Título: Espinho e Rosa
Capítulo:
Seis
Status: Incompleto
Gênero: Yaoi
– Dark-Lemon - Lemon
Casal:
MdM x Afrodite; e outros.
Autora: Jade
Toreador
E-mail:
jadetoreador arroba uol. com. br
Sinopse: Máscara da Morte e Afrodite lutam contra o destino traçado pelos senhores do Olimpo, rompendo as barreiras do que é justo ou injusto, correto ou incorreto. O amor entre eles é um poder mais forte do que a matéria ou o espírito: é os dois, unidos, transcendendo o universo material para expandir a imortalidade... Desafiam os dois o karma imposto pelos Deuses: O amor deles ensina que humanos podem ser mais poderosos do que imortais, quando protegidos pela força cósmica do amor!
ESPINHO E ROSA
- CAPÍTULO SEIS -
A separação é
uma dor pungente!
Demente
é o homem que prova do
amor!
Ah, sublime terror,
dos amantes!
As juras de antes...
As frases não ditas...
Malditas
agora estão!
Mas minha oração
não está morta.
Abre-se a porta
do nosso destino!
Sou apenas um menino
diante dos Deuses cruéis,
mas minhas preces a ti são
fiéis...
E não desisto de
ti!
Menti
Ao esconder esse amor,
o ébrio calor
de adorar-te!
Carontes,
me acolha!
Minha escolha
Já está feita!
Minha sina foi eleita:
irei ao reino de Hades
sem medo ou maldades...
Encontrarei o meu eleito...
E o meu leito
De Morte.
oOo
Afrodite havia feito um leito de rosas envenenadas para Pégasus e o cavaleiro de bronze perdia sua capacidade de respirar: agonizava lenta e dolorosamente nas escadarias que o levariam para o quarto do falso mestre Ares.
Escondidas sob seu elmo, Afrodite trazia duas moedas de ouro. Era sueco, não grego, mas, por ter sido criado no Santuário desde muito cedo, seguia as tradições dos antigos nativos da península do Peloponeso. Se morresse, deveria ter duas moedas para entregar a Carontes, o barqueiro que fazia a travessia dos mortos pelo rio Styx até a entrada do reino de Hades.
Teria Câncer conseguido passar pelo barqueiro?
Oh, Carlo era o grande shinigami, o cavaleiro que controlava o Yamatsu. Sim, ele era poderoso tanto no reino dos vivos como dos mortos!
Quem conhecia o grande buraco que levava à dimensão dos infernos não precisava da caridade de barqueiro algum!
Todo o ambiente ali estava impregnado pelo exótico perfume das flores fatais que, apesar de delicioso, parecia trazer desolação e angústia.
O vento uivava lenta e ritmicamente, como se entoasse uma marcha fúnebre.
Peixes fazia seu dever por honra, mas, em seu íntimo, não queria realmente lutar. Na verdade, sequer queria que aqueles cavaleiros de bronze morressem. Seu pranto pela morte de Câncer lhe dava uma nova perspectiva daquela guerra entre cavaleiros. Pela primeira vez, desde que tudo começara, com a notícia de que haveria um torneio intergaláctico no Japão onde cavaleiros pouco graduados disputariam a sagrada armadura de Sagitário, ele percebia a verdade...
Saori Kido era uma Deusa, a verdadeira Deusa que deveria governar o Santuário! Se assim não fosse, jamais um cavaleiro forte como Câncer seria derrubado em batalha... E Kamus... E Shura...
Todos mortos!
E assim seria: um por um, todos guerreiros-santos que se opusessem à Deusa seriam abatidos e mortos...
Era o destino. Estava assim escrito nas estrelas.
ERA POR ISSO que ainda lutava com Pégasus.
Sabia que com ele, Peixes, não seria diferente. A morte o acolheria.
Sorriu. Um sorriso cheio de amor.
Algumas rosas brancas nasceram ao fundo, ao lado das sangrentas rosas que sugavam a vida do Pégasus.
"Meu amor, eu estou chegando...".
Seu murmuro se misturou gentilmente com o lamento do vento...
Não, não iria desertar seu dever militar entregando seu elmo aos inimigos e prestando vassalagem à Deusa! Não faria isso, apesar de sabê-la verdadeira, porque quisesse Gêmeos eternamente fazendo suas crueldades... Não era por esse motivo, mas, simplesmente, era porque...
Queria morrer.
A passagem para outra vida é algo temível, mesmo para o mais corajoso dos homens.
Mas, agora, Afrodite estava imune a esse medo com a grandiosidade do seu amor pelo cavaleiro de Câncer. Desde que Carlo partira, nada mais temia!
Já ouvira muitas coisas sobre o mundo dos mortos... Alguns dogmas sobre o Reino de Hades aprendera na iniciação dos Mistérios, outros, lera nos antigos livros mitológicos...
Ouvira falar que havia várias dimensões no inferno, oito ao todo, que eram chamadas alegoricamente de prisões... Após a passagem com o barqueiro pelo rio, ira ver lugares horríveis onde as almas pagavam os seus pecados...
Alguns oráculos, como velho que matara na Ilha de Andrômeda, diziam coisas desconexas, que ninguém sabia realmente se eram verdadeiras ou não, mas elas o haviam impressionado bastante quando era somente um garoto recém entrado na Ordem dos Cavaleiros... Havia aprendido que os guerreiros de Hades usavam armaduras negras chamadas Sapuris, e que eram conhecidos como Espectros. Eram eles a guarda pessoal de Hades e podiam ter tanto poder quanto os Cavaleiros de Ouro.
Porém, entre eles, os que tinham realmente um grande cosmo eram os três Kyotos: Radamanthys, Minos e Aiacos. Eram os três poderosos juízes das dimensões infernais, generais temíveis de Hades! Formavam uma espécie de 'trindade' macabra que mantinha a harmonia funesta do reino infernal.
Existiriam mesmo esses três? Ou seriam frutos da imaginação dos profetas, velhos loucos e decrépitos?
Bem, nada disso importava agora.
Apenas o reencontro com Carlo era o que queria. Essa esperança de vê-lo e o amor que sentia o protegeria de tudo e todos, por pior que o inferno fosse! Não iria ter medo...
Era um Cavaleiro de Ouro!
E um homem apaixonado...
"Afrodite!".
Peixes se virou e viu ali na sua frente o Cavaleiro de Andrômeda. Os traços do rosto eram delicados e frágeis, como os dele próprio, mas a determinação do olhar do outro, era de um guerreiro disposto a lutar com bravura. Não havia dúvidas disso.
Peixes deu um sorriso satisfeito. Iria lutar com todas as suas forças, como o cavaleiro honrado que era. Porque já sabia o resultado final daquela batalha...
Iria morrer.
o0o
As expectativas de Afrodite foram totalmente frustradas.
Não houve para ele a passagem no rio, muito menos a tortura temida numa das prisões, nem luta contra os espectros.
Quando acordou, sentiu na pele um calor surpreendentemente agradável, como se houvesse sol ali.
Estaria sonhando? Não podia ser o inferno ali.
Assustado, percebeu que tinha as duas moedas em seus olhos, como mandava o costume antigo, mas estava parecendo bem e vivo, melhor do que nunca.
Ergueu-se. Ao contrário do que esperava, não havia fadiga pela luta que travara até a morte com o Cavaleiro de Andrômeda. Estava bem e desperto.
E aquele lugar, oh, Deuses, era lindo demais para ser o inferno!
Afrodite caminhou por entre uma profusão de flores que cresciam ali. Uma luz deliciosamente amena e etérea deixava o lugar com uma aura de indescritível beleza.
Aquele lugar...
Os Elíseos! Não era possível aquilo.
O coração de Afrodite parecia que iria lhe sair pela boca, tamanha a ansiedade. Como na terra, apesar de estar morto, todo seu corpo astral agia como se ainda tivesse suas funções de corpo encarnado.
Como podia estar ali, nos Elíseos, e não no Reino de Hades?
Apenas os Deuses tinham o privilégio de ali entrar!
Dite deu uns passos, apreensivo.
Subitamente, dois rapazes apareceram diante dele. Mais por intuição do que por um sinal físico, o Cavaleiro de Ouro intuiu quem aqueles dois eram...
"Thanatos... Hypnos".
Os dois lhe sorriam, como se fosse um dos seus. Aquilo só podia ser um sonho. Ou uma brincadeira de mau gosto.
Como dois Deuses podiam sorrir daquela forma amistosa para ele? Como um Cavaleiro de Ouro de moral duvidosa como a que ele tivera na Terra podia ter ido para o céu, de botina e tudo?
"Seja bem vinda, irmã".
IRMÃ? Agora sim tinha certeza de aquilo tudo não podia ser real. Muitos humanos já tinham confundido seu rosto com o de uma mulher, porque era demasiado belo e gostava de ostentar essa beleza, com maquiagem e batom, mas, daí, Deuses acharem que ele era uma garota...
Não, definitivamente estava sonhando!
"Sou Afrodite, Guerreiro de Atena...".
Os dois lhe sorriam, complacentes.
"Você é Afrodite, nossa irmã, a Deusa".
"Com todo o respeito, vocês dois devem estar brincando".
"Se duvida de nós, repare direito no seu belo corpo...".
Afrodite gritou. Somente então percebeu que tinha um corpo de mulher... Estava vestido com uma longa túnica grega, mas sentia por baixo dela os seios e a genitália feminina.
Gritou de susto. De asco.
Adorava seu corpo andrógeno, mas se sentia bem como HOMEM. Nunca, em momento algum, fosse de trabalho ou laser se imaginou uma mulher.
Saiu correndo e foi se mirar nas águas cristalinas que havia ali perto. O seu rosto era o mesmo, mas... Sim, estava mesmo com a forma de uma mulher belíssima?
Tentou falar, mas parecia que a voz não lhe saia...
Como?
De repente, sentiu que além dos dois Deuses, havia mais alguém ali...
Estremeceu. Fosse quem fosse, não gostava daquele Cosmo. Um Deus... Mas um Deus que lhe parecia desagradavelmente familiar...
A figura de um velho coxo e disforme apareceu. Arrastava uma perna, claudicando horrivelmente.
O nome daquele Deus feio, e velho, lhe veio à mente, como se sua mente estivesse traiçoeiramente pactuando com a presença daqueles Deuses...
"Hefestos!".
"Vejo que meu nome ainda soa lindamente eu seus lábios, minha amada mulher".
Aquilo só podia ser um horrível pesadelo. Porque não despertava? ONDE ESTAVA O SEU AMOR?
"Eu não sou mulher e muito menos sua!".
"Sempre insolente a minha querida...".
Hefestos tentou tocar os cabelos, que ainda eram azuis, mas o perturbado Afrodite deu um salto para trás...
"Não ouse tocar em mim, ou juro por todos os Deuses que o mato!".
Hefesto tentou segurar Afrodite de novo, agora com violência, mas Thanatos o impediu, afastando-o da mulher assustada.
"Não, Hefestos, você ainda não pode toca-la!".
"Ela é minha, minha esposa, e eu tenho o direito de toca-la quantas vezes eu quiser. Vou leva-la ao Olimpo, que é o lugar de onde ela jamais deveria ter saído".
O Olimpo!
O monte Olimpo era considerado a moradia dos Deuses. Mas não era propriamente um monte, e sim, nome de uma dimensão que ocupava um lugar privilegiado no universo, que era simbolizado com o nome de um lugar geográfico da Grécia...
Mas isso não importava agora. Ele preferia morrer, de novo, do que ir com aquele Deus horrendo.
"Eu não vou a lugar algum com você".
"Sua...".
Hypnos interferiu...
"Chega, Hefestos, eu concordei em despertar Afrodite antes da hora porque você insistiu, mas veja, ela ainda tem a consciência que assumiu na Terra... Ainda pensa que é Afrodite, o Guerreiro da Constelação de Peixes".
"Oh, mas eu sou!".
Thanatos sorriu e explicou...
"Querida irmã, você foi encarnada como um homem como castigo dos Deuses... Por ter traído seu marido. Mas agora, que sua vida terrestre acabou, você voltou a ser quem você sempre foi desde o início dos tempos...".
"Mas... -Afrodite estava totalmente em choque - O meu corpo... Está ali!".
Afrodite apontou para um lindo rapaz que dormia placidamente numa cama de rosas... Estava quase histérico agora...
"Aquele sou eu!".
Hypnos interrompeu de novo...
"Não, Deusa, aquele é o vestígio da sua lembrança carnal que meu sono mágico deveria apagar, mas Hefestos é tão apressado que me fez acordar você antes do tempo... Logo, aquele menino ali vai desaparecer cosmicamente e restará apenas a força da grande Deusa do amor...".
Amor... O coração de Afrodite doeu horrivelmente. Nem a idéia de morar no Olimpo o conformava... ONDE ESTAVA CARLO?
De repente, as imagens da vida pregressa divina começaram a surgir na sua mente...
Afrodite havia traído Hefestos, seu marido, com o belo Deus Ares, o Senhor da Guerra...
E, de repente, a verdade caiu em sua mente como uma bomba!
CARLO ERA O DEUS DA GUERRA!
Ela e Ares, o Deus da Guerra, haviam sido expulsos para Terra nos corpos de mortais... Ela, como um homem, para que o seu amado a deixasse de deseja-la, para que nunca mais quisesse toca-la...
Lágrimas de dor e frustração corriam pelo rosto da bela Deusa...
"Sua vingança mesquinha falhou, Hefestos, o Deus da Guerra me ama, mesmo eu tendo nascido como um homem".
"Você está louca".
"Não, seu sei, e foi esse amor que me fez voltar para cá...".
"Pois agora que voltou, vai ser obrigada a cumprir seu casamento celestial, celebrado pelos Deuses, comigo!".
O coração de Afrodite batia descompassado.
"A Deusa do Amor tem esse compromisso com você, não eu, o Cavaleiro de Peixes".
"Mulher, você é a Deusa do Amor!".
"Não, de hoje em diante, sou o Deus do amor!".
"Blasfêmia!".
Afrodite enfrentou Hefestos...
"Não! Enquanto a forma de Afrodite, o guerreiro, estiver aqui, adormecido, eu tenho a minha existência com as lembranças dele garantida. EU NÃO QUERO MAIS SER A DEUSA!".
Hypnos olhou apreensivo para o raivoso Hefestos...
"Ela tem razão, senhor, graças a sua insistência para que eu a acordasse antes do tempo, ela tem o direito da escolha... Ela pode ser a Deus do Amor, ou simplesmente o belo Cavaleiro de Peixes...".
Thanatos olhou seriamente para a Deusa:
"Devo alerta-la que se escolher manter a alma de Afrodite como sua, todas suas regalias como Deusa serão perdidas para sempre".
E Hypnos completou, pesaroso:
"E, além disso, você terá que ser tratada como um humano comum, nas dimensões infernais. E isso vai ser bem doloroso...".
Os lábios de Afrodite tremeram...
"Meu Ares... O que aconteceu com ele?".
Diante do nome do rival Hefestos ameaçou atacar a esposa, mas Thanatos o impediu...
"Não ouse profanar o Elíseos, ou eu mesmo vou exigir sua punição diante de Zeus!".
Espumando de ódio, Hefestos parou o seu golpe, mas cuspiu no rosto da mulher.
"Vagabunda".
Afrodite sorriu e limpou o rosto. Não seria a primeira vez que o xingavam. Não se importava...
"Digam-me, onde está Ares?".
Thanathos suspirou...
"Os pecados dele foram muitos... Porque como humano não conseguiu esquecer sua índole belicosa e seus direitos como Deus... Por isso, ele não conseguiu despertar aqui, como você. Ele está no Reino de Hades".
"Pois então é para lá que eu vou!".
"Irmã, pelos Deuses! Você está renunciando a eternidade, o poder de uma Deusa, a mais poderosa e formosa Deusa entre todas".
"Não me importo. Eu tenho minha alma como homem e como guerreiro, e ela me basta!".
Hefestos vociferou...
"Pois eu amaldiçôo eternamente seu amor por ele. Jamais vocês dois encontraram a paz. AMALDIÇOO VOCÊS DOIS DE NOVO, AGORA PARA SEMPRE...".
"Pois nosso amor é maior do que qualquer maldição, e eu dispenso você e a maldita eternidade dos Deuses. Na condição de humano, eu aprendi que o livre arbítrio dos homens os levam até a divindade. Serei divino um dia, com ou sem a ajuda de vocês! Mas junto com meu amor, o Deus da Guerra, que encarnou como Cavaleiro de Câncer!".
Hypnos não esperou mais nada. Levantou os braços para evocar seu poder do sono...
"Assim, seja. Assim está escrito nas estrelas...".
E Afrodite, a Deusa, começou a desaparecer lentamente, como se jamais houvesse existido...
Hefestos, o marido traído, estava raivoso e inconformado. Perguntou:
"O que aconteceu com a Deusa?".
Hypnos respondeu:
"A escolha dela a fez dormir novamente na alma de Afrodite, Cavaleiro de Ouro. Agora pra sempre".
Continua...
Agradeço aos comentários do capítulo anterior.
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Jade Toreador
