou, mas Milo fez cara de safado e saiu exibindo o presente para todos.
Máscara da Morte e Afrodite brincavam com os bebês, fazendo uma algazarra sem tamanho, especialmente por conta do jeitão estabanado do canceriano, que sempre provocava gargalhadas de Peixes.
Shura exibiu ainda as fotos que recebera de Shiryu, que construíra uma casa nos Cinco Picos Antigos onde estava morando com Shunrei. Shina comentou que assim que seu filho estivesse maiorzinho gostaria de visitar o chinês.
Marin e Aiolia estavam radiantes, e a alegria dos dois tomou conta de todos os seus amigos.
Quanto a Seiya e Saori, estavam dando a volta ao mundo em lua de mel, deixando os cavaleiros livres ao menos por um tempo das bizarrices da deusa e seu companheiro.
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Voltaram para casa já com o sol nascendo. Subiram devagar as escadas, arrastando os corpos cansados até a Casa de Escorpião. Camus entrou e foi direto para a cozinha a fim de tomar um copo d'água, e Milo permaneceu na sala. Abriu a janela e caminhou até a sacada, debruçando-se no balcão e respirando fundo o ar frio da manhã.
O francês foi chegando devagarinho e sorrateiro abraçou o amante por trás. Os dois ficaram abraçados admirando o nascer do sol. Até que Camus começou a se mexer num ritmo calmo, como se estivesse dançando.
– Eu sei que vou te amar... por toda minha vida eu vou te amar, a cada despedida eu vou te amar, desesperadamente, eu sei que vou te amar... – começou a cantar com a voz cristalina aquela música que tanto significava para os dois. O casal ficou balançando ao som da música que Camus cantava à capela.
– E cada verso meu será pra te dizer que eu sei que vou te amar, por toda minha vida... – continuou Camus e Milo virou-se para encará-lo de frente, os dois se abraçando e continuando a dançar.
– Eu sei que vou chorar... a cada ausência tua eu vou chorar... mas cada volta tua há de apagar... o que essa tua ausência me causou... (2) – cantava o francês com a boca colada ao ouvido do amante.
Mas Camus foi obrigado a se calar naquele momento, pois Milo tomou-lhe a boca em um beijo terno e desprovido de malícia, selando o sentimento enorme que fazia encolher o peito dos dois.
– Te amo, Camus!
– Te amo, Milo!
– Pra sempre, Camus!
– Pour toujours, Milo! Passado, presente e futuro, sempre serei seu e você sempre será meu.
– Não importa o que aconteça...
– Te amo, Milo...
– Te amo, Camus...
Não importavam as desventuras pelas quais haviam passado e por certo ainda passariam. As vozes sussurradas na sala vazia, aos primeiros raios de sol da fria manhã, ecoariam pelo passado, pelo presente e pelo futuro. Sempre. Sempre juntos. No passado, no presente, e no futuro.
FIM
(1) Like a virgin, Madonna – como inglês não tem muito essa de feminino e masculino, traduzo aqui com o ponto de vista de nosso amado Milo.
Consegui vencer a selvageria
De alguma forma consegui
Não sabia o quão perdido estava até que te encontrei
Eu era incompleto
Eu estava "passado", estava triste e magoado
Mas você me fez sentir
Sim, você me fez sentir
Brilhante e novo
Como um virgem, tocado pela primeira vez
Como um virgem, quando seu coração bate perto do meu
Vou te dar todo meu amor, garoto
Meu medo está morrendo rápido
Vou poupar tudo isso pra você
Pois só o amor pode durar
Você é tão bom, e é meu
Me faz forte, sim me faz bem forte
Oh seu amor derreteu
Sim seu amor derreteu
O que era assustado e frio
Você é tão bom, e é meu
Serei seu até o fim dos tempos
Porque você me faz sentir
Sim, você me faz sentir
Que não tenho nada a esconder
Como um virgem, é tão bom... quando você me abraça, e seu coração bate, e você me ama...
Pode ouvir meu coração bater pela primeira vez?
(2) Eu sei que vou te amar, de Vinicius de Morais e Tom Jobim. Ver Cap. 5.
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A/N: Bom, me desculpem mas terei de me estender hoje nas considerações finais. Afinal, agora são finais mesmo...
Acabou Desventuras. A fic que me motivou o tempo todo, logo eu que tinha parado de escrever há tanto tempo que nem lembro mais a senha de meus outros pen names... É com um carinho imenso que me despeço aqui, tanto da fic, de Milo e Camus (pelo menos por enquanto), quanto de vocês, que me acompanharam nessa jornada. Quero fazer aqui um pequeno agradecimento...
A Caliope Amphora, cuja fic Santuário Times me inspirou a escrever novamente.
A Bia, Harumi Chan, Tenko-no-Miko, Patin, RaposaDreams, Jujum, Ayame Yuy, Cardosinha, Gemini Kaoru, Bibi-chan, Caroline-sana, Danny e MilaNessa: muito obrigada pela força, mesmo. Acredito que todo autor escreva uma parte para si mesmo, mas a maior parte esperando que alguém vá efetivamente ler e apreciar aquelas palavras escritas ali com tanto trabalho e carinho. Por isso, valeuzão pela força, mesmo!
A minhas queridas Mi-Chan e Enfermeira-Chan, meu muito obrigada do fundo do coração, pela força, sempre. E não nos esqueçamos que parte desse capítulo nasceu inspirada lá na comunidade... (jabazinho básico, gente, quem gostar e quiser entrar... sobre Milo e Camus, claaaaro: http/ Queridas, espero encontrá-las sempre por aí, em novas fics e lá no orkut... vocês são ótimas! E além de tudo ainda escrevem fics excelentes, recomendo!
Por último, vamos a meus planos para o futuro:
Uma side history mostrando a primeira noite de Hyoga e Shun, claro que no universo de Desventuras;
Talvez uma outra side history estrelando Deba e Saga, mas ainda não me decidi a respeito;
Um U.A. (que seria meu primeiro), estrelando claaaaro os fofuchos Milo e Camus, mas que acho que só eu vou gostar e ler. Tara minha. carinha de perva, ai, ai, perdoem...
E o que pintar... estou sempre aberta a sugestões e/ou pedidos...
Desculpem meu maledeto computador ou internet, ou sei lá o quê (como eu sou tapada pra essas coisas) que não me permitiu responder às reviews, e nem postar histórias novas... agora vou começar a postar do trabalho, escondida, e espero que ninguém me pegue... pelo menos até achar um bom técnico pra esse meu PC...
É isso, gente! Ciao! Au revoir! Tchau! E, o principal: até a próxima!
