Nota: Os personagens maravilhosos de Kuramada, infelizmente não me pertencem apenas a protagonista da história é uma criação única e exclusivamente minha, criada sob medida para o meu aquariano preferido;
N/a: A alguns elementos presentes nesse capitulo que podem confundi-los com o tempo em que a história ocorre, para não ocorrer problemas na compreensão, se puder leia antes a fic "Anjo de Gelo" que esta no meu profile.
Legenda:
-Frases assim; (diálogos normais)
-"Frases assim"; (pensamentos entre aspas)
-'Frases assim'; (diálogos de segunda pessoa)
--Flash back—(negrito)
--Lembranças— (itálico)
Capitulo 7:
Pequena, para não dizer... Nada.
(Segunda parte)
I – Aquário X Gêmeos.
-Qual é o seu problema? – Saga perguntou, irritado.
Os outros cavaleiros se aproximaram correndo para segurar os dois. Milo foi o primeiro a se aproximar de Kamus para detê-lo, sabia muito bem que a paciência do Francês era bem curta e mesmo que Saga tivesse razão, era melhor segurá-los e impedir que algo pior acontecesse.
-Acalmem-se! Olha a postura que vocês estão passando pros novatos; Shura os repreendeu, pensando que pelo menos isso impediria o geminiano de fazer uma besteira.
-Espero que esteja feliz com o que fez Kamus; Saga falou irônico, se soltando de Aldebaran, que parecia ser o único que conseguira conte-lo, já que do nada ganhara uma força sobre humana pela vontade de socar Kamus nenhum dos outros cavaleiros se atreveu a aproximar-se dele.
-O que quer dizer com isso? – Kamus perguntou ainda sendo segurado por Milo e Aioros que acabara de chegar.
-Se não queria a responsabilidade de treiná-la deveria ter dito a Athena, não feri-la dessa forma, para que ela decidisse ir embora por contra própria; ele respondeu, dando as costas para os outros, tomando o rumo da saída. – Isso foi sujo e ofende a honra de qualquer cavaleiro, ainda mais um cavaleiro de ouro como você, é patético; Saga completou seco, enquanto se distanciava.
Kamus parou atônito, sem reação alguma. Milo e Aioros sentiram Kamus parar de forçar para ser largado e o soltaram devagar, notando que ele não pretendia avançar em Saga, mas o que se sucedeu depois foi inesperado.
Kamus usando a velocidade da luz parou na frente do cavaleiro de Gêmeos e lhe barrou a passagem, segurando-o pela gola da camisa que estava entreaberta e com um olhar que gelaria o inferno, mas que de forma frustrante não surtiu efeito no geminiano.
-O que quis dizer com isso? – Kamus perguntou sério, encarando-o perigosamente.
-Se tem alguém aqui que é um perigo em potencial para Aishi, esse alguém é você; Saga respondeu segurando no pulso do cavaleiro, fazendo uma leve pressão, mas que mesmo assim, o obrigou a soltá-lo. – Você é o único desse santuário que a esta ferindo, agora ela esta indo embora e você é o único idiota que não percebeu isso e que ainda contribui-o para que ela fosse mais rápido; ele completou, tirando de vez as mãos de Kamus de si e indo embora. – Pode ficar satisfeito agora, você conseguiu o que queria;
-Por essa eu não esperava; Milo comentou com Aioros.
-Eu também, mas é melhor irmos, isso é algo que o Kamus tem que resolver sozinho; ele disse dando as costas para os outros e seguindo de volta para sua casa.
Antes o que eram delicados flocos de neve criados pela amazona, agora eram apenas gotas de chuva que caiam sob as cabeças de todos, tanto cavaleiros, amazonas e aprendizes. Shina e Marin cancelaram os treinos após a luta de Saga e Aishi. Os aprendizes começaram a deixar a arena.
Kamus foi o ultimo a sair de lá. Ainda com o olhar vago, fitava a arena molhada pela chuva, resolvendo por fim, voltar para seu templo.
No santuário...
Descia a passos lentos as escadarias. Encontrou com Afrodite na entrada de Peixes, mas só o cumprimentou com um aceno, limitando-se a um triste sorriso de despedida, o que deixou o cavaleiro confuso, pois ainda não sabia do que acontecera na arena.
A próxima casa seria mais difícil de atravessar. O templo de Aquário, mas ao se aproximar, sentiu a mesma vazia. Continuando assim seu caminho apenas dando um leve aceno para os cavaleiros que encontrara pelo caminho, isso até chegar a Virgem.
-Aonde vai com esse tempo, Aishi? – Shaka perguntou. Não eram mais raros os momentos em que o cavaleiro mais próximo de Deus poderia ser encontrado de olhos abertos, mas mesmo que estivesse com eles fechados poderia sentir o cosmo triste da amazona que parecia tão melancólico quando aquela tarde chuvosa.
-Vou embora, por favor, me deixe passar, Shaka? – ela pediu com o olhar suplicante.
-Kamus passou dos limites, não foi? – ele perguntou, mais para si do que para ela; - Mas, para onde pretende ir agora?
-Não sei, qualquer lugar longe da Grécia; ela disse dando um suspiro cansado. – "Não agüento mais, preciso sair logo daqui"; ela pensou aflita, querendo logo se distanciar antes que perdesse a calma.
-Posso lhe acompanhar até a saída da primeira casa? – Shaka perguntou recebendo em seguida um aceno afirmativo dela.
Em silencio os dois desceram o Santuário, passando por Câncer e Gêmeos, onde encontrou Saga olhando para o nada, como se estivesse perdido em pensamentos olhando a chuva cair.
-Me desculpe mais uma vez; Aishi disse passando pelo cavaleiro sem encará-lo, mas chamando sua atenção. Ele apenas abriu a boca, para fechá-la em seguida sem emitir som algum. Ele não tinha o direto de pedir que ela ficasse e sabia disso.
Touro e Áries foram como nos outros templos. No primeiro, Aishi despediu-se de Shaka e Mú, começando a descer as escadarias para o caminho de saída do santuário. Quando seus olhos se cruzaram com o de um desolado cavaleiro, que ficou surpreso ao vê-la ali. Aishi passou por ele sem olhá-lo ou falar qualquer coisa.
Por um momento ela pareceu hesitar, sentindo o olhar do aquariano sobre si, mas logo ela começou a correr sob a chuva, tentando se distanciar o mais rápido possível.
-o-o-o-o-
Kamus a viu correr pela chuva. Teve vontade de detê-la, mas a voz de Shaka o interrompeu.
-Só faça isso se for realmente o que você quer; Shaka falou acompanhando com o olhar a amazona se distanciar, para depois voltar-se com um olhar severo para o cavaleiro.
-Entendo o que quer dizer; Kamus falou abaixando os olhos e continuando a subir os degraus.
-Você realmente nos surpreendeu. Nunca pensei que você fosse chegar a esse ponto; Mú comentou vendo-o chegar à entrada de seu templo.
-Você também não. Por favor, Mú; Kamus pediu com ar suplicante. – Já basta o que aconteceu com Saga; ele completou.
-Sabe Kamus? O pior de tudo isso não é ela ter indo embora; Shaka falou calmamente; - O pior é a ferida que você causou em seu coração, depois de tudo que ela fez; ele completou mais para si do que para os outros cavaleiros que ficaram sem entender o que ele queria dizer com aquilo.
-Talvez tenha sido melhor dessa forma, assim nenhum de nós dois sai perdendo; ele completou conformado, mas mal terminou, recebeu um soco no estomago tão forte do virginiano que foi lançado no primeiro degrau novamente. Mú olhava atônito de um pra outro.
-E POR ACASO ISSO É UM JOGO? – Shaka berrou irritado. Depois dessa nem mesmo Mú duvidaria que Shaka seria capaz de mandar Kamus para um de seus infernos. – Kamus de Aquário, você é o maior idiota que já conheci; ele replicou revoltado.
-Se acha isso ruim, vá você trazê-la de volta; Kamus respondeu indignado. Não daria o braço a torcer de que sentia-se muito mal com aquilo tudo, mas entre admitir pra si e admitir para os outros era um salto bem grande.
-Não fui eu que a machuquei e praticamente a expulsei do santuário;
-Eu não a expulsei, ela foi embora porque quis; ele respondeu cretinamente.
-Certo! Depois dessa sua atitude, Kamus; Shaka disse olhando-o como se fosse o mandar para o inferno. – Só posso dizer que é você quem não merecia alguém como ela por perto, onde já se viu, fazer um escândalo daqueles só porque ela estava treinando com o Saga e afinal onde você estava que não estava cuidando do treinamento dela?
-Hei! Era pra ela estar treinando com a Marin e eu apenas fiquei preocupado, ele poderia tê-la machucado; ele tentou se justificar.
-Não seja estúpido! Saga é o único que nunca a machucaria. Ao contrario de você, Saga de importou com Aishi; Shaka respondeu asperamente.
-Shaka pega leve o...; Mú foi cortado.
-Mú! Por gentileza, sai daqui; o cavaleiro mais próximo de Deus pediu com uma calma assustadora embora suas palavras soassem mais ferinas do que uma promessa de morte. – Quero esclarecer algumas coisas com Kamus que podem não ser muito agradáveis a seus olhos; ele completou educadamente.
Sem poder replicar e temendo a ira do cavaleiro, Mú rapidamente voltou para a segurança de seu templo. Eles que se entendessem; o ariano pensou.
-Você não tem o direito de me julgar.
-Não estou te julgando. Apenas apontando os erros que você teve tanto medo de cometer e os fez da pior forma; Shaka disse descendo os degraus do primeiro templo, onde o cavaleiro jazia caído.
-Perdi o controle, fiquei com medo ao sentir aquela explosão... Saga é o cavaleiro mais forte desse santuário, porque ela tinha que treinar justo com ele? – Kamus perguntou agoniado, tentando impedir a queda das lagrimas que tanto lutou para reprimir enquanto estava na arena.
Shaka que agora estava à frente do cavaleiro balançou a cabeça, estendendo-lhe a mão, para que pudesse levantar.
-Sua preocupação quanto a Saga, é só por ele poder tê-la machucado como amazona ou pelo fato dela representar para ele bem mais do que a aprendiz de seu melhor amigo? Sem se importar se ela é possivelmente uma deusa ou não? – Shaka perguntou olhando-o interrogativamente, apesar de já saber o motivo.
-Não sei! – ele respondeu confuso. – Talvez um pouco disso também;
-O que pretende fazer agora?
-Não há como voltar atrás naquilo que já foi dito; ele respondeu desanimado.
-Porque não tenta ao menos conversar; Shaka sugeriu. – Fale com ela e peça desculpas, se você realmente sentir, é claro. Mas se mesmo assim ela não aceitar, conforme-se, há coisas que não podemos mudar; ele completou.
-Mas onde eu posso achá-la, ela já deve estar bem longe do santuário agora?
-Porque não experimenta voltar ao lugar aonde vocês se conheceram; Shaka respondeu, voltando a subir os degraus depois que o cavaleiro já se levantara, deixando-o livre para tomar a decisão se iria ou não.
Sem pensar duas vezes Kamus correu para a encosta de Bejunte, onde a encontrara pela primeira vez. Agora só tinha uma chance de concertar as coisas e por todas as divindades que já andaram sobre está terra, ele pedia que tudo desse certo.
II – As Duas Faces do Orgulho.
A pouco mais de uma hora de caminhada, ela chegara a encosta. Silenciosa e fria, como a si mesmo depois de tudo que passara.
-Sabia que não era uma boa idéia vir para cá! – Aishi falou a si mesma, enquanto percorria com os olhos toda a extensão do templo procurando um lugar em que pudesse descansar até o próximo amanhecer e partir completamente. – Arg! A quem você esta querendo enganar? – ela se perguntou, jogando a mochila que trazia consigo em um canto qualquer que não estivesse úmido pela chuva. – Você passou vinte anos esperando para encontrá-lo e olhe só o que aconteceu; ela falou a si mesma. – "Meu lugar não é aqui, não deveria ter insistido"; a jovem pensou triste, recostando-se em uma pilastra onde poderia descansar.
Já resolvera, quando amanhecesse partiria da Grécia. Inicialmente pensara em voltar pra Chipre, onde nascera, mas sabia que correria o risco de encontrar com alguém indesejável por lá. Suas outras opções se reduziram a Rozan ou a Itália não seriam tão ruins; ela concluiu tentando se conformar.
Não demorou muito tempo, para que mesmo de olhos fechados sentisse a presença de um cavaleiro de ouro nas imediações da encosta e que por sinal vinha a sua direção.
-O que quer aqui? – ela perguntou seca, ignorando o individuo.
Kamus parou atônito, quando a encontrou ali, recostada sob aquele pilar de mármore, pensou que ela estivesse dormindo, por isso ocultou seu cosmo, mas ela parecia ter uma certa habilidade em senti-lo mesmo que nessa condição.
-Posso me sentar? – ele perguntou se aproximando.
-Fique a vontade, é um lugar publico... Nada te impede; ela replicou, fazendo-o contar até dez para não colocar tudo a perder novamente.
-"O pior nisso tudo, é saber que eu não mereço menos do que isso, se não mais"; ele pensou, enquanto se sentava no chão, ao lado da amazona, que recostada na pilastra estava empenhada em ignorá-lo, nem se dignando a abrir os olhos para encará-lo.
-Para onde você vai quando amanhecer? – ele perguntou tentando estabelecer algum dialogo e quebrar aquela tensão do ambiente antes de falar para que veio, mas isso só serviu para complicar mais as coisas.
-Pra qualquer lugar que não lhe diga respeito; ela respondeu áspera.
-Você também não facilita! – Kamus começou indignado, voltando-se para encarar a face inexpressiva da jovem.
Ao ouvir aquilo, uma onda de revolta assaltou Aishi que lutava para se controlar, mas aquilo foi de mais, quando abriu os olhos dourados, um brilho azulado tremeluzia nos orbes. Fazendo o cavaleiro ponderar se não deveria ter ficado quieto desde o começo.
-Você quer que eu facilite? – Aishi perguntou ironicamente. – Não seja cínico. Em algum momento você facilitou as coisas pra mim? – ela perguntou apontando lhe o dedo indicador acusadoramente. – Não! O que você fez foi apenas tornar a minha vida um inferno desde que me tornei sua aprendiz. Agora você quer que eu facilite, é muita ingenuidade ou estupidez de mais a sua; Aishi concluiu, levantando-se e encaminhando-se para onde havia deixado a mochila.
-Aonde vai? – ele perguntou levantando-se em seguida.
-Pra qualquer lugar que não te diz respeito, isso quer dizer... Qualquer lugar bem longe de você Kamus de Aquário! – ela completou quase gritando, tomando o rumo da saída do templo, mas algo a deteve.
Porque raios, aquela mesma cena se repetia. Como o destino conseguia ser tão mal a ponto de fazê-la reviver aquilo pela terceira vez. Ela tentava fugir e ele lhe segurava o braço, mas algo no olhar dele a fez hesitar com se uma antiga lembrança viesse à tona.
Uma profunda tristeza nublava os orbes verde-esmeralda do cavaleiro, como se fizesse parte de um passado antigo que ela pensara ter esquecido. Seria aquela a verdadeira face do cavaleiro de gelo ou apenas mais uma de suas mascaras usadas para fugir de si mesmo; Isso a confundia.
-Fica! – ele pediu.
Aquilo só podia ser um castigo de Zeus. Talvez o onipotente ainda estivesse possesso com ela por causa do que aconteceu no conselho, mas manipular o cavaleiro daquela forma já era de mais; foi a única coisa que ela pode concluir, pois ver Kamus agindo daquele jeito ou era motivo de comemoração, o que não era o caso no momento. Ou de muita desconfiança. Preferiu optar pela segunda.
-Fala isso por você ou pelos outros? – ela perguntou olhando-o diretamente.
-...; Ele entendera o que ela queria dizer com aquilo. Chegara a hora da verdade, mas como falar que viera pra pedir que ela voltasse com ele. Pelo fato de querê-la por perto, não porque outro lhe obrigara a estar ali. Infelizmente era orgulhoso de mais para admitir que tornara-se dependente de sua presença.
Vendo a hesitação do cavaleiro. Aishi interpretou aquilo como a segunda opção e com um suspiro cansado e sem que ele pudesse evitar, ela soltou o braço que ele segurava e começou a sair do templo.
-Aishi espera! – ele falou correndo atrás, mesmo sem se virar ela ainda hesitava, lutando internamente contra aquele sentimento que a mandava ir e o outro que lhe pedia para ficar.
-O que quer agora?
-Desculpe-me!- ele falou deixando-a completamente pasma. Aishi poderia esperar qualquer coisa dele, mas não uma atitude tão... Humilde. Imaginando afinal o porque de tudo aquilo. Já ele pensou estar mais uma vez sendo ignorado, adotou uma postura impertinente. – Agora vai voltar pro santuário? – ele perguntou com ar arrogante.
-Como? – ela estranhou. – "Tava bom de mais pra ser verdade, por Zeus como alguém consegue falar tanta besteira em um curto espaço de tempo, já vi que em matéria de orgulho ele consegue ser mais detestável do que eu"; ela concluiu.
-Já me desculpei, agora vamos logo; ele disse se adiantando e tomando a frente para a saída do templo ainda com a postura arrogante, mas parou ao sentir que não era seguido pela amazona. – O que foi?
-E você acha que isso muda tudo aquilo que você falou? – Aishi perguntou séria, cruzando os braços na frente do corpo e fitando-o com uma sobrancelha arqueada.
-Não era isso que você queria ouvir? Pronto! Já me desculpei, vamos logo; Kamus falou exaltado voltando o caminho e parando a frente da amazona.
Plaft!
Ele mal terminou de falar, sentiu a mão da amazona chocar-se contra sua face.
-Se era pra continuar a agir como um idiota não deveria ter vindo aqui; ela falou sem mais conseguir evitar a queda das lagrimas, aquele era o limite.
-Aishi! – Kamus sussurrou, colocando uma das mãos sob a marca do tapa desferido.
-Você é um incessível egoísta, Kamus; ela continuou. – Um idiota que se acha o dono da verdade, mas quer saber... VOCÊ ESTÁ ENGANADO! Você não é mais um desses deusinhos patéticos que se acha o modelo de perfeição. Você é humano... Um mortal, nós somos mortais. Porque é tão difícil admitir que está errado quando se comete um erro? – ela perguntou soluçando.
-"Nós somos mortais"; ele pensou.
---Lembrança de Aishi---
-São mortais, querida! Nunca mudarão, sempre serão egoístas e hipócritas, é essa espécie que você esta disposta a se sacrificar para proteger?
---Fim da Lembrança de Aishi---
-"Maldita Afrodite, agora não é hora dessa sua voz irritante vir me infernizar"; Aishi pensou colocando as mãos sob os próprios olhos, numa tentativa desesperada de se controlar e expulsar a voz da Deusa do Amor de seus pensamentos.
Seu coração doía, não conseguia mais se controlar. A dor era mais forte do que a razão a que representava, qualquer um tem um limite para a própria razão, mas nem ela sendo a personificação disso conseguiria agüentar mais...;
O cavaleiro sentiu suas barreiras se quebrarem. A imagem da amazona que agora parecia tão frágil a sua frente minara lhe completamente. Lembrava-se do sentimento de vazio que o assolara desde que ela partira, mas tudo parecia ficar mais difícil quando o assunto era ignorar seus princípios e se aproximar dela.
-"Dane-se! Pelo menos uma vez aja como um mortal de verdade ou vai deixá-la ir e continuar sua vidinha medíocre como um idiota?" – uma misteriosa voz soprou essa pergunta em seus ouvidos.
Antes que ela abaixasse as mãos que cobriam ainda seus olhos. Sentiu um par de braços a enlaçar protetoramente. Uma doce e fria essência de hortelã invadiu suas narinas a deixando atordoada, mas que pareceu fazê-la se acalmar cessando pouco a pouco o choro. Criando um estranho ambiente de paz.
-Me perdoa! A única coisa que faço é piorar as coisas; Kamus falou com a voz serena. A amazona apenas levantou a cabeça, mirando-o diretamente.
As ultimas lagrimas cessaram o cair sob o toque delicado de uma das mãos do cavaleiro sob sua face.
-Eu tento! Mas não consigo entender porque você age assim; Aishi falou desanimada.
-Talvez seja porque eu tenha me acostumado tanto a viver em meio à incerteza e que possivelmente posso morrer na próxima guerra que não sei mais como é viver como uma pessoa comum. Que comete seus erros e os admite; ele comentou, fechando os olhos para em seguida encostar sua testa na dela.
-É normal sentir medo e insegurança; ela falou fechando os olhos, deixando-se relaxar nos braços do cavaleiro, sentindo aquele perfume invadindo o ar ao qual respirava.
-Infelizmente nem tudo é da forma que nós planejamos; ele continuou.
-"Você não faz idéia de quanto esta certo sobre isso"; Aishi pensou. – O que quer dizer? – ela perguntou ignorando o ultimo pensamento.
-Por exemplo eu ter me...; Kamus não completou a frase, dando-se conta do que quase falara, afastou-se um pouco, abrindo os olhos em seguida, mas sem soltá-la. – Acho melhor voltarmos ou não nos deixaram entrar mais no santuário até amanhecer; ele falou desviando o assunto, mas parou ao notar o olhar curioso e indagador da jovem; - Volta comigo, por favor; Kamus pediu de forma carinhosa. – Estou pedindo por mim não pelos outros;
-Vamos! – ela falou puxando-o pela mão, indo para a saída do templo. – "Talvez não seja o que eu deva fazer no momento, mas é o que eu quero, vou deixar pra me preocupar depois, afinal a coisas que não posso mudar e cometer erros faz parte da minha mortalidade"; ela pensou.
O caminho para o santuário foi feito em silencio. As coisas não seriam mais como antes, mas também não mudariam tanto.
Kamus e Aishi em meio ao trajeto decidirão por não comentar sobre o ocorrido, passando uma borracha e seguindo em frente. Até quando isso iria, bem... Ai é outra história.
Afinal, como diria Afrodite de Peixes, há coisas que simplesmente não podemos explicar.
Os aspirantes que os viram pelo caminho, apenas acharam que eles voltavam de algum treino, ignorando a discussão que ocorrera pela manhã na arena, achando até mesmo tal desentendimento entre mestre e aprendiz um fato normal do dia a dia.
Amanhã seria mais um dia de treinos, mas quem se importava.
Continua...
