Nota: Os personagens maravilhosos de Kuramada, infelizmente não me pertencem apenas a protagonista da história é uma criação única e exclusivamente minha, criada sob medida para o meu aquariano preferido;


Legenda:

-Frases assim; (diálogos normais)

-"Frases assim"; (pensamentos entre aspas)

-'Frases assim'; (diálogos de segunda pessoa)

--Flash back—(negrito)

--Lembranças— (itálico)


Capitulo 3:

Mal são amigos

I - Uma vida pelas outras.

Um ano antes...

Sentada sobre um trono de Ébano, uma mulher de longos cabelos tão negros quanto uma noite sem estrelas e olhos verdes profundos e inexpressivos, fitava entediada uma taça de vinho pousada num dos braços do trono. Até que a chegada de um convidado inusitado lhe chamou a atenção. O castelo todo era iluminado por aquele cosmo cálido de tom azulado que por onde passava tomava suas posses.

-Desculpe meu atrevimento por vir sem avisar Imperatriz, mas tenho algo muito importante para tratar-lhe; uma jovem de cabelos e olhos dourados falava ofegante, como se houvesse passado por uma corrida desenfreada pra chegar a tal lugar.

-Não tem problema, já esperava sua visita; a mulher respondeu com um brilho frio em seus olhos. – E já tenho noção do que veio me pedir.

-Então? – ela perguntou esperançosa.

-A resposta é não! – ela respondeu seca.

-Isso não é justo; ela reclamou, cerrando os punhos. – Eles não merecem isso;

-Fale para alguém que se importe; A imperatriz do Submundo falou arrogante;

-Eu me importo; Harmonia respondeu com os orbes dourados queimando em fúria.

-Não vou voltar atrás em minha decisão Harmonia e também não pretendo desobedecer meu marido para salvar a vida de mortais que foram responsáveis por sua queda; ela respondeu levianamente.

-Porque finge ter uma opinião da qual não é dona? Já que não seria a primeira vez que você intercederia por mortais; Harmonia falou com um sorriso provocante nos labios. – Ou pensas que estou alheia a teus passos majestade?

-Menina atrevida vá embora antes que Hades retorne; Perséfone falou nervosa com a presença da jovem que parecia trazer a tona todos os seus pecados omitidos

-Não seja tola, Perséfone; ela falou deixando de lado toda sua cordialidade, dando ênfase a sua indiferença e autocontrole. – Sabes muito bem que ele acaba de perecer nas mãos dos Santos de Athena e que não se atrevera a voltar a Terra pelos próximos 200 a 400 anos. Agora se você teme tanto que a verdade venha à tona não se preocupe, não pretendo ser esse mensageiro, já que meus interesses aqui são outros;

Os olhos de Perséfone se estreitaram, não havia mais nenhum argumento que pudesse usar para impedir que aquela idéia louca da jovem fosse executada e infelizmente a mesma estava certa, outrora foi ela a interceder por mortais, mas as coisas mudam. Agora só o que ela poderia fazer é aceitar seu destino e seguir adiante.

-Você sabe das responsabilidades que esta assumindo, não é? – Perséfone fez uma ultima tentativa.

-Sei muito bem e nem por isso pretendo desistir, fiz uma promessa que pretendo cumprir; ela respondeu confiante.

-Que seja, só espero que você não venha a se arrepender quando for tarde de mais; ela aconselhou.

-Sei que não posso mudar o mundo, mas ainda sim, vou fazer o que posso por aqueles que acredito;

-Vá agora, pois para nós o tempo corre num eixo diferente e que as deusas do Destino estejam do seu lado, pois agora seus amados cavaleiros travam uma dura batalha contra Apolo e se não correr, talvez seja tarde de mais; Perséfone falou pondo um fim na conversa.

-Obrigada! – A voz de Harmonia soou como um eco pelos corredores do castelo completamente vazio, já que nem todos os seus defensores estavam no mesmo, devido à batalha que ocorrera. Ela atravessava rapidamente os corredores escuros, tendo apenas como guia a própria luz de seu cosmo. – "Tomara que de tempo";

Uma luz foi surgindo a sua frente quando o corredor chegou ao fim aproximando-se finalmente de seu destino. Um lugar rodeado de nevoa, onde um homem de aparentemente cinqüenta anos, de porte atlético, observava um espelho com ar entediado.

-Meu senhor detenha-o, por favor; Harmonia pediu suplicante atraindo a atenção do homem.

-Você sabe de suas responsabilidades, não é? – a voz saiu imponente quase fez com que ela recuasse diante daqueles penetrantes olhos azuis, mas não foi o que ela fez, havia chegado longe de mais para recuar agora.

-Já, já... Agora poderia ser rápido; ela disse gesticulando nervosamente.

-Essa juventude, sempre impaciente; ele murmurou conformado, ela fizera uma escolha, e ele nada poderia fazer quanto a isso mesmo que em seu intimo ele tivesse suplicado para que ela reconsiderasse.

O onipotente senhor do Olímpo fez surgir de suas mãos um punhado de raios, sem pestanejar o mesmo os lançou em direção a Terra. Para ser mais exato no agora Templo de Ártemis, que outrora fora o símbolo de poder de Athena, mas fora tomado cruelmente pelos irmãos mais velhos;

Na terra...

A luta entre os cavaleiros de bronze e Apolo era cruel, muitos eram os feridos. Seiya se preparava para atacar o Deus quando um clarão surgiu sob suas cabeças. Ambos dispostos a vencer, não perceberam a aproximação dos projéteis, somente quando os mesmos acertaram em cheio o Deus do Sol e o milagre aconteceu.

Uma explosão em grande escala aconteceu, cegando a todos por um momento. Em menos de dois segundos o santuário de Ártemis voltou a abrigar as doze casas como fizera outrora, agora com as mesmas sem nenhum vestígio do que sofreram na batalha contra Hades.

A estatua de mármore que lacrava as almas dos cavaleiros de ouro mortos na ultima batalha explodiu junto com o Deus do Sol, revelando o maior dos milagres, os cavaleiros retornavam a vida, exatamente como eram antes das batalhas, todos os vivos. Quantos mais retornaram? Não era possível saber ainda.

A batalha chegara ao fim, a jovem de cabelos dourados observava os cavaleiros com alegria estampada em sua face, finalmente eles teriam a chance de viver em paz. Com uma prece silenciosa, Athena agradeceu a ajuda que recebera e principalmente pela volta de seus cavaleiros.

Não sabia exatamente quanto aquela paz duraria, o importante agora era que todos estavam bem.

II - Começando a Agir.

Atualmente...

-Então, onde ela está? – a voz da mulher de olhos prateados soou impaciente.

-Minha Sra, eu perdi o rastro dela, mas creio que ela esteja se escondendo no santuário até se recuperar; Fobos falou.

-Seu inútil, ela não sumiria sem deixar um rastro, você procurou direito? - ela falou mais irritada ainda.

-Eris, ela tem a habilidade de ocultar seu cosmo, não posso senti-la e se me aproximar de mais do santuário posso ser reconhecido por algum cavaleiro e como a Sra bem sabe, todos os cavaleiros de ouro estão no santuário novamente; ele respondeu com a voz vacilante.

-E como poderia me esquecer; ela falou seca; - Vou perdoá-lo dessa vez, mas fique de olho, ela pode voltar a aparecer;

-Sra. Me permite uma pergunta; ele fala incerto.

-Fale!

-Porque a senhora quer tanto encontrá-la?

-Ela tem algo que eu preciso para retornar ao mundo mortal e alem do mais essa fedelha já atrapalhou de mais meus planos; Eris disse com ar sombrio. Fobos apenas assentiu em conformidade com a resposta e retirou-se do local.

Eris permanecia oculta sobre uma barreira de energia abaixo do cabo Sunion, escondida entre os destroços de um antigo navio naufragado, apenas esperando o momento certo para enfrentar seus inimigos mais uma vez.

III - Uma visita inesperada.

A noite começava a cair pelo maravilhoso seu grego...

Aishi ainda permanecia escondida no Templo da Coroa do Sol que estrategicamente fora construído na Encosta de Bejunte, embora passado muito tempo desde a visita do Cavaleiro de Aquário ela ainda permanecia em alerta.

Kamus retornara na noite seguinte ao local, talvez a sua procura, mas nada encontrou então acabou por desistir, assim ela pensou. Mal sabia ela o quão paciente aquele cavaleiro poderia ser, mas quem sabe viesse a descobrir um dia.

Com receio de envolver-se mais do que deveria, Aishi preferiu não se aproximar do cavaleiro, poderia feri-lo ou até mesmo causar-lhe problemas dos quais não lhe diziam respeito;

Num lugar mais oculto no templo, Aishi permanecia recuperando-se do ataque que alguns dias atrás recebera de Fobos. Mesmo que fosse forte, muitos sentimentos operavam de maneira conflitante em si, fazendo com que toda sua energia se esgotasse rapidamente.

Achando um lugar confortável para descansar, a jovem estava quase para cair num sono profundo quando uma voz calma começou a falar-lhe.

-Pensei que nunca mais iria te encontrar; uma jovem de olhos verdes a fitava com ternura, seus cabelos violeta esvoaçavam com o seu andar calmo, sem pedir permissão à mesma sentou-se ao lado de Aishi que a fitava curiosamente.

-Quem é você? – ela perguntou indiferente a presença da jovem.

-Não finja que não sabe quem sou, sei muito bem que você detesta mentiras e bem sei que você me reconheceu assim que cheguei, por isso deixe a hostilidade de lado comigo; Saori falou calmamente.

-Me desculpe! – Aishi falou abaixando a cabeça com a voz triste.

-Pelo que? – Athena perguntou sem conseguir evitar o tom curioso que soou em sua voz, enquanto sentia o cosmo triste da jovem se manifestar, ainda que fracamente, mas o suficiente para ser reconhecido a longa distancia por um certo cavaleiro.

-Não queria envolvê-los nisso, já passaram por tantas coisas. Lutas, sofrimentos, batalhas e mais batalhas que por vezes lhes tomaram as vidas; ela completou com a voz angustiada.

-Há coisas que não podem ser mudadas; Athena respondeu.

-Mas...; Ela foi cortada.

-Deixe-me retribuir-lhe a ajuda que nos deu, fique sob minha proteção no santuário; Athena falou, enquanto suas mãos aproximavam-se da jovem dando lhe um terno abraço, sentindo que a mesma derramava grossas lagrimas que inundavam seus orbes dourados. – Mas se você não se acostumar e quiser partir, não a impedirei e afinal, pode até ser o divertido; ela disse, tentando tirar a tensão do ambiente.

Como uma mãe que ampara o filho em momentos de incerteza, Athena apenas esperava que a jovem melhorasse, deixasse cair junto das lagrimas toda a dor que guardara somente para si durante todo esse tempo.

-Assumiste uma grande responsabilidade para nos salvar. Não vou deixá-la sozinha... Agora vamos para o santuário; Athena falou levantando-se e levando a jovem com sigo. Ambas passaram pelas doze casas.

Os cavaleiros repousavam tranqüilamente em suas casas, atormentados por pouco tempo por uma inquietação inexplicável. Somente Shaka notou a movimentação de Athena próxima ao santuário e pode sentir a presença de mais alguém acompanhando a deusa, ignorando tal fato já que sentira não ser ninguém hostil, tornou a dormir, enquanto as divindades subiam apresadamente os degraus do ultimo templo.

IV – Preocupações.

No dia seguinte...

-Por Zeus, como pode, faz quase uma semana que ele está trancado naquele freezer; Milo mais uma vez dava seu pitizinho na primeira casa, em reunião com o leonino e o ariano.

-E o que você sugere que façamos, então? – Mú perguntou entediado, já que passara a manhã toda ouvindo o Escorpião falar revoltado, sobre os porquês do Francês resolver se confinar em sua casa e só sair movido por uma força maior.

-Ainda acho que você esta exagerando, fazendo uma tempestade por nada, sendo que o Kamus sempre foi meio recluso; Aiolia falou pacientemente.

-Você acha que eu não conheço meu amigo? -Milo falou serrando os punhos; - Desde aquele dia ele ta estranho;

-Bem, agora que você mencionou, ele realmente parecia meio avoado quando voltamos pra casa; Mú comentou.

-Viu, ainda acho que interrompemos algo, porque não é possível que o Kamus estivesse naquele lugar e sozinho? – o Escorpião completou com um sorriso malicioso.

-Pare de pensar besteiras. Pode ser só impressão sua, talvez ele só quisesse sossego; Mú o repreendeu pelos pensamentos nada inocentes sobre a conduta do aquariano.

-Não sei, dessa vez tenho que concordar com o Milo, o Kamus não parecia muito contente quando nos viu e pelo olhar dele, sem duvida que ele estava morrendo de vontade de nos encerrar num esquife de gelo eterno; Aiolia falou com um sorriso nervoso.

-Bem, o que fazemos então? – Mu perguntou, mas foi interrompido pela entrada de outro cavaleiro.

-Vocês podem me acompanhar ao Templo do Grande Mestre, Athena convocou uma reunião e pediu que todos os cavaleiros subissem logo; Aldebaran falou rapidamente retirando-se da primeira casa.

-Então vamos, resolvemos esse assunto do Kamus depois, por hora Athena é prioridade; Mú falou tomando o caminho que o gigante brasileiro fizera há poucos segundos.

-o-o-o-o-

Sentado no terraço de seu templo, Kamus olhava intrigado para a mascara prateada que tinha nas mãos.

-"Uma semana"; ele pensou, aproximando a mascara do nariz e estranhamente ainda conseguindo sentir uma suave essência de rosas dali ser emanada. –"Aishi, quem é você realmente?"; ele se perguntou, lembrando-se do nome da jovem que de forma perturbadora andava povoando seus sonhos mais secretos.

-KAMUS; alguém chamou na entrada do templo.

-ENTRE; ele respondeu reconhecendo a voz do virginiano. –Estou no terraço.

Shaka subiu as escadas pouco se incomodando como a temperatura baixa do ambiente, já estava acostumado e até gostava que pelo menos o décimo primeiro templo fosse um lugar agradável de permanecer e que não contivesse metade daquele calor que havia no seu.

-Kamus; Shaka falou se aproximando. –Athena convocou uma reunião;

-Reunião? –ele perguntou intrigado. –Sobre o que?

-Ainda não sabemos, mas se apresse, se não vamos chegar atrasados; ele falou com certa impaciência.

-Tem mesmo certeza de que não sabe de nada? –Kamus insistiu, normalmente Shaka era sempre tão paciente e controlado, mas agora sua impaciência chegava a ser papável.

-Não, apenas não quero chegar atrasado, sabe o quanto isso me irrita; o homem mais próximo de Deus esquivou-se com maestria.

-Ta certo, me da um minuto; ele falou descendo até a sala principal para vestir a armadura.

Seria uma reunião surpreendente, que ele mal poderia esperar; Shaka pensou com um meio sorriso enigmático.

Continua...


Nota: Os pecados de Perséfone que Aishi se referia, são os da passagem da lenda "As duas vidas de Adônis", em que ela é flechada por uma seta de Eros e se apaixona pelo mais belo mortal, mas que já era amante de Afrodite, após a morte do mesmo ela intercedeu por ele com Hades, pedindo que o mesmo sentenciasse que ele vivesse seis meses no inferno e outros seis na terra com Afrodite, mas enquanto passava os seis meses no inferno, ele ficava com Perséfone, debaixo no nariz do Imperador do Submundo.