Nota: Os personagens maravilhosos de Kuramada, infelizmente não me pertencem apenas a protagonista da história é uma criação única e exclusivamente minha, criada sob medida para o meu aquariano preferido;


Legenda:

-Frases assim; (diálogos normais)

-"Frases assim"; (pensamentos entre aspas)

-'Frases assim'; (diálogos de segunda pessoa)

--Flash back—(negrito)

--Lembranças— (itálico)


Capitulo 19:

Certo como o sol...

I – Memórias de um Anjo de Gelo.

Aishi sairá da prisão do Cabo onde Eros a levara após a explosão. Caminhava a passos rápidos pelo bosque que a levaria até o Santuário. Tantas coisas haviam acontecido em tão pouco tempo. Não pode deixar de sorrir com tal pensamento. Desde a antiguidade, Cronos fora considerado o ceifeiro do tempo, talvez devesse culpá-lo pelos últimos anos terem passado num piscar de olhos, ainda lembrava-se com perfeição de como tudo começou.

-Quem é a srta?

-Me chamo Aishi;

-Muito prazer. Me chamo Kamus;

-Eu sei; ela respondeu com um olhar enigmático, diante do olhar curioso do garotinho sobre si.

-Quem diria? –ela murmurou, imersa em recordações.

-Entenda uma coisa Kamus. A determinação é a característica mais memorável de um cavaleiro, com esse sentimento você pode cometer milagres, mas o orgulho é seu maior veneno;

-O orgulho?

-Exatamente. Às vezes as pessoas que são muito orgulhosas... Muito mesmo. Ficam cegas para as coisas ao redor, ignoram o que é importante e se esquecem que também são humanas e podem errar... Ate mesmo cavaleiros;

-Mas se eu me tornar um cavaleiro, não vou poder ter orgulho dessa conquista?

-Não é esse tipo de orgulho que eu digo, criança. O orgulho a que me refiro é aquele que por vezes nos obrigam a fazer as coisas erradas, como desobedecer alguém só porque foi contrariado; ela completou com um sorriso maroto.

-O mestre disse que eu não consigo concentrar nem meu cosmo, eu só queria provar que posso; ele respondeu indignado.

-Que ironia do destino; ela falou mais para si do que para alguém que pudesse ouvir naquele lugar isolado.

-Confio em você Kamus e se um dia você precisar de ajuda eu aparecerei pra você;

-Promete?

-Prometo! E eu me tornaria uma amazona se isso fosse lhe ajudar, mas você precisa prometer que não vai desistir e vai se esforçar para ser um bom cavaleiro;

-"Nem que fosse para te salvar de você mesmo"; ela pensou.

-Não vai falar com ele?

-Porque? Eu deveria?

-Você prometeu encontrá-lo de novo;

-Eu disse que se ele precisasse algum dia de mim eu estaria a seu lado, mas não se preocupe, ainda pretendo cumprir a minha promessa.

-Vinte anos passaram correndo; Aishi murmurou, faltava pouco para chegar.

II – Por trás das cortinas.

A julgar pelo tempo que viveu, tudo aquilo seria o equivalente há muitos dias mortais, embora naquela época seu tempo fosse diferente.

-Podes me dizer quem é?

-Alguns dizem que nasci do Caos e da Ordem, outros que pelo Amor e pela Guerra fui criada, mas ao contrario do que não dizem sobre mim. Existo desde que o mundo era jovem e os deuses descobriram a traição, mas talvez nem eu seja capaz de responder tão simples pergunta, cavaleiro;

-Shaka deve ter ficado realmente irritado por alguém entrar no seu jardim sem ordem; ela pensou, abafando o riso.

-O que foi?

-Só fico triste ao saber que esse belo jardim não voltara a florescer;

-Como a Srta bem sabe. Vivemos num ciclo de eterna renovação. Elas podem morrer agora, mas nem que se passem milhões de anos elas voltarão;

-"E elas voltaram a florescer"; ela pensou, dando um belo sorriso.

-Não há o que agradecer. Considere isso uma Troca Equivalente;

-Mas você não nos pediu nada em troca?

-Engano seu, cavaleiro. A missão mais importante de vocês virá após a queda de Hades.

-E qual seria ela?

-Viver!

-Essa é sempre a missão mais difícil, mas não impossível; ela murmurou, já podia avistar os Templos erguendo-se na montanha agora faltava pouco.

III – Caminhando no inferno... Literalmente.

Ficara distante de todo tipo de vida durante dois anos, que para os mortais seriam longos, mas para ela, diria que até foram curtos. Curtos de mais para a quantidade de coisas que tinha que aprender a dominar e como proteger os outros e a si mesma. Entender as verdades da vida e a origem dos sentimentos, como se tivesse voltado a ser uma criança em fase de aprendizado, ainda podia lembrar-se com a mesma riqueza de detalhes o que aconteceu naquela época.

A batalha chegara ao fim, a jovem de cabelos dourados observava os cavaleiros com alegria estampada em sua face, finalmente eles teriam a chance de viver em paz. Com uma prece silenciosa, Athena agradeceu a ajuda que recebera e principalmente pela volta de seus cavaleiros.

Não sabia exatamente quanto aquela paz duraria, o importante agora era que todos estavam bem.

Harmonia afastou-se do santuário sem ser notada, mas ainda tinha algumas coisas para resolver. Sem se importar com o perigo que corria, retornou ao castelo de Hades, encontrando Perséfone que parecia já esperá-la.

-Vejo que voltou; a deusa falou, fitando a jovem curiosamente.

-Desculpe lhe incomodar novamente, mas preciso de um ultimo favor; Harmonia pediu.

-Entendo! Siga-me, vou lhe mostrar o caminho; Perséfone falou, chamando-a com um aceno de mão.

O caminho ao qual percorreram era estreito, cheirava a umidade. Harmonia fitava a tudo com curiosidade. Perséfone parecia saber o caminho de cor, embora não estivesse certa de que aquilo realmente era o certo a fazer.

-Espero que você saiba o que fazer, pois eu não posso mais seguir com você; Perséfone falou, embora quisesse aparentar indiferença, sentia uma grande tristeza, pois o caminho que a jovem deusa escolhera era deveras tortuoso e perigoso, um caminho sem volta.

-Obrigada mais uma vez Perséfone, desejo que um dia você também possa mudar o seu destino; Harmonia falou, olhando o caminho que a deusa lhe apontava, era repleto de chamas, íngreme, cheio de rochas, árvores secas, um ambiente triste e sombrio, mas que ela seguiria sempre em frente.

-Não sei se tenho mais poder para isso, mas espero que você consiga, afinal, o mais difícil você já fez; a deusa falou, estendendo a mão para a jovem. –Adeus!

-Adeus! –Harmonia respondeu apertando-lhe a mão.

Trajando uma típica vestimenta de amazona, ela dirigiu-se a entrada do Tártaro o único caminho que a levaria até o Caos, o que muitos chamavam de descanso eterno ou o fim de tudo.

Harmonia caminhou sem parar um segundo sequer, quando se sentia fraquejar usava um pouco de seu cosmo, mas a cada passo seu corpo ficava mais e mais pesado, deixando marcas visíveis no caminho já percorrido, às vezes tinha impressão de descer, outras de subir, andando em linha reta, tanto na frente como atrás a visão era mesma arvores secas, rochas e fogo.

-Não vou desistir agora; ela disse a si mesmo, serrando os dentes, para reprimir a recente dor que tomava conta de si, assim continuou a andar.

Durante o tempo que corria para os mortais ela caminhou um ano e meio até sentir que não poderia mais continuar, seu corpo já não respondia, seu cosmo já chegara no limite, se usasse mais acabaria perdendo o controle e os cavaleiros sofreriam com aquilo.

E a ultima coisa que queria era vê-los feridos. Seu corpo parou completamente de obedecer às ordens do cérebro, começando numa queda lenta de encontro ao chão, mais isso nunca aconteceu...

De repente o cenário funesto desapareceu, dando lugar a uma bela paisagem de campos e montanhas, o corpo da jovem fora amparado pelos braços fortes de um homem, de porte imponente e os orbes prateados transmitiam serenidade, cabelos negros que quase tocavam o chão, uma bela imagem que trazia paz aquele lugar.

Suspendendo-a do chão de forma delicada, ele a levou até o que seria um chalé, o lugar parecia simples, mas muito convidativo. Uma pequena cama jazia próxima a janela cujas cortinas estavam semi-abertas. Depositando o corpo inerte da jovem, o homem voltou-se para sentar numa poltrona próxima, agora só precisava esperar.

-o-o-o-o-

Com dificuldade conseguiu abrir os olhos, sentia um aconchegante calor sobre si, abrindo completamente os orbes dourados notou o sol invadindo o ambiente pela janela semi-aberta. Espreguiçou-se manhosamente, mas parou levantando-se em um pulo ao notar que não deveria estar ali, ou melhor, não sabia o que estava fazendo ali.

-Vejo que já acordou, esta se sentindo melhor? – uma melodiosa voz chamou a atenção da jovem que tentava se acalmar.

Harmonia voltou-se para a direção que a voz vinha de forma confusa. Seus orbes pousaram numa poltrona, não muito longe da onde estava. Um homem de mais ou menos trinta anos estava sentado de forma confortável, pernas cruzadas, as mãos pousadas de forma displicente por sobre o colo com os dedos entrelaçados, os orbes prateados transmitiam paz. Quem seria ele? Ela se perguntou.

-Você já deveria saber, afinal, passou todo esse tempo me procurando; ele respondeu, deixando brotar dos lábios bem desenhados um singelo sorriso.

-"Caos"; Harmonia pensou.

-Vejo que se lembrou; ele falou, vendo-a o olhar com confusão. –Não se preocupe criança, já esperava a sua chegada há muito tempo; ele falou. –Mas venha comigo, é melhor que caminhe um pouco, você ficou bastante tempo dormindo.

-Q-quan-to tem-po? –Harmonia perguntou com a voz rouca, parecia que há muito tempo não falava, pois as palavras saiam com dificuldade.

-Para os mortais você dormiu apenas uma semana, mas no tempo que corre aqui, você dormiu durante um século; ele falou, vendo-a arregalar os olhos de modo desesperado. –Mas acalma teu coração, no tempo que você vive agora não passou mais do que uma semana; ele repetiu.

-M-mas... C-como? – ela perguntou, aceitando a mão que Caos lhe estendia para que pudesse se levantar.

Só agora Harmonia notara que não mais trajava as roupas de amazona e sim um fino e delicado vestido branco, seus pés descalços tocaram o chão, mas não sentiu frio. Voltou-se para Caos com os orbes confusos.

-Venha comigo; ele chamou, segurando-lhe de forma delicada pela mão e a puxando para fora do chalé.

Ao atravessar a soleira da porta sentiu os raios do sol tocar-lhe a pela alva de forma delicada e reconfortante. Não sentia mais as dores que sentiu ao atravessar aquele caminho, seu corpo não tinha feridas nem marcas. Um suspiro relaxado saiu de seus lábios. Enquanto caminhava ao lado do deus para a beira do lago que ficava ao lado do chalé.

-Creio que você deseja saber como chegou aqui? – ele perguntou, sentando-se num banco embaixo de uma salicácea (1) na beira do lago, indicando com a mão para que ela fizesse o mesmo.

-...; Ela apenas assentiu com a cabeça.

-Você se lembra do que aconteceu antes de desmaiar?

-E-eu es-ta-va an-dan-do; ela falou pausadamente.

-O que você buscava?- ele perguntou fitando-lhe os orbes diretamente.

-Você; ela respondeu com a voz segura.

-Eu sei; ele respondeu, voltando seu olhar para a lagoa cujas águas estavam calmas, sem uma mínima marca de movimentação. –É incrível que alguém como você tenha vindo me procurar; ele falou, recostando-se no tronco da arvore atrás de si.

-O que quer dizer?

-Nem mesmo Athena veio me procurar aqui; ele respondeu com um certo pesar. –Aqui é o ultimo lugar que alguém pensa em vir; ele continuou.

-Deve ser triste; ela murmurou.

-Não! – ele respondeu eloqüente. –É bom viver num lugar calmo como esse quando se existe em todos os lugares; ele completou.

-Entendo!

-Harmonia, porque me procurou? – Caos perguntou com um ar sério.

-Preciso de respostas; Harmonia falou. – Preciso saber...; Ela falou hesitante, olhando para o colo, onde suas mãos estavam pousadas. –Preciso de uma maneira de não fazê-los sofrer com as minhas fraquezas; ela completou com a voz fraca.

-O quanto você estaria disposta a pagar por isso? – ele perguntou sério.

-Não tenho mais minha imortalidade para trocar; ela falou, vendo o Deus desencostar da arvore, mas antes que ele fala-se ela continuou. – Só posso lhe oferecer a minha vida... Eu trocaria minha vida por isso; ela completou.

-Não é necessário; ele falou com um sorriso calmo.

-Como? Mas...?

-A metade do treinamento você já completou, chegar aqui é o maior desafio de todos; ele falou fazendo uma pausa. -Muitos vieram antes de você, tentaram chegar até mim, mas por vezes não eram merecedores, mal davam dez passos caiam sem vida, alguns já foram um pouco mais longe, só que chega um certo tempo de caminhada que as duvidas começam a surgir e eles começavam a se questionar se valia mesmo à pena me encontrar, morriam do mesmo jeito como fracos e covardes; Caos falou dando um suspiro cansado. –Mas você não passou por isso, acompanhei seus passos por todo o caminho, você não hesitou, nem reclamou da condição que se encontrava, não parou ou pensou sequer em desistir, mesmo sem forças você lutou; ele falou.

-Mas eu desmaiei, não consegui continuar; ela falou confusa.

-O amor que sente por aqueles que protege é muito grande, capaz de quebrar barreiras e criar caminhos, você pode ter desmaiado, mas inconscientemente continuou a caminhar, lutou para continuar a existir e não deixar que aqueles que você trouxe de volta sentissem as mesmas dores que você sentia; ele falou. – A parte mais difícil já passou, quero que você descanse mais um pouco, logo começaremos a segunda parte do treinamento; ele falou levantando-se.

-Obrigada! – ela falou.

-Pelo quê? – ele perguntou arqueando uma sobrancelha.

-Por me deixar te encontrar; ela respondeu sorrindo.

-Não há o que agradecer, você só me encontrou porque merecia, do contrario você teria morrido, mas fico feliz que esteja aqui; ele respondeu caminhando de volta ao chalé deixando há mais um tempo sozinha.

-o-o-o-o-

-VOCÊ QUER DESISTIR? – ele gritou.

-Nunca! – Harmonia respondeu, serrando os dentes.

Logo que se recuperou, Harmonia começou seu treinamento com Caos, mas não imaginava que ele fosse começar pegando tão pesado.

Agora a jovem jazia embaixo da queda de uma cachoeira, de cabeça para baixo, em cima de uma pedra. Mantendo o corpo na vertical usando somente um braço, ou melhor, apenas um dedo do braço direito, tendo que manter o Maximo de equilíbrio possível. Estava naquela posição por cerca de doze horas sem parar, tempo que julgava insuficiente para o que deveria fazer.

-Eleve seu cosmo, só a força física não vai adiantar; ele falou da beira do lago que se formava após a queda das águas.

As roupas claras davam um ar sereno a ele, embora parecesse um homem comum, até mesmo ele sabia já existir bem antes do mundo se formar. Observava atentamente o treinamento de Harmonia, não pensava que ela chegaria aquele ponto, mas já se conformara com a perspicácia da jovem. Durante os três meses mortais que viveu com ele ali, treinando dia após dias, ela nunca ficou em duvida ou hesitou.

-"Quem diria que justamente a filha de Ares iria se rebelar contra os deuses"; ele pensou dando um sorriso maroto. –"Fico imaginando a infinidade de maldições que Zeus lançou por ser contrariado"; ele pensou. –Seja mais rápida para dosar a intensidade do cosmo; ele falou voltando seu olhar para a jovem.

-o-o-o-o-

-Esta com frio? –Caos perguntou com um sorriso maroto. Embora estivesse com os olhos fechados conseguisse imaginar a jovem franzindo o cenho com irritação.

-Não vou me dignar a responder; ela murmurou serrando os punhos e depois os relaxando, para conseguir manter a costa ereta e a posição de meditação.

Depois do primeiro mês mortal que ela passara treinando na cachoeira e aprendendo a manipular e controlar o elemento da água. Caos resolvera variar, passando assim a treinarem num ambiente menos quente. Ironicamente falando.

O chalé em que Harmonia passava os momentos em que não treinava, tinha ligação com quatro ambientes distintos. O primeiro era a cachoeira, que ficava atrás do chalé. A esquerda uma região rochosa, cheia de montanhas e pedras, a direita um vulcão e na frente, as montanhas de gelo. Que por sinal era o local escolhido por Caos.

-Concentre-se, se não vai morrer congelada; ele aconselhou.

Harmonia mantinha-se na mesma posição por certa de uma semana, alem de cansativo, aquela posição a estava irritando e Caos ainda tinha a capacidade de perguntar se ela tinha frio.

-Se ficar irritada só vai piorar a situação; ele falou.

-Você é irritante, quando vai me ensinar a bloquear meus pensamentos? – ela perguntou num fio de esperança.

-Quando você aprender a ser mais resistente a baixa temperatura, quem sabe; ele falou enigmaticamente.

-"Irritante"; ela pensou.

-Você já disse isso; ele respondeu rindo, para depois voltar a ficar sério e continuar a meditar.

-o-o-o-o-

Três meses se foram e dois anos mortais que estava com Caos se concluíram. Nesse ultimo tempo, Harmonia já dominava as principais técnicas dos cavaleiros, sabia dosar a intensidade do cosmo que dispunha, controlar o mesmo diante de um oponente. Evoluirá relativamente rápido. Aperfeiçoando as principais doze técnicas e manipulá-las a sua maneira.

-Seu treinamento acaba aqui, Harmonia; Caos falou depois de mais um dia incessante de treinamentos. –Lhe ensinei tudo que podia, agora o resto é com você;

-Mas...;

-Há coisas que você deve aprender sozinha, não cabe a mim, estragar a surpresa; ele falou com um olhar enigmático e um sorriso maroto.

-Entendo! Obrigada por tudo; ela falou, fazendo uma breve reverencia.

-Já disse, não há nada o que agradecer, você conquistou isso por seu próprio mérito, por isso vou lhe conceder um desejo.

-Hei! Que eu me lembre aqueles gênios das histórias concediam três; ela disse fazendo o sinal com os dedos, com um sorriso brincalhão.

-...; Ele apenas arqueou uma sobrancelha. – Desista, você não vai me convencer a aumentar para dois.

-Nada me impede de tentar; ela respondeu dando de ombros.

-Essa juventude; ele falou exasperado, passando os longos dedos por entre os fios negros da franja rebelde. –Vamos! Seja rápida antes que mude de idéia, estou sendo até bonzinho com você.

-Estou lisonjeada; ela respondeu abafando um riso, mas logo ficando séria. –Quero uma segunda chance;

-Como? – pela primeira vez ele falou demonstrando confusão.

-Quero que de uma segunda chance a Hades, se não fosse pelas influencias da discórdia aquela guerra contra Athena não teria acontecido, nem os cavaleiros dele e os de Athena teriam passado por tudo aquilo; ela falou seria. –Por favor, Sr. Conceda-lhe essa nova chance; ela pediu.

-Mas e se Hades quiser voltar a Terra com o intuito de destruí-la, afinal, ele já tentou uma vez; Caos comentou, tentando fazê-la mudar de idéia.

-Eu sei... Mas é um risco que eu gostaria de correr, todos temos um lado bom e um lado ruim, mas são as circunstancias que definem qual será o lado dominante, não concorda? – ela perguntou, fitando-o de forma enigmática.

-Esta certo! Você acaba de me convencer a conceder-lhe mais um desejo, mas eu vou escolher; ele falou sorrindo marotamente.

-E qual seria essa segunda dádiva? – ela perguntou curiosa.

-Um dia você vai descobrir; ele falou piscando para ela. –Agora vá minha menina, pois o maior treinamento vai começar agora; ele falou abraçando a jovem carinhosamente, para depois lhe depositar um beijo na testa e vê-la partir.

-Obrigada Caos, pela ultima dádiva que me deu, ao nos libertar dessa troca; Harmonia falou, parando por um momento o caminhar.

III – Encontros.

-Que bom, falta pouco; ela falou, enquanto continuava a seguir com um caminho um pouco íngreme.

-Oi srta Amazona;

-Quem é você?

-Sou Kiki, aprendiz do mestre Mu e você deve ser uma das novas aprendizes a amazona do santuário, não é?

Quase um ano se passara desde o dia que chegara ao santuário. A morte dos amigos que andavam junto com ela fora deveras doloroso, mas sabia que quanto a isso nada mais podia fazer. Três sacerdotisas que a mando de Caos a seguiam, o deus parecia prever que Eris logo tentaria retornar e por mais que não quisesse demonstrar queria protegê-la, mandando as sacerdotisas de sua confiança segui-la, mas infelizmente elas não sobreviveram ao ataque de Fobos e quase que ela mesma não sobrevivera a isso.

Teve que se refugiar no santuário de Athena. O ultimo lugar que pensara estar, não queria atrapalhar a vida dos cavaleiros, passando assim a manter-se incógnita, mas Kiki a descobrira justamente num momento de fraqueza, após o ataque. Logo depois veio a amazona de Cobra que a desafiara, o primeiro combate de verdade que tivera. Em seguida o reencontrou.

-Você não me representa perigo algum;

-Como tem tanta certeza? Afinal sou um cavaleiro?

-Embora você seja um cavaleiro, percebo que seu cosmo não é hostil e mesmo que fosse, se tentasse alguma coisa morreria antes de me tocar;

-Está certo! Não era realmente minha intenção atacá-la, mas pelo visto você é uma amazona?

-...;

-Porque não esta no Santuário, ou melhor, treinando no Coliseu?

-Você faz perguntas de mais cavaleiro.

-Kamus;

-O que?

-Meu nome é Kamus;

-"Eu sei";

-"Quem diria que ele ia se tornar tudo aquilo"; ela pensou dando um sorriso maroto.

Lembrava-se do cavaleiro apenas como o garotinho rebelde, ou como recém sagrado cavaleiro. Não como um homem seguro e misterioso como o que encontrara aquela noite e porque não dizer atrevido e incrivelmente sedutor.

-Você poderia fazer a gentileza de me soltar;

-Você ainda não me disse seu nome!

-Porque quer saber?

-Você parece ser alguém interessante, oculta sua face e sua energia, isso me deixa curioso, porque faz isso?

-Já disse que você faz perguntas de mais?

-Já! Mas se as perguntas te incomodam tanto, posso usar outro método então. Pode tentar me matar se quiser, pois não pretendo desistir sem antes saber quem você é?

Realmente fora cômico a forma com que fugira do cavaleiro, usando telecinese de tal forma que ele não sentisse sua presença, o primeiro de seus desafios.

Logo, mais e mais desafios apareceram em sua frente, mas não menos excitantes quanto os outros. Ainda lembrava-se com perfeição de como fora apresentada como a aprendiz do Aquário.

-Então meu mestre é o famoso Kamus de Aquário;

-É um prazer conhecê-la Srta;

Depois veio a rosa de Afrodite e o primeiro dia de treinamento, nunca teve um dia tão difícil como aquele, nem mesmo os dias de treinamento com Caos foram tão cansativos quanto os treinos com Kamus, mas não havia mais nada divertido do que ver as caras e bocas que o cavaleiro fazia quando estava irritado ou era contrariado.

No começo ficou apreensiva pensando na possibilidade do aquariano ter se lembrado de si, mas como ele não deu sinais ela sentiu-se mais aliviada e segura.

A luta contra Saga fora realmente incrível, nunca pensara que poderia usar metade do seu potencial com ele, mas sabia que não poderia esperar menos de um geminiano que por coincidência também era o cavaleiro mais forte do santuário, infelizmente aquele não fora um dia muito feliz, a briga com Kamus fora realmente feia, pela primeira vez perdera o controle da situação e não fora nada agradável.

-Não era isso que você queria ouvir? Pronto! Já me desculpei, vamos logo;

Plaft!

-Se era pra continuar a agir como um idiota não deveria ter vindo aqui;

-Aishi!

-Você é um incessível egoísta, Kamus. Um idiota que se acha o dono da verdade, mas quer saber... Você está enganado, você não é mais um desses deusinhos patéticos que se acha o modelo de perfeição. Você é humano... Um mortal, nós somos mortais. Porque é tão difícil admitir que está errado quando se comete um erro?

-Me perdoa! A única coisa que faço é piorar as coisas;

Realmente fora surpreendia por ele, a primeira vez que se permitira ficar em duvida. Depois de vinte anos mortais voltara a Sibéria quando sentiu o cosmo de Fobos se despedir e aquela velha cena conhecida se repetir só que dessa vez os papeis haviam se invertido. A interrupção do Escorpião, a quem queria enganar, se não estivesse tão ocupada em segurar Kamus ela mesma o teria congelado.

-O que você queria? Que eu deixasse você congelá-lo?

-Você se importaria?

-O que você acha?

-Acho que se alguém passar dessa porta agora, não me responsabilizo por meus atos nem que seja a própria Athena;

Depois mais uma vez enfrentou a amazona de Cobra, uma oponente digna, apesar de ser movida apenas por magoas. O maior dos desafios veio a seguir, contar para os cavaleiros quem realmente era. Saber que mais alguém a sentira fora realmente frustrante, mas por outro lado ficara feliz. Saga era como um irmão mais velho, embora com relação à idade os papeis fossem invertidos. Não foi nada agradável ver ele e Kamus quase se matando, pro isso preferira partir, era doloroso, mas era o mais certo a fazer.

Em meio à luta com Eris entendera o que Caos quis dizer com uma segunda dádiva, o Onipotente realmente lhe ajudara muito com aquilo e lhe seria eternamente grata. Agora não só a ele, mas aos outros que lhe deram essa Ajuda Divina.

Agora era a hora de voltar, já chegara próxima ao primeiro templo, franziu o cenho ao ver tantas pessoas reunidas com caras de velório. Até o Mascara da Morte estava com cara de derrotado, não pode evitar a piadinha infame, aproximou-se lentamente, a armadura revestia seu corpo de forma perfeita.

-Credo! Que tétrico, até parece que alguém morreu;

Continua...


N/a: Em muitas passagens da saga oficial, Athena menciona Deus. Mas por ser mitologia grega, subentende-se que seja o Caos, pois é a origem absoluta das coisas. Por isso que muitas vezes Aishi o menciona como "Onipotente", tratando-o com o mesmo respeito que trataria Zeus.

(1)Salicáceas: mais conhecidas como Chorão, árvores que normalmente são encontradas nas beiras de rios ou lugares que tem muita umidade no solo e elas podem se desenvolver.