Nota: Os personagens maravilhosos de Kuramada, infelizmente não me pertencem apenas a protagonista da história é uma criação única e exclusivamente minha, criada sob medida para o meu aquariano preferido;


Legenda:

-Frases assim; (diálogos normais)

-"Frases assim"; (pensamentos entre aspas)

-'Frases assim'; (diálogos de segunda pessoa)

--Flash back—(negrito)

--Lembranças— (itálico)


Capitulo 5:

Inesperadamente.

I - 1º Dia.

Já amanhecera no santuário, quando uma sonolenta amazona descia as escadas até a décima primeira casa. Começava a ponderar se realmente acordar aquela hora da madrugada valia a pena, mas lembrou-se dos dois anos que se seguiram após a batalha de Apolo. Não, aquele ano fora um pouco pior; ela concluiu, balançando a cabeça para afastar os pensamentos.

-Bom dia! – ela falou sorrindo ao encontrar o mestre já lhe esperando na entrada do templo.

-Bom dia! – Kamus respondeu indiferente fazendo o sorriso da jovem morrer em um olhar triste. – Vamos logo, estamos perdendo tempo aqui; ele completou voltando-se na direção do templo e entrado.

Ao adentrar no local, a temperatura caiu bruscamente, enquanto lá fora logo cedo fazia um calor de quarenta graus, dentro da casa eram quase dois graus... Abaixo de zero, é claro. Mudança que causou um arrepio na jovem que não passou despercebido pelo cavaleiro.

-Vá se acostumando, normalmente a temperatura é mais baixa;

-"Não entendo, uma hora ele banca o sedutor incorrigível agora esta pior que um iceberg, puff! Vai entender"; ela pensou com um ar decepcionado num misto de revolta pela situação.

Kamus por mais que tentasse não consegui ser tão indiferente a jovem a ponto de afastá-la de si, ele queria se manter longe, sem nenhum envolvimento emocional. Apenas o básico relacionamento mestre/ aprendiz, mas até quando seus princípios o fariam agir somente como um eterno cavaleiro defensor de regras que por vezes são inúteis pra agir como um mortal comum, com seus acertos e erros, ansiando mais e mais por viver um minuto em que o tempo parasse apenas para si.

Continuando a caminhada pela casa de Aquário, eles chegaram a sala da armadura, sendo que a maioria dos templos eram considerados imensos labirintos sem fim. Cada casa fora moldada por seu guardião para não ser apenas uma morada, mas o lugar de apenas uma entrada para os invasores que ousassem macular aquele terreno sagrado.

O Templo de Aquário não era diferente, dividido perfeitamente em entrada, terraço, sala da armadura, quartos, cozinha e coisas de uma casa comum e um tipo de sala restrita para treinamentos, onde por sinal eles se encaminhavam e a temperatura era bem mais baixa do que nos outros cômodos. Detalhe que a amazona logo descobriria.

Assim que passaram da porta da sala de treinamentos, Kamus rapidamente adquiriu uma postura mais fria e séria para para dar inicio aos treinos da sua mais nova aprendiz.

-Caso a Srta ainda não saiba, os princípios das técnicas que contém o gelo são...;

-Aishi; ela respondeu o cortando.

-Como?

-Você sabe meu nome, porque evita pronunciá-lo? – ela perguntou o encarando seriamente.

-Não é algo que lhe diga respeito e como eu ia dizendo antes da Srta me interromper; ele falou a ignorando mais uma vez.

Embora chateada com a indiferença do cavaleiro, Aishi era orgulhosa de mais pra dar o braço a torcer, decidira permanecer no santuário a pedido de Athena e para sua própria segurança até se recuperar, mas deveria confessar que não esperava que Athena fosse arrumar-lhe um mestre só para evitar que ela fosse fazer uma besteira, mas nada a impedia de fazer o francês surtar se ele começasse a pegar de mais no seu pé, tal pensamento lhe fez brotar um sorriso na face.

-Quanto mais baixa a temperatura, mais as moléculas de água se juntam e quanto maior a temperatura mais elas se espalham; ele começou a explicar, mas parou ao notar que a jovem não parecia prestar atenção no que ele dizia; - Pelo visto você não esta me ouvindo; ele falou com o olhar estreito.

-Ahn?... A estava sim, você estava falando sobre as moléculas de água, que no final de tudo isso chegamos ao menos 273,43 da escala Kelvin ou Zero Absoluto, a única temperatura capaz de congelar uma armadura de ouro; ela falou como se já soubesse de cor o assunto deixando o cavaleiro irritado.

-Não precisa me explicar isso, caso tenha se esquecido o mestre aqui sou eu; ele replicou.

-Quer saber? Cansei! – ela fala quase gritando com o cavaleiro que ainda tinha o ar irritado.

-Olha como fala? –Kamus rebateu. Não esperava essa reação explosiva da jovem, sabia que ela não era como as outras amazonas, a cada palavra ou olhar que ela lhe lançava era como um desafio, que intimamente estava disposto a sucumbir.

-Vamos! Fala logo... Qual o seu problema? – ela perguntou aproximando-se do cavaleiro até cutucá-lo no peito com a pontinha do dedo.

Estão tão próximos que o cavaleiro engoliu em seco. Aishi em seu intimo tentava manter o ultimo fio de calma que tinha, já que aquela situação estava extremamente irritante.

-Tenha mais respeito, sou seu mestre; ele falou alterando um pouco o nível de voz e segurando-lhe a mão.

-Aja como tal e pare de me ignorar, pois eu quero saber o porque de estar agindo assim? – ela falou o fitando com os olhos tremendo de raiva. Ele conseguira o milagre de tirar-lhe a calma, se não se controlasse logo poderia fazer alguma besteira ou até mesmo destruir o santuário. Começando pela casa de Aquário, é claro.

-Quer saber mesmo? - Kamus perguntou em tom sarcástico, sem esperar resposta ele continuou, ainda mantendo a mão da jovem entre si. – Não preciso que me defenda e se não for lhe pedir muito aprenda a respeitar os cavaleiros. Independente se você simpatiza ou não com eles, isso se chama ética, como amazona aprenda isso; ele falou com um olhar típico de gelar o inferno, fazendo a jovem ponderar se deveria responder, por fim ela se decidiu.

-Se assim o deseja, mestre Kamus; ela falou acentuando o nome do cavaleiro, dando a entender aquilo como um desafio, puxou a mão contudo, chamando a atenção do cavaleiro para o fato de ainda estar segurando-a;

Seu coração não estava mais tão acelerado como no começo da discussão, deveria manter a calma e evitar responder, mas lidar com o aquariano era praticamente impossível, compensava mais enfrentar o Olímpo em peso do que conseguir manter a calma diante dele, mas teria que ser assim se não poderia ferir os outros que nada tinha haver com aquilo.

-Que seja; Kamus falou indiferente. – Vamos ver o que você sabe fazer com o seu cosmo alem de desacatar um superior; ele falou sem notar o sorriso que se formou nos lábio da jovem.

-"Nessa guerra dois podem lutar, mestre Kamus, mas não fique bravo depois que seu orgulho for quebrado"; ela pensou com um sorriso desafiador. – "Se você és orgulho, eu também o sou, só nos resta saber quem é mais, preciso apenas me controlar para não dar na cara sobre quem sou, mas ainda sim vamos entrar nesse seu joguinho".

Com alguns exercícios básicos para elevar o cosmo e criar pequenos cristais de gelo, eles passaram a manhã toda e boa parte da tarde fazendo uma pequena pausa, pra não dizer insignificante.

-Continuamos amanhã, você já pode ir; Kamus falou a acompanhando até a saída do templo que dava acesso a Peixes.

-Tchau então! – ela se despediu tomando o caminho da escadaria que dava acesso a casa de Peixes, mas antes de subir o primeiro degrau ela falou sem se virar: - Você ainda não me respondeu o que fazia lá todas as noites?

-Isso não lhe diz respeito; ele respondeu dando por encerrada a conversa. Vendo que não conseguiria nada com o cavaleiro Aishi tomou o rumo do próximo templo e por conseqüência o lugar onde estaria habitando pelos próximos dias como Athena determinara.

---Flash Back---

Athena finalmente a convencera a ficar no santuário, mas ainda havia algumas coisas que só foram ser discutidas quando chegaram ao santuário tendo sua passagem livre pelos templos coisa que Athena chegou a estranhar momentaneamente.

-É melhor que permaneça aqui no Templo; Athena falou séria.

-Porque? – Aishi replicou. – Posso muito bem ficar no vilarejo das amazonas como qualquer uma das aprendizes.

-Não! – Athena respondeu pacientemente. – Acho mais seguro que fique aqui, já que alguns dias atrás senti que foi atacada por alguém. Por isso estava se refugiando na Encosta de Bejunte, ou estou enganada? – ela perguntou.

-Não! Eu realmente fui atacada, mas nem por isso vou ficar me escondendo; Aishi respondeu enfezada.

-Mesmo assim, você não quer que eles te reconheçam, então não pode ficar se expondo e afinal, isso já foi resolvido, você ficara aqui, pelo menos eu também tenho companhia; Saori falou com um sorriso divertido.

-Fala sério e depois te consideram a mais séria das deusas; Aishi falou retribuindo o sorriso com ar sarcástico. – Eu aceito dessa vez, com uma condição; ela disse ficando com a face séria.

-E qual seria?

-Se Eris chegar a ameaçá-los de alguma forma, você não poderá me impedir de partir; Aishi respondeu.

-Você realmente os preza mais do que a si mesma; Athena falou mais para si do que para a amazona. – Tudo bem, só que eu também tenho uma condição.

-Sabia que isso não ficaria barato; ela murmurou sarcástica.

-O que disse? – Athena perguntou inocentemente, como se não tivesse ouvido.

-Nada, vamos! Diga logo essa condição; ela pediu impaciente.

-Você se passara por uma amazona;

-Mas eu já estou fingindo ser uma amazona, ou você acha que eu entrei no santuário como? Fingindo ser algum cavaleiro de personalidade duvidosa? -ela perguntou rindo.

-Não! – Athena falou, arqueando uma sobrancelha. – Quando eu digo que você se passara por uma amazona, não quero dizer fingir ser uma amazona.

-Então?

-Você será uma amazona;

-O que? –Aishi quase gritou.

-Isso mesmo, só assim você passara, como posso dizer... Despercebida. Vou ter que te arrumar um mestre.

-Não, isso não! – ela falou gesticulando nervosamente.

-Porque, ou a algo que você esta me escondendo? – Saori perguntou marotamente.

-"Cada uma que me aparece, não vou sair por ai falando que conheci um cavaleiro que me tirou a mascara, mas que escolha eu tenho"; ela pensou, e logo deu um suspiro resignado. – Esta certo! Você venceu; ela falou olhando pra deusa com uma cara derrotada.

-Você vai ver, não pode ser tão ruim assim;

-Pode! – ela falou alarmando a deusa. – Dois dos seus cavaleiros sabem quem sou.

-Como, isso eu não sabia? – Athena perguntou preocupada. – E quem são eles?

-Libra e Virgem. Porque acha que eles nos deixaram passar? – ela perguntou séria.

-Dohko esta em Rozan e a casa esta vazia. É justificável, mas e Shaka, desde quando o conhece? – ela perguntou desconfiada.

-É uma longa história, se der um dia eu lhe conto, mas por enquanto não vou me preocupar com ele, talvez ele nem se lembre de mim, mas os outros podem ser um perigo; ela comentou.

-Não se preocupe, se somente Shaka esta no santuário e pode te reconhecer não será um problema, agora com os outros você se entende; Saori finalizou.

-Se você diz, então temos um acordo.

--Fim do flash back--

Chegando ao templo do Grande Mestre, Aishi encontrou Athena lhe esperando, com um sorriso típico de alguém debochado.

-E então, como foi o primeiro dia? – a deusa da justiça perguntou calmamente, ao notar que a jovem pretendia passar reto sem lhe falar.

-Ótimo! – ela falou cansada e notou o olhar curioso de Athena sobre si. – O que foi?

-Nada, mas é só isso que tem a dizer? – Athena perguntou curiosa, conhecendo bem o temperamento da jovem ela provavelmente estaria querendo matar o aquariano à uma hora dessas, mas em momento algum sentiu alguma explosão de cosmo vindo do templo de Aquário.

-"Essa história vai ficar só entre a gente, não pretendo envolver outras pessoas nesse problema, muito menos preocupar Athena"; ela pensou por um momento. - O que mais poderia ser? – Aishi perguntou parando de andar pra fitar a deusa.

-Não sei, mas algo me dizia que você iria chegar aqui praguejando os céus e querendo matar o Kamus; ela falou divertida.

-Sobre o fato de querer matá-lo posso te responder amanhã; Aishi falou cansada. - Mas quanto ao resto, ele é um bom cavaleiro, muito experiente na manipulação das moléculas de água e temperatura, vai ser interessante treinar com ele; ela respondeu, embora o olhar cansado lhe traísse que o cavaleiro não pegara leve no primeiro dia e ela não mentira quanto as suas habilidades. – "Embora ele esteja mais frio que um iceberg vai ser interessante descobrir qual o limite de resistência dele, afinal dois podem jogar esse jogo". Ela pensou divertida.

-Tudo bem; Saori falou rindo; - Mas me responda uma coisa.

-O que?

-Você se arrependendo da decisão que tomou? – a deusa perguntou séria.

-Não e não há nada que faça eu me arrepender; ela responde.

-Fico feliz que mantenha sua decisão; a deusa responde sorrindo. – Agora vá descansar.

II - O julgamento.

Exatamente dois anos atrás, no decorrer da famosa Batalha de Hades, onde cavaleiros de ouro, prata e bronze, viram-se enfrentando uns aos outros na talvez, ultima batalha das suas vidas. Em Olímpia varias divindades se reuniram no chamado Conselho Olímpico.

Um grupo de onze pessoas postava-se sentados em uma espécie de arquibancada. Todas lado a lado, com ares sérios e indiferentes. As únicas a não estarem presentes ali eram Athena, Apolo e Ártemis. Mas outras pessoas lhes representavam como Métis, Febe e Selene que representavam os gêmeos e Anfitrite e Perséfone a representarem seus respectivos reinos.

Enquanto à frente deles, uma mesa ocupada por um casal muito bem conhecido entre as divindades julgava uma jovem de longos cabelos dourados e orbes de mesma cor, com extrema curiosidade repelida pela postura imponente que não parecia recuar diante daquela reunião.

-O que deseja do conselho, Harmonia? – o Onipotente senhor dos deuses perguntou, fitando a jovem com aquele par de olhos azuis capazes de chegar a mais profunda alma existente.

-Sei que não tenho o direito de convocar este conselho, mas estou disposta a arcar com as responsabilidades, pois foi uma decisão que tomei de livre e espontânea vontade; ela falou por fim.

Em um canto do salão, Eros e Anteros fitavam-na com ambos os olhos dourados brilhando num misto de esperança e medo quanto ao futuro que sua irmã escolhera. Não tinham medo de sua escolha e sim do que isso acarretaria.

-Então diga a que veio; Hera que imponentemente permanecia ao lado do marido incentivou a jovem a continuar. Com um olhar num misto de admiração e pena. Simplesmente porque se ela conseguisse o que desejava estaria abrindo mão de muitas coisas, embora fosse um risco que Harmonia desejasse correr.

-Venho pedir pela vida dos cavaleiros de Athena; ela falou séria.

-FICOU LOUCA; Afrodite gritou com os olhos azuis em chamas, levantando-se do lugar em que estava. – Cavaleiros de Athena! Só pode ser culpa dela, que fica colocando essas idéias altruístas na sua cabeça; ela completa com tom de desprezo.

-Peço que não envolva Athena nisso, pois com ela minha decisão nada tem a ver; Harmonia respondeu com olhar confiante; - E então Sr, o que me diz? – Ela perguntou num tom de voz que mais denotava um desafio do que realmente à vontade de ter uma resposta.

-Tem uma condição; ele falou com a voz um pouco exaltada devido aos murmúrios que soaram no salão.

-E qual é?

-Uma Troca Equivalente; ninguém ousava dar um pio no salão; - Você zelara pelo equilíbrio da terra permanecendo apenas com seus poderes... Aquilo que os mortais chamam de cosmo, porém, estará fadada a ser tão frágil quanto eles; ele completou.

-Eu aceito; ela rapidamente respondeu.

-Eu ainda não terminei; Zeus falou contrariado. – Sabes da pena que tem que receber por convocar este conselho para um assunto como este; ele falou fazendo todos se calarem novamente. - A pena que receberas será uma ligação cósmica formada entre você e esses cavaleiros a quem deseja tanto proteger. As dores que eles sentirem você sentira e vice-versa e embora você possa estar frágil terá que levar em si a essência dos cavaleiros, um quarto da energia de cada um, independente se você poderia suportar isso ou vir a perecer e eles terão um quarto da sua, podendo assim retornar ao mundo dos vivos, você quer a vida deles de volta, em troca sua imortalidade será tirada; ele sentenciou. – E então, ainda pretende ir adiante com isso?

-Que assim seja! – ela acabara de selar seu destino; - Estaria disposta a seguir adiante mesmo que o preço fosse mais alto; ela respondeu confiante.

-Seu desejo foi atendido, agora parta, pois não poderá mais permanecer aqui; Zeus falou, embora não quisesse demonstrar seus olhos continham uma profunda tristeza ao ver a jovem deusa a quem tanto prezava trocar os céus pelo inferno que a Terra se tornara.

-Como pode, minha preciosa filha trocaste sua vida por mortais; Afrodite falou como se lendo os pensamentos do Onipotente que a olhou curioso. – Vamos Harmonia! Reconsidere, sabes muito bem que não vale a pena, talvez o Onipotente mude de opinião; Afrodite falou esperançosa.

-Não ouse falar isso novamente; Harmonia falou com os olhos queimando uma perigosa chama, que nenhuma das divindades presentes outrora chegara a ver; - Tomei minha decisão não pelas conseqüências, mas baseado naquilo que acredito.

-Mas são mortais, dispensáveis queria; Afrodite falou levianamente.

-MORTAIS! – Harmonia gritou fazendo seu cosmo manifestar-se com tal intensidade que algumas colunas do salão em que estavam tremeram. – Você não pensou nisso ao trair seu marido com uma legião de amantes pra satisfazê-la por um breve momento; Harmonia falou, e mesmo que a distancia pode ver o deus ferreiro balançando a cabeça afirmativamente. Ela continuou agora com uma voz mais brando. – Os mortais a que me refiro, não merecem a ira dos deuses e sim seu respeito como dignos e honrados cavaleiros que são; Agora a expressão da jovem mudara, novamente aquela chama queimando em seu olhar. – Mas você não sabe o que é isso, não é? – ela replicou irônica.

-Como se atreve, não deveria nem ser minha filha se não compartilha das mesmas idéias que eu; o silencio era completo no ambiente, ninguém nunca esperou ver tal desentendimento entre Afrodite e Harmonia, mas claramente eles podiam ver que a jovem deusa não estava disposta a ser submissa as vontades da Deusa do Amor.

-Então estamos entendidas, só lhe aviso uma coisa sra Deusa do Amor; ela falou acentuando o titulo de Afrodite, fazendo a deusa estremecer diante do tom frio usado por ela; - Não cometas o erro de cruzar meu caminho novamente, porque se não, eu mesma assinarei a tua lapide; ela completou com um ar sombrio; - Pois luto pelos que merecem não por pessoas fúteis e patéticas como a Sra.

-Isso é uma ameaça? – Afrodite orgulhosa como sempre, replicou.

-Não! É uma promessa; Harmonia sentenciou, fazendo a deusa voltar a se sentar e ficar calada até sua saída.

Ares que a tudo assistia em silencio, ameaçou interferir, mas um olhar repressor de Hera o impediu. Sabia que seria inútil querer que a filha reconsiderasse, mas quanto à relação dela com Afrodite, era algo bem mais complicado.

-Perdoe minha atitude Sr, pois sei que não tem que se envolver nesses insignificantes problemas; Harmonia falou lançando um olhar a Afrodite que congelaria o próprio fogo do Olímpo se Prometeu não o houvesse dado aos mortais algumas Eras antes. – Mais uma vez agradeço a atenção do conselho e me despeço; ela fala fazendo uma breve reverencia e indo embora.

Sem olhar pra trás ela caminhava por um corredor iluminado, a primeira saída para o mundo dos mortos.

Havia muito que fazer ainda, como ir até o submundo encontrar Perséfone que por sinal também fazia parte do conselho representando o marido, mas falar com ela agora era o menor dos seus problemas.

Os olhos do dois arqueiros a fitavam com lagrimas em queda. Aquela seria uma despedida silenciosa, onde apenas o olhar dizia tudo. Os três já haviam lutado lado a lado para defenderem o que acreditavam e os mortais que amaram, mas ela fora mais ousada ao contestar um destino que já fora escrito a ferro e bronze.

No final disso tudo, qual seria realmente o valor dessa ousadia. Bem... Só o tempo viria a revelar.

Por mais que seu coração estivesse quebrado não se permitiria chorar por aqueles que não mereciam suas lagrimas. A cada passo que dava seu corpo vibrava manifestando os primeiros sinas de que seu desejo fora atendido.

Mais transformações viriam pela frente com a intenção de colocar sua confiança a prova, mas ela resistiria, faria o que fosse possível para aprender a controlar aquele novo dom sem feri-los e assim viveria enquanto as Deusas do Destino lhe permitissem.

III - Explosão cósmica.

-"Já se passaram dois anos"; Aishi pensou. Deitada sobre o leito no Templo de Athena, nem mesmo o cansaço do dia fora lhe suficiente para que adormecesse e não sonhasse mais uma vez com aquele dia.

Ela sentiu seu cosmo se incendiar, mesmo tentando não conseguia conter a energia que parecia empenhada em querer fluir. A cada nova batida de seu coração descompassado, seu cosmo aumentava, até que num canto suave as doze armaduras começaram a vibrar em seus respectivos templos. Despertando por toda a extensão do santuário aqueles que ali dormiam para aquele estranho fenômeno.

Como num choro reprimido, o cosmo da recente amazona queimava como a sétima chama de fênix. Uma chama azul que incendeia nos desertos longínquos quando sua vida esta para se extinguir e renovar-se ao mesmo tempo.

Um harmonioso espetáculo se formava no céu, já que o cosmo de todas as armaduras que estavam presentes no santuário criou uma aura azulada. Como a formação de uma aurora boreal dos paises árticos fundidos com aquele cosmo tão poderoso.

Por todo o santuário amazonas, cavaleiros e aspirantes saiam de suas casas para ver o belo fenômeno. Belo e triste; alguns poderiam dizer. Que por mais belo que fosse, sentimentos reprimidos tinham agora a chance perfeita de se manifestarem sem necessitar da vontade de seu mestre e fluírem livremente por aquele solo marcado outrora por tantas emoções.

Com os olhos recém abertos a amazona sentia-se com um enorme desgaste, não físico e sim psicológico como se toda sua força estivesse se esvaído, mas isso não a impediu de chorar. Não pela vida que deixara e sim por ter demorado tempo de mais para o fazê-lo.

IV – Inquietação.

Na décima primeira casa, o aquariano despertava de seu sono. Uma inquietação tomou conta de seu coração, como se o mesmo chorasse pedindo por alivio. Levantando-se da cama, indo em direção a janela ele pode constatar o estranho fenômeno que ocorria lá fora.

Quando seu olhar correu os templos parando no ultimo de onde aparentemente a fonte daquele fenômeno se encontrava. Não era o cosmo de Athena que ele conhecia muito bem, mas se não era Athena de quem mais seria? Sendo que aquilo era completamente diferente do que ele já vira antes.

-Será Aishi? Não ela é uma simples amazona, não deve ter tanto poder assim? – o cavaleiro tentava-se convencer de que sua crescente suspeita não era real. –A quem estou querendo enganar? –ele se perguntou, vestindo o roupão e indo até o terraço de seu templo, onde poderia ver aquele fenômeno melhor.

Como alguém tão frágil, que apenas minava suas barreiras com sorrisos sinceros e olhares carregados de mistério, seria dona de tamanho poder? Até quando ele negaria o que estava sentindo, escondendo-se sobre a face de indiferença e hostilidade, o mesmo se negava a responder.

Continua...