Nota: Os personagens maravilhosos de Kuramada, infelizmente não me pertencem apenas a protagonista da história é uma criação única e exclusivamente minha, criada sob medida para o meu aquariano preferido;


Legenda:

-Frases assim; (diálogos normais)

-"Frases assim"; (pensamentos entre aspas)

-'Frases assim'; (diálogos de segunda pessoa)

--Flash back—(negrito)

--Lembranças— (itálico)


Capitulo 12:

Sempre uma surpresa...

I -Explicações...

Os cavaleiros esperavam ansiosos no salão do Grande Mestre. Enquanto Athena, Aishi e Kamus subiam as escadarias num silencio mórbido.

-O que será que Athena quer exatamente com a gente? – Shura perguntou, olhando confuso para os companheiros.

-Simplesmente responder algumas perguntas que os estão deixando curiosos; Athena falou adentrando o salão acompanhado por Aishi e Kamus ainda sem se falarem, limitando-se apenas a rápidas olhadas de um para o outro. – Mas creio que, seja melhor todos vocês se sentarem; ela falou apontando para a mesa de reuniões no salão.

Todos obedeceram, com olhares curiosos.

-Bom... Como vocês já sabem, desde tempos imemoriáveis, quando uma nova Guerra Santa esta para começar, eu sou mandada a Terra para junto dos cavaleiros proteger a humanidade; ela falou com ar sério, tomando a cabeceira da mesa e antes que Mascara da Morte pudesse perguntar o que aquilo tinha haver com o assunto ela continuou. – Só que outras divindades participaram indiretamente nessas guerras, não só pra proteger as pessoas, e sim, para proteger a vida dos cavaleiros.

-Como? Alguém pra defender os cavaleiros? – Aioros perguntou evidentemente confuso.

-Já ouvi falar de um grupo de deuses que tinham relação direta com os mortais e eram contra as guerras, nunca ouvi falar deles lutarem ao lado de Athena, mas lutavam pelos mortais; o ariano comentou.

-Como isso é possível? Não me lembro de nenhum deus na ultima Guerra Santa ou até mesmo no combate contra Hades ou no final da de Apolo; Shion comentou.

-Isso porque a defesa foi mais ousada dessa vez; Aishi falou quase num sussurro, que não passou despercebido por Saga e Shaka que já sabiam a que ela se referia.

-Continuando...; Athena ignorou o murmúrio da jovem. – Esses deuses agiam como posso dizer...;

-Nos bastidores; Aishi respondeu prontamente.

-Isso, nenhum deles usava sua verdadeira imagem ou se usavam. Aproveitavam de certas habilidades como poder usar o cosmo para apagar alguns pontos da memória de alguém, para não serem reconhecidos. Ocultavam também o cosmo, para facilitar a sua entrada em lugares que facilmente poderiam ser reconhecidos como deuses, mas eles sempre estiveram presentes...; Athena concluiu.

-E o que esses deuses tem haver com a gente? – Mascara da Morte perguntou impaciente, levando um cascudo de Aiolia que estava a seu lado. – Hei, porque fez isso?

-Não seja mal educado; Aiolia falou, ignorando o olhar cortante do canceriano.

-Simples, o fato de vocês estarem vivos; Aishi respondeu prontamente. – "Porque ela tem que fazer tanto rodeio para contar isso, já é difícil pra eu estar aqui e ela fica fazendo todo esse drama"; Aishi pensou ficando tensa.

O clima na sala começou a ficar mais tenso devido a ultima revelação. Os cavaleiros se olhavam em busca de uma resposta. Alguns cavaleiros como Kamus, Saga, Mú, Shaka, Aioros e Afrodite, limitavam-se ao silencio, pois já imaginavam que qualquer hora aquilo iria acontecer.

-Não entendo? – Milo falou por fim, antes que Aishi respondesse Athena se adiantou.

-Sempre quando uma Guerra Santa esta pra começar o conselho dos deuses se reúne para procurar a melhor forma de evitar isso, reúnem os dois deuses interessados e pesam seus motivos, se nenhum dos dois tiver fundos, a paz é selada com um juramento, tendo como pena por essa inflação a perda da imortalidade... Só que existem exceções; Athena falou pausadamente.

-Como qual? – Foi a vez de Shura se pronunciar;

-Às vezes algum Deus convoca o conselho por outro motivo, como pedir pela vida de alguém; Athena respondeu.

-Mas isso não teria que ser feito a Hades ou as Moiras? – Mú pergunta. – Afinal, são elas que controlam, a vida, o desenvolvimento e a morte de alguém;

-Primeiro passa pelo conselho, depois por Perséfone que é a representante dos mortais no mundo dos mortos, mas para esse tipo de convocação existe uma punição para os deuses que não fazem parte do conselho, essa punição varia de acordo com o pedido que querem que seja realizado; Athena falou, prestando atenção em cada expressão dos cavaleiros, chegara a hora de contar a eles o mistério por trás do milagre da ressurreição dos Cavaleiros de Athena. – As Moiras só interferem quando os outros aprovam, pois trazer alguém de volta é mexer com a linha do tempo original;

-Mas o que isso tem a ver com a gente? – Mascara da Morte insistiu mais uma vez, sendo fuzilado pelo olhar dos outros doze cavaleiros.

-Quando vocês morreram e foram levados por Apolo. Uma deusa interviu e pediu pela vida de vocês ao conselho; Athena falou séria, abaixando os olhos, como se a cada palavra tornasse mais difícil o contato visual com os cavaleiros. Deveria ter insistido mais com Aishi para contar tudo logo no inicio, mas sabia também que não fazia mais diferença.

-Foi você, Srta Athena? – Aldebaran perguntou com os olhinhos brilhantes achando que a deusa a quem eles tanto protegiam fizeram tal sacrifício por eles, mas esse brilho logo se apagou quando a deusa negou com um aceno de cabeça; - Quem então?

-Porque a Srta Aishi não nos responde? – Shaka perguntou, fitando a jovem.

Todos ficaram em silencio, esperando que ela falasse, até que passou tanto pela mente do cavaleiro como da deusa uma lembrança não muito antiga, como se a estivesse vivendo novamente.

-Era alguém que nasceu do Caos e da Ordem, mas alguns dizer que pelo Amor e pela Guerra foi criada, mas ao contrario do que não dizem sobre ela. Ela existe desde que o mundo era jovem e os deuses descobriram o que era a traição; ela disse serenamente fitando o virginiano diretamente. – Mas talvez nem eu seja capaz de responder tão simples pergunta, cavaleiro; ela completou.

Todos olhavam os dois intrigados. Pelo visto o homem mais próximo de Deus sabia bem mais do que aparentava. A surpresa maior foi nascer dos lábios do virginiano um singelo sorriso.

-Porque não tenta?

-...; Ouviu-se um suspiro cansado vindo de Aishi antes de responder. - Foi Harmonia... A filha de Ares; ela completou omitindo o fato de ser filha de Afrodite também.

-Filha de Ares com quem? – Aioros perguntou curioso.

-Com Afrodite, irmã gêmea de Eros; ela respondeu com um "Q" de amargura na voz.

-Athena! Qual foi à punição que Harmonia recebeu? Porque afinal, ela nos trouxe de volta. Então o conselho aceitou o pedido dela? – Saga perguntou curioso. Fitando-a descaradamente dessa vez, para o desagrado do aquariano, que embora quieto não gostava nada daquela situação.

-Tornar-se uma guardiã, alguém que tenha em si o poder de todos os cavaleiros ressuscitados e que controle esse cosmo para manter o equilíbrio do mundo, além de se encarregar de evitar as guerras, é claro!- Aishi respondeu, ao notar o olhar insistente do geminiano, corando levemente devido a isso.

-E tornar-se completamente mortal; Athena completou deixando os cavaleiros abismados.

-Então Srta. Aishi ou devo chamá-la de Harmonia? Porque interviu por nós? – Kamus perguntou se manifestando pela primeira vez de um jeito seco, fazendo todos fitá-lo com um misto de curiosidade e espanto pelo jeito que ele se referira a ela.

Já era de se esperar que eles viessem a ter essa reação de espanto, mas ouvir essa pergunta da boca de Kamus lhe doera mais do que se fosse outra pessoa a formulá-la, ela podia sentir o quão ansiosos os cavaleiros esperavam por sua resposta e sabia também que as coisas não seriam mais como eram antes.

-Nunca fui a favor de guerras, embora estive presente na maioria delas; ela falou fazendo uma pausa. – Mas o que realmente acontece é o fato de eu não ser a favor dessa idéia primitiva que os deuses tem. De que o destino da humanidade esta ao bel prazer deles; ela disse.

Aishi ignorou o olhar espantado de todos que iam dela a Athena que estava com o olhar inexpressivo.

– Sempre que posso procuro intervir entre um combate e outro, sei que não posso me meter em tudo, afinal, tanto mortais como deuses, tem seus conflitos que por vezes são necessários para a evolução, mas no caso de Apolo e Hades, ambos perderam a moral, achando que com idéias patéticas de devastar para reconstruir iriam mudar esse conceito primitivo de desenvolvimento terrestre, indo longe de mais sem poupar as pessoas ao seu redor; ela comentou, quando uma onda melancólica tomou conta de seu cosmo. – Esses deuses não passam de um bando de idiotas ambiciosos. Cegos, não entendem que o tempo deles já acabou e por causa desse orgulho eles acham que podem brincar de guerrear colocando a vida das pessoas inocentes em risco e no fundo, amo essa terra e seus habitantes de mais pra deixar que uma futilidade dessas fosse adiante; ela falou, permanecendo em silencio em seguida... "Sem contar a promessa que fiz"; ela completou em pensamento.

Cada um parecia pensar nas palavras da jovem, fora um preço muito alto a pagar, porque ela sendo uma deusa, se sujeitaria a aceitar isso, ou não haveria uma outra forma.

-Durante as Eras outros deuses também lutaram pelos mortais como Eros o deus do Amor movido pela Emoção, Nick a deusa da Vitória sempre ao lado dos nobres de coração, Aurora representante do amanhecer e de uma nova esperança e por ultimo Perséfone; Athena falou quebrando o silencio.

-Perséfone não é a esposa de Hades? – Kanon perguntou.

-Sim, embora o seja, ela também ama os mortais e preza o tempo que vivia livre entre eles, por isso aliviava a pena daqueles que morriam nas guerras mandando os para o descanso, sem que passassem pelos juizes. Isso é claro, quando Hades não estava presente; Aishi respondeu com um meio sorriso sarcástico, chamando a atenção dos cavaleiros.

-Mas porque você aceitou se tornar mortal? Poderia ter, sei lá, tentado negociar uma outra pena e continuar a ser uma deusa? – Milo perguntou.

-NUNCA! – ela gritou, assustando os cavaleiros, quando por um breve momento em seus olhos uma chama azulada queimou. – Aceitar esse tipo de coisa seria o mesmo que dizer estar arrependida de trazer algum de vocês de volta e é algo que nem em uma eternidade eu estaria; ela falou com os punhos fechados por sobre a mesa, fitando diretamente os olhos do Escorpião, cuja pele do mesmo nesse momento parecia ter perdido um pouco o bronzeado.

-"Interessante, primeira vez que vejo isso em toda a história, uma deusa que luta por cavaleiros de forma tão sagaz, realmente daquela vez ela não estava brincando quando disse que seu amor pelos cavaleiros era maior do que tudo" – Shaka pensou. – Então você realmente ultrapassou todas as expectativas. Quando você me disse sobre a verdadeira missão começar após a queda de Hades não era uma mera charada para me confundir, não é mesmo? – Shaka falou, dando um sorriso misterioso.

-Eu disse que voltaria pra cobrar aquela divida, não mandei você não acreditar em mim; Aishi respondeu com o mesmo sorriso nos lábios.

-Her! Do que eles estão falando? – Milo perguntou para Aiolia que olhava os dois, cavaleiro e amazona, fitando-se, sentados cada um em uma extremidade da mesa.

-Então era mesmo você que estava em Virgem quando invadimos o santuário? – Saga perguntou intrigado, entrando na conversa.

-Como? – Aldebaran perguntou confuso. Sabia que na época da invasão das doze casas ninguém passara por ele a não ser aquele espectro.

-Era, mas não pensei que outra pessoa houvesse sentido a minha presença alem de Shaka; Aishi falou olhando-o diretamente, fazendo o aquariano morder-se de ciúmes.

-Espera ai! – Milo falou cortando a conversa. – Você acaba de dizer que sentiu Aishi na casa de Virgem na invasão das doze casas; Saga apenas afirmou. – E a Srta acaba de dizer que realmente estava aqui; Aishi assentiu. – Então porque raios eu nunca te vi aqui no santuário até se tornar à pupila do Kamus? – ele perguntou exasperado.

-Porque eu não quis que vocês sentissem a minha presença aqui; ela respondeu séria. – A intenção era passar despercebida, porque eu vim aqui pra falar com o Shaka e mais nada, só não esperava que além dele fosse encontrar algum geminiano que por coincidência conseguisse sentir o meu cosmo mesmo que eu o estivesse ocultando ao Maximo; ela respondeu meio frustrada.

-Só por curiosidade o que a Srta queria com o Shaka? – Milo perguntou com um sorrisinho malicioso.

-Falar sobre Arayashiky e pode parar com esses pensamentos pervertidos seu infame; Shaka o censurou.

-Muita calma nessa hora; Milo respondeu com um sorriso nervoso. – Mas porque você nunca falou sobre a vinda de Aishi ao santuário antes, Shaka?

-Porque...;

-Até dois anos atrás ele não lembrava; Aishi o cortou.

-Como assim? –Mascara da Morte perguntou confuso.

-Oh! Esperto; Kanon falou com ar de superioridade. – Você não prestou atenção no que Athena disse, sobre alguns deuses usarem o cosmo para apagar parte da memória de alguém e não serem reconhecidos;

-Foi isso mesmo que aconteceu; Aishi continuou. – Durante todo o termino da batalha de Hades, nem mesmo Shaka e o Mestre Ancião que eu havia conhecido na época, não se lembravam de mim, mas quando perdi meus poderes ficando completamente mortal, para depois, como posso dizer... Começar a readquiri-los de novo só que de forma diferente, o efeito do meu cosmo sobre a memória deles se quebrou, por isso Shaka foi capaz de me reconhecer no dia em que cheguei ao santuário; Aishi terminou de explicar.

-Mas... E aquele dia que ocorreu aquela explosão de energia, o que foi aquilo? – Aiolia perguntou curioso.

-Acho que perdi um pouco do equilíbrio aquele dia, por isso meus novos poderes começaram a se manifestar novamente e não deu pra evitar, acho que vocês sentiram como se fosse com vocês; ela completou, recebendo um aceno afirmativo de cada um. – É o que chamo de Troca Equivalente. Sou capaz de sentir tudo o que vocês sentem euforia, ansiedade, tristezas, frustrações... Tudo. Porém, mantendo o meu cosmo em equilíbrio, vocês não eram capazes de sentir o que eu sentia; ela explicou.

Todos os cavaleiros pareciam imersos em seus próprios pensamentos, imaginando como uma deusa chegara aquele ponto, será que realmente Athena estava certa, outros deuses existiam para ajudar os mortais ou só esperavam uma forma de ganhar confiança e depois conquistar a Terra.

Embora fosse um pensamento egoísta, eles necessitavam ficar alertas com qualquer possibilidade de invasão ao santuário. Afinal, ela conseguira passar por todas as defesas do santuário, enquanto os espectros passaram por maus momentos até chegarem em Virgem e eles apenas não sentiram sua presença.

II – Coração de Cavaleiro.

Dando por encerrada a reunião, cada cavaleiro foi tomando o rumo de sua casa, Kamus sairá apresadamente do salão, sem falar com ninguém e Aishi também se limitou a fitá-lo de escanteio com um olhar triste antes de seguir para a varanda do salão, sendo seguida pelo olhar de alguns cavaleiros que permaneciam na duvida, aproximavam-se ou não. Até que deixaram por fim o salão, permanecendo apenas um cavaleiro que seguiu a amazona.

-Não entendo; a voz sou séria atrás da jovem que se virou para deparar-se com um par de olhos verdes a fitando sem nenhuma expressão. - Porque não nos contou quem era antes? - Saga completou se aproximando da jovem, que rapidamente se virou para debruçar-se sobre a guarda da varanda fitando algum ponto pouco interessante no horizonte que já indicava que logo anoiteceria.

-O que muda se eu tivesse contado antes, com o que foi contado agora? Sendo que ambos são a mesma coisa; ela perguntou, quando o cavaleiro parou ao seu lado.

-...; Por um momento ele ficou atônito, sem uma resposta pratica pára isso, mas sabia que ela estava certa, se houvesse contado antes a reação dos cavaleiros seria pior, alem de tratá-la com desconfiança eles a tratariam como alguém superior, igual à Athena e não como uma amazona inexperiente que foi conquistando o respeito de todos podendo agir com liberdade. – Entendo! Deve ter sido difícil deixar o lugar onde você vivia para fazer isso? – ele perguntou.

-Não! Na verdade a única coisa de que me arrendo é de não ter feito isso antes, mas esse é um fato que não posso mudar; ela respondeu.

-Pelo menos é um passado que você não tem que se envergonhar; ele falou perdendo a postura de cavaleiro sério, para deixar transparecer a dor que sentia a muito acumulada se dissolver.

-Você não deveria se culpar por algo que não fez! – ela falou o encarando.

-Claro que deveria, quase matei Athena, você acha que isso é pouco; ele falou com a voz embargada de tristeza. Nunca discutira isso com ninguém, mas as coisas pareciam ficar mais fáceis quando conversava com ela. Parou ao notar um brilho diferente nos olhos da jovem, um brilho que o reconfortava.

-Embora você tenha tentado, você não o fez, independente se foi alguém que parcialmente impediu isso, você só quase a matou, mas ela esta viva e aqui lutando ao lado de vocês. Não há porque carregar uma culpa que não te pertence. A única coisa que você pode fazer é não cometer o mesmo erro de novo; ela falou sorrindo para o cavaleiro.

-Nunca, nem mesmo Athena tratou um cavaleiro dessa forma, o que te difere dela? – ele perguntou quase num sussurro embora estivesse intrigado, abaixando os olhos, mas a jovem, delicadamente levantou o rosto do cavaleiro com uma das mãos, fazendo-o encará-la.

-Eu posso ter um comportamento meio explosivo às vezes, mas digamos que as minhas raízes me dão a oportunidade de ver o que esta aqui; ela diz apontando para o coração do cavaleiro. – Sei que você é uma pessoa boa, embora às vezes você se sinta perdido, sem saber porque esta aqui, mas não se preocupe, uma hora ou outra você vai achar o seu caminhou ou vai encontrar alguém pra lhe guiar por ele; ela completou. – E alias, que espécie de geminiana eu seria se não conseguisse entendê-lo; ela completou sorrindo.

-É bom saber que você pensa assim; ele falou retribuindo o sorriso; - Agora acho que podemos deixar o resto da conversa pra depois, porque seria bom se você fosse falar com o Kamus! – ele completou com seu sorriso se apagando.

-Não sei! Acho melhor não falar com ele agora; Aishi respondeu com o olhar triste.

-Pelo menos tente, pra não se arrepender depois; ele falou agora desencostando da cabeceira da sacada e indo em direção ao salão, despedindo-se com um aceno de mão. Deixando a jovem organizar seus pensamentos em paz.

III – A Sentença de Áries.

Templo da Coroa do Sol...

Novamente ele se via fazendo o mesmo trajeto de outrora, mas a única certeza que tinha, era que dessa fez ele não a encontraria repousando como um anjo em uma das pilastras do templo abandonado. Provavelmente ela ainda estaria no templo do Grande Mestre conversando com algum curioso.

Ele já sabia da verdade a muito, mas pensou que se ignorasse seria menos doloroso. Saber sobre as regras do santuário eram bem mais difíceis do que simplesmente as ignorar. Ela era uma deusa e ele um cavaleiro, era algo impossível de acontecer...;

Mas ouvir da garota por quem se apaixonara, que ela era uma deusa, fora o mesmo que tomar um balde de água fria por sobre a cabeça, mesmo que soubesse que aquele sentimento era recíproco existiam as antigas leis.

Alguém que a vida toda lutou para que as regras não fossem quebradas, ficara agora a mercê do destino, quebrando a maior dentre todas elas. Regras primitivas, porem mantidas vivas em seus princípios.

Caminhando lentamente, ele gritava em seu interior que aquilo que sentia não era errado, pois ela o correspondia, mas o desespero estava sendo maior, o cegando para uma realidade menos dura.

Afinal, porque Zeus fora tão cruel, ao permitir que ela cruzasse seu caminho, se no final, aquilo não seria possível.

Perdido em pensamentos, Kamus nem se deu conta da aproximação de um cavaleiro.

Olhos calmos e andar preciso, o ariano de aproximava pacificamente de seu amigo, a ponto de causar-lhe um susto ao tocar de leve no ombro direito de Kamus.

-Você deveria se acalmar, ficar se torturando não vai lhe fazer bem;

-Mú o que faz aqui? – Kamus perguntou recuperando-se do susto e tentando manter-se o mais normal possível.

-Fui te procurar em Aquário, mas não te encontrei, ai Shaka me disse que você provavelmente estaria aqui!

-Aquele intrometido; Kamus murmurou exasperado.

-Como? – o ariano perguntou sem entender o que ele havia murmurado.

-Nada! Mas o que você queria comigo?

-Sabe, há algum tempo atrás eu acabei percebendo que embora você fosse frio e indiferente, você gostava muito de Aishi; Mú falou sem notar o desconcerto do amigo.

-D-do q-ue vo-cê es-ta fa-lan-do, nós não...; Ele foi cortado antes de conseguir concluir o que tentava falar.

-Mas creio que você sempre soube que ela era uma deusa, por isso mantinha-se distante com medo de se envolver e se ferir depois; ele completou calmamente, notando dessa vez o olhar espantado do aquariano. – Só que não foi muito bem sucedido quando ela enfrentou Saga no Coliseu, você não conseguiu reprimir seus sentimentos.

-Mú como você...;

-Como eu sei, simples, já te conheço a tempo suficiente pra você ser previsível aos meus olhos; ele respondeu sorrindo, ao notar a face do amigo tomar um ar contrariado.

-Bem, como você mesmo sabe, eu estava certo em me manter distante, ela é uma deusa e eu um cavaleiro, é algo que não daria certo e acabo de descobrir da pior forma; Kamus falou cabisbaixo.

-Sabe, algumas leis às vezes podem ser ignoradas ou até mesmo esquecidas; o ariano falou com um sorriso maroto.

-O que quer dizer? – Kamus perguntou confuso.

-Simples meu amigo...; Ele fez uma pausa ao notar a expectativa crescente. - O amor de uma deusa deve ser distribuído igualmente para todos os seus cavaleiros, mas nada consta se o amor de um cavaleiro for dispensado a duas deusas, contanto que seja distinto para cada uma; ele completou.

-Mas as leis são...; Kamus ainda tentou argumentar.

-Para serem quebradas... Oras Kamus, acorde, desde quando você é tão submisso a regras desse modo, não reconheço mais o cavaleiro persistente e sagaz que era o guardião de Aquário; Mú falou aumentando mais o tom de voz, deixando o aquariano assustado, pois o sempre pacifico ariano nunca perdia a calma diante de qualquer um. – Agora você esta agindo como alguém que perdeu uma batalha sem lutar e eu sei que você não é um perdedor; ele falou, frisando a ultima palavra.

-Mas ela é uma deusa; ele tentou como ultimo argumento, na intenção de tentar se convencer de que as palavras do ariano não lhe deram esperanças.

-Que parte do que eu acabei de dizer você não ouviu? – ele falou já mostrando sinais de irritação. – Mas respondendo ao que você falou, Aishi não é uma deusa, lembre-se agora ela é tão mortal quanto eu e você, foi essa a condição que Zeus impôs a ela para nos trazer de volta.

-Não sei; ele parecia mais confuso.

-Vá conversar com ela e esclareça de vez as duvidas; ele disse em tom de ordem.

-Mas e se ela não quiser falar comigo?

-Por Zeus, desde quando você é tão covarde? - o ariano perguntou mostrando-se verdadeiramente irritado. – Se você não tentar nunca vai saber.

-Her! Tudo bem então... Obrigado; ele agradeceu o amigo e tomou o caminho para o santuário.

-"Como é complicado"; Mú pensou, balançando a cabeça com ar conformado.

Continua...