Nota: Os personagens maravilhosos de Kuramada, infelizmente não me pertencem apenas a protagonista da história é uma criação única e exclusivamente minha, criada sob medida para o meu aquariano preferido;Os golpes Sentença Final e Explosão Negra são criações minhas, por isso não podem ser encontradas na história original.


Legenda:

-Frases assim; (diálogos normais)

-"Frases assim"; (pensamentos entre aspas)

-'Frases assim'; (diálogos de segunda pessoa)

--Flash back—(negrito)

--Lembranças— (itálico)


Capitulo 17

Descobrindo que você pode mudar.

I – Você Não Está Sozinho.

Kamus olhava atônito para o cavaleiro que lhe chamava a atenção tão seriamente que parecia até mesmo ser outra pessoa.

-Aonde você pensa que vai, Kamus? – Milo perguntou sério.

-Não tente me impedir; ele respondeu tentando passar pelo batente da porta, mas foi retido.

-Vou junto, afinal você faria muita besteira sem eu pra te ajudar; ele falou dando passagem ao amigo que lhe lançava um olhar entrecortado.

Ambos os cavaleiros usaram a mesma saída que Aishi usou, para sair do santuário, assim mesmo desobedecendo a uma ordem de Athena de permanecer no santuário, ela só iria dar pela falta deles quando estivessem voltando, mas o destino parecia conspirar para atrasá-los.

-Hei! Onde vocês dois pensam que vão sem gente; ambos gelaram ao verem-se descobertos por alguém, agora teria que encontrar uma desculpa convincente para a deusa do porque estarem ali, mas se surpreenderam ao olhar para trás e verem Saga e Mascara da Morte, ambos trajando suas sagradas armaduras.

-O que vocês pretendem? – Milo perguntou impaciente.

-Nós também vamos; Mascara da Morte se adiantou a responder.

-Ué! Não era você que detestava a garota; Milo falou, ignorando o olhar assassino de Kamus e Saga.

-Não confunda as coisas, eu ainda a detesto, mas admito que ela tem potencial. Afinal, alem de trazer a gente de volta ela consegue controlar facilmente os golpes que levamos anos treinando; ele falou fazendo uma breve pausa. – Aff! Mas e ai! Vamos logo idiotas, por que a vida dela pode estar dependendo da gente; ele completou já tomando a frente do grupo, deixando os outros trocando olhares espantados e concordando por fim em segui-lo.

II – Um Minuto Para o Fim.

Cabo Sunion... Minutos antes de Aishi desmaiar.

O sangue caia sem dó pelos cortes feitos pela adaga, a jovem agora jazia prostrada no chão presa pelos grilhões. Enquanto o sangue banhava o pomo.

Seu cosmo começou a queimar intensamente, talvez com o intuito de repelir a energia do pomo que lhe tirava a fonte de vida ou se foi para anunciar a chegada de alguém.

A temperatura caiu a menos zero graus em menos de um segundo. Éris se sobressaltou ao ver que o sangue de Aishi se cristalizara e parara de cair. Ela correu até a frente da jovem como intuito de cortar-lhe novamente.

-ANTÁRES; a voz do escorpião fez-se presente, chamando a atenção da discórdia, que ao virar-se viu apenas uma linha vermelha passar rente a seus olhos e logo um filete de sangue escorrer, por sobre a maça do rosto.

-Não ouse tocá-la; Kamus falou, aproximando-se com ar imponente e ameaçador, fazendo-a recuar alguns passos. Saga e Mascara da Morte vinham em seguida.

-Quem vocês pensam que são? – ela perguntou se recompondo.

-Os cavaleiros de Athena e viemos buscar Aishi; Saga respondeu com um olhar entrecortado.

-Hun! Então é por causa de vocês que essa idiota resolveu me enfrentar sozinha; Éris falou calmamente, readquirindo o ar frio e debochado.

-Solte-a se não quiser morrer! – Mascara da Morte se adiantou, já impaciente com a demora do resgate da jovem.

-E quem faria isso? Você? – ela desdenhou, enquanto levantava os braços unindo as mãos, fazendo surgir uma nuvem negra.

Eles mal puderam se defender, a nuvem negra transformou-se em uma bola de energia e a explosão atingiu diretamente os cavaleiros, lançando-os até a outra extremidade do navio.

Ainda presa pelos grilhões, Aishi sentiu seu corpo parcialmente congelado, a dor fora substituída pela dormência causada pela temperatura, mas mal se recuperou sentiu o choque do golpe que Éris lançara nos cavaleiros.

-Eu disse que iria se arrepender se os envolvesse nisso; a voz de Aishi soou alta, chegando aos ouvidos de Eris, que voltou-se espantada na direção dela. – Você ousou feri-los, eles não voltaram à vida para sofrerem nas mãos de deuses patéticos como você; Aishi falou levantando-se do chão, por conseqüência algumas placas de gelo desprendiam-se de sua roupa. –Você vai pagar caro por isso; ela completou.

Seu cosmo começou a se elevar de uma forma que nem mesmo o próprio Zeus seria capaz de fazê-lo. Suas íris adquiriram um brilho azulado, junto com a luz que envolvia seu corpo. Restaurando-lhe completamente as forças e permitindo-a manter-se em pé mesmo com o peso das correntes e grilhões. Todas as feridas estavam fechadas.

O convés do navio, palco daquela batalha, agora estava coberto de gelo. Não só o convés, mas todo o cabo jazia coberto de uma grossa camada do mesmo. Cada vez que a intensidade do cosmo de Harmonia variava, ela aumentava a queda da neve por sobre o navio, logo viraria uma tempestade de gelo.

Éris estava atônita, não imaginava que Harmonia pudesse se recuperar tão rapidamente a ponto de se levantar. Ou pior, causar aquele impacto na temperatura. O cosmo em volta da jovem exalava frio.

-Não adianta, com a quantidade de energia sua que tenho, você não pode nem me arranhar; a Discórdia desdenhou.

-Pouco me importa o cosmo que você me tirou, eu avisei que essa briga era entre nós duas e antes desse navio explodir eu vou fazer você se arrepender de querer renascer de novo nesse mundo; Harmonia falou, sua voz era tão ou mais fria do que a neve que cobria a superfície congelada do cabo.

Dizer que seus orbes tinham um brilho deveras assassino, era pouco. Queimavam de ódio. Provando que não era uma mera teoria, afirmar-se que existe uma linha tênue entre o amor e o ódio, pois somente com os dois, faz-se o equilíbrio. Ou a Harmonia.

-Desista! Você não pode fazer nada enquanto estiver presa; ela disse com um sorriso sarcástico, demonstrando uma confiança que estava longe de possuir.

-Considere isso uma pequena lembrança de Áries; Aishi falou, usando uma pequena porção do seu cosmo, aproveitando a técnica de telecinese, tirou os cavaleiros de dentro do navio.

Os cavaleiros despertavam lentamente, mas puderam presenciar a imagem que mortal algum vira em milênios. A deusa do Amor mostrando seu real poder num ultimo ato, pois logo eles desapareceram, sendo teletransportandos para uma distancia segura do cabo Sunion.

-Como fez isso? – Eris perguntou incrédula, vendo Aishi erguer agora os pulsos e os grilhões simplesmente se dissolverem, virando pó.

-Isso! – Aishi falou olhando diretamente para Eris, que deu um passo para trás cautelosa. – As de Andrômeda são mais resistentes, deveria ter pedido a Heféstos para que fizesse para você desse tipo; ela completou com um sorriso sádico.

-Isso não é possível! – Éris gritou, preparando-se para atacar.

-o-o-o-o-

Minutos depois o cabo Sunion sofreu um tremor devido à explosão do navio, levando consigo qualquer resquício de vida que pudesse ainda existir.

Uma cortina de água ergueu-se no céu, caindo novamente, revelado pedaços de madeira e os destroços do antigo navio de Éris.

III – O Ultimo Golpe.

Kamus estava desesperado, vendo a explosão do navio. Queria ir até lá, salvá-la antes que o pior acontecesse, mas já era tarde. O coração de todos se comprimiu e um gemido agoniado escapou por seus lábios. Era a troca que chegava ao fim. Do mesmo modo que a vida da amazona se extinguira diante de seus olhos.

Kamus foi detido pelo Escorpião, que com pesar balançou a cabeça numa afirmativa de derrota. Avisando que nada mais poderia ser feito.

A chuva começava a cair sobre as cabeças daqueles pobres guerreiros. Gotas grossas se misturavam as lagrimas cristalinas de angustia que se esvaia daqueles corações feridos.

Deveria haver uma forma dela estar viva. Por Zeus, eles clamavam que houvesse um fio de esperança e que ela aparecesse para eles com o seu mais belo sorriso e dissesse que tudo não passou de um pesadelo e que voltariam juntos para o santuário, mas depois de alguns minutos isso não aconteceu, anunciando por fim a derrota.

Minutos antes...

O cosmo de Aishi estava se elevando ao máximo de forma perigosa, a jovem deusa teria de se controlar.

Com o intuito de proteger Éris, Deimos partiu para cima de Aishi, mas esse ataque nunca chegou ao alvo.

-EU VOU ACABAR COM ELA, NÃO ME ATRAPALHE IDIOTA; Eris gritou, lançando um golpe no cavaleiro que fê-lo tombar incrédulo.

-Eris; ele murmurou, com os olhos arregalados, tombando no chão desacordado.

Por mais que ele fosse seu inimigo não poderia abandoná-lo daquela forma, pois antes de tudo ele era seu irmão. Então, do mesmo modo que fez com os cavaleiros, fez com Deimos, mas mandou-o diretamente ao santuário, sendo recebido no primeiro templo por Athena e os cavaleiros que permaneceram lá.

Os dois cosmos distintos se chocavam, fazendo a estrutura do navio ranger e as placas de gelo na lateral começarem a rachar. O sol começava a nascer e a Estrela da Manhã(1) brilhava imponente, como se apreciando aquela guerra entre iguais.

Um vento cálido passou pela face da amazona. Sentiu seu corpo vibrar, como lhe dando um aviso mudo de que finalmente poderia usar todo seu poder sem ferir ninguém, os cavaleiros agora estavam sobre a proteção de Athena e não mais sofreriam junto dela. A ultima dádiva de Caos, o rompimento do laço.

Éris preparava-se para atacar novamente, mas a voz de Aishi fê-la hesitar por um momento.

-O mesmo golpe não funciona duas vezes contra um cavaleiro; Aishi a alertou.

-Mas você não é um; a Discórdia desdenhou.

-Posso sentir tudo o que eles sentem. Então, qualquer golpe que usar agora será previsível; Aishi respondeu com uma calma assustadora.

-Se eu não puder me erguer, você também cairá; Éris sentenciou.

-Seja o que Zeus quiser; Aishi sussurrou.

Os cosmos colidiram. O Olímpo em peso observavam tensos pelo desfecho.

Apenas um golpe foi o necessário. Com o cosmo inflamado, o corpo da amazona foi rapidamente revestido por uma armadura, semelhante à armadura de Gêmeos, em tons de madrepérola. Em suas costas surgiu um par de delicadas asas brancas e um arco dourado em suas mãos.

Retesando a fina corda que ligavam as hastes do arco. Uma flecha dourada surgiu, Aishi apenas preparava-se para deixá-la seguir seu rumo.

-SENTENÇAFINAL – Aishi gritou, erguendo o arco na altura dos olhos e soltando a corda. A flecha cortava o vento com tamanha intensidade que a olhos comuns seria impossível ser vista.

-EXPLOSÃONEGRA– Eris gritou, fazendo surgir de ambas as mãos duas bolas de energia que ao juntarem-se formou uma outra maior ainda, indo na direção da jovem.

Nenhuma das duas estava disposta a esperar para atacar. Desferindo ao mesmo tempo seus últimos golpes. A explosão do cosmo de Eris parecia ser atraída para onde Harmina se encontrava.

Embora a jovem mantivesse a face serena, procurava controlar-se internamente para que a flecha não voltasse. Ao dispará-la, uma luz intensa a rodeou, variando entre o dourado e azul, que ao se chocar contra o golpe de Eris, transpassou a nuvem negra, indo atingir diretamente o coração da deusa da Discórdia. Assinando sua sentença final.

Um grito seco ecoou por todo cabo. Antes aquela face bem moldada da beleza lasciva e cruel da discórdia, agora se transformara em pequenas partículas de poeira levadas pelo vento, para logo serem esquecidas. A guerra chegara ao fim.

Aishi sentiu suas forças acabarem, não teria tempo de sair do navio antes que o mesmo explodisse. Poderia abrandar um pouco a explosão, mas ainda sim, não lhe sobraria tempo. Não dava mais para lutar, suas forças acabaram e a inconsciência logo lhe atacou, fazendo a mesma cair de encontro ao chão de madeira do navio.

Mas a queda nunca veio...

IV - Dono do Destino.

Observou atentamente a explosão do navio de Eris da beira da praia do Cabo. Um leve sorriso desenhou-se nos lábios daquele homem tão singular. Os longos cabelos negros quase tocavam o chão, os orbes prateados tinham um brilho intenso.

Deu as costas para o cabo, erguendo parcialmente a túnica que usava para não afundar na areia.

-"Essa é sua ultima dádiva Harmonia, mas do que qualquer um, você a mereceu, viva em paz, minha menina"; ele pensou, enquanto se afastava, mas parou, ao deparar-se com um outro homem, de estatura semelhante a sua, longos cabelos negros e orbes verdes, frios e intensos.

-Você sempre soube, não é? –Hades perguntou, retendo-lhe o caminho.

-O que? –o Onipotente perguntou, fazendo-se de desentendido.

-Caos, não se faça de inocente, pois você não é; o imperador do mundo inferior falou.

-Você é muito impertinente, garoto; ele respondeu.

-...; Hades estreitou os orbes de maneira perigosa, mas parou ao vê-lo rir. –Não vejo graça;

-Não vê porque não quer, garoto; o Onipotente falou, frisando a ultima palavra para provocá-lo. –Harmonia mudou seu destino, mesmo me desafiando e correndo os riscos que isso acarretaria;

-E isso te irrita, não? –Hades perguntou com um meio sorriso.

-O que?

-Ela te contrariar e ainda mudar as coisas em baixo do seu nariz, sem que você possa impedir; ele alfinetou.

-...; Caos estreitou os orbes prateados de forma perigosa, mas desanuviou-a rapidamente, ao ver não muito longe de si uma luz dourada surgir e tão rápido quanto, desaparecer. –Pelo contrario, gosto disso nela, Harmonia nunca teve medo de me desafiar para conquistar as coisas que deseja, as brechas que ela encontrou no destino, foi ela mesma a criá-las;

-Como? –Hades perguntou confuso.

-Ela escreveu seu destino com as próprias mãos, lutou por isso sem ter nada a perder, ela mereceu essa dádiva, que certamente eu não daria a outro; ele completou, lançando-lhe um olhar significativo.

-Puff! Podem passar mais cem séculos e eu ainda não vou lhe entender; o imperador falou, dando-se por derrotado nesse jogo.

-Não preciso que me entenda, apenas viva, já é o suficiente; o Sr do universo falou, desaparecendo em seguida, com o surgimento absoluto dos raios solares.

-"Você não só mudou o seu destino como o de todos nós, obrigado Harmonia"; Hades pensou, desaparecendo em seguida.

Continua...


(1) Estrela da Manhã: Na mitologia grega eles chamam de Estrela da Manhã o que hoje nós conhecemos como o planeta Vênus (nome dado pelos Romanos na renascença), que brilha no verão a noite toda desaparecendo com o nascer do sol e no inverno ele pode ser visto mesmo com a aurora. Outra definição para a Estrela da Manhã é a participação de Lúcifer na mitologia. Ele aparece em Odisséia, a estrela que guiava os navegadores, embora fosse uma outra representação das maldades de Eris;