Título: Espinho e Rosa
Capítulo: Sete
Status: Incompleto
Gênero: Yaoi – Dark-Lemon - Lemon
Casal: MdM x Afrodite; e outros.
Autora: Jade Toreador
E-mail: jadetoreador arroba uol. com. br

Sinopse: Máscara da Morte e Afrodite lutam contra o destino traçado pelos senhores do Olimpo, rompendo as barreiras do que é justo ou injusto, correto ou incorreto. O amor entre eles é um poder mais forte do que a matéria ou o espírito: é os dois, unidos, transcendendo o universo material para expandir a imortalidade... Desafiam os dois o karma imposto pelos Deuses: O amor deles ensina que humanos podem ser mais poderosos do que imortais, quando protegidos pela força cósmica do amor!


ESPINHO E ROSA

- CAPÍTULO SETE -


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Um frio hediondo no inferno.

Carlo di Angelis era um italiano da Sicília, sul da Itália. Naquele país da Terra, antes de tudo, havia sol; havia vida. Ele era, por isso, de índole belicosa e passional. Estar ali, morto, no meio de um mar de desolação, num lugar frio como se fosse a casa de campo de Kamus, não o agradava!

Por quanto tempo já estava morto? Não sabia dizer.

Era Senhor do Yamatsu, o portal das almas, mas aquele lugar era diferente do portal. Não conseguia descobrir onde estava. Olhou para o alto em busca de algum sinal conhecido naquele estranho céu onde parecia eternamente ser noite.

Sabia, por ter escutado as antigas lendas, que Hades era a única fonte de energia daquele lugar nefasto. Não havia ali sol ou lua, rotações dos planetas e aquilo tudo que havia no céu terrestre. O Reino de Hades era dimensões de matéria cósmica, não física. O senhor infernal controlava a estações e o ciclo de dias e noites "hadianos". O dia ali era um horário onde havia um certo calor, um calor vindo da energia cósmica de Hades. Noite era quando aquela energia cósmica chegava a um mínimo, apenas o suficiente para manter o equilíbrio dimensional daquele lugar inóspito.

E como é que ele sabia de tudo aquilo? Respirou fundo. Além dos mitos, estranhas lembranças vinham a sua mente, lembranças estranhas que o assustavam! Era como se ele estivesse com a memória de um outro ego, mas... De quem? Que diabos estava acontecendo com ele?

Estaria ficando louco?

Mirou-se... Nu e com frio. Não era uma posição muito digna para um cavaleiro de Athena, mesmo que ele fosse um cavaleiro que lutasse sem acreditar na bondade dos deuses, como ele próprio não acreditava!

Carlo caminhou devagar pelo lugar, a procura de abrigo... Mas, estranhamente, o frio, aos poucos, parou de atingi-lo. Era como se o seu Cosmo houvesse bloqueado o frio. Como era possível? Havia almas ali penando e congelando, uivando de dor, e ele, de repente, conseguia se sentir como se estivesse passeando numa praia... O que significava aquela força cósmica nova e revigorante que sentia em si mesmo?

Caminhou um pouco mais... De repente, começou ali um calor literalmente infernal. Até ele se horrorizou com o que viu: almas queimavam em chamas inesgotáveis, como se ali fosse mesmo o inferno dos católicos!

Intuiu que havia entrado na quinta prisão, o lugar onde os culpados por não terem protegido os mandados dos deuses queimavam eternamente, dentro de tumbas horríveis.

Subitamente, sentiu que haviam almas escondidas entre as labaredas. Eram espectros que o atocaiavam para jogá-lo numa dessas tumbas incandescentes, para que queimasse por toda a eternidade.

Francamente, não era uma idéia muito agradável aquela de virar churrasco eterno!

Eram como hienas prontas para atacar.

Carlo fechou os olhos e elevou o seu cosmo. O lugar pareceu estremecer com uma energia tão intensa, que ele mesmo se assustou. Não apenas a Constelação de Câncer pareceu vibrar. Ele sentiu o próprio planeta Marte emanar uma vibração cósmica imensa, fazendo com que sua força se multiplicasse. Quando os espectros o atacaram, foram fulminados como ratos pestilentos, com um único golpe do poderoso guerreiro!

Carlo estava atônico. Havia exterminado centenas de almas de uma só vez. A execução daquelas almas que queriam aprisioná-lo numa tumba de fogo não era um peso para a sua consciência, porque, na verdade, nunca tivera essas crises de pseudo-moral. Fazia o que era necessário fazer, mas, no entanto... Como explicar aquele seu Cosmo revigorado? Por que o Planeta Marte emanara vibrações para a Constelação de Câncer como se ele próprio fosse...

O DEUS ARES?

Respirou fundo. Ridículo. Era um cavaleiro recém morto passeando no inferno... Como podia ter matado todas aquelas almas como se fossem pulgas? Era uma tarefa grandiosa demais, até para um Cavaleiro de Ouro... Como podia...

SER UM DEUS?

Mentalizou uma túnica, e assustado, percebeu que seu corpo foi imediatamente coberto pela roupa que mentalizara. Riu. O que era aquilo? Não estava protagonizando nenhum filme de bruxaria... Como conseguia mover planetas e fazer vestes surgirem do nada?

Estava morto, não estava?

Fechou os olhos e imaginou que o fogo maligno se apagava. Uma luz suave surgiu, aquecendo todo o ambiente da funesta prisão dimensional e apagando as labaredas. A luz benéfica substituiu o fogo do martírio.

Só os deuses criavam luz. Oh, por todos dos Deuses, o que estava acontecendo com ele?

Carlo di Angelis passou pela pilhas de almas aniquiladas que, aos poucos, iam desaparecendo com se fossem neblina se dissolvendo no ar e continuou caminhando.

Tinha que entender porque ficava a cada minuto mais forte... E porque vinham lembranças estranhas sobre deuses e honra.

"Foi impressionante o que fez, mas, se der mais um passo, vou matá-lo".

Era o espectro que cuidava daquela prisão. Ao lado dele, apareceram vários outros em posição de ataque.

Carlo sorriu. Pobres coitados... Pelo jeito, queriam ser aniquilados também.

"Vocês deveriam pensar antes de ameaçar qualquer um que vê pela frente...".

O comandante dos espectros perguntou, visivelmente surpreso:

"Você deveria ter se apresentado ao juiz dos mortos, aquele que mede seus atos e seu coração... Como conseguiu vencer meus subalternos? Porque não está diante do juiz?".

Carlo riu. Deu de ombros:

"A primeira pergunta eu não sei responder. A segunda é simples: eu não vou parar diante de juiz nenhum... Porque eu não tenho coração para ser pesado diante do juiz".

Antes que o espectro pudesse responder algo, Carlo atacou. Uma imensa bola de energia se formou no ar, e, para espanto dos espectros que estavam ao lado do seu comandante, o cavaleiro dizimou o espectro com facilidade desconcertante. Os outros espectros estavam abismados. Subitamente, um deles se ajoelhou no chão... Havia reconhecido o Cosmo poderoso daquele deus!

"É o Grande General Ares! É o senhor da Guerra!".

Houve um burburinho de espanto. Muitos se ajoelharam para saudar Carlo... Ele sentiu um calafrio no corpo espiritual recém adquirido. Como? ARES? Por que o espectro o chamava assim? Por que, a cada segundo, parecia mesmo sentir a força de um deus?

O DEUS DA GUERRA.

Riu, um riso cheio de confiança. DEUS... DEUS...

Então, não era imoral.

Não era louco.

Desde pequeno, intuira o seu destino...

Não era um homem comum...

Não era um idiota para ser manipulado pela odiosa Athena.

Era o Senhor da Guerra!

O grande general dos deuses!

Naquele instante onde vislumbrou sua verdadeira identidade, algo inusitado aconteceu: uma reluzente armadura de ônix lapidada surgiu como por magia do céu infernal e cobriu o seu corpo, como se fosse um servo vivo acudindo seu amo. Era de um tom estranho. Negra como a noite, mas brilhante como o diamante mais puro.

A armadura do Deus Ares... ERA SUA!

Naquele instante, ele teve certeza de quem era.

UM DEUS.

Os espectros estavam assustados. De repente, uma voz se fez ouvir... Um guerreiro tomou a frente dos outros.

"Deixem que eu cuido disso eu mesmo...".

Era Radamanthys, um dos três grandes kyotos do inferno. O supremo juiz, para a surpresa de todos os espectros, também se ajoelhou respeitosamente diante de Carlo.

"Grande Senhor Ares... Entregue sua armadura por bem... Não está na condição de deus aqui em nossos domínios, mas sim, como humano, o cavaleiro desertor de Athena."

Carlos riu, um riso cheio de deboche... Conhecia aquele juiz! Sim, sua memória lhe trazia novas lembranças...

"Ora, sempre arrogante, Radamanthys! Acha mesmo que pode me convencer a não lutar pelos meus direitos?".

Aiacos e Minos apareceram, nesse instante, ao lado de Radamanthys... Carlo deu um sorriso cético...

"Oras, entendo... Então os três patetas vão tentar agir em conjunto para me impedir de ir até a Giudecca dar uma surra no meu irmão Hades por pactuar com os deuses, para que eu fosse parar na Terra como um mísero humano encarnado!".

Os três entreolharam-se, agoniados. Não era todo dia que um deus morria e aparecia no inferno em todo o seu esplendor imortal. Dominá-lo seria uma tarefa difícil, para não dizer impossível, mesmo sendo eles três os grandes kyotos de Hades!

Radamanthys ergueu-se e tentou esgotar os canais da diplomacia, antes de fazer qualquer ataque. Sabia que suas chances numa luta contra um deus eram próximas de zero. Era um guerreiro, não um suicida.

"Senhor... Aqui é a quinta prisão, onde os culpados de não terem protegido os mandatos dos deuses sofrem nas chamas dentro de incontáveis tumbas. Pela lei, o senhor deve permanecer aqui".

Carlo estava grandioso em sua armadura, e a força do Deus Ares brilhava nele em toda sua gloriosa magnitude.

Uma visão magnífica!

"Ora, ora... Me parece que a prisão de Cocytos me seria mais apropriada, pois lá ficam os que tramam se rebelar contra os deuses. Mas, acho que nessa colônia de férias deve ficar Kamus, que sempre curtiu o frio. Amigos, na verdade, não pretendo ficar em prisão nenhuma... E vou SIM enfrentar os deuses. Se não me curvei a Athena na Terra, não vai ser agora que meu irmãozinho Hades vai me meter um cabresto!".

Ares atacou.

E mostrou porque era o grande Deus da Guerra!

Tudo ali fremiu como se um grande terremoto atingisse o centro do inferno. Almas e espectros gritaram horrorizados, enquanto o ataque cósmico fulminante do grande deus os destruía.

Radamanthys, Aiacos e Minos gritaram de dor e espanto, enquanto eram presos numa redoma energética...

Carlo sorriu:

"Agora sim, isso vai ficar divertido... Vocês é que vão virar churrasco!".

"Mano, chega!".

Carlo virou-se e viu quem estava lá, emanando sua presença através de uma projeção mística, como se fosse uma imagem holográfica de modernos computadores.

A bela Pandora!

"Ah, então a sargentona do inferno resolveu aparecer... Por que não vem me cumprimentar pessoalmente? Eu teria o maior prazer em quebrar o seu pescoço celestial, minha adorada irmãzinha".

"Liberte os meus três juizes e conversaremos civilizadamente".

"Os três juizes não seu seus, Pandora, são de Hades, e eu não tenho a menor vontade de ser gentil com você, ou com eles. Estou muito mal humorado, na verdade".

"Solte-os, Ares! Quando você encarnou como Carlo di Angelis, abriu mão dos seus direitos divinos! Deve se submeter ao ritual infernal como todos os humanos que morrem!".

"Não vejo porque eu deveria aceitar esse destino de humano ou soltar os juízes. De fato, eu estou aqui a me perguntar porque um deus, como eu, aceitaria encarnar e padecer como um simples pedaço de carne. Não faz sentido".

Pandora sorriu e, subitamente, a imagem projetada misticamente foi mudando de tamanho, e assumindo a forma de uma bela e sinistra mulher.

Ela se aproximou do deus da Guerra.

"Pois já que não se lembra bem do porquê dessa atitude sua, eu vou refrescar a sua memória...".

A mulher ergueu a mão e, subitamente, uma imagem tomou forma na frente de Carlo. Era uma projeção visual do que acontecia naquele instante em outra dimensão...

O campo florido da segunda prisão! Havia ali uma garota, meio pedra, meio gente... E um cavaleiro tocando lira para ela...

"O que eu tenho a ver com esses dois idiotas...?".

"Olhe mais adiante, há um novo jardim nesse lugar lindo, que é o único lugar onde as flores podem nascer aqui no inferno... Olhe bem... No novo jardim, repleto de rosas, que se formou ali...".

Carlo empalideceu como se ainda tivesse sangue dentro de seu corpo cósmico...

Havia ali um belíssimo jardim, somente de rosas, e, no meio delas, a estátua de um garoto nu e belo parecia personificar toda a beleza do mundo material e imaterial...

PEIXES!

Choque. Desolação. Afrodite, o seu Afrodite, estava ali, transformado em rocha!

"Já que você não sabe tocar lira como o rapaz Orpheu ou como nosso irmão Apolo, sugiro que pense bem nas palavras que vai me dizer agora... Se não colaborar, a alma dele vai ficar eternamente presa ali.. Justo ele, que era tão cheio de vida na Terra...".

Carlo se aproximou mais da visão, como se quisesse tocar Afrodite. Não percebia isso, mas havia lágrimas contidas em seus olhos lindos... Então...

Afrodite morrera? Não era possível... ESTAVA MORTO, COMO ELE!

Conseguia imaginar Dite na Terra, entre os amigos, entre suas flores... Mas não ali, naquele inferno, servindo de brinquedo para Pandora e seus soltados...

A megera falou:

"Sua memória já deve estar voltando na sua plenitude... Deve estar se lembrando de que Peixes, o guerreiro, era na verdade a Deusa do Amor, quem desafiou o marido e o próprio Zeus para ficar com você e que, por isso mesmo, foi obrigada a reencarnar como homem... Uma vingança sórdida, mas eficiente, não é?".

A risada de Pandora ecoou no ar... Mas Carlo estava em transe, na sua dor e nas lembranças que vinham a sua mente... Do tempo em que ele e Afrodite eram deuses, homem e mulher, unidos no amor perfeito. Do tempo em que ela e ele foram obrigados a reencarnar por terem despertado a ira dos deuses por possuírem um amor que era maior do que qualquer lei...

Pandora se aproximou de Carlo. Tinha nos lábios um sorriso frio e falso:

"Veja, ela podia ter voltado para Hefestos, o marido. Mas a idiota preferiu encarcerar sua alma na identidade cósmica masculina. Simplesmente porque não quis ficar longe de você. Como o amor de Eros nos faz imbecis, não é mesmo? Agora, veja o que aconteceu a Afrodite... Não é mais uma deusa... Perdeu tudo que tinha! É apenas um menino complicado na sua sexualidade, condenado a viver eternamente entre as suas tristes flores... Porque nada ou ninguém vai salvá-lo... Como você mesmo sempre disse antes de encarnar, Deus Ares, o amor é coisa de tolos e fracos, e somente o poder importa".

"...".

"Você vai agora assumir seu lugar no panteão dos deuses, no Olimpo, e esquecer Afrodite para sempre... Liberte os três juízes-generais de Hades e eu mesma vou evocar a sua passagem para o Olimpo, meu querido irmão".

Ainda perplexo pela surpresa de ver Afrodite ali, o Deus Ares, Carlo, olhava atentamente para Peixes e mantinha os kyotos presos na prisão energética que criara.

Pandora falava persuasivamente:

"Muito bem, meu irmão. Agora deixe que eu e Hades cuidaremos de Athena. Solte os juízes, volte para o Olimpo e fique lá, cercado das glórias que merece".

"Afrodite...".

"Oh, Hefestos está furioso com você e com ele, mas, quando souber que o menino de Peixes vai ficar eternamente sofrendo nos jardins da Segunda Prisão, irá ter sua sede de vingança aplacada. Você viverá tranqüilamente no Olimpo. Esqueça o garoto. Ele não é a sua deusa mais, nem sequer é uma mulher! É um homem, um humano comum! ELE NÃO É MAIS DIGNO DE VOCÊ, MEU IRMÃO".

Sim, se seguisse tudo o que sempre acreditara em vida, e também como deus, simplesmente viraria as costas para Peixes... Mas...

"Ele preferiu largar tudo... Por mim!".

Pandora irritou-se:

"Mano, isso não tem a menor importância mais! Vá aos Elíseos e peça para os deuses de lá o transportarem para o Olimpo. Eu os apoiarei nessa magia! Nosso pai Zeus o espera. Afrodite é um homem, um humano impuro e promíscuo. Não é mais digno de ser amado por um deus!".

Carlo olhou tão raivoso para Pandora que ela chegou a se encolher... De medo.

"Está para nascer a criatura que vai me dar ordens...".

"Irmão, não fiz por mal... Quero o seu bem...".

Carlo caminhou como se realmente estivesse indo em direção aos Elíseos, mas, de repente, num golpe certeiro, voou para cima de Pandora e a pegou pelo pescoço. Radamanthys gritou de raiva e preocupação, mas não pode fazer nada, porque ele e os outros kyotos ainda estavam presos no campo energético que Ares (Carlo) criara.

"Diga a verdade ou vai morrer agora! Porque Afrodite não assumiu seu lugar no panteão dos deuses!".

Pandora gemeu de susto e respondeu rapidamente:

"Ele ama você. E sabia que jamais poderia ter você de volta se Hefestos o levasse embora como a deusa do amor".

Carlo soltou o pescoço de Pandora que suspirou, aliviada. O deus ordenou à irmã:

"Agora, solte-o. Não o torture mais. Ficar ali preso, para ele, é algo pior do que mil mortes".

"Lamento, mas você conhece a LEI: uma alma pela outra! Se quer realmente isso... Abra mão de ser um deus. Entregue sua alma para as dimensões infernais e então, somente então, a alma de Afrodite poderá ser libertada".

"Não confio em você. Sei que não vai levá-lo ao Elíseos se eu aceitar essa chantagem".

Ela sorriu.

"Verdade. Mas os Kyotos garantiriam a Afrodite algumas regalias... Concordo que ele é bonito demais para ser transformado em rocha".

Carlo estremeceu de ciúmes ao imaginar Afrodite nas mãos dos kyotos, mas, agora, percebia que o belo cavaleiro era o seu calcanhar de Aquiles.

Conseguiria ele próprio sair para o Elíseos deixando para trás o garoto que sacrificara sua vida imortal por causa dele?

Onde estava agora sua frieza de senhor da Kryptéia e Deus da Guerra?

Por que simplesmente não virava as costas para o menino e ia embora?

A resposta reveladora atingiu-o como um raio de Zeus:

AMAVA AFRODITE.

Não tinha importância se era homem. Se era agora uma simples alma humana, e não um deus. Seu peito apertou em agonia.

AMAVA-O!

Agora, havia descoberto a verdade... Mesmo sendo o grande Senhor da Guerra...

TINHA UM CORAÇÃO.

"Que garantia tenho de que vai realmente tirá-lo dali?".

Pandora fez um gesto mágico e, subitamente, surgiu no jardim a figura horrenda da mulher mitológica chamada medusa. Ela tinha cauda de serpente, corpo de mulher e cabelos como se fossem cobras vivas.

Carlo estremeceu quando viu aquele monstro diante do seu amor. Inquietou-se. Pandora o segurou pelos ombros...

"Acalme-se. Ela vai tirar o encanto do menino".

Dito e feito. O monstro-fêmea soltou um Cosmo poderoso sobre a belíssima estátua e, por encanto, a alma de Afrodite deixou de ser rocha cósmica.

Ao longe, o belo Orpheu viu aquilo. Correu, desesperado, na esperança de alcançar a mulher monstro e conseguir persuadir o monstro a fazer com que sua Eurídice também deixasse de ser rocha, mas Pandora agiu rápido. Com sua magia, fez a Medusa desaparecer diante do Cavaleiro de Prata Orpheu, transformando a vã esperança dele em desespero.

Carlo estremeceu. A maldade de Pandora era tão grande quanto a dele própria!

"Você não presta".

"Sou sua irmã, meu querido".

Afrodite, no jardim, sem bem entender o que estava acontecendo, abraçou o cavaleiro Orpheu, que chorava desesperadamente. Então era ali que fora parar o Cavaleiro de Prata chamado Orpheu? Ele tocava lira eternamente para sua amada transformada em rocha!

"Não chore... Não perca a sua fé...".

Afrodite tinha vontade de chorar juntamente com o Cavaleiro de Prata. Sabia bem o que era um amor inatingível...

Vendo, ao longe, aquela cena, Pandora tinha um ar sinistro...

"Bem, meu irmão, eu fiz a minha parte. Faça a sua. Ou abre mão da divindade, ou verá Afrodite sofrer feito cão sarnento. Faça logo a sua escolha".

Carlo estava surpreso. Não com a armadilha de Pandora, mas sim, com a força do amor que sentia em seu peito. Jamais ousou imaginar que, um dia, ao se descobrir imortal, trocaria sua divindade por causa... DO AMOR!

Com um gesto brusco, soltou os três Kyotos do seu campo energético.

"Muito bem, mas previno-a, bruxa, se fizer algum mal a Afrodite, eu mesmo vou matá-la, com ou sem a minha divindade".

Ela riu. Imediatamente, evocou o espírito de Hades. Juntos, Hades em espírito e Pandora presente, fizeram o Deus Ares adormecer. Os kyotos observavam a cena, perplexos.

Carlos caia agora num sono profundo, provocado pelo encantamento dos dois deuses.

A armadura do deus da Guerra desacoplou-se do corpo de Carlo e submergiu nas entranhas da terra, provocando um terremoto de considerável força. Era como se armadura pranteasse a perda do seu senhor!

Pandora deu uma gargalhada de pura satisfação!

Quando Ares voltasse a acordar, seria tão somente Carlo di Angelis, o Cavaleiro de Câncer, e mais nada.

ELE ABANDONARA SUA DIVINDADE EM NOME DO AMOR!

-

Continua...

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Gente, espero que tenham gostado. Vou ficar aguardando as reviews. Pra quem ainda não conhece, ou não se lembra, estou mandando a seguir um resumo de como são as Prisões no Reino de Hades.

Beijos a todos

PORTA DO INFERNO.
Daqui, por favor, tenha um pouco de esperança.

O RIO STYX (ACHERON).
Cruzando é necessário pagar uma tarifa. Não esqueça preparar algumas moedas.

1ª PRISÃO
O Tribunal onde os juízes julgam as pessoas mortas.
Mesmo se você mentir, os juízes descobrirão de imediato.

VALE DO FURACÃO DAS TREVAS.
(De fato, é uma parte da 1ª Prisão).
O vento infernal onde os criminosos de luxúria sofrem girando eternamente no furacão.

2ª PRISÃO.
Os cobiçosos são atacados por uma chuva pesada e fria e são as presas de Kerberos, o cão de guarda do Inferno.

JARDIM DE FLORES.
O lugar onde Orpheu ficou com a sua amada Eurídice, que virou pedra.

3ª PRISÃO.
Os criminosos de luxo empurram pedras eternamente.

4ª PRISÃO.
Um pântano escuro...
A infelicidade e os odiosos criminosos afundam juntos.

5ª PRISÃO.
Esses que são culpados de não terem protegido os mandatos dos deuses sofrem nas chamas dentro de incontáveis tumbas.

6ª PRISÃO.
Dividida em 3 Vales, são para todo os violentos.

1º VALE.
É o inferno de Lagoa de Sangue, onde caem os criminosos que, enquanto vivos, usavam violências contra outras pessoas.

2º VALE.
O inferno da Floresta, onde caem os suicidas.

3º VALE.
O inferno da Areia Quente, onde caem os pervertidos.

GRANDE CACHOEIRA DE SANGUE.
Sangue e lágrimas de criminosos que caíram nesse inferno cairão juntos.

7ª PRISÃO
(dividida em 10 trincheiras chamadas Malbolges).

1º MALBOLGE.
São chicoteados os sedutores.

2º MALBOLGE.
São imergidos os lisonjeiros em lixo.

3º MALBOLGE.
Os que cometeram crimes usando o nome de deuses são assados por velas.

4º MALBOLGE.
Criminosos que fizeram falsas adivinhações têm a parte de trás fixa em suas cabeças, e balançam de um lado pro outro.

5º MALBOLGE.
Caem nesse mundo os criminosos que fizeram corrupção ou desfalque. Em Lagoas Fervidas, e têm o corpo inteiro cutucado por demônios.

6º MALBOLGE.
Os que cometeram o crime de hipocrisia passarão eternamente a usar mantos plúmbeos pesados.

7º MALBOLGE.
O inferno da Serpente, onde caem os ladrões.

8º MALBOLGE
O inferno das Chamas, onde são interrogados os conspiradores.

9º MALBOLGE.
Pessoas que semearam discórdias têm eternamente seus corpos cortados.

10º MALBOLGE.
As pessoas que falsificaram dinheiro ou qualquer fraude caem nesse mundo.
A putrefação de seus corpos cresce neles e saem deles.

8ª PRISÃO - COCYTOS.
O inferno de Gelo, onde caem os criminosos mais sérios que planejaram se rebelar contra deuses.

1ª ESFERA: CAINA.
2ª ESFERA: ANTENORA.
3ª ESFERA: TOLOMEA.
4ª ESFERA: GIUDECCA.