Título: Espinho e Rosa
Capítulo: Quatro
Status: Incompleto
Gênero: Yaoi – Dark-Lemon - Lemon
Casal: MdM x Afrodite; e outros.
Autora: Jade Toreador
E-mail: jadetoreador arroba uol. com. br

Sinopse: Máscara da Morte e Afrodite lutam contra o destino traçado pelos senhores do Olimpo, rompendo as barreiras do que é justo ou injusto, correto ou incorreto. O amor entre eles é um poder mais forte do que a matéria ou o espírito: é os dois, unidos, transcendendo o universo material para expandir a imortalidade... Desafiam os dois o karma imposto pelos Deuses: O amor deles ensina que humanos podem ser mais poderosos do que imortais, quando protegidos pela força cósmica do amor!

Nota: Capítulo re-editado para melhor compreensão de certos fatos.


ESPINHO E ROSA

- CAPÍTULO QUATRO -


Afrodite pingava gotas de velas no corpo do garoto amarrado, que gemia como um enfermo, num tom que não ficava claro se era de dor ou de prazer.

Cada gota de cera era como uma lágrima sua, que não conseguia verter. Provocar dor lhe causava prazer, mas, naquela noite, sua melancolia era tamanha que nem isso o fazia se esquecer dos seus próprios fantasmas.

Queria chorar pela sua inocência perdida, e pela inocência daquela quase criança.

Ao mesmo tempo, seu coração se petrificava, como se a própria Medusa o houvesse tocado: melancolia, amor e raiva se misturavam em seu espírito...

Ao mesmo tempo em que feria o menino com o calor da vela pingante, acariciava-o nos seus lugares mais secretos com a língua.

Tocava o menino despudoradamente, tentando fugir, com aquele prazer mundano, dos seus demônios internos. Queria enlamear-se para que suas amarguras fossem esquecidas...

O jovem, um adolescente acolhido recentemente no Santuário para árduo treinamento, estava extasiado de perplexidade e luxúria. Sua passividade era inebriante, como um ópio que faz o sangue correr mais rápido. O holocausto daquela inocência era como sangue novo para um vampiro. Era isso que ele era: um predador. Mesmo assim, as lembranças que vivera com Máscara da Morte, na praia, não se apartavam dele. E o deixavam frágil. Vulnerável ao olhar confuso daquela criança.

Lembrava o amor que emanara nos braços de Máscara, naquela noite, na praia, enquanto era sodomizado de um jeito humilhante para um cavaleiro. Mesmo naquela situação de dor e subjugação, seu cosmo vibrara todo o amor que sentia...

Entregara seu corpo e sua alma. Como jamais fizera antes para ninguém.

E Máscara simplesmente se fechara em copas, não deixando nada do seu espírito passar. Como sempre, fora a personificação da brutalidade e rudeza. Saciara-se como se cuspisse numa escarradeira. Machucara-o e depois o deixara sozinho.

Deixara o ali, largado, para chorar acalentado pelo barulho cadenciado do mar...

Peixes parou o que fazia. Não adiantava insistir. Definitivamente, não estava disposto a fazer os jogos de Saga. Lembrava, naquele instante, da sua própria inocência perdida... E do seu amor não correspondido.

Não tinha o menor clima para continuar...

Não entendia o por quê daquele amor por um homem que o desprezava visceralmente, mas já não mais conseguia ignorar aquela sina que pesava em seu coração como uma rosa que se tornava rubra e venenosa como a morte.

Não, definitivamente, naquela hora, vendo o olhar assustado e perplexo do jovem, pouco mais do que um menino, havia perdido a vontade de levar aquela noite de sexo adiante.

Afastou-se do corpo imberbe como o dele próprio, mas definitivamente, mais frágil e submisso.

"Se quiser fazer isso, hoje, faça o você mesmo. Não estou a fim".

Saga, que observava os dois, saiu da penumbra do aposento e se aproximou do enorme leito onde o garoto estava amarrado. Olhou mal humorado para Peixes.

Ele, Saga, havia acabado de sair de uma batalha não muito bem sucedida em sua Casa Zodiacal contra Hyoga e Shun. Queria esquecer um pouco aqueles malditos cavaleiros de bronze que incomodavam feito moscas em cima de sua comida! E agora Peixes bancava o bom moço!

"O que foi, meu Peixinho? Onde estão os seus espinhos hoje? Sinto no seu cosmo uma melancolia patética, que não combina em nada com você!".

Os corpos dos dois se enroscaram. Saga ignorou o garoto na cama, e acariciou os cabelos tão azuis quanto os dele, com volúpia.

Beijou os lábios de Afrodite e os sorveu como faria com uma fruta saborosa. Percebeu então no pescoço alvo um feio vergão... E que Afrodite tinha os lábios inchados, machucados por alguém tão violento quanto ele próprio, Saga.

"Vejo que já andou se divertindo por aí...".

Afrodite não retrucou. Fechou sua mente o máximo que conseguiu, porque não queria se trair, mostrando nos seus pensamentos conturbados o amor insano que sentia por Máscara. Com certeza, o cavaleiro de Gêmeos usaria esse seu amor como fraqueza, para chantageá-lo, ou coisa pior. Saga podia ser um cavaleiro temível, um amante fogoso, mas, definitivamente, não era um homem confiável.

"Se me permite, senhor. Vou retornar para meu posto".

Saga ficou irritado...

"Eu lhe digo a hora de retornar ao seu posto".

"Não sou um dos seus fantoches, Saga. Finja-se de Grão Mestre, brinque com Kanon, com esse moleque aí, mas não comigo! Eu não devo lealdade a você ou a Deusa, apenas a mim mesmo".

Saga riu novamente, um riso desagradável que incomodou o jovem cavaleiro.

"Oras, oras, já encontrei os seus espinhos agora... Esse mau humor seu tem algo a ver com o comandante da Kryptéia?".

Peixes mudou o assunto com outra pergunta, para não ter que dar uma resposta a Saga:

"O que aconteceu lá na casa de gêmeos? Pensei que você traria a cabeça de todos os cavaleiros numa bandeja...".

Saga deu de ombros:

"Aquele efeminado protegido pelas correntes de Andrômeda teve sorte. Apenas isso. Quando eu iria definitivamente enterrá-lo em outra dimensão, uma Cosmo-energia poderosa me tirou a concentração, salvando a pele do cretino. Mas em compensação, o outro, o discípulo de Kamus, graças aos meu poderes, foi parar na Casa de Libra. Senti com o meu Cosmo, quando eu estava vindo para cá, que Kamus estava lá, na casa abandonada de Dohko. Meus mensageiros acabaram de confirmar que Aquário enterrou o discípulo num túmulo de gelo eterno...".

"Não é do seu feitio deixar o seu trabalho para os outros, Saga, mesmo quando é um trabalho sujo...".

Saga riu, um riso desagradável e os olhos dele tornavam-se subitamente vermelhos como se fossem feitos de fogo. Os cabelos reverberaram luz, e de azul, passaram para um prata intenso, quase metálico. Peixes aprendera a temer Saga quando ele assumia aquele aspecto. A voz dele soou cavernosa:

"Por acaso está tendo a ousadia de me julgar, moleque?".

Peixes sentiu um certo temor, mas empinou o narizinho delicado e não se deixou intimidar:

"Estou apenas dizendo um fato, Saga. Você deve ter se divertido muito testando a lealdade de Kamus. Está satisfeito, agora que ele soterrou o garoto no gelo?".

"Vocês, meus cavaleiros, sabem fazer o serviço sujo tão bem quanto eu. Aqueles pivetes fantasiados de cavaleiros não irão longe. Não estou preocupado. Prefiro ficar aqui, brincando com essa carne nova que você recusou. E, respondendo sua pergunta tola, vou ficar satisfeito apenas quando eu tiver a cabeça da garota que se diz Atena em minhas mãos...".

Peixes não retrucou nada. Cobriu sua nudez com um manto, calçou suas sandálias e deixou Saga e o garoto ali, afastando-se sem olhar para trás.

Estava já na entrada de sua casa, quando sentiu o temível cosmo de Máscara brilhar raivosamente na Casa de Câncer.

Suspirou. Algo havia acontecido, e sério. Câncer estava emanando um ódio visceral por tudo e por todos... Se tivesse o mínimo de juízo, ficaria afastado dele.

Mas não tinha. Qual mortal ou deus, quando flechado por Eros, tinha o menor juízo que fosse?

Quando percebeu, já estava na entrada da Casa de Câncer, como se seu corpo houvesse ido lá por motivo próprio, contra sua própria vontade.

Era odioso ir até lá. Havia um cheiro de morte no ar, como se fosse um cemitério.

Nunca havia entrado ali antes.

Subiu as escadas, vagarosamente, mas decidido.

Subitamente, estancou. Uma náusea forte o acometeu.

Por deuses, cabeças! Havia cabeças agonizantes no chão e nas paredes da ante-sala que recepcionava os visitantes...

Um mal estar terrível o fez parar... Um caleidoscópio cósmico de almas agonizantes! Era isso o que sentia ali!

Mesmo para ele, um cavaleiro treinado, era algo hediondo de se ver e sentir. Nunca havia visto aquilo antes. Ouvira boatos, mas jamais achou que...

"Não me diga que está chocado".

A voz familiar o fez estremecer. Respirou fundo, controlando sua náusea.

Olhar aquelas cabeças o fez se lembrar das vítimas que deixara na Ilha de Andrômeda. E daquelas estranhas alucinações que tivera, quando o Eremita o paralisara mentalmente por alguns instantes...

"Definitivamente, você e eu não chamaríamos o mesmo decorador para reformar uma casa".

"Não vamos ter esse problema, pois jamais teremos o mesmo teto".

Afrodite olhou magoado para Máscara. Por um instante, esqueceu-se de onde estavam e quem eram. Apenas disse, amargurado:

"Então você prefere gastar suas noites de folga com aquela mocréia nojenta do que aceitar os meus presentes... E o meu afeto?".

Mascara não respondeu. Afastou-se para dentro de sua casa, e, Afrodite interpretou aquilo como um inusitado convite para que o acompanhasse. Entrou atrás dele, silenciosamente.

Para seu alívio, o cômodo seguinte já não era aquele cenário horrendo de filmes de terror. O cosmo das almas agonizante parecia não chegar até ali. Pelo contrário, havia um vácuo cósmico que até poderia ser interpretado como tranqüilo.

Olhou para os lados, tentando encontrar algo do seu amor ali, que não fosse sinais de devassidão e morte. Para seu espanto, viu telas a óleo e acrílico. Eram pinturas de cenários bucólicos que, quem visse, jamais imaginaria terem sido feitas pelas mãos de um assassino. O mais temível dos assassinos.

"São lindos".

"São patéticos, mas me distraem, quando quero tranqüilidade para elevar o meu cosmo".

"Como é ir para o inferno?".

A pergunta não fora planejada, mas agora, as palavras já haviam sido soltas no ar.

Máscara ficou olhando seriamente para Afrodite por alguns instantes, e, quando este achou que não haveria resposta alguma, retrucou:

"Por que deseja saber?".

"Por que eu tenho muito medo de ir para lá. Sempre tive. A idéia da Morte me apavora. Agora, que iremos entrar em batalha, eu queria muito ter alguma resposta... Que me desse coragem".

A sinceridade desconcertante de Peixes pegou Máscara desprevenido. Nunca um cavaleiro confessava para outro medo ou temor. Mas esses sentimentos existiam: Fóbos, Thanatos!

"Há dois modos de encararmos Thanatos... Como algo hediondo e horrível, ou como a fase de morte que extirpa as forças negativas e libera as energias espirituais".

"É assim que se vê, Carlo, como uma mão abençoada dos deuses que distribui a morte? Prender essas cabeças como troféu não lhe trás nenhuma dor na consciência?".

A arrogância habitual de Máscara falou mais alto:

"Por que eu ficaria aqui, na minha casa, fazendo confidências com um viado?".

Os olhos lindos de Peixes lacrimejaram. Ele engoliu seu orgulho e disse, dócil...

"Porque eu recebi uma visão na Ilha de Andrômeda de um velho eremita. Não compreendi o conteúdo dela, mas sei que, de alguma forma, eu vou morrer nessas batalhas que já começaram... Por isso, eu queria muito saber o que vou enfrentar pela frente, quando Carontes exigir o pagamento para a minha passagem pelo rio Stinx".

Carlo se inquietou. Revoltou-se até...

"Não seja ridículo! Um bando de crianças, Cavaleiros de Bronze, não são páreos para Cavaleiros de Ouro!".

"As coisas andam estranhas demais, Carlo. Saga mantém todos nós ocupados. Ainda está afogado na sua própria megalomania, mas a verdade é que as vibrações celestiais estão conturbadas... Mestre Ancião e Mu falam que aquela mulher intrometida é mesmo a Deusa... Misty e vários outros cavaleiros de prata foram aniquilados... E eu soube que você voltou de uma missão mal sucedida...".

A simples menção daquilo irritou Máscara, mas ele sorriu...

"Essa missão foi apenas adiada. Eu deveria assassinar o Mestre Ancião. Teria sido uma brincadeira de criança, se Mu não houvesse aparecido para salvar o Dragão de Bronze e o velho Cavaleiro de Libra".

"Conheço você. Teria enfrentado todos ali se acreditasse que a Deusa que está agora lá, na entrada do Santuário, ferida por uma flecha, fosse mesmo falsa. Mas nem você tem essa certeza, não é? É por isso que eu senti seu Cosmo tão inflamado agora há pouco. Você voltou das Cinco Montanhas Antigas com essas dúvidas no seu coração. Você deve ter um coração, afinal...".

As noites na Grécia eram quentes.

Máscara não respondeu de imediato. Tirou sua camisa, exibindo seus músculos perfeitos, e se refrescou jogando uma jarra de água em suas costas.

Afrodite estremeceu.

A visão seminua daquele homem lindo mexia com sua libido. Tentou se distrair continuando a admirar os quadros e os livros que estavam por ali.

Não iria sair dali a não ser quando Máscara o colocasse para fora, o que acabaria acontecendo, cedo ou tarde. Mas agora, queria aproveitar aqueles instantes de intimidade, que era algo inesperado, um verdadeiro presente dos deuses.

Finalmente, Carlo respondeu sua pergunta:

"Não se trata de ter certeza ou não, Afrodite. Eu apenas não me importo".

"Não se importa?".

"Não. E vou lhe explicar o porquê. Sim, me considero um guerreiro de Thanatos. E as questões morais estão fora das minhas conjecturas".

"Não acha isso... Algo megalomaníaco demais? Se achar superior a homens e deuses?".

"Talvez eu seja um deus, Afrodite. Ou apenas um homem, não me importo, já disse. O meu destino, eu que faço. Não deixo esses palhaços me comandarem, sob pretexto terrestre ou divino. Não confio nos homens, como também não confio nos deuses".

Peixes, por um instante, achou que o outro estava brincando. Ou que estava tendo um laivo de loucura, como Saga com seu ego imenso costumava ter, mas, depois, espantado, percebeu que o italiano falava seriamente.

Máscara sentou-se no divã que havia na sala. Afrodite, aturdido, sentou-se no chão, ao seu lado, entre as almofadas.

Máscara perguntou:

"Você me perguntou como era o inferno, lembra-se?".

"Sim...".

"Eu também vivia atormentado com isso. Desde pequeno, tinha visões terríveis do Tártaro. Visões que me perseguiram por toda a vida, até que meu antigo mestre me jogou nas camadas infernais pela primeira vez... Onde eu entendi o que era o Yamatsu e a natureza do golpe Ondas do Inverno...".

"...".

"Nesse dia, quando saí do meu corpo e levitei no mundo dos espíritos, tive um sonho, onde o próprio Thanatos disse que meu sofrimento e minha redenção seriam feitos nas profundezas do inferno... E eu interpretei esse sinal como uma garantia dos deuses que eu poderia matar sem sofrer punição".

"Carlo, ninguém mata sem uma punição divina, ou aqui, ou na outra vida...".

"Acredita mesmo nisso?".

"Acredito, por isso, sei que quando eu morrer, vou ser punido exemplarmente. Sei que devo estar pronto para aceitar o meu destino, mas às vezes, como hoje, tenho medo da Morte".

"Você não vai morrer!".

"Os cavaleiros avançam rapidamente. Mu não os combateu, Aldebaran deixou eles passarem vergonhosamente. Parece que Kamus matou o discípulo dele na casa de Libra, jogando-o num esquife de gelo eterno, mas mesmo assim, eles continuam avançando pelas casas do Zodíaco. Com uma força de vontade admirável, temos que convir!".

"Um bando de crianças estúpidas, somente isso".

"Será mesmo? Saga continua sua farsa, arrogante como sempre, agindo como se tudo estivesse na mais perfeita ordem, mas o que se pode dizer quando os próprios cavaleiros começam a se dividir? Mu, Aldebaran e Dohko se simpatizam com os traidores... Se Kamus não tivesse enfiado Cisne naquele cubo de gelo, juro que eu iria achar que ele também iria mudar de lado...!".

"Não são páreo para nós".

Afrodite se ergueu. Começou a olhar atentamente para os livros que havia numa estante: todos tratavam da história das Guerras.

Subitamente, reparou em uma mesa, ao lado dos pincéis e tintas, várias maquetes de armamentos antigos e modernos. Diversas civilizações estavam representadas ali, naqueles artefatos bélicos: o aríete romano, o tanque nazista, a catapulta...

"Você ama a guerra... É a sua única paixão... Tudo o mais, é secundário...".

"Talvez a guerra não seja a minha única paixão...".

Afrodite deu um gemido alto de espanto e prazer quando sentiu, subitamente, o corpo de Máscara se encostar-se ao dele, excitado ao extremo. Um raio de êxtase e frenesi o atingiu, deixando seu corpo febril e amolecido pelo prazer!

As maquetes caíram no chão, enquanto Carlo jogava o corpo de Afrodite sobre a mesa. Com um forte tranco, puxou o manto que cobria a nudez da pele alva. Mordeu as costas do outro cavaleiro com volúpia e força.

Afrodite, mais uma vez, não resistiu.

Carlo, com seu sexo rijo como um aríete, penetrou as nádegas pequenas com fúria, arrancando mais um grito dos lábios bonitos. Afrodite se segurou na mesa, para que a dor não o fizesse querer escapar daquela nova subjugação.

Copularam.

Mais uma vez, a brutalidade de Carlo fez com que ele atingisse o clímax primeiro, num coito unilateral e violento.

Quando finalmente atingiu o gozo, depois de estocadas violentas e constantes, Máscara o soltou com um tranco. Afrodite se encolheu no chão, em posição fetal, controlando sua dor e mágoa.

Não queria que acontecesse como na praia de novo...

Não podia deixar aquele homem agir assim... Podia? Se fosse outro qualquer, um estranho, tudo bem... Seria só uma foda, mas se permitisse aquele desfecho entre ele e o homem que amava, se sentiria um verme pelo resto de sua miserável vida.

"Agora vá embora".

"Não. Não até você me tratar como seu amante".

"Acha mesmo que vou ser gentil com você, viado?".

"O que eu acho não importa. Não vou sair sem ser tocado... Com respeito".

Máscara riu. Agarrou os cabelos azuis com violência.

"Já disse para cair fora!".

"Pode me empurrar a ponta pés, me jogar no Yamatsu, eu não ligo. Mas só sairei daqui depois que você me fizer seu de verdade. Não valho menos do que uma vadia qualquer".

"Você é muito pior do que elas! E se não sair por bem, saíra por mal!".

"Então será por mal".

Máscara bateu! Pegou pesado no rosto bonito e nos rins de Afrodite, que gritou de dor e caiu. Não reagiu, mas também não fez menção de se levantar para sair.

"O que quer provar com isso, sua bicha idiota? Eu não quero você aqui dentro mais!".

"Então pendure a minha cabeça com as outras, porque seu só saio daqui depois de se tratado com decência!".

"Vou lhe mostrar a decência com que vai ser tratado!".

Houve socos violentos. E ponta pés. Afrodite chorava baixinho agora, mas não reagia, e nem fugia. Os supercílios e os lábios dele sangravam.

Era mais do que uma violência física que acontecia ali dentro entre os dois homens: mediam forças. Não forças físicas, mas espirituais.

E, finalmente, a coragem do Cavaleiro de Peixes acabou tocando o coração insensível do carcamano. Ele soltou um grunhido raivoso e tomou os lábios de Afrodite na sua boca. Foi um beijo raivoso e violento, a princípio, mas, aos poucos, o cosmo amoroso do Cavaleiro de Peixes foi surtindo um efeito tranqüilizante e sedutor no Cavaleiro de Câncer. Máscara gemeu de espanto e prazer e acabou pegando o corpo de Peixes no seu colo. Colocou-o entre as almofadas e se deitou sobre ele.

Os olhos dos dois se encontraram e o brilho de paixão que Carlo viu naquelas íris azuis o inebriaram por completo.

Pela primeira vez, acariciou os lábios bonitos com suavidade. E os corpos se tocaram com leveza, como se agora não fossem fazer uma luta, mas um bailado...

Afrodite abraçou o homem amado e o puxou para si. Havia uma guerra lá fora, mas, nesse momento, nada mais importava.

Continua...


Agradeço aos comentários e incentivos.
Dúvidas, críticas e sugestões, entrem em contato.
Como sempre gosto de citar, a cada capítulo, que uso o nome de Carlos di Angelis, e que este nome foi criado pela Pipe e ela me permitiu utilizá-lo.

Beijos
Jade Toreador - 24.02.2006.(re-editado: 7.03.2006)