Nota: Os personagens maravilhosos de Kuramada, infelizmente não me pertencem apenas a protagonista da história é uma criação única e exclusivamente minha, criada sob medida para o meu aquariano preferido;
Legenda:
-Frases assim; (diálogos normais)
-"Frases assim"; (pensamentos entre aspas)
-'Frases assim'; (diálogos de segunda pessoa)
--Flash back—(negrito)
--Lembranças— (itálico)
Capitulo 18:
Aprendendo que você estava errado...
I – Incredulidade.
As nuvens que rodeavam a morada celeste ficaram rapidamente carregadas e cinzas, derramando sob o solo sagrado da Grécia uma cruel e triste tempestade. O Olímpo inteiro entrara em luto, os deuses compadecidos com a visão dos cavaleiros ao pé do cabo. Observavam com pesar aquele triste fim.
-Eu nunca pensei que ela fosse até o fim! - Afrodite falou com a voz tremula, sentando-se no primeiro banco que avistara.
-Assim quis o Destino; Zeus respondeu, dando por encerrado o assunto e se retirando acompanhado de Hera.
-COMO PODE DIZER ISSO? – Ares gritou, fazendo os olhos dourados brilharem uma chama avermelhada. – Isso é culpa sua, se tivesse me deixado interferir desde o começo, isso não teria acontecido; ele falou indignado, apontando o dedo acusadoramente para o pai.
-Cale-se Ares! Ou se esqueceu a quem esta se dirigindo; o olhar mortal de Hera o calou.
-A escolhas que não temos o direito de mudar filho...; Zeus respondeu, olhando para Ares. – Por mais que isso doa; ele completou com os intensos olhos azuis transbordando a tristeza acumulada desde que a jovem deixara a morada celeste e ele nada pode fazer para interferir com as escolhas feitas por ela.
-Por isso que eu deixei de depender de vocês para tomar uma decisão; a voz de Eros soou num tom divertido, enquanto o deus entrava no grande salão surpreendendo a todos, ao trazer consigo uma urna de ouro branco, com o símbolo de gêmeos em tom azul incrustado na mesma.
-O que significa isso? – Hera falou exaltada. – Você por acaso não interferiu na decisão do Onipotente... Ou você esta querendo nos desafiar? – ela completou com os olhos brilhando perigosamente.
-Longe disso, cara senhora! Apenas fiz o que Hades, Métis e Heféstos confiaram a mim; Eros respondeu com um sorriso maroto nos lábios.
-Hades! Mas ele não morreu pelas mãos dos cavaleiros de Athena? –Dionísio comentou, intrigado pelo deus dos mortos também estar envolvido nisso, ele se aproximou, com o costumeiro cálice de vinho pela metade por entre os dedos.
-Ele apenas perdeu sua forma mortal, mas ainda existe em seu reino; Eros explicou.
-Mas como isso? – Hera perguntou, sentindo-se extremamente frustrada por não saber como isso era possível ou quanto tempo os outros deuses estavam planejando essa interferência sem que ela e Zeus soubessem.
-Harmonia desceu até o inferno, depois do termino do conselho para falar com Perséfone, mas não entendo quando ela pode ter encontrado com Hades, para que ele tenha algo a ver com isso; Ares comentou confuso.
-Tem o fato de que ele só continua a existir, porque ela intercedeu por ele diretamente com Caos; Eros falou olhando para o pai, deixando todos espantados.
-Mas, como? – Alguns murmuraram incrédulos.
-Harmonia estava disposta a tudo para parar com essa guerra, por isso mesmo depois da volta dos cavaleiros ela ainda se arriscou a descer as profundezas do Tártaro para falar diretamente com Caos, assim ela adquiriu sabedoria suficiente para controlar todo aquele cosmo que nela estava aprisionado, caso vocês não saibam esse treinamento durou dois anos; O deus do amor falou calmamente, como se falasse com um monte de crianças pouco dispostas a entender.
-Então os dois anos que ela esteve desaparecia foi porque estava com Caos? –Apolo falou para si mesmo com ar incrédulo. –Nunca pensei que ela fosse direto a fonte; ele completou dando um sorriso enigmático.
-Pra você ver que a minha irmãzinha não estava brincando, alem do mais dizem as Moiras que o Todo Poderoso vendo que a culpa não era completamente de Hades, já que Harmonia provou que tinha influência de Eris nisso tudo, ele resolveu liberar o imperador, contanto que ele não pisasse mais na terra; Eros falou, enquanto se encaminhava para o Deus Ferreiro. – Obrigado, foi muito útil; ele disse entregando a urna.
-Fico feliz que ela tenha servido, por um momento pensei que ela pudesse não agüentar todo aquele poder; Heféstos respondeu dando um suspiro de alivio.
-O que significa isso? – agora foi à vez de Zeus perguntar olhando e apontando para a urna.
-Deixe-me explicar senhor; Métis a prudência se aproximou.
-Então explique; Hera disse com ar enciumado com a presença da antiga rival.
-É de tradição que quando um deus vai treinar ou até mesmo permanecer no santuário de minha filha, que ele leve consigo uma armadura representando seu signo. Então, assim que Harmonia deixou o Olímpo, Heféstos começou a trabalhar na armadura dela, mas ele não tinha material necessário para fazer uma armadura perfeita e resistente para agüentar a manifestação total de seu cosmo.
-Ai que entra Hades; Heféstos falou se aproximando. – Como forma de agradecimento, ele me mandou alguns dos mais resistentes minerais que existiam tanto nos Elíseos como no Tártaro, para que eu pudesse completar a armadura, muitos desses minerais foram usados nas saphuris dos espectros dele; o Deus Ferreiro explicou.
-Como eram minerais muito difíceis de serem moldados Heféstos demorou todo esse tempo para adaptá-los a armadura, mas felizmente ficou pronta e foi mandada através de Eros para a Terra, para que ela pudesse lutar contra Éris; Métis respondeu pacientemente.
–Aproveitando que para tudo existe um par, Heféstos criou essa outra armadura, que por sinal é a minha. Eu precisava dela para ultrapassar aquela atmosfera que Eris envolveu o Cabo; Eros concluiu.
-Então vocês passaram por cima de uma ordem de Zeus e interferiram, sem ninguém ficar sabendo; Afrodite falou incrédula.
-Vocês serão punidos por isso; Hera falou indignada.
-O que nos diz senhor? – Eros perguntou com um olhar confiante, do tipo 'lembre-se com carinho dos favores que já lhe prestei ao pensar nessa sentença'.
-Eles não desobedeceram nenhuma ordem Hera; o Onipotente falou mantendo o olhar firme, embora estivesse sorrindo por dentro. – Originalmente ela deveria ter recebido a armadura assim que saísse daqui, mas como só agora ela ficou pronta, isso significa que eles não me desobedeceram e por conseqüência não serão punidos; ele completou, olhando-a de tal forma que não admitia contestação.
-Sabia decisão, senhor; Eros falou sorrindo, fazendo uma respeitosa reverencia ao Onipotente.
Um suspiro de alivio tomou conta de todos no Olímpo. Agora uma nova fase começara tanto para as divindades quanto para a deusa.
II - Velocidade do pensamento – O Milagre dos Mortais
--- flash back ---
Suas forças cessaram, ela teria caído de encontro com o solo úmido e frio do navio, mas fora prontamente amparada por dois fortes braços, cuja pele alva dava uma harmoniosa visão para aquele ambiente funesto.
Um jovem de feições calmas, cabelos e olhos dourados. Trajando uma armadura semelhante à dela, mas em tons azulados apareceu.
Ele não era um homem comum, em suas costas destacavam-se um par de asas brancas e entre elas uma aljava e um arco estavam guardadas.
Eros pegou a irmã no colo e com um delicado impulso, ambos ficaram suspensos no ar, enquanto as asas começavam sob a ordem do jovem, a baterem. Tirando a ambos do navio antes explodir.
-o-o-o-o-
Abaixo do desfiladeiro do cabo existia a Prisão de Pedra, uma gruta onde outrora um dos geminianos fora aprisionado. O lugar parecia protegido por uma barreira que logo se dissolveu com a presença do rapaz.
-Nunca pensei que viveria pra vê-la romper aquelas correntes; Eros falou depositando o corpo inerte da irmã no chão de areia fina, que a água mantinha-se distante devido à maré baixa.
-Nem nós; três vozes soaram em uníssono preenchendo a caverna.
Uma pequena nevoa se formou próximo aos irmãos. Quando três mulheres enroladas em capaz negras surgiram. As três retiraram os capuzes, revelando serem as tão conhecidas deusas do destino, as três tinham por sobre os olhos, uma venda. Não era necessário verem o presente, pois conheciam tanto passado, presente como o futuro.
-Devo dizer que essa jovem supriu todas as expectativas; Antrópos começou.
-Provou ser merecedora de confiança mesmo quando a discórdia falou mais alto; Cloto continuou.
-Rompeu barreiras que pra outros seria impossível, atingindo assim com o próprio esforço a sabedoria necessária para despertar e atingir o nono sentido e recuperar por contra própria sua imortalidade; Laquésis concluiu.
-Nono sentido, que eu saiba é só até o oitavo e que história é essa de recuperar a imortalidade e a troca equivalente? – Eros perguntou visivelmente confuso, enquanto depositava a cabeça da irmã em seu colo.
-Vamos com calma, meu jovem! O nono sentido é a mortalidade. A criação incondicional de um sentimento capaz de interromper a trajetória de uma flecha, mas isso você deve saber bem (1); Antrópos falou. – O amor que Harmonia sente pelos mortais era tão grande que fê-la romper com as barreiras que limitavam seus poderes, com isso a Troca Equivalente foi rompida essa foi a ultima dádiva de Caos, dando a liberdade de sentimentos tanto a ela como aos cavaleiros que ela protege; ela completou.
-E quanto a recuperar sua imortalidade, é exatamente isso que aconteceu. Ao elevar seu cosmo ela ultrapassou todos os limites, transformando todo aquele cosmo reprimido numa fonte de energia em expansão, tornando-a invulnerável, dádiva concedida apenas na antiguidade, aos mais valorosos cavaleiros; Cloto respondeu, unindo as pontas dos dedos com ar pacifico.
-Seu coração falou mais alto, preferindo garantir a proteção dos cavaleiros a sua, só assim ela pode elevar seu cosmo transformando todo aquele poder num big bang, era o único modo de derrotar Eris e cometer um milagre; Laquésis concluiu.
-Mas com isso ela sacrificou a própria vida, pois até mesmo os deuses vão para o mundo inferior quando seu cosmo se esgota; Eros disse com a voz embargada em tristeza.
-Não diga tolices, meu jovem; Cloto o repreendeu. – Nem Hades nem o Caos estão dispostos a recebê-la no Tártaro ainda; a Moira completou erguendo a cabeça e exibindo um sorriso triunfante.
-Mas como? – Eros perguntou visivelmente confuso.
-Ela mudou seu destino e moldou a vida que sonhava ter desde o inicio. Como mortal conquistou o direto de estar com eles por mais alguns séculos e como deusa ela conquistou o poder de escolher por quanto tempo essa paz perdurara; Antrópos falou, mostrando a Eros um pedaço recém cortado de uma fina tapeçaria ao lado de uma recém fiada, onde uma mulher de asas brancas abraçava ternamente um jovem de cabelos esverdeados, ambos trajando armaduras reluzentes.
Aquela era a tapeçaria do destino. Fiado, enrolado e cortado por Cloto, Laquésis e Antrópos, que marcavam os destinos por toda a eternamente em ferro e bronze.
Palavras não eram mais necessárias para entender o que realmente acontecera, pois logo a jovem deusa despertava. Sendo recebida pelas boas vindas desejadas pelas Moiras que logo desapareceram em meio a uma nevoa.
Ainda trajando a armadura, Aishi despedira-se de Eros e se preparava para voltar ao santuário.
--- fim do flash back---
III – Trindade.
Hellsinck / Dinamarca...
Observava vagamente um ponto qualquer na parede. Cerca de dois anos começara a viajar pelo mundo ajudando as pessoas que foram vitimas das enchente que ele mesmo provocara. Irônico, não? –Jullian pensou.
Estavam agora na Dinamarca, uma torrente de lembranças parecia inundar sua mente de forma devastadora. Mesmo aquela distancia da Grécia foi capaz de sentir o cosmo de Eris se manifestar e apagar-se quando outro mais poderoso sobrepujou o seu.
-Imperador; Sorento falou abrindo a porta do quarto do jovem rapidamente.
-Sorento, já não disse pra não me chamar assim; Jullian o repreendeu, temendo que Tétis pudesse ter ouvido.
-Ahn! Desculpe-me; o ex-marina falou sem graça. –Ahn! Mas não se preocupe, a Tétis não esta aqui; Sorento completou.
A verdade era que pouco antes dele chegar até o jovem, havia encontrado com a sereia, que estava saindo para dar uma volta, deixando-os à vontade para conversarem.
-Mas diga, o que aconteceu para entrar assim? –Jullian perguntou, levantando-se da poltrona que estava, para ir até a janela.
-Você não sentiu? –ele perguntou preocupado.
-Sim, era o cosmo de Eris que se apagou de vez; Jullian respondeu.
-Mas Eris não é-...;
-É, a Deusa da Discórdia; o ex-imperador falou. –Sorento, preciso que faça algo pra mim;
-O que é?
-Procure Tétis e a impeça de se aproximar daqui até eu avisar; ele falou, voltando-se para o marina seriamente.
-Esta acontecendo algo?
-Depois eu explico, apenas faça isso, por favor;
-...; Sorento assentiu, saindo em seguida.
-Apareçam; Jullian mandou, lançando um olhar entrecortado para o outro lado do quarto.
Ao dizer isso, duas sombras tomaram forma, elas aproximaram-se da luz, revelando dois homens com aparência de trinta anos, um de longos cabelos dourados e orbes azuis e outro, longos cabelos negros e orbes verdes.
-O que querem? –ele perguntou seco.
-Nossa, é assim que recepciona os seus irmãos depois de tantos séculos? –Hades perguntou com um sorriso sádico.
-Irmãozinho, não sei como a Tétis ainda lhe suporta; Zeus alfinetou. –Por falar nisso, aonde esta ela? –ele perguntou com um sorriso malicioso.
-Bem longe dos seus pensamentos pervertidos; Posseidon respondeu ferino, mas lançou um olhar curioso aos dois deuses que se sentaram preguiçosamente nas outras duas poltronas que estavam no quarto. –Afinal, o que querem aqui?
-Temos alguns negócios a resolver, sente-se logo, porque não tenho o dia todo; Hades falou impaciente.
-Negócios? –Jullian perguntou arqueando a sobrancelha.
-Exatamente; Zeus concordou, fazendo surgir entre os dois, um pergaminho feito de fibra de bronze e uma pena que pairaram no ar.
-O que é isso? –ele perguntou intrigado.
-Creio que você já deve ter sentido o cosmo de Eris se apagar, não é? -Hades perguntou, vendo-o assentir. –Esse é um tratado, que será assinado pela trindade e pelo conselho, deixando claro que será pena de morte para qualquer divindade que venha a desencadear uma guerra ou atacar o santuário de Athena, isso inclui seus cavaleiros também; ele completou.
-Ahn! Isso por acaso tem algo a ver com Harmonia? –Posseidon perguntou, lançando um olhar curioso ao outro irmão que parecia contrariado em algo.
-Tem; Hades limitou-se a responder.
-Então eu assino; ele respondeu com sorriso provocante. –Afinal, creio que minha querida sobrinha sabe o que esta fazendo, já que invocou o conselho; o ex-imperador completou, sabendo o quando o irmão deveria estar irado por ter sido contrariado.
Hades e Zeus assinaram as linhas referentes a seus reinos. Selando por fim, o inicio de uma Era de paz entre Deuses e Cavaleiros.
-Que assim seja; os três falaram juntos.
Continua...
(1) A criação incondicional de um sentimento capaz de interromper a trajetória de uma flecha. – A moira se referia ao Amor, em "Uma Viagem ao Reino das Sombras". Eros é mandado a Terra para matar Psique, por uma leviana vingança de Afrodite, mas ao chegar nos aposentos da jovem, o deus do amor não conseguiu evitar ficar encantado com a beleza dela, mas sabia que teria de cumprir a ordem da mãe, com isso retesou o arco, mas quando a flecha estava prestes a atingir a jovem ele sentiu-se confuso, pois não conseguia aceitar a idéia de que uma jovem de aparência tão pura e bela tivesse atraído a ira da mãe, nesse momento de confusão, Eros viu-se apaixonado bela jovem e a flecha que a atingiria simplesmente parou a trajetória e voltou-se sozinha na direção do deus, atingindo-o diretamente no coração. Para manter esse sentimento, Eros até mesmo desafiou Afrodite para ficar com a jovem. Aquele era um amor puro, que nem mesmo a deusa do amor era capaz de sentir isso. O que a moira quis dizer, era que, Harmonia criara um sentimento livre de leviandade e egoísmo, embora representasse o equilíbrio, quanto a esse sentimento ela não tinha duvidas, embora fosse capaz de mudar o caminho das coisas.
(2)Antropós, Cloto e Laquésis: não mitologia grega são as Moiras, ou Deusas do Destino. Que fiam, enrolam e tecem a tapeçaria da vida. Tem o poder de decidir quem vive e quem morre, mantendo o equilíbrio entre o mundo dos vivos e dos mortos.
