Título: Espinho e Rosa

Capítulo: Três

Status: Incompleto

Gênero: Yaoi – Dark-Lemon - Lemon

Casal: MdM x Afrodite; e outros.

Autora: Jade Toreador

E-mail: jadetoreador arroba uol. com. br

Sinopse: Máscara da Morte e Afrodite lutam contra o destino traçado pelos senhores do Olimpo, rompendo as barreiras do que é justo ou injusto, correto ou incorreto. O amor entre eles é um poder mais forte do que a matéria ou o espírito: é os dois, unidos, transcendendo o universo material para expandir a imortalidade... Desafiam os dois o karma imposto pelos Deuses: O amor deles ensina que humanos podem ser mais poderosos do que imortais, quando protegidos pela força cósmica do amor!


ESPINHO E ROSA

- CAPÍTULO TRÊS -


Escuridão... Estranhamente, as estrelas pareciam ter desaparecido do céu. Como sempre, as tochas eram o que iluminava todo o Santuário... Dançavam bruxuleantes pelos caminhos tortuosos que levavam às doze casas.

A impostora que dizia ser deusa ainda não havia chegado com sua comitiva de cavaleiros. Ares não havia dito mais nada oficialmente aos seus guerreiros, mas ainda mantinha o Santuário sob estado de alerta.

Apenas dois cavaleiros podiam sair de folga, na semana, por vez. Os demais permaneciam em seus postos, com as reluzentes armaduras, a espera de que, a qualquer hora, o grande relógio de fogo se acendesse iniciando o estado oficial de guerra.

Era sabido que alguns cavaleiros de prata haviam sido mortos. Inclusive Misty, o que rivalizava em beleza com o próprio Afrodite.

A notícia da derrota e morte de cavaleiros graduados de prata por simples cavaleiro de bronze deixara um sabor amargo na boca de todos. Não era possível que crianças, recém saídas das fraldas, matassem poderosos cavaleiros de prata, ainda mais em nome de uma garota que se passava por Atena.

O estado geral ali no Santuário era de revolta e total incredulidade.

Algumas amazonas, curiosas, tentaram procurar Camus para perguntar mais detalhes sobre o discípulo dele, o garoto louro da armadura de Cisne, e porquê o menino apoiava traidores, mas reservado e obediente ao sigilo militar que sempre imperava em questões de combate, Camus não disse nada a elas ou a quem quer que fosse.

Milo, sempre atento ao seu amor, percebia pesar e dor nos olhos gélidos de Camus.

Aquário era um guerreiro nato. Se precisasse, mataria o próprio discípulo sem pestanejar, mas sofria... Um sofrimento contido, imerso em uma máscara de gelo, mas estava ali, Milo percebia. Só que nada podia fazer para mudar o rumo dos acontecimentos do destino...

Cronos já botara a imensa roda do tempo para correr contra a vida de todos os mortais que estavam ali...

oOo

Afrodite entrou na grande catacumba que ficava escondida sob a grande estátua de Atena. Seu belo rosto estava oculto, parte pela penumbra, parte pelo capuz e capa que o envolvia por completo.

Sentia uma forte emoção, porque há muito ansiava entrar para aquela sociedade secreta, que vivia sob o manto do próprio Santuário e da deusa.

A kryptéia: desde o tempo do esplendor de Esparta, essa sociedade secreta matava escravos fugitivos e punia os que iam contra as ordens dos reis de Esparta e da ordem social democrática. Agora, ela era a policia secreta de Ares.

Era sabido que mantinha a ordem entre os núcleos de treinamento, e fazia serviço de espionagem nas Outras ordens Olímpicas, como as de Asgard e de Poseidon...

Afrodite tinha conhecimento de que havia importantes nomes ali, que talvez jamais fossem a ele revelados...

Entrou na catacumba principal, iluminada por tochas fantasmagóricas que pareciam duendes travessos dançando na escuridão.

Estremeceu.

No salão em forma de pentagrama haviam cinco homens ocultos por manto e máscaras grotescamente coloridas, todos generais da kryptéia... Assassinos. Homens que matavam sem impregnar valores morais ao ato de tirar a vida. A função de anjos da morte eram dadas a eles pelos próprios deuses, segundo um antigo mito grego. Eram homens de prestígio. Estavam acima de qualquer júri mortal.

Se a função dos Cavaleiros era defender a Ordem Sagrada dos Deuses, a dos krypterianos era a de julgar e punir com morte os traidores. Juizes e executores. Era isso o que eles eram!

No fundo da cripta, esculpido em baixo relevo, Afrodite via imagens de guerra e morte dedicadas ao deus supremo da Guerra.

Um homem atlético se destacava no centro do pentagrama, por seu porte alto e desenvolto.

Usava também uma máscara, toda negra, reluzente como a morte. Aquela máscara, segundo as tradições gregas, representava o rosto do próprio deus da Guerra. O cosmo dele... Sim, conhecia aquele cosmo nefasto e amado... Amado com uma força que parecia ser mais forte do que tudo...

Afrodite mordeu seus lábios, num gesto inconsciente de aflição...

Máscara da Morte! Deuses, era mesmo ele o grande general da Kryptéia.

Finalmente, entendia o porquê daquele apelido macabro que seu amor carregava consigo... Era o grão mestre da ordem dos assassinos. Era mesmo o sacerdote do deus da guerra e ali o representava em todo o seu esplendor.

Como mandava o protocolo cerimonial, Afrodite jogou o manto no chão. Estava nu. Uma nudez que simbolizava sua entrega aos valores daquela seita de assassinos.

Por detrás da máscara, os olhos escuros de Carlo brilharam...

Estava surpreso com a presença de Afrodite ali. Mas era merecida, não havia dúvida. O fedelho, o que tinha de bonito, tinha de competência para matar.

"Deverá enaltecer ao deus da guerra e aos seus valores acima de todos os outros, sejam eles deuses ou mortais... Aceita?".

De repente, as imagens que vira na Ilha da Morte voltaram à mente de Afrodite. Novamente, ele viu a deusa do amor carregando o deus Ares para o Olimpo. Viu o amor que consumia os dois deuses, e a punição...

Que não conseguia entender... O que acontecera aos dois deuses por se amarem acima de tudo e todos?

Quando percebeu, falou como se fosse a própria deusa do amor, diante do amado senhor da guerra:

"Por ti, meu amado senhor da guerra e do meu coração, desafiei deuses e o destino. Nem Zeus, ou Hera, puderam me impedir de segui-lo com corpo e alma... E assim o farei por toda a eternidade."

Máscara sentiu uma emoção súbita. Algo que ele também não conseguia compreender... Afrodite falava coisas para ele sem sentido, mas que, de alguma forma, ele compreendia perfeitamente...

Respondeu como se fosse o próprio deus Ares, porque assim exigia sua função de sacerdote e senhor da seita kryptéia...

"Acolho você, guerreiro, para lutar e servir... Seu corpo e seu espírito agora pertencem ao deus da Guerra, e a mais ninguém... É um noviço do templo de Ares".

Servos cobriram o corpo de Afrodite com um manto escarlate, da cor do sangue, e, por um instante, os dois sentiram seu cosmo se unir de um jeito como jamais haviam sentido.

Carlos de Angelis ficou visivelmente perturbado.

Todo seu amor por Afrodite aflorava como um dique arrebentado, como se eles dois se conhecessem e se amassem desde o inicio dos tempos. E, para sua total perplexidade, aquela comunhão cósmica era algo que ele mesmo não conseguia evitar.

Mais do que uma cerimônia dos antigos havia acontecido entre eles... Um casamento... De almas.

Algo que para seu espírito belicoso e rebelde era algo sagrado demais para ser compreendido ou aceito.

Assim que o ritual terminou, se retirou, sem olhar para trás.

oOo

A boate era barulhenta e desagradável, com sua mulheres semi-nuas e fedores típicos de fumaça e perdição.

Afrodite passou pela pista de dança e saiu para as mesinhas que ficavam a beira da praia, onde garçons corriam com cerveja e petiscos do mar.

A brisa da noite esvoaçou seus cabelos.

Desde o cerimonial de posse da Ordem Secreta da Kryptéia, não vira mais Carlo.

O tempo corria contra eles, logo, iria enfrentar aquelas crianças patéticas, mas, nem por isso, subestimaria o inimigo.

Logo estariam em guerra. E não queria ir para a guerra sem antes tentar entender o que havia acontecido lá naquela cripta...

Sentira o cosmo de Carlo vibrar amor. Um amor mais forte do que o sol... Não, não podia ter imaginado tudo isso.

Sempre fora apaixonado por aquele carcamano desalmado, mas agora, depois daquela madrugada, tinha certeza de que talvez fosse correspondido.

E essa certeza o estava destruindo em agonia.

Não podia mais fingir que não o queria, que não daria sua vida por ele. Simplesmente não podia mais.

A idéia de morrer em combate não o assustava, a idéia de não conseguir atingir o coração de Carlo, ah, isso sim o assustava verdadeiramente.

Droga, onde ele estava?

Sentiu o cosmo dele ficando mais forte. Deu alguns passos em direção a areia. A camisa azul de Dite, com mangas bufantes, lhe dava um aspecto suave de um elfo das águas. Ele tirou os sapatos de couro e enfiou os pés na água, sentindo-a como se fossem caricias.

Caminhou para perto de alguns barcos modestos, que, àquela hora da madrugada, estavam abandonados à espera dos pescadores que viriam logo cedo ao alvorecer.

Carlo estava lá, sentando no casco virado de um dos barcos, com uma garrafa de whisky na mão direita e um cigarro na esquerda. Olhava a escuridão do mar como se conseguisse ver perfeitamente na noite, como um grande felino.

Antes que Afrodite disse algo, falou primeiro:

"Sempre amei o mar. Sonhava quando era pequeno em ser da Marinha. Mas o Santuário me convenceu de que matar sob as ordens dos deuses seria melhor do que matar sob as ordens dos mortais".

Dite respirou fundo. O cosmo do italiano parecia estranhamente propenso a uma conversa mais íntima, o que era algo totalmente inusitado.

"Não acho que faça alguma diferença, afinal...O gosto da Morte é sempre amargo, de uma forma, ou de outra."

Máscara olhou sério para o rosto delicado do cavaleiro de Peixes...

"Porque ficou no Santuário, Afrodite? Com a herança que recebeu, poderia viver como um rei longe daqui...".

"Você sabe a resposta. Sentiu a verdade naquele ritual da kryptéia. Fiquei no Santuário porque aqui eu não seria um órfão fraco e efeminado que todos ridicularizavam. Aqui, aprendi a impor respeito e temor. Aprendi a esconder meus medos e a não chorar... Por fim, uma ultima coisa me segurou na Ordem Sagrada, mesmo quando descobri que eu era rico e poderia partir, se quisesse...".

"E o que foi?".

Os olhos de Afrodite cintilavam como estrelas agora... Mesmo na escuridão, Máscara conseguia ver a força daquele brilho.

"Você, Carlo. Eu jamais conseguiria ficar longe de você. Nossos destinos estão ligados... E eu não consigo evitar de sentir o amor que eu sinto...".

Máscara, diante da singela revelação, ergueu-se, irritado. Sua raiva era mais contra ele mesmo do que contra Afrodite. Negava-se a admitir que o que nutria pelo outro homem também era amor. Chocava-o ouvir em palavras algo que ele mesmo sentira naquela noite em que os Cosmos deles dois se uniram misteriosamente, como se fossem um só, cheios de um amor genuíno que faria os próprios deuses empalidecerem de inveja.

Largou a garrafa de whisky e virou-se para ir embora sem dizer nada.

Agoniado, profundamente humilhado até, Afrodite o segurou pelo braço...

Não podia deixar ele ir assim!

"Não, espere. Não... Não precisava falar em amor. Não precisa me dizer nada. Apenas, oh, deuses, se aceita presentes daquela mulher, pelo menos aceite algo de mim. Não me encare como nada em especial, Carlo. Apenas... Não me negue o que eu preciso tanto...".

"Saga e o resto do Santuário pode fazer isso tão bem quanto eu".

Aquelas palavras tiveram o efeito de uma verdadeira bofetada.

Afrodite estremeceu de raiva e mágoa.

"Você é mesmo um calhorda!".

"As minhas custas".

Maldito Carcamano dos infernos! Tinha que amar tanto aquele escroto?

Agora, quem fez menção de virar-se para ir embora foi Afrodite. Mas isso não chegou a acontecer. Máscara lhe deu um forte puxão e tomou a boca do piscinano com um beijo violento, que chegou a lhe tirar sangue.

Afrodite gemeu, mais de dor do que de prazer. Seus olhos se encheram de água, mas não disse nada quando Máscara o jogou com força na areia, atrás dos barcos, e se jogou sobre ele.

Então era isso o que Carlo queria: uma curra!

Iria machucar e magoar, porque era só isso que ele queria fazer... Apagar o amor que sentiam com a violência da carne pela carne.

Sentiu sua camisa ser rasgada com fúria e os cabelos puxados para trás. Gritou, mas um novo beijo punitivo o fez se calar.

Fechou os olhos. Paciência. Não iria reagir. Não era um cavaleiro que estava ali. Era um homem apaixonado. Se aquela brutalidade fizesse Máscara ser dele por alguns instantes, então, não iria fugir daquele novo combate...

Seu corpo seria violado, num combate entre ódio e amor... E somente os deuses saberiam se haveria algum vitorioso no final de tudo...

Continua...


Como sempre gosto de citar, a cada capítulo que uso o nome de Carlos di Angelis, que este nome foi criado pela Pipe e que ela me permitiu utilizá-lo.

Este é o meu site: www. yaoidreams. cjb. net

Gostaria muito de saber se estão gostando do rumo da fic, para isto se faz necessário o comentário de vocês. Então, não custa muito e quase nada... é só clicar logo abaixo em Submit Review - Go e comentar.

16.01.2006.
Jade Toreador