Título: Espinho e Rosa
Capítulo: Quinto
Status: Incompleto
Gênero: Yaoi
– Dark-Lemon - Lemon
Casal:
MdM x Afrodite; e outros.
Autora: Jade
Toreador
E-mail:
jadetoreador arroba uol. com. br
Sinopse: Máscara da Morte e Afrodite lutam contra o destino traçado pelos senhores do Olimpo, rompendo as barreiras do que é justo ou injusto, correto ou incorreto. O amor entre eles é um poder mais forte do que a matéria ou o espírito: é os dois, unidos, transcendendo o universo material para expandir a imortalidade... Desafiam os dois o karma imposto pelos Deuses: O amor deles ensina que humanos podem ser mais poderosos do que imortais, quando protegidos pela força cósmica do amor!
ESPINHO E ROSA
- CAPÍTULO CINCO -
..
Ódio não era a palavra certa para expressar o sentimento que Carlo di Angelis nutria pelo inimigo. O Cosmo da Casa da Morte, Câncer, vinha das trevas, e as trevas, esse sentimento temível do Universo, se definia, na visão dele, por uma palavra muito mais apropriada: indiferença.
A Destruição e a Morte eram o ciclo de toda existência representado pelo Yamatsu, o grande abismo dimensional que levava ao reino de Hades. E ele, o Cavaleiro de Câncer, era um 'Shinigami': o anjo destruidor que abria o caminho para esse portal.
Carlo fechou os olhos e procurou se concentrar nos Cosmos invasores que se aproximavam... Estava na sua Casa Astral, oculto na penumbra da grande ante-sala onde as cabeças dependuradas como troféus pareciam fantasmas uivando eternamente o infortúnio do destino a eles atribuídos.
Câncer sorriu. Sentia o sofrimento daquelas almas penadas como se fosse um grande vampiro lhes tirando energia.
Percebia telepaticamente Dragão e Pégasus se aproximando de sua porta, mas isso não o incomodava, de modo algum. Estava seguro da vitória. Guerra e sangue faziam parte da sua rotina. Por isso, era agora uma outra coisa, que o incomodava: a lembrança das últimas horas que passara, ali mesmo, com Afrodite, o belo cavaleiro da Casa de Peixes.
Os sentimentos sufocados, as palavras que não foram ditas... O amor explodindo em dores e êxtase... Fora uma descoberta, para ele, de grande impacto emocional.
A despedida havia sido silenciosa entre os dois guerreiros que, momentos antes da batalha, se descobriam amantes apaixonados.
Afrodite partira em silêncio, os olhos marejados, mas com toda a dignidade que fora capaz. Afastara-se para assumir o seu posto naquela guerra sem olhar para trás, para não trair ao amante seus sentimentos. Sabia que Câncer interpretaria como piegas qualquer manifestação de afeto.
E Câncer vira Peixes se afastar em silêncio... Impassível como sempre. Mas aquela situação para Carlo era nova. Aterradora demais para seu ego de homem e para sua independência de guerreiro-santo.
Droga, ele era Máscara da Morte, o grão mestre da Kryptéia! Câncer, o Assassino!
A origem dessa palavra vinha de antigas seitas do Norte do Irã que, na época das Cruzadas, costumavam consumir haxixe antes de lutar contra cristãos ou sunitas: os hassassins.(1)
Ele também fazia agora seu ritual invocatório. Não com haxixe, como os assassinos da antiga seita árabe, mas com um 'ópio' igualmente poderoso: a lembrança do olhar tórrido de paixão e dos beijos de Afrodite.
Mas aquelas lembranças o perturbavam demais.
Não! Não havia lugar para o amor em seu coração, nem no mundo. Era um sentimento desprezível, que fazia humanos e deuses fracos e vulneráveis. E ele jamais seria um fraco!
Ele não podia se dar ao luxo de sentir algo assim... Tão venenoso.
Sufocou os sentimentos que batiam loucamente em seu coração e se preparou para a luta.
Iria provar àqueles vermes invasores, os Cavaleiros de Bronze, que os sentimentos de amor, lealdade e justiça não passavam de grandes mentiras!
A constelação de Câncer vibrou no céu, sintonizando-se com o Cosmo do seu guardião...
o0o
A luta estava sendo feroz. Pégasus fora para próxima casa e agora, terminando o que haviam começado nas Cinco Montanhas Antigas, Máscara e Dragão de Bronze se enfrentavam.
Como era de se esperar, um Cavaleiro de Bronze não era páreo para um Cavaleiro de Ouro, ainda mais um cavaleiro com uma séria deficiência física como a cegueira.
E Shyriu estava cego.
Rapidamente, Máscara o enviou para o mundo dos Mortos com seu poderoso golpe 'Ondas do Inferno'.
Carlo estava sentindo a vitória como se fosse tirar o doce de uma criança. E uma criança cega ainda por cima. Não havia honra naquilo. Deu de ombros. E daí? Noções de honra e justiça eram conceitos criados para consolar os perdedores... Apenas isso.
"Máscara".
Foi um espanto ouvir a voz do Dragão. Ele havia ressuscitado. Carlo empalideceu. Como era possível? Apenas deuses podiam... Atena! Então... Seria aquela garota ferida com a flecha dourada realmente a Deusa de Guerra e da Sabedoria? Ela deveria ter salvo o Dragão, trazendo-o de volta para a dimensão terrestre!
Subitamente, brotou no coração de Máscara um sentimento de revolta. Que se danasse Atena! Ele, Câncer, reconhecia apenas Ares, ou Marte para os antigos romanos, como Senhor da Guerra. Mais ninguém!
Em nome de Ares, o Deus, a vitória seria dele!
"Dessa vez, Dragão, vou garantir que você não saia mais das dimensões infernais. Eu mesmo vou jogar você no Yamatsu, com minhas próprias mãos!".
E lutaram novamente. O Cosmo de Câncer era mesmo imensamente poderoso. Logo ele conseguiu subjugar Dragão que cego, e cansado pelas sucessivas batalhas que já havia travado, não conseguiu manter-se de pé. Máscara o surrou violentamente e o segurou pelos cabelos...
Subitamente, ao perceber que enxergava novamente, e que estava sendo arrastado pelos seus longos cabelos como se fosse uma presa abatida, Dragão se deu conta de que estava novamente na dimensão infernal.
Sentia cheiro e enxofre e ouvia uivos lastimantes... Estavam próximos ao Yamatsu...
Ouviu a voz grave e cruel que odiava:
"Agora nada mais vai salvá-lo".
Seu corpo foi erguido no ar.
Câncer se preparou para jogá-lo nas profundezas do abismo da Morte.
Ergueu Shyriu no ar como se este fosse um boneco de trapos.
Repentinamente, uma cosmo-energia roubou sua concentração: eram as preces de Shun-Rei, o amor de Shiryu, em uma aura energética de amor e proteção.
Aquilo perturbou Máscara demais. Porque, mais uma vez, naquele dia, alguém lhe provava a existência do amor. Antes, uma outra pessoa o fitara com toda a ternura do mundo nos maravilhosos olhos azuis: Afrodite!
Rebelando-se contra aquelas sensações reveladoras que queria a todo custo esquecer, Máscara atacou telepaticamente Shun-Rei.
E, com isso, provocou a fúria do Dragão...
"Eu te odeio, maldito, em nome da Justiça e por todos aquele que você torturou, eu vou te matar...".
Havia uma antiga crença entre os seguidores da Kryptéia que Thanathos havia abençoado os seguidores da seita com um poder incomum, na condição de que nunca amassem nada ou ninguém. Era esse o dogma exigido para ser um sacerdote graduado na seita de assassinos. Não sentir. Não amar.
Agora que ouvira as preces de Shun-Rei por Shyriu, Máscara percebia, emocionado, que também conhecia o amor... Havia se apaixonado pelo cavaleiro de Peixes!
Havia quebrado o requisito fundamental de sua seita de não amar e lançado a maldição de Thanatos sobre si. O sacerdote da Kryptéia que conhecesse o amor seria punido com a morte!
Não, aquilo era somente uma lenda!
Preparou-se para desferir um golpe mortal em Dragão, mas, repentinamente, a armadura dourada de Câncer se desacoplou do seu corpo.
A maldição de Thanatos era verdadeira!
Ele descobrira o amor.
E esse amor seria a taça onde deveria beber a sua Morte.
Era a maldição de Thanatos...
Estava sem a armadura. E seu cosmo enfraquecera!
Dragão, por honra entre cavalheiros, também se livrou de sua armadura.
"Agora estamos em pé de igualdade, e eu, em nome da Justiça, vou te vencer".
Máscara não retrucou a provocação. Não queria dar ao outro a satisfação de saber que seu poderoso Cosmo havia sido magicamente anulado pelos deuses.
Armadura o abandonara e os deuses haviam lhe tirado a força cósmica. Se isso acontecera pelas mãos da Justiça, ou pela maldição de Thanatos, ele jamais iria saber...
Fechou os olhos. Não voltaria ao mundo dos vivos. Mas, pelo menos, morreria com o orgulho de um guerreiro.
Impassível, deixou cair sobre si toda a fúria do poderoso 'Cólera do Dragão'.
E seu último pensamento foi para Afrodite.
o0o
A taça de água escapou das mãos trêmulas de Afrodite e espatifou no chão. O belo cavaleiro teve a impressão de que era sangue que escorria ali pelo chão, e não água.
A amazona que lhe servia água fresca e frutas estranhou o comportamento de Peixes. Estava muito pálido, com os lábios trêmulos.
"Parece doente, amo...".
Ele nem respondeu. Estava já em sua reluzente armadura dourada, a mais bela do Zodíaco. Um ser altivo e andrógeno, um guerreiro perigoso, mas, agora, naquele instante, parecia ser somente um menino desamparado...
O Cosmo de Câncer! Não estava sentindo nada. NADA. Isso queria dizer que...
"Eu preciso ir até a Quarta Casa!".
"Está louco? Os Cavaleiros acabaram de receber ordens para não mais saírem de suas Casas Zodiacais. Além disso, o senhor bem sabe, mestre Aiolia está lutando com Pégasus na Casa de Leão... Estamos em alerta máximo, senhor! Não pode mais sair a não ser para combate!".
Peixes estava muito pálido. Nem ouvia o que a mulher mascarada falava.
Ele estava por dentro das sujeiras de Saga, o falso mestre Ares: Aiolia estava tomado pelo golpe satânico do Grão Mestre e iria matar qualquer um que passasse na sua frente.
Mas isso não tinha importância agora. Ele precisava ir até a Casa de Câncer, nem que fosse por alguns minutos apenas.
"O senhor realmente não me parece bem, não deseja um chá de ervas?".
"Vá embora!".
A mulher inclinou-se num cumprimento respeitoso e obedeceu.
Se ele fosse punido por abandonar o posto, paciência. Logo estaria de volta. Tinha que ver Carlo. Não era possível que o que ele temia fosse verdade... Não era possível.
Peixes cobriu sua reluzente armadura com capa e capuz de um tecido grotesco, de uso comum entre os funcionários do Santuário, para que ninguém o reconhecesse, e saiu correndo para a quarta casa, passando longe das batalhas.
Aquilo só poderia ser fruto da imaginação de um louco apaixonado como ele. Claro que Carlo estava lá... Poderia estar ferido, dormindo, mas estava lá, VIVO. Ele era um guerreiro imbatível! O mais temível de todos.
A passos rápidos entrou na Casa de Câncer.
Choque. Desolação.
A casa estava agora cosmicamente vazia, sem as cabeças que antes haviam lhe causando tanto asco.
As almas penadas haviam partido...
Os olhos lindos de Peixes marejaram. Ele subitamente percebeu a armadura dourada de Câncer reluzindo ao fundo da Quarta Casa Zodiacal.
Soltou um berro de dor.
Caiu de joelhos.
Um choro doído brotou do seu peito.
Seu amor estava morto.
E ele nem podia se dar o luxo de velar a morte do amado. Tinha que voltar ao seu posto imediatamente.
Ergueu-se, sufocando as lágrimas: antes de tudo, era um guerreiro-santo. Tinha que honrar sua Casa Zodiacal e sua armadura!
Ocultou os cabelos azuis novamente no capuz e saiu da casa. Ao sair, como num passe de mágica, seu Cosmo desesperadamente triste fez uma profusão de rosas e espinhos se materializarem à volta de toda a casa de Câncer, como se fosse um manto de dor e tristeza.
Rosas negras. Rosas de luto.
Pelo menos elas poderiam ficar ali, no lugar dele, pranteando a morte do seu amado.
o0o
CONTINUA...
(1) ár. haxxíxín 'consumidor de haxixe' - persa 'hassassin 'designação de uma seita ou tribo do Norte do Irã que, na época das Cruzadas, costumava consumir a erva, antes de lutar contra líderes cristãos ou sunitas. (Dicionário UOL)
Sim, calma, gente, leram aí, né? Continua, não é uma Dead Fic!
Bjus a todos
Jade Toreador.
